quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gilmar Mendes, "foi por medo de avião..."

Suarento e gaguejante, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes apareceu na tela da Globo na noite de segunda-feira. Confirmou o encontro com Lula e reafirmou que “houve a conversa sobre o Mensalão”.

Por Rodrigo Vianna, do Blog Escrevinhador

Ok. Mas em que termos? E o que isso teria a ver com a CPMI do Cachoeira/Veja? Gilmar respondeu no melhor estilo rocambole, o estilo de quem está todo enrolado: “Depreendi dessa conversa que ele [Lula] estava inferindo que eu tinha algo a dever nessa conversa da CPMI”.

“Depreendi”, “inferindo”. Hum…

De forma rocambolesca, Gilmar Mendes piscou. Pouco antes, Lula publicara nota em que manifesta “indignação” com o teor da reportagem…

PSDB/DEM/PPS e a velha mídia, numa estranha parceria com o PSOL, tentam transformar o encontro Lula/Mendes em notícia, para impedir que venham à tona fatos gravíssimos já de conhecimento de alguns integrantes da CPI Cachoeira/Veja.

Qualquer ser pensante pode concluir por conta própria: se Gilmar sentiu-se “chantageado” ou “pressionado” por um ex-presidente, por que levou um mês (a reunião entre ele e Lula teria ocorrido em 26 de abril) para revelar esse fato ao Brasil? E por que o fez pela Veja, em vez de informar seus pares no STF, como seria sua obrigação?

A explicação pode estar aqui, nos grampos que o tuiteiro Stanley Burburinho fez circular pela rede. Nesses grampos, depreende-se que um tal “Gilmar” (e o próprio agente da PF conclui que o citado parece ser ”Gilmar Mendes”) teria viajado num jatinho emprestado pelo bicheiro Cachoeira. Na companhia (ou compania?) de Demóstenes, o mosqueteiro da ética.

Parafraseando outro ministro do STF, Celso de Melo: “se” a viagem de Gilmar Mendes no jatinho do bicheiro se confirmar, estaríamos diante de um caso que não teria outra consequência possível, se não a renúncia ou o impeachment. Repito: “se” a viagem se confirmar. É preciso apurar. Os indícios são gravíssimos.

A entrevista para Veja, seguida do suarento balbuciar no JN da Globo, parece indicar desespero. Uma espécie de defesa antecipada. Fontes na CPI informam que haveria mais material comprometedor contra certo ministro do STF, nas escutas a envolver Cachoeira.

A entrevista à Veja, portanto, teria como explicação aquela velha canção: “foi por medo de avião… que eu peguei pela primeira vez na sua mão”.

Fonte: Blog Escrevinhador

O ódio a Lula

O Brasil já cultivou ressentimentos irracionais em relação a Getúlio, JK, Jango e, agora, ao metalúrgico que ainda é a principal força política do País

Teve início, neste fim de semana, um movimento organizado de ataque ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, a reportagem sobre a suposta chantagem exercida por ele contra Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, para adiar o julgamento do mensalão, já desmentida pelo anfitrião do encontro, Nelson Jobim. Depois disso, críticas espalhadas pela rede sobre o comportamento indecoroso de Lula diante das instituições e até ironias relacionadas ao uso de remédios para o tratamento contra o câncer na laringe. Por fim, vozes mais radicais cobrando até a prisão do ex-presidente.

Por que será que Lula, depois de oito anos de governo, tendo deixado o Palácio Planalto com recordes de aprovação, tanto junto ao povão quanto às elites, que se tornaram ainda mais ricas, desperta tanto ressentimento? A resposta é uma só: goste-se ou não dele, Lula ainda é a principal força política do Brasil. E é uma força viva, que pode voltar ao poder em 2014 ou em 2018.

Mas essa seria uma análise objetiva, dos que fazem cálculos frios nos jogos de poder. Ocorre que o ressentimento em relação a Lula, muitas vezes, é irracional. Como pode um retirante, metalúrgico, sem educação formal ter chegado tão longe? É isso que incomoda boa parte da classe média brasileira.
Sentimentos assim já houve no passado em relação a outros líderes políticos, como Getúlio Vargas, João Goulart ou mesmo Juscelino Kubitschek. Os paulistas odiavam Getúlio e nunca lhe deram um nome de avenida. Mas poucos fizeram tanto pela industrialização do estado, que começou a se libertar do atraso cafeeiro, como o líder trabalhista. Os militares também odiavam JK, mas, no poder, tentaram reproduzir sua visão de “Brasil Grande”. E os que vierem depois de Lula, de certa forma, serão escravos do seu modelo de inclusão social.

Por mais que o critiquem, Lula não será abatido por seus detratores. Até porque, até aqui, ele foi um democrata. E resistiu à tentação do terceiro mandato, quando teria totais condições de se perpetuar no poder.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Portal Terra: Gilmar Mendes, além do tiro no pé, pode ser processado criminalmente


Gilmar Mendes
Wálter Fanganiello Maierovitch
Carta Maior
 
 
Numa linguagem futebolística, tão a gosto do ex-presidente Lula, pode-se concluir ter o jogo terminado 2×1.

O desmentido de Lula encontra apoio no testemunho de Nelson Jobim, único presente ao encontro. A propósito, um encontro ocorrido, a pedido de Lula, no escritório de Jobim, no dia 26 de abril deste ano.


O ministro Gilmar Mendes, além de a sua versão ter ficado isolada, conta com a desvantagem de ter esperado um mês para denunciar, pela imprensa, a “pressão” e a “chantagem” que atribuiu ao presidente Lula. O perfil mercurial de Mendes, que é bem conhecido, não se adéqua a um mês de espera.

Segundo Mendes declarou à revista Veja e confirmou em entrevistas, Lula teria ofertado-lhe “blindagem” na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o escândalo Cachoeira-Demóstenes-Delta. O motivo da proteção na CPMI teria sido o financiamento feito por Cachoeira de uma viagem a Berlim feita por Mendes em companhia de Demóstenes.

É inexplicável não tenha Mendes, diante da supracitada “chantagem” (na última entrevista Mendes usa o termo “insinuações”), levado o fato, por ser criminoso, ao conhecimento imediato de seus pares e da Procuradoria-Geral da República.

Antes de ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF), Mendes era membro do Ministério Público Federal, cujo chefe institucional é o procurador-geral da República. Ou seja, Mendes conhece bem o mecanismo a ser acionado para encaminhamento de uma “notitia criminis”.

No STF, já presidido por Mendes, são realizadas sessões administrativas reservadas. Em nenhuma delas Mendes apresentou o fato que, conforme afirmou, deixou-o indignado.

Fora Gilmar Mendes! Impeachment já!

