quinta-feira, 30 de junho de 2011

Esse homem vai morrer!

Frei Gilvander Moreira e Delze dos Santos Laureano
Adital

Esse homem vai morrer - Um faroeste caboclo. Esse é o nome do documentário de 75 minutos, dirigido por Emilio Gallo, e exibido com a presença do diretor, no dia 27 de junho de 2011, na Associação do Ministério Público Estadual de Minas Gerais em Belo Horizonte. Ao final, houve um debate com os presentes que puderam constatar como o tema é antigo e ao mesmo tempo atual. É antigo, porque lá se vão 25 anos do assassinato de João Canuto, militante da reforma agrária, filiado ao PCB, e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, no estado do Pará. Canuto foi morto em 18 de dezembro de 1985, com 18 tiros. O fato mobilizou artistas, políticos e entidades internacionais, à época, para proteger outros líderes sindicais, religiosos e advogados ameaçados de morte na região. E, é tema atual porque no dia 24 de maio deste ano, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, líderes extrativistas, considerados sucessores de Chico Mendes, foram executados na cidade de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, cidade a 390 quilômetros de Belém. Além desses, dados registrados pelos agentes da Comissão Pastoral da Terra – CPT - mostram muitas ameaças e mortes de trabalhadores e lideranças rurais em todas as regiões do Brasil(1).

A sinopse do filme é a seguinte: "Um sonho atraiu vários brasileiros ao município de Rio Maria, no Sul do Pará, e se transformou numa sentença: 14 pessoas marcadas para morrer. Cartas denunciando os conflitos foram escritas para juízes, ministros e até para presidentes da república, mas nenhuma providência foi tomada.” O documentário mostra como os apelos chegam aos políticos invisíveis. Produzido com pequeno orçamento e, segundo o diretor, sem o apoio financeiro de empresas privadas e do governo, tornou-se possível, após cinco anos, porque houve determinação em fazê-lo e porque os fatos não recomendavam ser novamente adiado o lançamento. Feliz da vida ele disse categórico: "O filme, no segundo dia após o lançamento já estava na internet. Ótimo, baixem e multipliquem ao máximo!”

terça-feira, 28 de junho de 2011

Aécio pendura mais um tucano desempregado de Mato Grosso na conta do contribuinte mineiro

Do blog Amigos do Brasil

O consumidor mineiro da CEMIG que paga sua conta de luz e impostos com o suor do seu trabalho está sendo obrigado a sustentar um político tucano desempregado pelo povo Mato Grosso.

O ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB/MG), perdeu as eleições para governador de Mato Grosso em 2010, mas ganhou a boquinha de consultor na estrutura da estatal CEMIG (Centrais Elétricas de Minas Gerais), alojado no Conselho Consultivo da Taesa – Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (Controlada pela CEMIG).

O convite para o cargo teve o apadrinhamento do senador Aécio Neves (PSDB/MG) e do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, também tucano.

Desta forma, Aécio Neves repete a fórmula utilizada por José Serra (PSDB/SP), quando era governador de São Paulo, de nomear “companheiros” desempregados do Brasil inteiro, em troca do apoio para sua candidatura a presidência em 2010.

Santos confirmou que o povo de Minas Gerais lhe paga um salário de aproximadamente R$ 10 mil mensais para participar de uma reunião por mês. (Com informações do Hipernotícias)




Brasil é o país que mais reduz desigualdade entre Brics, diz estudo

O Brasil é o país dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com os melhores indicadores de redução das desigualdades sociais. O levantamento apura que no Brasil a evolução dos indicadores das classes sociais tem mostrado desempenho superior ao dos dados macroeconômicos, enquanto nos demais membros dos Brics a relação é a oposta.

Os números fazem parte do estudo “Os Emergentes dos Emergentes”, da Fundação Getúlio Vargas, apresentada nesta segunda-feira, 27, em São Paulo pelo professor e pesquisador Marcelo Neri, que é o economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da instituição.

“A desigualdade está caindo muito mais no Brasil do que em outros emergentes”, afirma Neri. No Brasil, a renda familiar tem crescido em média 1,8 ponto porcentual acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), anualmente entre 2003 e 2010, a melhor relação entre os emergentes. Já na China, a relação é inversa: a renda familiar vem crescendo dois pontos porcentuais abaixo do PIB do período.

“Aqui o microssocial está evoluindo melhor do que o macroeconômico”, aponta Néri. Na década de 2000, o Brasil também teve a segunda melhor taxa de crescimento anual da renda domiciliar per capita entre os 20% mais pobres, com alta de 6,3%, atrás apenas da China, que teve 8,5%.

Em seguida vem a África do Sul (5,8%) e a Índia (1%). Ao mesmo tempo, a taxa de crescimento anual da renda familiar dos 20% mais ricos foi mais intensa nos outros países: China (15,1%), África do Sul (7,6%), Índia (2,8%) e Brasil (1,7%). “O bolo da renda dos mais pobres cresce mais que a dos mais ricos no Brasil”, aponta Néri.

Lucro Brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo

O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.

A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Brasil do otimismo

Classe C ganha 39,5 milhões de pessoas, diz FGV

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo

Do início de 2003 até maio deste ano, 48,7 milhões de pessoas entraram nas classes A, B e C no Brasil, quase a população da Espanha, um crescimento de 47,94%, aponta pesquisa divulgada nesta segunda-feira (27) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Somente na classe C foram 39,5 milhões de novos integrantes no período, um aumento de 46,57%. Paralelamente, 24,6 milhões de pessoas deixaram a classe E, queda de 54,18%, e 7,9 milhões, a classe D, recúo de 24,03%, o que mostra que a desigualdade no país vem caindo, afirma o professor Marcelo Cortes Neri, coordenador da pesquisa.

“Você está falando de crescimento em cima de crescimento (…). Ela [classe C] já cresceu porque a renda do brasileiro vem crescendo desde o fim de 2003, e a desigualdade vem caindo há 10 anos. Esses são fatores fundamentais para este cenário de crescimento. O terceiro fator é a estabilidade, seja a inflacionária, seja o choque de confiança que foi dado aos mercados.”

De acordo com Neri, além do crescimento da renda e da queda da desigualdade, a educação é outro fator que colabora para o aumento da classe C. “A nossa pesquisa mostra que, só pelo efeito da educação, se tudo se mantiver constante, a renda do brasileiro cresceria 2,2 pontos percentuais por ano, o que é bastante”. Ele citou ainda programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que foi importante para a classe E, e o aumento do salário mínimo, importante para a classe C.

Do total de novos integrantes das classes A, B e C, 13,3 milhões passaram a fazer parte dessas fatias sociais nos últimos 21 meses encerrados em maio, salienta o professor, o que mostra que o crescimento continua.

Crescimento do PIB versus alta da renda

A pesquisa revela ainda que a renda do brasileiro cresce em proporções maiores que o Produto Interno Bruto do país, o que diferencia o Brasil de outros países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

De 2003 a 2009, a taxa de crescimento do PIB per capita foi, em média, de 2,88% ao ano, sendo superada em 1,83 ponto percentual ao ano pela renda da pesquisa nacional por amostra de domicílio (Pnad), que foi de 4,71% ao ano.

