quarta-feira, 10 de julho de 2013

África quer erradicar a fome em 12 anos


Autor(es): Por Cristiane Agostine | De Adis Abeba, Etiópia
Valor Econômico - 02/07/2013
 

Acabar com a fome de 245 milhões de pessoas em doze anos. Esse foi o prazo aprovado ontem por chefes de Estado e ministros da África, em reunião promovida na Etiópia pela União Africana, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Instituto Lula.
Além de buscar melhores condições de alimentação para um quarto da população da África até 2025 e acabar com a desnutrição de 40% das crianças com até cinco anos, as autoridades africanas presentes se comprometeram a reservar uma parte significativa do Orçamento nacional para o investimentos em políticas sociais. Em um continente em que países têm orçamentos restritos ou dependentes de doações internacionais, esse desafio é quase tão grande quanto o de acabar com a fome.
Uma das estrelas do encontro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os programas sociais têm de estar previstos nos orçamentos nacionais e que deve haver prioridade política. Caso contrário, os programas fracassarão. "É preciso colocar o pobre no Orçamento", disse Lula.
Durante o evento, foram exibidos dados sobre o prejuízo econômico gerado pela desnutrição infantil aos países. A subnutrição infantil pode ter um impacto no PIB de 1,9% a mais de 16%. Na Etiópia, país que sediou o evento, o impacto no PIB seria de 16,5%.
O documento será levado para a próxima reunião da União Africana, em dezembro, para ser debatido, e poderá ter a adesão de mais países. Ontem não foi divulgado um balanço de quantos países aderiram à proposta.
Apesar do comprometimento de acabar com a fome na África e determinar um prazo para isso, a maior parte dos países do continente não conseguiu cumprir as metas de um outro programa também voltado para combater a desnutrição e melhorar as condições de vida no continente, o plano de desenvolvimento agrícola da União Africana. Lançado em 2003 e voltado para ajudar os pequenos agricultores, esse plano determina que os países devem investir pelo menos 10% do Orçamento em agricultura e ter um aumento de produção de pelo menos 6%. Dos 54 países do continente, só 10 atingiram a meta de investimentos e só seis conseguiram atingir a meta de aumento da produção de 6%.
A presidente da União Africana, Nkosazana Dlamini Zuma, disse ontem que a erradicação da fome pode ser alcançada em um prazo mais curto e afirmou que "não é só mais um documento" o texto aprovado ontem, com apoio de políticos e da sociedade civil.
Zuma afirmou ainda que a África precisa melhorar sua cadeia produtiva para evitar desperdícios e citou dados que indicam que um terço de tudo o que é produzido no continente de perde. "Isso representa cerca de US$ 4 bilhões e seria o suficiente para alimentar 48 milhões de pessoas por ano."
Para o diretor-geral da FAO, Francisco Graziano, há fatos inéditos aprovados no documento, como a definição de um prazo para acabar com a fome e o compromisso dos de alocar recursos próprios em programas sociais, dependendo menos de doações externas, disse Graziano. "É inédito porque no continente muitos países têm uma parte importante do orçamento oriundo de doações. O Malaui, por exemplo registra 40% do orçamento com origem em doações", afirmou.
No documento aprovado ao fim do evento, políticos e representantes dos governos africanos concordaram também em atrair investimentos privados e fortalecer um fundo voltado exclusivamente para os países africano e financiado por eles, criado em 2002. Segundo o diretor-geral da FAO, responsável pela gestão do fundo, os projetos devem começar a ser executados no próximo ano. Angola doou US$ 10 milhões e Guiné Equatorial, US$ 30 milhões.
A repórter viajou a convite da FAO

quinta-feira, 4 de julho de 2013

De Pedro para Francisco: "Que a Igreja se reconcilie com a Teologia da Libertação"

“Que a Igreja se reconcilie com a Teologia da Libertação”, pede Casaldáliga ao Papa.