Por Altamiro Borges
 
O ministro Gilmar Mendes, que já foi presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), não tem mesmo papas na língua – no sentido figurado do termo! Ele adora fazer declarações bombásticas, sem apresentar qualquer prova concreta. Bravateiro e leviano, ele já foi responsável por várias crises institucionais nos últimos dez anos. Mas na semana passada ele surtou de vez e pode ser obrigado a engolir a própria língua!


Em entrevista à revista Veja – sempre ela, a expressão maior do golpismo da mídia nativa –, ele afirmou que Lula tentou chantageá-lo durante recente encontro. O ex-presidente desmentiu, “indignado”, a versão. Nelson Jobim, velho amigo de Gilmar que esteve na estranha reunião, também “traiu” o colega. E o próprio ministro recuou numa entrevista à TV Globo. Gilmar desmentiu Gilmar!

O profético Dalmo de Abreu Dallari

Diante deste episódio canhestro, cada força política ocupou o seu lado da trincheira. A mídia partidarizada, com seus “calunistas” amestrados, voltou a satanizar o ex-presidente, retomando o seu ódio de classe. Os demotucanos também se excitaram e pediram a “condenação” de Lula. Já nas redes sociais, cresceu o clamor pelo impeachment de Gilmar Mendes (ou Mentes ou Dantas)!

Há fortes motivos para exigir o “Fora Gilmar”. Afinal, esta não é a primeira vez que ele apronta das suas, apesar do seu alto cargo no STF. Desde que foi indicado por seu amigo FHC, muitos já alertavam para o perigo que ele representava. Num artigo profético de maio de 2002, o renomado jurista Dalmo de Abreu Dallari já previa o pior. Vale reler:

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Folha de S.Paulo, 08 de maio de 2002:

Degradação do Judiciário

Dalmo de Abreu Dallari

Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos constitucionais.

Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética.

Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República, com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica.

Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência indispensáveis num sistema democrático.

Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, estaria sendo montada uma grande operação para anular o Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente -pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga-, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.

É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção.

É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo especializou-se em “inventar” soluções jurídicas no interesse do governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito. Já no governo Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, “inventaram” uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais.

Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do advogado-geral da União, muitas vezes eram claramente inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades federais.

Indignado com essas derrotas judiciais, o dr. Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um “manicômio judiciário”.

Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo publicado no “Informe”, veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001). Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado “Manicômio Judiciário” e assinado pelo presidente daquele tribunal, observa-se que “não são decisões injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo”.

E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do dr. Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes, sócios na “indústria de liminares”.

A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um problema ético. Revelou a revista “Época” (22/4/ 02, pág. 40) que a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, o dr. Gilmar Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público - do qual o mesmo dr. Gilmar Mendes é um dos proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na “reputação ilibada”, exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo.

A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da Constituição, seja apenas uma simulação ou “ação entre amigos”. É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática.

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A justa pressão da sociedade

Todas os temores apontados por Dalmo de Abreu Dallari se confirmaram nestes dez anos. Gilmar Dantas tornou-se, de fato, um sério risco à “própria normalidade constitucional” do país. Entre inúmeros episódios deploráveis, ele protagonizou bate-bocas no STF, sempre em busca dos holofotes da mídia amiga; inventou um “áudio sem voz” que abortou a Operação Satiagraha e livrou a cara do amigo banqueiro Daniel Dantas; protegeu o tucano José Serra em votações no Supremo.

Caso fique provado que Gilmar Mendes mentiu novamente, atacando a honra do ex-presidente Lula, talvez ele não tenha mais como sair incólume. A bandeira do “Fora Gilmar” ganhará força, obrigando o STF a se debruçar sobre a tese do seu impeachment. Isto faria um enorme bem à democracia brasileira e ao próprio Judiciário – mais uma vez enlameado por esta sinistra figura!

UOL: Exame de voz destaca "segmentos fraudulentos" em fala do ministro Gilmar Mendes

UOL Notícias

O laudo de uma perícia em análise de frequência de voz aponta trechos "fraudulentos e suspeitos" na entrevista do ministro Gilmar Mendes veiculada nesta segunda-feira (28) pelo canal "GloboNews", sobre um encontro seu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na edição do último domingo (27), a revista Veja publicou reportagem em que o ministro Gilmar Mendes relata um suposto encontro entre ele, Lula e o ex-ministro Nelson Jobim no dia 26 de abril.

Análise de voz aponta fraudes em entrevista de Gilmar Mendes

 
Segundo Mendes, o ex-presidente teria insinuado que poderia protegê-lo na CPMI do Cachoeira, que investiga a relação entre políticos e agentes públicos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, em troca do adiamento do julgamento dos envolvidos no mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal). O escândalo do mensalão, que deve ser julgado em agosto próximo, envolveu pagamentos a parlamentares da base aliada do então presidente Lula em troca de aprovação de projetos no Congresso Nacional.

À emissora de TV, Mendes confirmou o teor da conversa que teria travado com Lula.
Na análise de um total de 3 minutos de trechos da entrevista, foram detectadas 11 ocorrências de "alto risco", cinco de "provável risco" e duas de "baixo risco".

"Alto risco é uma maneira de dizer que a pessoa está mentindo", afirma o perito responsável pela análise, Mauro Nadvorny.

Nadvorny é diretor-presidente da empresa Truster Brasil, que produz a tecnologia que detecta sinais de tensão, estresse, medo, embaraço e excitação em arquivos de voz.. De acordo com Nadvorny, esses fatores permitem situar declarações em uma escala de veracidade.

MAIS SOBRE O MENSALÃO


O laudo indicou "alto risco" de fraude nos trechos em que o magistrado diz que o mensalão "entrou na pauta das conversas", que "o presidente tocou várias vezes na questão da CPMI" e no trecho em que Mendes diz ter "nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes".

Veja a seguir alguns dos trechos da entrevista de Gilmar Mendes considerados "fraudulentos e suspeitos" pelo laudo de Nadvorny, acompanhados da conclusão do perito:

Gilmar Mendes: “Este assunto entrou na pauta das conversas”

De acordo com a análise do software, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que o assunto (mensalão) entrou na pauta das conversas.

Gilmar Mendes: “E aí o presidente disse da importância do julgamento do mensalão, que se possível não se julgasse esse ano porque não haveria objetividade”

De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes está sendo verdadeiro quando afirma que o presidente Lula teria dito que não haveria objetividade. Não é possível concluir que ele tenha dito algo sobre a importância do julgamento não acontecer este ano.

Gilmar Mendes: “O presidente tocou várias vezes na questão da CPMI, desenvolvimento da CPMI, o domínio que o governo tinha sobre a CPMI”

De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que o presidente Lula tocou no assunto da CPMI.