Entre as duas últimas Pnads, essa relação quase dobra, diz a pesquisa. O PIB per capita recúa 1,5% em 2009, contra um crescimento de 2,04% na renda da Pnad.

Na China e na Índia, o movimento foi oposto, disse o professor, pois o PIB cresceu mais do que as pesquisas domiciliares daqueles países.

Crise terminal do capitalismo?

Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

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domingo, 26 de junho de 2011

O pior ainda está por vir??

Udelton da Paixão

Já se vão quase 30 anos de um evento que fui partícipe no auditório da Escola Estadual Antonio Carlos, quando o então prefeito de Paracatu, Diogo Soares Rodrigues, antes de entregar o Alvará de Localização e Funcionamento à Mineradora RTZ, exigiu uma audiência pública desta com a comunidade paracatuense. Desde aquele momento eram grandes as preocupações com os impactos ambientais que as atividades de mineração iriam trazer ao município.

Os anos se passaram e fomos obrigados a aprendermos a conviver com os benefícios econômicos que a atividade trouxe à cidade. Recebemos inúmeras pessoas que vieram fazer parte de nossa comunidade, trabalhando na mineradora. A cidade acolheu estas pessoas como sempre faz com todos que aqui vêm viver.

Porém, nossas preocupações não se amenizaram. Pelo contrário, a cada dia aumenta nossa insegurança quanto ao futuro. Não sou nenhum especialista na área, mas me sinto no dever de levantar mais uma questão que nos últimos dias povoa minha consciência e me pede para trazê-la a público.

Temos nos preocupado, com razão, com os danos causados à nossa saúde pela mineração. No entanto, existe um problema de extrema importância que pertence ao futuro, que pode ser daqui a 05, 10, 20, 30 anos, não podemos precisar. Mas que precisaria ter sido pactuado desde o início, que é o Processo de Recuperação da Área Degradada - PRADs e o Fechamento da Mina.

A legislação brasileira, na época, não exigia este procedimento nos ritos de liberação das licenças ambientais, porém passaram a ser exigidos. E a RTZ, realizou os estudos no sentido de prever o trabalho que seria feito para recuperação e fechamento da Mina, o PRADs (Plano de recuperação de Áreas Degradadas. Eu mesmo participei em pelos menos dois eventos promovidos pela empresa para apresentar este trabalho à comunidade.

A questão que levanto neste momento, diz respeito aos recursos necessários para que seja feito este trabalho de recuperação da área degradada, para que seja “devolvida” à comunidade. Na ocasião apresentou-se como ficaria a área explorada após o trabalho de recuperação. Porém não disseram de onde viriam os recursos para a realização destas obras.

O fechamento de uma mina ocorre justamente num momento em que a empresa já não está mais operando, portanto em um momento em que não mais existem receitas provenientes da venda do minério. É onde nascem minhas preocupações. Diga-se, de passagem, que isto já vem sendo debatido em outros países como Austrália, Estados Unidos e o próprio Canadá, que já se encontram em um estágio bem mais avançado em relação ao Brasil, no que diz respeito a este tema. Embora exista todo um ritual a ser feito junto ao Ministério das Minas e Energia, precisamos de garantias financeiras, pois depois do leite derramado não adianta chorar.

No Brasil, no campo da legislação ambiental, somente recentemente vem sendo regulamentado os procedimentos a serem adotados, pelas empresas mineradoras, para fechamento de minas.

Voltemos a Paracatu e analisemos. A RTZ explorou o filé do Morro do Ouro, por mais de duas décadas e de repente venderam a empresa a outra mineradora. As razões reais de sua saída é segredo empresarial. Para o público a resposta é outra, o que é lógico.

Porém, não deveria a RTZ, ter deixado sua parcela de recursos garantida em banco correspondente ao tempo em que explorou e degradou o meio ambiente em nossa cidade, a fim de custear os gastos com a recomposição ambiental?

A RTZ vendeu a RPM, para a KINROSS, que explorará a mina até que obtenha a compensação dos seus investimentos. Quando perceber que chegou à exaustão, buscará repassa-la a outra empresa, para se furtar da incumbência de recompor o meio ambiente degradado.

A partir desta hipótese, imaginemos se sucedê-la outra empresa do ramo, de menor porte (uma grande dificilmente embarcaria nesta canoa furada), e esta não queira arcar, logicamente, com a recuperação ambiental proveniente de uma atividade que praticamente não foi ela que desenvolveu.

Em resumo, sobrará ao poder público municipal, o ônus de conviver com este problema chamado “Morro do Ouro”, travando uma infinita briga no judiciário.

Mas qual a solução?

A Kinross precisa ser chamada a apresentar à comunidade, concretamente, o que tem de previsto para o processo de fechamento da Mina. É necessário orçar os valores que seriam necessários para realização desta obra e, finalmente, que seja oferecido uma garantia financeira de alguma natureza, depósito remunerado, carta de crédito ou coisas do gênero. À medida que a exploração avança, e como indicam estudos realizados sob o tema, estes cálculos precisam ser refeitos periodicamente.

Esta preocupação pode parecer sem sentido, mas a literatura, esta repleta de casos, de mineradoras que faliram e deixaram barragens de rejeitos abandonadas, áreas de lavras sem recomposição da vegetação, e por aí vai.

Portanto, acho que este tema precisa ser colocado na pauta tanto pelo Ministério Público do Meio Ambiente, como também pelo Governo Municipal, entidades sindicais, ambientais, associações de moradores e por toda a sociedade organizada de Paracatu.

Caso contrário, estaremos condenados a mantermos uma relação de favores com a empresa, como patrocínio de shows, pequenas verbas para entidades sociais. E o que de fato precisa ser discutido pode ficar escamoteado e esquecido no tempo, até que um dia seja tarde, e último ouro que já é pó, tenha sumido de vez na poeira das máquinas da Kinross, rumo ao Canadá.

Um abraço a todos!

Penso, logo, resisto.

Udelton da Paixão Espírito Santo, é bacharel em Direito, vice-presidente da Cáritas Diocesana de Paracatu e ex-vice-prefeito.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A MPB nos tempos da ditadura

Da Carta Capital

MPB, Bossa Nova e Jovem Guarda: como a música popular brasileira se manifestou nos tempos da ditadura no País


É comum confundir-se música popular brasileira com MPB. A primeira é muito mais ampla. Inclui tudo que é composto e cantado no País. Como sigla, trata-se de um movimento dentro da música popular brasileira. Dessa forma, nem toda música popular brasileira é MPB, mas o oposto é verdadeiro. Foi na década de 1960 que esta última surgiu. Do ponto de vista burguês, a década não começara bem, pois a Revolução Cubana abalara a hegemonia capitalista no continente, apontando alternativa à ordem burguesa e ao alinhamento mecânico com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, se em 1960 Brasília foi inaugurada, ainda que inacabada, no ano seguinte a crise provocada pela renúncia de Jânio Quadros e o impedimento da posse de João Goulart arrefeceram esse ânimo e fizeram lembrar a instabilidade política, característica de nossa democracia. Um golpe havia sido evitado em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas, mas a crise de 1961 fortaleceu essa ideia, acelerando a gestação da ruptura institucional de 1964. Foi nesse momento, no início dos anos que antecederam a ação golpista de militares e da burguesia brasileira, que começou também a se constituir outro movimento na música brasileira, caracterizado exatamente por essas marcas do início da década.

