Promotores e delegados que investigam as fraudes em plantões médicos em hospitais públicos do Estado encontraram em um armário da Diretoria Regional de Saúde de Sorocaba, no interior paulista, um calhamaço de folhas de ponto assinadas pelo ex-secretário de Esporte, Jorge Pagura, que pediu demissão no fim de semana após ser incluído na lista de médicos suspeitos de receber salários sem trabalhar.
A descoberta das folhas de ponto contradiz a versão apresentada por Pagura. Neurocirurgião indicado pelo PTB ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), ele disse nunca ter recebido por plantões no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), foco das fraudes que também atingem outros hospitais, inclusive na capital.
Os promotores esperavam encaminhar os papéis ainda ontem à Procuradoria-Geral de Justiça, que vai investigar o ex-secretário. Segundo o Ministério Público, cerca de 70 pessoas estão envolvidas no esquema, que teria causado prejuízo de até R$ 5 milhões aos cofres públicos e resultado na prisão de 12 pessoas.
Em nota distribuída à imprensa, o advogado de Pagura, Frederico Crissiuma Filho, afirma que o médico prestava assessoria ao CHS para a instalação de um setor de neurocirurgia funcional e tinha vínculo salarial apenas com o Sistema Único de Saúde (leia ao lado). As folhas de ponto encontradas têm data de novembro de 2009 a dezembro de 2010.
‘Fantasma’
De acordo com o Ministério Público, depoimentos de outros investigados, especialmente o da diretora de Recursos Humanos do CHS, Márcia Regina Leite Ramos, confirmam que o médico era escalado para plantões, embora nunca tenha aparecido no hospital.
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