Gilmar Mendes: “Então eu disse a ele: ‘com toda franqueza, presidente, eu vou lhe dizer uma coisa, parece que o senhor está com alguma informação confusa’”

De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes está sendo verdadeiro quando afirma que disse ao presidente Lula que ele estava com uma informação “confusa”.

Gilmar Mendes: “ 'O senhor não está devidamente informado, eu não tenho nenhuma relação, a não ser relação de conhecimento e de trabalho funcional com o senador Demóstenes”

De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que não tem nenhuma relação com a matéria da CPMI.

Gilmar Mendes: “Aí então eu esclareci a viagem de Berlim, (...) me encontrara com o senador em Praga porque isso foi agendado previamente, ele tinha também uma viagem para Praga, então nos deslocamos até Berlim. Eu vou um pouco a Berlim, como o senhor vai a São Bernardo

De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes não está sendo verdadeiro quando afirma que se encontrou com o senador (Demóstenes) em Praga para ir a Berlim (para visitar sua filha) numa viagem previamente agendada.

Gilmar Mendes: “Claro que houve a conversa sobre o Mensalão, o Jobim sabe disso”

De acordo com a análise do programa, o ministro Gilmar Mendes muito provavelmente não está sendo verdadeiro quando afirma que a conversa existiu e que Jobim sabe disso.

Procurado pelo UOL para comentar o laudo, o ministro Gilmar Mendes não se manifestou até agora.

Veja o vídeo da entrevista com os pontos em que há fortes indícios de mentira aqui

Equipamento


A análise de Nadvorny foi feita voluntariamente, com o software de análise de voz da Truster Brasil, o mesmo usado pelos serviços de inteligência das polícias do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.
"A tecnologia faz uma varredura em todo o arquivo de voz para estabelecer uma linha básica e aponta os techos em que a fala foge dessa linha, o que indica, em diferentes graus, que a pessoa não está sendo verdadeira", diz Nadvorny.

Segundo ele, nos trechos em que o programa aponta "alto risco", há praticamente certeza de que a pessoa está mentindo. "Isso porque a natureza humana não é construída para mentir. Quando a pessoa mente, ela está sob estresse", afirma.

Gilmar e Demóstenes, Cachoeira e “Veja”: tudo a ver

trio Gilmar e Demóstenes, Cachoeira e Veja: tudo a ver
Imagens: Agência Brasil/Montagem R7

Ricardo Kotscho

Para entender este misterioso encontro de Lula com Gilmar Mendes no apartamento de Nelson Jobim, o novo escândalo denunciado pela revista "Veja" com o único objetivo de atingir o ex-presidente da República e o PT, uma verdadeira obsessão do seu proprietário, é preciso recuar um pouco no tempo.
3 de setembro de 2008. A mesma revista denunciou que o mesmo Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, foi grampeado numa conversa com um senador da República pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, então dirigida pelo delegado Paulo Lacerda.

E quem era o senador? Ninguém mais, ninguém menos do que Demóstenes Torres, que era do DEM de Goiás, promovido pela revista em suas "páginas amarelas" como caçador de corruptos, aquele mesmo que está depondo agora na manhã desta terça-feira na CPI do Cachoeira, o "empresário de jogos" que é seu amigo e parceiro nos negócios, como revelou a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Em 2008, como agora, também se criou uma enorme crise em Brasília, capaz de abalar os alicerces da República e ameaçar a independência entre os poderes. Gilmar chegou a marchar ao lado de outros ministros do STF até o Palácio do Planalto para "chamar o presidente Lula às falas".

Até hoje, o áudio do grampo não apareceu. A revista "Veja" nunca mais tocou no assunto. O delegado Paulo Lacerda, da Polícia Federal, que tinha comandado a prisão de PC Farias e a investigação que levou ao impeachment de Fernando Collor, foi suspenso das suas funções e depois perdeu o cargo, sendo obrigado a se exilar como adido policial da nossa embaixada em Portugal.

Lula terminou tranquilamente seu governo, após inúmeras outras crises políticas que nasceram e morreram na imprensa, com mais de 80% de aprovação popular, o maior índice já registrado por qualquer presidente da República.

Gilmar é amigo de Demóstenes, que é amigo de Carlinhos Cachoeira, o grande contraventor que é "fonte" das reportagens de "Veja", a ponta de lança do Instituto Millenium, que fornece munição para os demais veículos vindos a reboque.

Podem variar os enredos e os personagens, mas o "modus-operandi" da turma é sempre o mesmo. Conhecendo como conhece Gilmar Mendes e seus amigos na imprensa, que sempre darão a versão dele sobre os fatos (ou não fatos), o que não consigo entender é como Lula entrou nesta fria aceitando um encontro secreto na casa do ex-ministro Nelson Jobim, amigo de ambos.

Só estavam os três no encontro e, até agora, não se falou em gravações de áudio ou vídeo, a especialidade da equipe de arapongas de Cachoeira comandada por Jairo Martins, cujo nome também apareceu no grampo sem áudio de 2008.

Lula e Jobim desmentiram a versão publicada pela "Veja", segundo a qual Gilmar Mendes teria sido "constrangido" pelo ex-presidente a adiar o julgamento do mensalão, em troca de uma blindagem do ministro do STF na CPI do Cachoeira.

Outro fato bastante estranho nesta história é que Gilmar Mendes tenha levado um mês curtindo sua perplexidade antes de chamar os repórteres da "Veja", a quem disse, depois de "decodificar" os recados: "Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula".

O ex-presidente só respondeu à reportagem da revista na noite de segunda-feira, quando o assunto já havia tomado conta de todos os noticiários desde sábado.

"Meu sentimento é de indignação", reagiu Lula, que confirmou ter participado do encontro na casa de Jobim, mas qualificou de inverídica a versão publicada pela revista "Veja".

Tem certas coisas que a gente nunca vai saber como de fato aconteceram. Melhor seria, com certeza, se não tivessem acontecido.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cachoeira arrumou jatinho para Demóstenes e "Gilmar"

Escutas telefônicas indicam que o contraventor Carlinhos Cachoeira providenciou um jatinho King Air para dar uma carona ao senador Demóstenes Torres e a "Gilmar", no retorno de uma viagem da Alemanha ao Brasil. Em uma ligação no dia 23 de abril, um ex-vereador do PSDB pede autorização para buscar o "Professor" Demóstenes em um jatinho, que está com o "Gilmar". Na degravação, a PF questiona entre parênteses (“Mendes?”). O ministro do STF foi a Europa neste período para participar de um congresso internacional de Direito.