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A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta

Do Blog do Emir Sader

Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: “E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”


Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.

Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?

A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.

Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.




Governo vai financiar tratamento de dependentes químicos

BRASÍLIA - Em reunião com representantes das comunidades terapêuticas, nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo vai financiar o tratamento de dependentes químicos nessas entidades, a maioria mantida por instituições religiosas. No encontro, a presidente criou um grupo de trabalho para revisar a resolução da Anvisa que estabelece as normas mínimas para funcionamento das comunidades terapêuticas.

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Família de baixa renda terá telefone fixo a R$ 9,50

Do Blog Amigos do Brasil

O governo irá anunciar na próxima semana um programa de telefones fixos para famílias e pessoas de baixa renda a R$ 9,50. O valor prevê isenção de ICMS e 90 minutos mensais de ligação, sendo que serão as concessionárias a arcar com redução do preço. Caso o Estado não queira abrir mão do imposto – o governo alega que não haveria perda de arrecadação, uma vez que o público-alvo não é usuário atualmente -, a assinatura será de R$ 13,50.

De acordo com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o governo quer atender as cerca de 12,6 milhões de casas beneficiadas pelo Bolsa Família, mais os aposentados rurais e os cadastrados como deficientes. O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), embaixador Ronaldo Sardenberg, disse que a decisão para que as concessionárias passem a arcar com a redução dos preços foi ” uma adesão negociada”.

Aos 93 anos, prefeito do PSDB mais velho do País é cassado desvio de verbas

Do Blog Amigos do Brasil

Terminou na madrugada desta quarta-feira a sessão de mais de 20 horas da Câmara Municipal de Uraí, no norte do Paraná, que cassou o mandato do prefeito Susumo Itimura (PSDB). Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, ele era o prefeito mais idoso do Brasil, atualmente com 93 anos. O vice-prefeito, Almir Fernandes, tomou posse nesta quarta.

Itimura foi acusado de improbidade administrativa por fazer pagamentos a uma empresa de informática que nunca prestou serviços para a cidade. Em março de 2010, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) propôs uma ação contra o prefeito por um esquema de desvio de verbas do município, que teria desviado R$ 44,8 mil.

O processo de acusação tinha 765 páginas, era dividido em quatro partes, e sua leitura tomou cerca de 18 horas da sessão. Dos oito vereadores que votaram, seis optaram pela cassação. Itimura não compareceu à votação; apenas seu advogado de defesa acompanhou decisão, contra a qual deve entrar com recurso.

Segundo a assessoria da Câmara, houve uma concentração do lado de fora do prédio de aproximadamente 300 pessoas, a favor e contra Itimura, durante toda a sessão. Com o reforço da PM e de agentes policiais de Cornélio Procópio, município próximo, não houve ocorrências. Informações do Terra

A queda de Aécio e a imprensa em Minas

Do blog Viomundo

No último domingo acordei ao som das gargalhadas do meu irmão. Ao perguntá-lo o motivo de tanta alegria às 7 da manhã, fui informada que Aécio Neves havia caído do cavalo. A princípio, pensei que fosse piada. Após uma olhada rápida no twitter, descobri que não havia nenhuma figura de linguagem na queda do senador tucano. O acidente lhe custou cinco costelas e a clavícula direita quebradas.

Na padaria não havia outro assunto. Enquanto tomava meu cafezinho acompanhado por um pão com manteiga, observava um grupo de senhores de meia idade organizarem um ‘bolão’ dos motivos do tombo do ex-governador. Sei que é pecado rir da desgraça alheia, mas foi difícil me conter diante das apostas: “O cavalo deve ter sido presente do Serra”…”A eguinha ‘pocoPó’ se rebelou contra a tucanada”…risos….

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Escândalo PSDB:Polícia acha folhas de ponto do médico ex-secretário de Esporte de Alckmin

Promotores e delegados que investigam as fraudes em plantões médicos em hospitais públicos do Estado encontraram em um armário da Diretoria Regional de Saúde de Sorocaba, no interior paulista, um calhamaço de folhas de ponto assinadas pelo ex-secretário de Esporte, Jorge Pagura, que pediu demissão no fim de semana após ser incluído na lista de médicos suspeitos de receber salários sem trabalhar.

A descoberta das folhas de ponto contradiz a versão apresentada por Pagura. Neurocirurgião indicado pelo PTB ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), ele disse nunca ter recebido por plantões no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), foco das fraudes que também atingem outros hospitais, inclusive na capital.

Os promotores esperavam encaminhar os papéis ainda ontem à Procuradoria-Geral de Justiça, que vai investigar o ex-secretário. Segundo o Ministério Público, cerca de 70 pessoas estão envolvidas no esquema, que teria causado prejuízo de até R$ 5 milhões aos cofres públicos e resultado na prisão de 12 pessoas.

Em nota distribuída à imprensa, o advogado de Pagura, Frederico Crissiuma Filho, afirma que o médico prestava assessoria ao CHS para a instalação de um setor de neurocirurgia funcional e tinha vínculo salarial apenas com o Sistema Único de Saúde (leia ao lado). As folhas de ponto encontradas têm data de novembro de 2009 a dezembro de 2010.

‘Fantasma’

De acordo com o Ministério Público, depoimentos de outros investigados, especialmente o da diretora de Recursos Humanos do CHS, Márcia Regina Leite Ramos, confirmam que o médico era escalado para plantões, embora nunca tenha aparecido no hospital.


Liberadas as imagens censuradas do atentado no Riocentro de 1981

Do Luis Nassif On Line

Decorridos 30 anos do atentado, o programa Arquivo N, produzido pela Globo News, trouxe a público depoimentos e imagens censuradas pelo governo militar da época. Duas bombas explodiram dentro de um Puma no estacionamento do Riocentro no bairro da Tijuca, no Rio.

Veja o vídeo clicando aqui

Cáritas fará oficina em Paracatu

A Cáritas Diocesana de Paracatu, realizará uma oficina em preparação para o IV Congresso e XVIII Assembléia Nacional da Cáritas Brasileira, que acontecerá em novembro de 2011 em Passo Fundo-RS.

Será discutido, dentre outras coisas, o Desenvolvimento Sustentável Solidário Territorial - DSS-T, além de uma avaliação das ações da entidade, perfis e nomes para a diretoria nacional.
A oficina será na sede da Cáritas Diocesana de Paracatu, com a presença da Secretária da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais - Valquíria Smith Lima

Data: 25 de junho de 2011 (Sábado)

Local: Rua do Ávila, 201 – Centro – Paracatu-MG

Horário: 08h30min. às 16 horas.

O desafio de acabar com a miséria no Brasil

Zé Geraldo

Durante muito tempo, falar em acabar com a miséria no Brasil não passava de um discurso utópico e distante, sem um horizonte que permitisse sonhar com essa conquista.

No entanto, nos últimos oito anos, o país assistiu a uma impressionante mobilidade social, com cerca de 28 milhões de pessoas saindo da pobreza extrema e outros 36 milhões sendo elevados à classe média. Tudo isso graças à criação, ampliação e fortalecimento de programas sociais como o Bolsa Família, o Luz para Todos, o ProUni, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Minha Casa Minha Vida, dentre outros. E os efeitos produzidos por estes programas, pouco percebidos pela classe média dos grandes centros e pela elite econômica do país, foram fundamentais para eleger um projeto de continuidade destes avanços.

Agora a proposta do governo federal é ainda mais ousada: construir um “Brasil sem miséria”.

Segundo o governo, o foco é retirar da extrema pobreza cerca de 16 milhões de pessoas que ainda vivem na miséria. O mapa da miséria, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, revela que 59% destas pessoas vivem no Nordeste, 21% no Sul e Sudeste e 20% no Norte e Centro-Oeste. E nada menos que 40% têm menos de 14 anos de idade. Apesar de ser um número menor de pessoas, em relação ao que o governo Lula retirou da miséria, o desafio agora é muito maior, pois são pessoas tão excluídas que não conseguiram sequer se inscreverem nos programas sociais já existentes. Não têm acesso aos serviços básicos como água, luz, educação, saúde e moradia. O governo federal está se propondo ir onde elas estão, ou seja, segundo palavras da presidenta Dilma “vamos fazer o que chamamos de busca ativa: ao invés das pessoas correrem atrás do Estado, dessa vez o Estado vai correr até elas”.

As ações propostas pelo programa BRASIL SEM MISÉRIA, serão articuladas em níveis nacionais e regionais, baseadas em três eixos: renda, inclusão produtiva e serviços públicos.

Para os moradores do campo, que representam 47% daqueles que ainda vivem na miséria, estão previstas as seguintes ações:

Assistência Técnica: Para cada grupo de mil famílias haverá um técnico de nível superior e dez técnicos de nível médio, acompanhando os agricultores mais pobres de modo individualizado e contínuo.

Fomento e sementes: Cada família receberá um fomento a fundo perdido de R$ 2.400, pagos em parcelas semestrais, durante dois anos, para adquirir insumos e equipamentos. Até 2014, serão atendidas 250 mil famílias.

Programa Água para todos: construção de cisternas e sistemas simplificados coletivos. A meta é atender 750 mil famílias.

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): Um programa revolucionário já implantado e que será ampliado de 66 mil famílias existentes para 255 mil até 2014. Pelo programa, o Governo Federal compra a produção do agricultor familiar para doá-la a entidades assistenciais ou para a formação de estoques.

Já na cidade, pretende-se investir na qualificação profissional, intermediação de emprego, ampliação da política de microcrédito e incentivo à economia popular solidária. Dentre as ações previstas, destaca-se:

Mapa de oportunidades: Uma parceria entre Governo Federal, estados e municípios, fará um mapa de oportunidades disponíveis nas cidades e cruzará este mapa com o mapa da pobreza, facilitando assim, a inclusão das pessoas.

Qualificação de mão de obra: Os beneficiários do Bolsa Família será inseridos no mercado de trabalho através de cursos de formação, de acordo com a vocação de cada região, numa parceria com o sistema S e outras redes.

Apoio aos catadores de material reciclável: o programa incentivará as prefeituras a implantarem programas de coleta seletiva, fortalecendo as cooperativas de catadores.

Estas são algumas das ações que prometem erradicar a miséria no Brasil. Apesar de ser um desafio gigantesco, a história recente demonstra que não é impossível.

Se nos últimos anos a vida do brasileiro melhorou, conseqüência da valorização do salário mínimo, dos aumentos salariais acima da inflação, da democratização do acesso ao ensino superior, da expansão das universidades, de uma política consistente de distribuição de renda e principalmente com o resgate da auto-estima do povo, já pensou quando acabarmos de vez com a miséria?

terça-feira, 21 de junho de 2011

Minério não paga royalties, dá esmola

Do Blog Tijolaço

A Folha de hoje publica matéria sobre a intenção do governo de enviar logo ao Congresso um projeto alterando as regras de pagamento de royalties pela exploração de minérios no Brasil.

É curioso que este pagamento, que é feito com dinheiro das empresas privadas, ao contrário do que ocorre com os royalties pagos pela Petrobras, não comove a opinião “publicada”.

Na ilustração, você pode ver o valor pago é ridículo frente ao faturamento realizado pelas mineradoras: cerca de 1,5% do valor de US$ 40 bilhões, ou perto de R$ 66 bilhões, com o dólar de 2010 calculado a R$ 1,65.

É bom lembrar que, constitucionalmente, o produto do subsolo brasileiro pertence à União.

O nome de “esmola” cai melhor do que o de royalties.

Na Índia e na Austrália, criaram-se taxações seletivas, cobrando mais do minério bruto destinado às exportações. E nem por isso o minério destes países deixou de ser competitivo, em matéria de preço.

O direito dos municípios e estados produtores é inquestionável e tem de ser defendido.

Mas, nessa reforma dos “royalties”, temos de levar em consideração o destino dos minérios, porque o beneficiamento local é fonte de receita e emprego que deve ser estimulada.

O projeto bilionário de beneficiamento de ferro bruto que a Vale está desenvolvendo lá em Omã, em lugar de estar lá na península arábica, poderia estar no Pará, de onde é retirado o minério.

Este vai ser um grande debate nacional – espero que sem os bairrismos que cercam a questão dos royalties do petróleo – e deve ser travado com lucidez, porque é decisivo para o desenvolvimento do país e – ainda mais que o petróleo – pela garantia de que a extração mineral não siga representando uma enorme devastação do território nacional.



A atuação de Dom Paulo Evaristo Arns durante a ditadura

Documentos inéditos obtidos pelo 'Estado' em Genebra revelam como o cardeal e a Igreja combateram a ditadura militar

Jamil Chade

No auge da violência promovida pelo governo militar, parte da Igreja e centenas de líderes religiosos no Brasil passaram a ser alvo da repressão. Documentos guardados há décadas em Genebra obtidos pelo Estado revelam como o cardeal d. Paulo Evaristo Arns liderou um lobby internacional, coletou fundos de forma sigilosa e manteve encontros com líderes no exterior para alertar sobre as violações aos direitos humanos no Brasil.

A atuação do arcebispo de São Paulo mobilizou uma rede de informantes, financiadores e apoiadores secretos pelo mundo. Dentro do País, os documentos mostram que ele e seus aliados organizaram manifestações, incentivaram líderes operários e pagaram despesas das famílias dos grevistas no ABC em 1980.