Brasília - Escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal (PF), com autorização da Justiça, durante a Operação Monte Carlo, questionam se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, “pegou carona” em um jatinho fornecido pela quadrilha de Carlinhos Cachoeira, no dia 25 de abril de 2011, quando teria retornado da Alemanha ao Brasil, na companhia do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).

Uma ligação interceptada pela PF no dia 18/4/2011, às 18:08 horas, mostra Carlinhos Cachoeira informando ao ex-funcionário da Delta e ex-vereador pelo PSDB, Wladimir Garcez, também preso durante a Operação Monte Carlo, que Demóstenes estava em Berlim.

Em nova ligação, no dia 23/4/2011, às 19:31 horas, Wladimir pede autorização à Cachoeira para buscar o “Professor” (um dos codinomes de Demóstenes, segundo a PF), em São Paulo, no jatinho do Ataíde (o suplente de senador Ataídes de Oliveira, PSDB-TO) . Diz que está ele e Gilmar. Na degravação, a PF questiona entre parênteses (“?Mendes?”).

Mais tarde, às 20:24 horas, Wladimir liga novamente para Cachoeira dizendo que não conseguiu falar com Ataíde e que mandaria o avião de Rossini. Cachoeira pegunta qual é o avião de Rossini e Wladimir responde: um jatinho King Air.

Cachoeira: um pequeno, né?

Wladimir: é... aí eu peguei falei com ele. Ele falou não, não preocupa que eu organizo. Porque tá vindo ele e o GILMAR, né? Porque não vai achar vôo, sabe?


Cachoeira se despede falando que ligaria para Demóstenes em Berlim.

Às 20:38 horas, Cachoeira liga novamente para Wladimir. Tratam de outros assuntos. Depois, voltam a discutir a “carona”. Wladimir diz que Demóstenes chegará às seis da manhã do dia 25/4 e que deixará tudo organizado para o piloto ir buscá-lo.

No dia 25/4, às 12:10 horas, Wladimir diz à Cachoeira que o senador já chegou.

Gilmar Mendes foi à Europa participar de um congresso internacional em homenagem ao jurista italiano Antônio D’Atena, promovido pelo Fundação Peter Häberle e pela Universidade de Granada, da Espanha. O congresso foi aberto no dia 13/4/2011, mas a participação de Mendes se deu na manhã do dia seguinte, com a palestra “A integração na América Latina, a partir do exemplo do Mercosul”.

Não há registro públicos do que Mendes teria feito no restante do tempo em que permaneceu fora do Brasil. À revista Veja, ele teria dito que se encontrou com Demóstenes em Berlim, na Alemanha. Ainda segundo a Veja, o ministro teria uma filha residente em Berlim e, por isso, frequentaria a cidade com regularidade.

Não há registros públicos de quais atividades Demóstenes teria ido desenvolver na Europa, mas levantamento feito por Carta Maior demonstra que ele não participou das votações realizadas no plenário do Senado entre 13 e 25/4/2011.

O Supremo precisa chamar Gilmar às falas



As seguintes suspeitas rondam o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente após sua última parceria com a revista Veja. E não tem como seus pares ignorarem:
  1. Há indícios de alguma forma de envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Há suspeitas de uma viagem paga a Berlim e voos fretados no Brasil. Seja o que for, se os fatos existiram ou não, se imprudência, desvio ético ou corrupção, a corte precisa apurar. Não pode ignorar suspeitas graves. Há a necessidade premente de se saber a extensão de suas ligações com Demóstenes, Cachoeira e Veja.
  2. Há pelo menos um ato da maior gravidade, que necessita ser esclarecido: a contratação do principal operador de Cachoeira – o araponga Jairo -, para trabalhar na segurança do STF. Há indícios de jogadas combinadas entre Veja, Cachoeira e Gilmar. Foi a matéria “A República do Grampo”, mais os factoides sobre o grampo no Supremo que provavelmente forneceram o álibi para que Gilmar contratasse Jairo. A República do Grampo era controlada por Carlinhos Cachoeira e, graças a Gilmar, o Supremo pode ter ficado à mercê da organização criminosa. O episódio da falsa escuta no Supremo envolveu a instituição em uma armação que até hoje não foi esclarecida.
  3. Há indícios veementes de que o encontro com Lula foi solicitado pelo próprio Gilmar. E desconfiança que se destinava a obter o apoio de Lula contras as investigações da CPMI de Cachoeira. Qual a moeda de troca?
  4. A matéria da dupla Veja-Gilmar manipula declarações de vários ministros da corte, tendo como endosso Gilmar Mendes.
Gilmar precisa ser chamado a se explicar. O Supremo não pode ficar inerte ante o risco de um mega-escândalo que poderá afetar sua imagem. E robustecer teorias conspiratórias – como a de que vários ministros estariam reféns de Gilmar.

“A Veja deve explicações ao país”, diz presidente da Fenaj

"A Veja acaba de nos produzir um dos piores momentos do jornalismo" | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Samir Oliveira

A CPI realizada pelo Congresso Nacional que tenta investigar a influência do bicheiro Carlinhos Cachoeira sobre o poder público acabou suscitando um debate tão inesperado quanto necessário no país: a relação da mídia com as esferas de poder, sejam elas políticas ou econômicas.

A Polícia Federal identificou cerca de 200 conversas telefônicas entre o diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e o contraventor. A divulgação dessas escutas mostra que Cachoeira pautava a publicação da editora Abril, que se deixava levar pelos interesses políticos de um empresário fortemente ligado ao senador Demóstenes Torres (ex-DEM).

Diante desse cenário, alguns parlamentares têm defendido a convocação de Poli
carpo para depor na CPI, mesmo que o relator Odair Cunha (PT-MG) já tenha rejeitado pedido de informações a respeito. Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, a revista precisa explicar o que guiou sua prática jornalística nesse episódio. “A Veja tem que dar explicações ao Brasil. É preciso explicar como ela exerce a atividade jornalística com essas veleidades, com descompromisso e irresponsabilidade em relação a princípios éticos e técnicos consagrados pelo jornalismo”, entende.