Clique aqui e leia a matéria completa

Lula recebe prêmio internacional por combate à fome


Renata Giraldi, da Agência Brasil

Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e John Agyekum Kufuor (Gana) receberam hoje (21) o Prêmio Food World 2011, em cerimônia no Departamento de Estado norte-americano, em Washington, nos Estados Unidos. Ambos foram escolhidos pelos esforços feitos durante seus governos para executar políticas públicas de combate à fome e à pobreza.

Em 1986, o World Food Prize foi criado por Norman E. Borlaug, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1970. Desde então, premia pessoas que buscam melhorar a qualidade de vida no mundo a partir da distribuição de alimentos. Já foram premiados cidadãos de Bangladesh, do Brasil, da China, de Cuba, da Dinamarca, da Etiópia, da Índia, do México, de Serra Leoa, da Suíça, do Reino Unido e dos Estados Unidos.

Gana se tornou o primeiro país da Região Subsaariana da África a reduzir pela metade a proporção de pessoas que passava fome no país. Segundo dados oficiais, em Gana, a taxa de pobreza foi reduzida de 51,7%, em 1991, para 26,5%, em 2008. A taxa de pessoas que passava fome caiu de 34%, em 1990, para menos de 9%, em 2004.

"O [ex-] presidente Kufuor e o [ex-] presidente Lula da Silva definiram um poderoso exemplo para outros líderes políticos do mundo", disse o presidente do Prêmio Food World, o embaixador Kenneth M. Quinn. "Graças ao seu empenho pessoal e à liderança visionária, Gana e o Brasil estão a caminho de ultrapassar o Objetivo do Milênio 1, que é reduzir à metade a fome extrema antes de 2015."

Lula, de acordo com as informações do prêmio, determinou que mais de dez ministérios se concentrassem nos programas de transferência de renda capitaneados pelo Fome Zero, permitindo que mais pessoas tivessem acesso à alimentação.

O ex-presidente foi elogiado também pelo estímulo à agricultura familiar e aos projetos de educação para crianças. Pelos dados oficiais, o Brasil reduziu de 12% a faixa de pessoas vivendo em condições de extrema pobreza , em 2003, para 4,8%, em 2009.

domingo, 19 de junho de 2011

Chico Buarque - 67 anos

Chico completa 67 anos neste dia 19 e continua sendo a voz de um Brasil para todos. Veja abaixo algumas canções inesquecíveis que marcaram sua carreira, começando com um retrato de um período amargo do Brasil.

Chico Buarque - Cálice


Veja também:









Piratas e a ágora contemporânea

Emiliano José*

Enviado por Jueli Cardoso

Penso que a internet faz parte dessas ironias da história. E de seus aparentes paradoxos. Ela surge, como lembra Sérgio Amadeu, no contexto da Guerra Fria, como fruto de um projeto militar norte-americano e da reordenação das verbas e projetos de pesquisa dos EUA diante do avanço tecnológico soviético no fim dos anos 50. Vejam só: do então avanço tecnológico da ex-URSS. Foi dessa iniciativa que surgiu a rede mundial, rede que não tem dono, não é controlada por nenhuma empresa, sempre na esteira do que diz Sérgio Amadeu em artigo publicado na revista Teoria e Debate, número 78, de julho/agosto de 2008. Os protocolos essenciais dessa rede foram e são desenvolvidos com colaborações, sem patentes nem restrições de uso. É um território de uso comum. É território dos comuns.

Acesse aqui e leia a íntegra do artigo

Analistas acreditavam que popularidade de Dilma não resistiria às denúncias contra Palocci

Marcos Coimbra - Especial para o EM
Publicação: 19/06/2011

Enviada por Cristovão M. Santana

A recente pesquisa do Datafolha, a primeira e, até agora, única destinada à divulgação feita depois da demissão de Palocci, é uma espécie de patinho feio. Sua própria mãe, o jornal que é dono do instituto, a enjeitou.
Ao contrário das que habitualmente manda fazer, essa recebeu tratamento editorial comedido, para dizer o mínimo. Nada do coro de artigos elogiando o levantamento, nem a profusão de comentários destinados a ressaltar sua repercussão.

Os demais veículos foram igualmente discretos na apresentação e interpretação dos resultados. Os colunistas políticos se limitaram a registrá-los, quase que por obrigação. Apenas alguns especialistas foram ouvidos.
A razão para isso é simples: a pesquisa trazia números diametralmente opostos aos que a mídia esperava. Dez em 10 analistas tinham certeza de que a popularidade de Dilma não resistiria às denúncias contra Palocci. Todos achavam que ela cairia. A discussão era quanto. A “crise” estaria corroendo sua sustentação.
Como a pesquisa dizia que, longe de estar em queda, a avaliação do governo estava em alta, melhor deixá-la de lado. Mais fácil que reconhecer que os prognósticos estavam errados.

No meio político, silêncio parecido. Compreensível em se tratando da oposição. Não faria sentido que fosse ela a bater o bumbo para chamar a atenção para uma pesquisa tão favorável ao governo, que mostrava que a “crise” em que tantos apostavam tinha sido irrelevante para a opinião pública. O curioso é que o mesmo aconteceu dentro das chamadas “hostes governistas”. Quem, em tese, deveria ter saudado os resultados, dando-lhes máxima difusão, foi acometido de súbito mutismo. Uma ou outra liderança falou, de maneira protocolar. No caso do PMDB, ninguém imaginaria algo diferente.
Faz parte do papel histórico do partido que seu passe se valorize sempre que o governo (qualquer que seja) enfrente dificuldades (de qualquer tipo). Como ele é sempre o maior partido “da base”, sua utilidade aumenta quando ventos mais fortes perturbam o clima no Congresso. É quando seu apoio é mais apreciado...
Ou seja, para peemedebistas (e adjacências nas legendas irmãs) a pesquisa, em sendo boa para o governo, tornava-se ruim. Melhor seria se ela mostrasse que a “crise” tinha cortado na carne da presidente. A ação de seus “bombeiros” valeria ouro.

Paradoxalmente, para muita gente dentro do PT, o caso é o mesmo. O cenário de Dilma enfraquecida não chegava a ser preocupante, muito antes pelo contrário. Quem andava insatisfeito esperava apenas a hora certa para um diálogo facilitado.
Assim, a pesquisa só foi bem recebida no Palácio do Planalto. Não tanto ao mostrar o que ocorrera, mas o que não acontecera.

É pena, pois havia nela outras coisas interessantes. A começar por ter sido mais uma que deixou claro o pequeno efeito que têm os formadores de opinião na formação das opiniões da população.
Se quisesse, nossa imprensa poderia tê-la levado a sério, refletindo sobre seu papel no processo político. Seria preferível a jogá-la para baixo do tapete.

Não foi a primeira e não será a última a mostrar que os sentimentos e percepções da vasta maioria da sociedade são pouco influenciados pela mídia. Cada vez menos, ela cria a pauta e define o modo pelo qual as pessoas percebem e avaliam a realidade política.