Nesta entrevista ao Sul21, Schröder avalia a conduta da revista nesse e em outros episódios e defende a necessidade de um marco regulatório para a comunicação no país.
“Não é só um repórter, mas é a organização, a chefia da empresa, que conduz e encaminha uma atividade tecnicamente reprovável e eticamente inaceitável”
Sul21 – O que a CPI do Cachoeira pode nos dizer sobre a mídia brasileira?
Celso Schröder –
A CPI está nos mostrando que a mídia é uma instituição como qualquer outra e precisa estar submetida a princípios públicos, na medida em que a matéria-prima do seu trabalho é pública: a informação. Quanto menos pública essa instituição for e mais submetida aos interesses privados dos seus gestores ela estiver, mais comprometida ficará a natureza do jornalismo. Como qualquer instituição, a mídia não está acima do bem e do mal, dos preceitos republicanos do Estado de Direito e do interesse público. Do ponto de vista político, a Veja confundiu o público com o privado. Do ponto de vista jornalístico, comete um pecado inaceitável: estabelecer uma relação promíscua entre o jornalista e a fonte. Não é só um repórter, mas é a organização, a chefia da empresa, que conduz e encaminha uma atividade tecnicamente reprovável e eticamente inaceitável. Todo jornalista sabe, desde o primeiro semestre da faculdade, que a fonte é um elemento constituidor da notícia na medida em que ela for tratada como fonte. A fonte tem interesses e, para que eles não contaminem a natureza da informação, precisam ser filtrados pelo mediador, que é o jornalista. A fonte, ao mesmo tempo em que dá credibilidade e constitui elemento de pluralidade na matéria, por outro lado, se não for mediada e relativizada pelo jornalista, pode contaminar o conteúdo.

domingo, 27 de maio de 2012

10 apontamentos sobre a mentira de Gilmar Mendes

  1. Gilmar Mendes não tem poder para adiar o julgamento do mensalão. Os únicos ministros do STF que podem alterar a data do julgamento são Ayres Brito (Presidente), Joaquim Barbosa (Relator) e Ricardo Lewandowski (Revisor). Alguém acha Lula ingênuo a ponto de buscar apoio em quem não apita nada sobre o assunto?
  2. O único Ministro do STF nomeado por FHC é Gilmar Mendes. Os demais foram indicados por Lula, Dilma, Sarney e Collor. Alguém acha Lula ingênuo a ponto de buscar apoio justo em alguém da oposição?
  3. São fortes os rumores de que Gilmar foi a Berlim para se encontrar com Demóstenes (DEM) às custas de Cachoeira. Gilmar parece ter piscado ao fazer essa parceria com a Veja, demonstrando ter culpa no cartório. A matéria de Veja deste fim de semana sugere uma tabelinha com Gilmar para blindá-lo de seu comprometimento com a máfia de Cachoeira.
  4. Gilmar Mendes também já viajou em voo fretado de São Paulo para Goiás, junto com Demóstenes Torres, com tudo pago por Cachoeira. Notícias dão conta de que está gravado e transcrito pela Polícia Federal.Foi divulgado nos meios jornalísticos que Gilmar Mendes contratou um membro da quadrilha de Cachoeira (Jairo Martins) para ser seu “personal araponga”.
  5. Gilmar Mendes já fez dobradinha com a Veja em outras matérias suspeitíssimas. O episódio do “grampo sem áudio”, em que chamou Lula “às falas” até hoje não teve nenhuma comprovação material. Em outro episódio, técnicos varreram todos os equipamentos do Supremo e descartaram a hipótese de qualquer tipo de escuta eletrônica no Supremo. A matéria de Veja causou sérios danos ao governo Lula. Bem mais tarde, já feito o estrago na Abin, a matéria virou piada.
  6. Em entrevista ao Estadão, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, que se reuniu com Lula e Gilmar, negou enfaticamente a tal proposta indecente inventada pela Veja.
    “O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso", reagiu Jobim, questionado pelo Estadão. "O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão", reiterou.
  7. Jobim também disse que em nenhum momento Gilmar e o ex-presidente estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do escritório, como relatou Veja. "Tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu antes, durante todo o tempo nós ficamos juntos", assegurou.
  8. Veja disse que Lula acionaria o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Sepúlveda Pertence para apoiar a estratégia de adiar o julgamento. Procurado pelo Estadão, Pertence negou: "Não fui procurado e não creio que o ex-presidente Lula pretendesse falar alguma coisa comigo a esse respeito".
  9. Inúmeras gravações feitas pela Polícia Federal revelam cumplicidade entre o Editor Chefe de Veja em Brasília, Policarpo Jr., e os membros da quadrilha de Cachoeira. Arapongas plantavam denúncias na revista com o objetivo de favorecer os negócios da máfia de Cachoeira. A CPMI vai investigar as ligações do crime organizado com jornalistas (Veja, Organizações Globo, Correio Brasiliense, e outros meios de comunicação aparecem em ligações comprometedoras). Veja sabe disso e tenta melar o jogo.
  10. Gilmar Mendes pode ser denunciado por falta de decoro, por sustentar falso grampo, por ter envolvido outros ministros nessa farsa de agora, por ter caluniado o ex-presidente Lula. São fatos graves que indicariam até mesmo um pedido de impeachment do magistrado.

Gilmar Mendes tem culpa no cartório?

A maior ameaça ao Supremo

Por Luis Nassif, em seu blog.

Para se expor dessa maneira, só há uma explicação para a atitude do Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal): tem culpa no cartório.

Gilmar participou de duas armações anteriores com a revista Veja: o “grampo sem áudio” (junto com seu amigo Demóstenes Torres) e o falso grampo no Supremo.

No primeiro caso, pode ter participado sem saber. No segundo foi partícipe direto.
Como se recorda, a revista abriu capa com a informação de que havia sido detectada escuta em uma das salas do Supremo. Serviu para uma enorme matéria sobre a “república do grampo” e para a prorrogação da CPI. Tudo com o objetivo de derrubar a Operação Satiagraha.

Era falso. O relatório da segurança do Supremo – entregue à revista por pessoas ligadas à presidência do órgão – não indicava nada.

Era um relatório banal, que havia captado alguns sinais de fora para dentro. Entregue à CPI, o relatório foi publicado aqui e em pouco tempo engenheiros eletrônicos desmontaram a farsa: como é possível um grampo que capta sinais de fora para dentro? Era isso o que o relatório indicava. O mais provável é que fosse um mero sinal de alguma externa de emissora de televisão. E Gilmar-Veja conseguiram, com essa armação, prorrogar uma CPI!

Nenhum especialista em grampo cairia nessa confusão. Gilmar ou seus homens apenas seguiram o roteiro tradicional da revista para criar escândalo: uma verdade irrelevante (a captação de sinais de fora para dentro), a ocultação do fato relevante (sinais de fora para dentro não têm nenhum significado) e, pronto!, mais um escândalo fabricado – impossível de ser desmentido, já que o acordo com a velha mídia colocava uma barreira de silêncio a todos os abusos da revista.

Àquela altura, Veja mostrava seu enorme despreparo para entender as novas mídias. Não se deu conta de que a blogosfera tinha se convertido em uma alternativa eficaz contra pactos de silêncio. E a denúncia da armação foi difundida.