Dilma se elegeu há quase oito meses. Seu governo está completando seis. Mas uma boa parte da elite brasileira continua incapaz de entender o que se passou na eleição. Talvez porque tenha dificuldade de compreender o país que somos.

sábado, 18 de junho de 2011

Os sigilos polêmicos

A semana que passou foi marcada por polêmicas a respeito de dois sigilos: dos orçamentos das obras da copa e dos documentos oficiais.

A grande imprensa mais uma vez mostrou versões distorcidas dos fatos. Anunciou de maneira estridente que o governo deseja esconder os valores das obras da copa, enquanto na verdade a proposta é de manter o orçamento em sigilo apenas até o final do processo de licitação. Lembrando ainda que, mesmo neste período, os órgãos de controle serão informados dos valores dos orçamentos. Passado o processo licitatório os valores previstos pelo governo serão de conhecimento público. Não há, portanto, nenhuma intenção de esconder nada. Esta medida, na verdade, deveria ser adotada em todos os processos licitatórios, pois quando os empreiteiros sabem com antecedência os valores previstos pelo governo, jamais colocam um valor menor, e ainda podem formar carteis.

Depois dos esclarecimentos do governo, o próprio jornal que fez a denúncia, recuou.

O outro caso também foi distorcido, já que a Presidenta garantiu que não haverá sigilo para nenhuma informação a respeito de questões de direitos humanos. Só será possível manter como sigiloso, documentos oficiais com informações que podem ameaçar a soberania nacional, a integridade do território brasileiro e as relações internacionais.

Veja aqui entrevista da Presidenta sobre estes episódios. Ela fala ainda sobre outros temas como o código florestal.

CNBB colhe assinaturas contra novo Código Florestal

A Igreja Católica poderá mobilizar suas 12 mil paróquias para fazer circular um abaixo-assinado contra o projeto do novo Código Florestal aprovado na Câmara dos Deputados e em tramitação no Senado.

O anúncio foi feito [ontem] em Brasília pela cúpula da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que pretende criar um fórum com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente contrários às mudanças propostas na lei.

O Conselho Permanente da CNBB divulgou nota contra a flexibilização do uso de áreas de preservação permanente (APP) e contra a anistia das multas e penalidades a quem desmatou, estabelecidas no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

O documento convoca os católicos "a participar do processo de aperfeiçoamento do Código Florestal, mobilizando as forças sociais e promovendo abaixo-assinados contra a devastação". Segundo a CNBB, as decisões referentes ao código não podem ser motivadas por uma lógica produtivista que não leva em consideração a proteção da natureza, da vida humana e das fontes da vida.

"Não temos o direito de subordinar a agenda ambiental à agenda econômica", diz ainda a nota da CNBB.

Fonte: O Globo

A ESCOLA IDEAL

Silvano Avelar

Existe a propalada escola ideal, com professores bem remunerados e educação de qualidade ou é apenas uma utopia dos educadores , pais e estudantes?

A escola ideal (que povoa os nossos sonhos) respeita o educador, possibilita que o professor estude, pesquise, que faça pós-graduação, mestrado, doutorado e recompensa o educador, pagando-o de acordo com sua habilitação. Valoriza o educando, possui material didático, disponibiliza equipamentos modernos , possui gestão democrática.

Na escola ideal o governante não apenas promete, faz. Para essa escola imaginária, os políticos dão o bom exemplo. Cumprem a Lei. Elaboram leis que atendem os anseios da comunidade escolar, pois acreditam que só a educação pode revolucionar e reestruturar conceitos, avivar valores éticos e fazer com que o conhecimento seja a mola propulsora de transformação da sociedade.

Recordo que há mais de vinte anos, preconizamos, através de um famigerado “Encontro Mineiro da Educação”, patrocinado pelo Governo de Minas, essa escola ideal. A discussão girava em torno da Escola Ideal X Escola Real X Escola Possível. Evidentemente que todos queriam a Escola Ideal, mas, ceticismo à parte, àquela época nós já prevíamos que a Escola possível prevaleceria se houvesse comprometimento da classe política e, caso os interesses pessoais e escusos fossem majoritários, teríamos que nos contentar mesmo com a Escola Real. A realidade dura de professores mal remunerados, de alunos desmotivados, de uma sociedade de exclusão , frutos de um sistema arcaico e elitista.

Duas notícias me preocuparam sobremaneira nos últimos dias: a primeira nos dá conta de que o governo mineiro descumpre a lei e não paga sequer o Piso Nacional de Salários, instituído por Lei: os professores estaduais estão em greve reivindicando nada mais nada menos que o cumprimento da Lei! Ora, se o governante máximo do Estado está sendo considerado pelos professores como um “ Fora-da-Lei” , como exigir que os demais cidadãos cumpram a Lei? Estranho Paradoxo. A segunda notícia é que em determinada escola estadual de Paracatu ocorreram cenas explícitas de violência entre estudantes e que o vídeo foi parar no You Tube com milhares de acessos.

A tendência da criança e do adolescente é seguir os bons( e os maus) exemplos dos que nos governam. Será que resolveram seguir o mau exemplo do governador que desrespeita os professores e não cumpre a Lei? Se esta moda pega , teremos uma triste avalanche de atitudes de desrespeito e violência nas escolas estaduais.

Mais uma vez, resta aos professores e demais educadores a árdua tarefa de ensinar aos educandos que, apesar dos maus exemplos, o que deve prevalecer são os verdadeiros valores, dentre eles: respeito ao próximo, responsabilidade, tolerância, harmonia e participação efetiva como cidadão para , quem sabe, no futuro, escolhermos governantes conscientes e comprometidos com a educação.

Em tempo: Em Paracatu temos um exemplo de escola que se aproxima da Escola Ideal. Trata-se do Campus do Instituto Federal, que remunera bem seus professores , oferece educação de qualidade e já apresentou à comunidade local seus novos formandos. Como já afirmei anteriormente, Lula já mostrou o caminho. Que os demais governantes imitem esse bom exemplo!

Blogs impediram manipulação, afirma Lula

O ex-presidente Lula esteve nesta nesta noite desta sexta-feira, em Brasília, na abertura do 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas. Lula exaltou o trabalho feito por blogs independentes durante a campanha eleitoral do ano passado e lembrou do episódio em que o ex-candidato à presidência José Serra (PSDB) foi atingido por uma bolinha de papel.

“Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como durante muito tempo foi. Vocês evitaram que os chamados falsos formadores de opinião pública que, às vezes, não convencem nem quem está em casa assistindo, ditassem regras. Nunca me preocupei com crítica se ela for verdadeira, me preocupo com inverdades, má-fé, más informações, como aquela pedra, aquele meteorito de papel que bateu na cabeça de um candidato no ano passado”, disse Lula.

Clique aqui para ver a íntegra do discurso de Lula no 2o. Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas

sexta-feira, 17 de junho de 2011

E os sonhos não envelhecem...


Clube da Esquina 2
Composição : Milton Nascimento e Lô Borges

com Lô Borges e Samuel Rosa




Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço....
Porque se chamava homem
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases
lacrimogêneos
Ficam calmos, calmos, calmos
E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
e basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração
Na curva de um rio, rio...
E lá se vai mais um dia
E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente,
gente, gente...