Agora, com as redes sociais em plena efervescência, com os métodos da revista sendo progressivamente questionados, tenta-se essa jogada, que lança Gilmar Mendes no centro do vulcão.
O que o levou a essa provável armação é óbvio: medo da CPI. Pela matéria da revista, fica-se sabendo que o fato que o ameaça teria sido uma suposta viagem à Alemanha bancada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Na matéria, Gilmar desmente, afirma que vai para a Alemanha como Lula vai a São Bernardo. E diz ter condições de comprovar que pagou as despesas. Que mostre, então (a revista não mostra os comprovantes).

Tem mais.

Até hoje não deu as explicações devidas pelo factóide do tal grampo no Supremo. Quem armou a jogada? Foi o chefe de segurança que contratou e que era especialista em grampos? Foi seu chefe de gabinete? Foi o assessor de comunicação do Supremo?

Aliás, o próprio Supremo – não fosse o corporativismo rançoso – há muito deveria ter cobrado explicações de seu então presidente. Os mais altos magistrados do país comportam-se como qualquer juiz que não quer julgar, “porque isso não é comigo”, ou procurador que testemunha uma grave ofensa a interesses difusos, mas não se julga responsável por atuar, por não ter sido provocado.

E é a imagem da Suprema Corte que está em jogo, da qual cada Ministro deveria se sentir responsável.
Com seu açodamento, falta de limites e de respeito pela casa, nunca houve Ministro do STF como Gilmar Mendes.

Talvez apenas Saulo Ramos conseguisse superá-lo – caso tivesse sido indicado por José Sarney.

GILMAR MENDES & 'VEJA': A PAUTA DO DESESPERO


A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem sustentação a materias prontas contra o governo, o PT, os movimentos sociais e agendas progressistas teve a credibilidade ferida de morte com as revelações do caso Cachoeira. VEJA sangra em praça pública. Mas na edição desta semana, tenta um golpe derradeiro naquela que é a sua especialidade editorial: um grande escândalo capaz de ofuscar a própria deriva. À falta dos auxilares de Cachoeira, recorreu ao ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que assumiu a vaga dos integrantes encarcerados do bando para oferecer um 'flagrante' a VEJA. Desta vez, o alvo foi o presidente Lula.

A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa entre ele e o ex-presidente da República, na cozinha do escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar Mendes --sempre segundo a revista-- acusa Lula de tê-lo chantageado com ofertas de 'proteção' na CPI do Cachoeira. Em troca, o amigo do peito de Demóstenes Torres (com quem já simulou uma escuta inexistente da PF) deveria operar para postergar o julgamento do chamado 'mensalão'.

Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu cabalmente a versão da revista e a do magistrado. Literalmente, em entrevista ao Estadão, Jobim disse: 'O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão; tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha); o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", reiterou. A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero; possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto demais de promover uma devassa em circuitos e métodos que remetem às entranhas da atuação de Mendes e VEJA nos últimos anos. Foram para o tudo ou nada no esforço de mudar o foco e criar um fato consumado a precipitar o julgamento do chamado 'mensalão'. Jogaram alto na fabricação de uma crise política e institucional. O desmentido de Jobim nivela-os à condição dos meliantes já encarcerados do esquema Cachoeira. A Justiça pode tardar. A sentença da opinião pública não.

sábado, 26 de maio de 2012

Tem caroço nesse angu

Do que tem medo o ministro Gilmar Mendes?

Do que tem medo o ministro Gilmar Mendes?Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Não durou nem 24 horas a notícia bombástica de Veja, dando conta de que o ex-presidente Lula teria pressionado o ministro do STF a postergar o julgamento do mensalão em troca de blindagem na CPI; o motivo para a “chantagem” seria a viagem de Gilmar a Berlim, na data em que lá estiveram Demóstenes e Cachoeira; Jobim negou e deixou claro: tem caroço nesse angu

247 – Não há meio termo nesta história. Ou Gilmar Mendes mentiu, ou foi Nelson Jobim quem faltou com a verdade. Neste sábado, Veja publicou uma notícia gravíssima: a de que o ex-presidente Lula teria se encontrado com Gilmar Mendes em abril deste ano, no escritório do advogado Nelson Jobim, e pedido a ele que postergasse o julgamento do mensalão para não prejudicar o PT nas eleições municipais. A denúncia, qualificada como “bombástica” por Ricardo Noblat e apontada por Reinaldo Azevedo como a prova cabal de que Lula degrada as instituições da República, despertou reações extremadas. Já há internautas sugerindo que Gilmar Mendes deveria ter dado voz de prisão a Lula no momento em que o ex-presidente teria tentado pressioná-lo.

A denúncia de Veja, no entanto, não durou nem 24 horas. E a questão agora consiste em saber quem mentiu: Gilmar ou Jobim? De acordo com o relato da revista Veja, Lula e Gilmar teriam conversado reservadamente, na cozinha do escritório de Jobim, sem que o ex-ministro da Justiça tivesse presenciado o diálogo. Jobim, no entanto, foi enfático. Disse que Lula chegou quando ele e Mendes já conversavam, garantiu que presenciou todo o encontro e afirmou ainda que não houve nenhum instante de privacidade entre o ex-presidente e o ministro do STF. Mais: disse ainda não saber por que Gilmar Mendes fez as declarações que fez à revista Veja (leia mais aqui).

Nelson Jobim tinha à disposição uma saída diplomática para o caso. Poderia dizer que não se recordava do teor da conversa, que saíra da sala para atender um cliente ou ter dado qualquer outra desculpa para não se indispor nem com Lula, seu ex-chefe, nem com Gilmar Mendes, um ministro que julga suas causas no Supremo. Preferiu jogar a batata quente para o próprio ministro do STF, que agora terá que provar que um ex-presidente da República realmente tentou chantageá-lo – segundo Gilmar, em troca do adiamento do julgamento do mensalão, Lula estaria oferecendo uma blindagem na CPI do Cachoeira.

Ainda há juízes em Berlim?

Dada a ênfase de Jobim, não se pode descartar a hipótese de que Gilmar Mendes tenha tentado obter na revista Veja o que os advogados chamam de habeas corpus preventivo. Ciente de que será citado na CPI do caso Cachoeira no futuro, o ministro do STF teria se vacinado.

Mas por que Gilmar seria citado? De que poderia ter medo? O fato é que o ministro do STF fez uma viagem a Berlim, capital alemã, onde se encontrou com o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO). Até aí, nada demais. Um ministro do STF pode se encontrar com um senador da República, dentro ou fora do País.

Na mesma viagem, no entanto, Carlos Cachoeira acompanhava Demóstenes. Não se sabe, no entanto, se o bicheiro teria tido algum encontro com o ministro do STF. Mas a agressividade da revista Veja contra o ex-presidente Lula pode indicar, como dizem os mineiros, que há algum caroço nesse angu.
No dia 9 de abril deste ano, reportagem do 247 revelou que Gilmar chamou para si uma ação estratégica para os interesses de Cachoeira (leia mais aqui). Depois da notícia, o ministro devolveu o processo.

Outra história enigmática diz respeito à atuação na denúncia orquestrada por Carlos Cachoeira contra Waldomiro Diniz, ainda em 2004, que contou com a participação do promotor José Roberto Santoro e do ex-senador Antero Paes de Barros, que é amigo do ministro Gilmar Mendes.

Finalmente, há ainda a história do grampo entre o senador Demóstenes Torres e o ministro do STF, publicado por Policarpo Júnior, em Veja, e que derrubou a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência, a quem foi atribuída a gravação.

Ao que tudo indica, o grampo entre o senador e o ministro do STF também foi produzido pelos estúdios Cachoeira, com a participação dos arapongas Jairo Martins e Idalberto Matias.

A Veja mente de novo

Jobim nega pressão de Lula sobre Gilmar

Anfitrião do encontro entre o ex-presidente e o ministro do STF, em que um teria pedido ao outro que retardasse o julgamento do mensalão, diz que a história bombástica relatada por Veja neste fim de semana não ocorreu; e agora?

247 - O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pressionado o ministro Gilmar Mendes, do STF, a adiar o julgamento do mensalão, usando como moeda de troca blindagem na CPI do Cachoeira. "O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso", respondeu Jobim, ao Estado de S.Paulo, ao saber do relato de Gilmar Mendes à revista Veja.

A reportagem da Veja, publicada neste sábado, relata um encontro de Lula com Gilmar no escritório de advocacia de Jobim, em Brasília, no qual o ex-presidente teria dito que o julgamento em 2012 é "inconveniente" e oferecido ao ministro proteção na CPI, de maioria governista.

Gilmar tem relações estreitas com o senador Demóstenes Torres (sem partido, GO), com quem teve um polêmico encontro em Berlim. O senador é acusado de envolvimento com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

"O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão", negou Jobim, que disse que, na conversa em questão, foram tratadas apenas questões "genéricas", "institucionais". Ele também assegurou que em nenhum momento Gilmar e o ex-presidente estiveram sozinhos ou falaram na cozinha do escritório, como relatou a Veja. "Tomamos um café na minha sala.

O tempo todo foi dentro da minha sala, o Lula saiu antes. Durante todo o tempo nós ficamos juntos", assegurou. Questionado se o ministro do STF mentiu sobre a conversa, Jobim desconversou: "Não poderia emitir juízo sobre o que o Gilmar fez ou deixou de fazer".

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caminho do dinheiro do 'Deltaduto' já leva a Perillo, Demóstenes e Sandes Junior



Vazou a lista de pagamentos da empresa fantasma Alberto e Pantoja (do esquema Cachoeira).

Ela recebeu mais de R$ 26 milhões da Delta Contruções, e o grosso do dinheiro foi para 29 empresas e pessoas.

O contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva (que está foragido), recebeu o maior valor em sua conta: R$ 7.482.000.

No cruzamento de dados com as doações de campanha registradas no TSE, há fortes evidências de triangulação do dinheiro.

A Delta pagou à empresa "Alberto e Pantoja", que pagou à Midway Internacional Lab R$ 150 mil, que fez duas doações de R$ 150 para a campanha do deputado federal Sandes Junior (PP-GO).

O Auto Posto T 10 de Goiânia recebeu R$ 98.720,00 da mesma conta da Alberto e Pantoja, e doou R$ 32.620,82 para a campanha ao senado do DEM (Demóstenes Torres).

A Rio Vermelho Distribuidora Ltda recebeu R$ 60 mil da Alberto & Pantoja. Aparentemente é parte dos R$ 450 mil doados para a campanha de Marconi Perillo (PSDB), e de R$ 30 mil doados para a campanha para deputada federal da vereadora de Anápolis Miriam Garcia Sampaio Pimenta (PSDB).

Isso foi no caixa-1, na prestação de contas oficial das campanhas. Há outras suspeitas as mais diversas a serem apuradas.

A presença destes políticos na rota do dinheiro já era previsível. Surpresa é o que faz na lista de pagamentos de uma empresa tida como fantasma e ligada ao esquema de Cachoeira, o escritório Morais Castilho e Brindeiro, do ex-procurador geral da República no governo FHC, Geraldo Brindeiro.

Isso é apenas uma pequena amostra do que vem por aí. Mas já explica o desespero dos tucanos quando tentaram pautar a CPI para não seguir esse caminho do dinheiro sujo, e desviar a atenção para outras bandas, antes da hora. É coisa de "171" para afastar as investigações da "cena do crime". (Com informações da Coluna Esplanada)

Diálogos apontam esquema Cachoeira abastecendo TV Globo

 
 
No dia 10/08/2011 às 19:39hs, o araponga Dadá, do esquema Cachoeira, teve um telefonema interceptado pela Polícia Federal, durante as investigações da Operação Monte Carlo.

Do outro lado da linha, uma pessoa identificada como "Doni" no relatório, agradecia uma informação passada por Dadá, e confirmava que o "Jornal Nacional" iria falar sobre o grampo:

Cerca de 15 minutos depois, Dadá ligou para o ex-diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu, dizendo que "o grampo" iria sair na Globo.


Logo mais, naquela noite, entrava no ar a edição do Jornal Nacional, mostrando o grampo:

http://goo.gl/ARvs3
Após o fim do telejornal, Dadá liga novamente para Doni às 21:56hs, e comentam sobre o diálogo acima:


Como no relatório só tem o resumo dos diálogos, falta a transcrição completa para elucidar mais detalhes. Mas já tem informação suficiente para indicar que o esquema Cachoeira, através do araponga Dadá, abasteceu o Jornal Nacional com grampos sigilosos da Polícia Federal.

Uma das funções de Dadá, dentro do esquema Cachoeira, era obter informações sobre operações policiais, segundo o inquérito.

Quem é Doni?

Não há nenhum DONI identificado na redação do Jornal Nacional, mas talvez o diretor de jornalismo no DF, Mariano BONI, pudesse ajudar a esclarecer quem é.

Como Cachoeira plantava notícias na revista Época

do blog do Nassif
 
A revista CartaCapital mostra como o sargento Dadá, considerado braço direito de Cachoeira, negociou com o diretor da sucursal da revista Época em Brasília, Eumano Silva, a publicação de informações contra a empresa Warre Engenharia, uma concorrente da empreiteira Delta em Goiás.
 