Clube da Esquina 1
Composição : Lô Borges / Márcio Borges / Milton Nascimento

com Milton Nascimento

 


Noite chegou outra vez de novo na esquina
Os homens estão, todos se acham mortais
Dividem a noite, lua e até solidão
Neste clube, a gente sozinha se vê, pela última vez
À espera do dia, naquela calçada
Fugindo pra outro lugar.

Perto da noite estou,
O rumo encontro nas pedras
Encontro de vez, um grande país eu espero
Espero do fundo da noite chegar
Mas agora eu quero tomar suas mãos
Vou buscá-la aonde for
Venha até a esquina, você não conhece o futuro
Que tenho nas mãos.

Agora as portas vão todas se fechar
No claro do dia, o novo encontrarei
E no curral D'el Rey
Janelas se abram ao negro do mundo lunar
Mas eu não me acho perdido
No fundo da noite partiu minha voz
Já é hora do corpo vencer a manhã
Outro dia já vem e a vida se cansa na esquina
Fugindo, fugindo pra outro lugar, pra outro lugar.

O vírus Sarney

Charge do Duke
do Blog Brasil Brasil

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mais DOIS MILHÕES de moradias

A presidenta Dilma Rousseff lançou hoje a segunda etapa do programa que vem realizando o sonho de milhões de brasileiros: o Minha Casa, Minha Vida. A meta é a construção de dois milhões de moradias, com investimentos de R$ 125,7 bilhões até 2014. Na primeira etapa, o programa permitiu a contratação de 1 milhão de moradias a partir de 2009.

No evento de lançamento, Dilma disse que a meta poderá ser ampliada em 600 mil moradias no próximo ano. Os financiamentos serão feitos pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil.

“Uma meta que se atinge deixa de ter validade porque se provou que se conseguiu a meta. Agora temos que buscar uma meta ainda maior. Eu quero aqui lançar um desafio. É fato que vamos fazer esses dois milhões [de moradias]”, disse a presidenta durante a cerimônia. “Se daqui a um ano estivermos em um ritmo adequado, mostrando nossa capacidade de fazer mais, vamos ampliar os recursos e nós vamos fazer mais 600 casas.”

População rural

A nova fase do Minha Casa, Minha Vida prevê, ainda, a ampliação das faixas de renda familiar urbana e rural e prioriza as famílias de menor renda: 1,2 milhão de casas (60%) destinadas a famílias que ganham até R$ 1.600 por mês.

Outra novidade do programa visa beneficiar as mulheres chefes de família com renda até R$ 1.600 por mês: agora elas poderão assinar contratos independentemente do estado civil. Haverá também uma parceria maior com as prefeituras, que receberão recursos para o desenvolvimento do trabalho social junto às famílias beneficiadas.

Eletrodomésticos

Dilma também disse que o governo vai estudar uma forma de financiamento especial para os chamados produtos da linha branca, eletrodomésticos, geladeiras, fogões, televisões e outros.

“De fato esse programa enseja uma demanda sobre a linha branca. As pessoas, quando mudam para uma casa nova, querem, muitas vezes, melhorar, comprar uma geladeira, trocar a sua cama, enfim. Vamos primeiro ver o nosso desafio de mais 600 mil unidades. Vamos cumpri-lo. Depois, vamos olhar se podemos também já agregar uma linha de financiamento para a linha branca”, disse Dilma.

Veja os benefícios:

- Aumento no número de moradias: mais 2 milhões de moradias para a população.

- Maior volume de investimentos: R$ 125,7 bilhões de 2011 a 2014.

- Ampliação das faixas de renda: de R$ 1.395 a R$ 5.000 mensais no meio urbano e de R$ 10.000 a R$ 60.000 anuais no meio rural.

- Prioridade às famílias de baixa renda: 60% das moradias serão destinadas às pessoas com renda até R$ 1.600 mensais.

- Aperfeiçoamento das regras: maior controle do programa, inclusão da modalidade reforma na habitação rural para baixa renda, maior proteção à mulher chefe de família, maior parceria com o poder público local no trabalho social.

- Moradias ainda melhores: ampliação da área construída para melhoria da acessibilidade, portas e janelas maiores, azulejos em todas as paredes da cozinha e banheiro, piso cerâmico em todos os cômodos, aquecimento solar nas casas.

Esses blogs que você lê


Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania
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Vivêssemos em obscuros tempos de outrora, algum esbirro do Poder diria que esses blogs que você lê são “perigosos”, subversivos, passionais, irresponsáveis… O poder autoritário jamais aceitará a blogosfera e por uma só razão primordial: ela é uma força incontrolável.

Mais do que incontrolável, a blogosfera é plural. É jornalismo em estado puro. É delírio ou paixão. Você ama ou odeia, mas não despreza. Vai a ela em busca de referendar seus pontos de vista ou saber a opinião contrária a fim de melhor combatê-la, mas vai.

À diferença da grande imprensa tradicional, porém, quando os comunicadores da blogosfera se reúnem não é para combinar o que dirão ou para conspirar contra o surgimento de novas formas de comunicação e, sim, para concordarem em discordar.

Vieses, abordagens, estilos, uma sinfonia de ritmos vai surgindo em espiral vertiginosa. Agrada ou não, mas não se repete e tampouco obedece a qualquer manual ou doutrina. Blogs são caóticos, anárquicos, irreverentes, destemidos ao ponto da imprudência e além.

São capazes de reunir multidões em torno de causas que não beneficiam categorias ou corporações, mas o interesse público. Dizem o que a imprensa jamais denunciaria por seus acordos e “filtros”. E muito mais rápido, pela mesmíssima razão.

Leia mais no Blog da Cidadania

Teologia da Libertação: viva e atuante


por Leonardo Boff

A Teologia da Libertação é, por um lado, uma teologia polêmica, mal com­preendida, difamada e condenada e, por outro, uma teologia saudada como a primeira produção teórica nascida na periferia do cristianismo, que apresenta um novo modo de fazer teologia, a partir dos pobres e contra a sua pobreza, profética e com um apelo à consciência ética da humanidade, por colocar no centro de sua preocupação a sorte das grandes maiorias condenadas à miséria e à exclusão por causa das minorias nacionais e internacionais insensíveis, cruéis e sem piedade.

Por isso, membros da Teologia da Libertação, desde os anos 70, desapareceram ou foram perseguidos, presos, torturados e assassinados: bispos, padres, teólogos, religiosos e religiosas, leigos, jovens, homens e mulheres. A causa conquistou, em razão de sua dignidade, admiração e respeito de espíritos generosos do mundo inteiro.
Nascida no final dos anos 60 do século passado, ela continua viva e atuante, especialmente na América Latina, na Ásia, na África e em vários centros da Europa e dos Estados Unidos.