A versão impressa da revista também mostra a interlocução entre o vice-presidente Michel Temer e a cúpula das Organizações Globo, em torno da CPI do Cachoeira.
 
Nesta semana, o advogado de Dadá informou à CPI do Cachoeira que o trabalho do araponga era “abastecer veículos de comunicação”, e que “é notório que o interesse de Cachoeira era usar essas informações no mundo dos negócios”.
 
A negociação entre Dadá e o jornalista da Época foi flagrada em interceptações telefônicas da Polícia Federal. CartaCapital teve acesso a cinco ligações telefônicas entre os dois.
 
Procurada, a direção da revista Época disse não saber que os emissários integravam a quadrilha de Cachoeira. A PF interceptou também conversas do grupo com o repórter Eduardo Faustini, da TV Globo, para uma reportagem sobre compra de votos para prefeito numa cidade do interior. A reportagem não foi ao ar, segundo Faustini.

Confira as gravações no blog do Nassif. Clique aqui

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Código Florestal: um veto em defesa do equilíbrio

 


Paulo Teixeira*

Um dos grandes equívocos no debate sobre o Código Florestal é a oposição que se faz entre o potencial brasileiro no meio ambiente e na agricultura. O desafio do novo marco legal, portanto, é superar esta falsa dicotomia e apresentar à sociedade uma visão equilibrada.


O Brasil é dos países de maior quantidade e diversidade de recursos naturais do mundo, que vão desde as nossas florestas tropicais à disponibilidade de água doce, passando por uma vasta biodiversidade. Essa condição nos projeta positivamente no debate sobre os desequilíbrios climáticos e amplia nossa relevância em temas fundamentais para o futuro do planeta, como energia e sustentabilidade.


Hoje, 84% da matriz energética brasileira é limpa. Na Europa esse percentual alcança apenas 14%. No campo da medicina, temos uma infinidade de usos possíveis de princípios ativos para desenvolvimento de medicamentos.


Também é indiscutível que o Brasil deu um salto significativo na produção e modernização do setor agrícola na última década. É claro que ainda enfrentamos problemas, como a baixa produtividade na pecuária e o elevado uso de agrotóxicos, mas trata-se de um setor importantíssimo para a nossa economia.


Também não podemos nos esquecer do papel que o setor teve — e tem — no vigoroso processo de inclusão social ocorrido a partir do governo Lula. Nesse aspecto, a agricultura familiar é fundamental, pois, junto com as políticas de assentamento, tornou-se uma fonte de inclusão de famílias de baixa renda e de estímulo a um modo de produção menos agressivo ao meio ambiente.


O debate sobre o Código Florestal deveria ter compreendido a íntima conexão que há entre esses dois enormes potenciais: o agrícola e o ambiental. Nossa atual legislação sobre o assunto é de 1967, quando o desenvolvimento tecnológico e os conceitos de produção agrícola e de sustentabilidade eram outros. Na época, tínhamos um Estado que estimulava o desmatamento, a partir de políticas de ocupação e uso do solo que, hoje sabemos, são totalmente equivocadas.


Precisamos inverter essas diretrizes políticas, adotando um modelo que alie cada vez mais a agricultura e o meio ambiente. Antes de enviar o novo código para análise da presidenta Dilma Rousseff, a Câmara deveria ter tido tais preocupações. Infelizmente, o caminho trilhado pela maioria de nossos deputados foi outro.


Havia o desafio de preservar a ideia, vinda do Senado, de recuperação das áreas desmatadas, rechaçando as propostas de anistiar quem já desmatou.


O projeto, da forma como está, em vez de proteger o pequeno agricultor, acaba por beneficiar os médios e grandes agricultores, colidindo com o espírito que o texto deveria carregar.


Felizmente, o sistema democrático brasileiro é constituído de pesos, freios e contrapesos, para que o resultado final seja a harmonia entre os três poderes da República. Assim, como representante da sociedade, eleita pelo povo, a presidenta Dilma tem a possibilidade de vetar os erros cometidos pela maioria parlamentar que se impôs e garantir o equilíbrio desejado.


Se mantivermos essa compreensão de aliança entre meio ambiente e agricultura, avançaremos definitivamente para uma legislação moderna e equilibrada. Esse é o nosso norte para o novo Código Florestal.


*Paulo Teixeira é deputado federal pelo PT-SP

Braço direito de Cachoeira complica Marconi na CPI

 

Wladimir Garcez, que depõe agora na CPI, tenta, mas não consegue explicar a complexa operação de compra da mansão do governador goiano. Diz que pediu dinheiro emprestado à Delta e a Cachoeira; depois, buscou um outro comprador, chamado Walter Paulo; em seguida, pediu que ele emprestasse a casa à mulher de Cachoeira, Andressa. Deu para entender?
Brasil 247
 
Um dos principais réus da Operação Monte Carlo acaba de complicar a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo. Wladimir Garcez, ex-assessor de Cachoeira e ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, tentou explicar a venda de uma mansão de Marconi Perillo, por R$ 1,4 milhão. A mesma casa onde Carlos Cachoeira foi preso há 90 dias.
Marconi sempre sustentou que vendeu a casa ao empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão. O que Garcez disse na CPI atrapalha mais do que ajuda o governador. "Pedi dinheiro emprestado ao meu patrão Claudio Abreu, da Delta, e ao Cachoeira para comprar a casa", disse Garcez. Por que? Porque achou que era um bom negócio pagar R$ 1,4 milhão pela casa de Marconi. Depois, segundo Garcez, a mansão foi vendida ao empresário Walter Paulo – reportagens anteriores do 247 demonstram que a casa foi registrada em nome de um laranja.
Wladimir Garcez conta que tomou emprestado de Cláudio Abreu, à época diretor da região Centro-Oeste da Delta, três cheques para adquirir a mansão, sendo dois nos valores de R$ 500 mil e outro de R$ 400 mil, nominais ao governador de Goiás. Depois, começou a ser pressionado por Cláudio Abreu para quitar os cheques. Foi então que vendeu a casa a Walter Paulo e pagou sua dívida.
 
Mas se Walter Paulo foi o comprador, por que a casa acabou em poder de Cachoeira. Segundo Garcez, porque Andressa Morais se separou do Wilder Morais, ex-suplente de Demóstenes Torres, e não tinha onde morar, quando já havia iniciado um relacionamento com Cachoeira. Foi então que Garcez a Walter Paulo que emprestasse a mansão a Andressa. E foi assim que eles foram ficando, ficando, ficando e ficando na mansão do governador até o dia da prisão.”
Foto: REPRODUÇÃO/ TV SENADO
Matéria Completa, ::Aqui::