Na esteira das rebeliões dos anos 60

A Teologia da Libertação deve ser entendida na esteira das rebeliões jovens que irromperam em muitas partes do mundo a partir de meados dos anos 60 do século 20. Tratava-se de criticar as instituições tradicionais como a família, o Estado burocrático e a cultura dominante por seu caráter autoritário e centralizador. Criou-se uma cultura da liberdade e da criatividade. Como as Igrejas estão dentro do mundo, foram também elas perpassadas por esse ar libertador. Daí se explica, em parte, a Teologia da Libertação.

Simultaneamente, na América Latina os pobres invadiam a cena política com movimentos organizados, dos quais participavam muitos cristãos. Estes se perguntavam: em que medida o cristianismo, junto com outros, ajuda a libertar a humanidade, e não é um simples fator de acomodação e de legitimação do status quo? Formulado em termos teológicos: “Como anunciar que Deus é bom em um mundo de miseráveis?”.

Só podemos anunciá-lo de forma convincente e crível se mudarmos este mundo de ruim em bom. Então, temos uma mediação histórica que torna verossímil crer na bondade de Deus. Caso contrário, vivemos uma fé alienada e estéril. Ao contrário, a própria fé no Deus bíblico nos fornece motivações para transformar este mundo, pois Ele se revelou como aquele que escuta o grito dos oprimidos no Egito e abandonou sua transcendência e desceu à terra para libertá-los.

Vale ainda lembrar o significado do Concílio Vaticano II (1962-1965), que criou um espírito de aggiornamento e a mobilização que representavam figuras proféticas como Dom Helder Câmara no Brasil e o bispo Larrain no Chile. Eles cedo entenderam que o nosso subdesenvolvimento era a outra face do desenvolvimento dos países centrais e que isso representava uma dinâmica de opressão que deveria ser rompida. À opressão contrapunham a libertação. Assim nascia o termo e sua alta significação política e religiosa.

Tendências da Teologia da Libertação

Desde o início se entendeu que o sujeito dessa libertação seria o próprio pobre quando conscientizado, organizado e disposto a se engajar em favor de mudanças sociais. Fundamental para essa compreensão foi Paulo Freire, com sua “pedagogia do oprimido” e a “educação como prática da liberdade”. Ele mostrou que o pobre não é um pobre, mas um empobrecido, feito pobre por relações econômico-sociais que o oprimem. Não é um ignorante, mas produtor de outro tipo de cultura e portador de força de transformação social. Se a libertação não for resultado da luta dos próprios oprimidos, nunca será verdadeira libertação. As Igrejas e outros grupos poderão e deverão ser seus aliados, mas jamais os protagonistas.

Por essa razão, a marca registrada da Teologia da Libertação é a opção pelos pobres, contra sua pobreza e em favor de sua vida e liberdade. Se os pobres são oprimidos, eles o são de muitas maneiras: pela opressão econômica que os faz carentes e excluídos; pela opressão racial que atinge os negros; pela opressão étnica que afeta os índios; pela opressão sexual que diz respeito às mulheres submetidas ao patriarcalismo desde o neolítico (há 10 mil anos) etc.

Para cada opressão específica se elaborava sua correspondente libertação. Assim, surgiu uma Teologia da Libertação feminina, negra, índia e, nos últimos anos, ecológica. Entendeu-se que a Terra é tão ou mais explorada que os pobres. Por isso ela deve ser inserida na opção pelos pobres contra a pobreza, especialmente agora que está ameaçada pelo aquecimento global.

Método e prática libertadora

A palavra primeira da Teologia da Libertação é a prática. No início de tudo estão os movimentos sociais ativos. Depois vem o fenômeno da Igreja da Libertação, que se expressa pela troca de lugar social de seus agentes: o bispo abandona seu palácio, padres, religiosos e religiosas vão morar nos meios populares, teólogos combinam o trabalho acadêmico com a inserção no movimento popular. Surgem as comunidades eclesiais de base, a leitura popular da Bíblia e as várias pastorais sociais, por terra, por teto, pelo índio, pelo negro, pela saúde e outras. Esse ensaio funda uma verdadeira eclesiogênese, o nascimento de um novo modelo de Igreja. Após essa diligência, entra a Teologia da Libertação como momento de reflexão e crítica de tais práticas.

Ela utiliza um método que possui algo de revolucionário. Parte primeiramente da percepção da realidade em suas várias dimensões (ver), e aí se identificam quais são os desafios principais. Aqui surgem as questões relevantes que movem o povo. Em segundo lugar, faz-se o juízo crítico dessa realidade (julgar) à luz das Escrituras, da teologia e da grande tradição da fé; então se discernem os momentos de graça e de pecado da realidade e se realçam os pontos que devem ser transformados. Por fim, vem o compromisso efetivamente libertador (agir) com a definição das estratégias, a distribuição das tarefas e o trabalho concreto sobre a realidade.

Esse método é o mais temido e combatido pelo Vaticano, pois atinge exatamente o ponto mais fraco de todas as suas intervenções: de serem autoritárias, escritas em grupos fechados, afastadas da realidade, dedutivistas e meramente doutrinais, geralmente desgarradas dos processos históricos. Esse método desafia as demais correntes teológicas a não serem meros produtos de consumo interno dos cristãos, mas momentos de reflexão das questões relevantes da humanidade, sob risco, caso contrário, de não escapar da pecha de alienação e de cinismo histórico.

Os dois documentos do Vaticano, de 1984 e 1986, um condenatório e outro mais positivo, deram crédito aos detratores dessa teologia, pois isso convinha à visão burocrática do Vaticano, refratária a qualquer mudança. Por isso os teólogos não se sentiram aí representados. O efeito de tais intervenções foi parco, pois os pobres do mundo aumentaram, o que reforçou a urgência dessa teologia, praticada nas Igrejas que articulam fé e justiça e dão centralidade aos pobres. Os dois Fóruns Mundiais da Teologia da Libertação, o de Porto Alegre (2005) e o de Nairóbi (2007), mostraram sua vitalidade em todos os continentes.

Questões relevantes em discussão

Cada continente elabora questões específicas na ótica da libertação. Na América Latina, há uma forte corrente que discute a relação da economia de mercado com a ética e as novas formas de dominação global. Crescente é a preocupação ecológica, pois sabe-se que o futuro da vida no planeta passa pela forma como trataremos a Amazônia.

Na África, continua atuante a questão da aculturação. Reivindica-se o direito que tinham os primeiros cristãos de assumirem as matrizes das culturas em presença de onde resultou o cristianismo atual. As culturas africanas não são ocidentais nem cartesianas; elas podem conferir outro rosto ao cristianismo.

Na Ásia, a grande questão é o diálogo inter-religioso. Em que medida Jesus se relaciona com os grandes mestres das grandes tradições do Oriente? Eles também não seriam figurações da dimensão “Cristo” que não pode ser monopolizada por Jesus de Nazaré?

Concluindo, cabe dizer: o importante não é a Teologia da Libertação, mas a libertação histórica dos oprimidos.


Leonardo Boff é teólogo da libertação, professor emérito de Teologia Sistemática entre os Franciscanos de Petrópolis, RJ, e de Ética na Universidade do Rio de Janeiro. Autor de mais de setenta livros em várias áreas da teologia, da filosofia e da ecologia.