O bispo brasileiro aproveitou a ida de Adolfo Pérez Esquivel ao Vaticano para enviar dois pedidos ao Papa: que defenda os indígenas e que reabilite a Teologia da Libertação

27/06/2013



José Manuel Vidal,

do Religión Digital

Tradução: Cepat



De Pedro para Francisco, por intermédio de Adolfo. O Prêmio Nobel da Paz argentino, Adolfo Pérez Esquivel, transmitiu ao papa Francisco uma mensagem clara e direta de Pedro Casaldáliga: “Que a Igreja se reconcilie com a Teologia da Libertação”.

Antes de visitar o Papa, na companhia do líder indígena Qom argentino, Félix Díaz, o Nobel argentino, Pérez Esquivel, telefonou para seu velho amigo Pedro, bispo emérito de São Félix do Araguaia, poeta, profeta dos pobres e pastor dos índios. E o bispo brasileiro de origem espanhola aproveitou a ocasião para enviar dois pedidos ao Papa: que defenda os indígenas e que reabilite a Teologia da Libertação.

“Apresentei-lhe uma mensagem de Pedro Casaldáliga, que me disse: ‘Você verá Francisco, diga para ele que procure escutar, refletir e chegar a um acordo, uma reconciliação com os teólogos latino-americanos. Que se preocupe com toda a questão dos povos originários no continente’. Para mim, isso foi um sinal positivo”, afirmou o Nobel.

Após a audiência com o Papa, Esquivel reconheceu: “É verdade que existiram problemas com muitos teólogos da libertação. É preciso revisar muitas coisas. As teologias nunca são definitivas, são caminhos para construir”.

Sem saber o que o Papa fará a esse respeito, o que o pensador argentino já tem claro é que “Francisco tem um compromisso com os pobres. É um pastor e isto está manifestando continuamente. Há tempo para tudo, tem apenas 100 dias como Pontífice. Aí (no Vaticano), as mudanças não são fáceis. É preciso esperar. Não esperem mudanças rápidas porque não serão feitas. É preciso dar passos. É necessário ver e orientar para identificar o que é o melhor”.

Passo a passo, mas na direção pedida por Casaldáliga: “Eu acredito que o Papa promoverá a reconciliação com a Teologia da Libertação. O Papa é um pastor, outros foram funcionários. Esta é a diferença”, disse Esquivel.



O Pacto das Catacumbas

O Nobel argentino também revelou que, na reunião com o Papa, de 45 minutos, entregou-lhe uma cópia do chamado “Pacto das Catacumbas”, um manifesto assinado por 40 bispos, entre eles grandes personalidades latino-americanas, poucos dias antes do encerramento do Vaticano II.

Esquivel disse que o Papa, ao ver entre os assinantes Helder Câmara, Luigi Betazzi, Manuel Larraín, Leónidas Proãno, Sergio Méndez Arceo e Faustino Zazpe, exclamou: “Ui! Quem está aqui!”.

E o Nobel explica que o Papa se interessou muito pelo assunto e, embora não tenha se comprometido com nada, disse que iria pensar. De sua parte, Esquivel se comprometeu em “reunir os teólogos da Libertação, como Leonardo Boff e outros, que tanto contribuíram com a Igreja”.

Fonte: Brasil de Fato.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Luz para Todos já tirou quase 3 milhões de famílias da escuridão

Foto: Murilo Caldas

A presidenta Dilma Rousseff afirmou, na coluna Conversa com a Presidenta, que o governo brasileiro ultrapassou em quase um milhão a meta estabelecida para atendimento de famílias pelo programa Luz para Todos. Ao responder pergunta de Roberto M. Ferreira, vendedor em Cuiabá (MT), sobre as metas do programa e a sua implantação em outros países, a presidenta explicou que o Luz para Todos, lançado em 2003, tinha o propósito de levar energia elétrica para 2 milhões de famílias. A meta foi atingida em 2009, mas o programa continua em execução e já atendeu 2,9 milhões de famílias.
 
“A boa experiência do Luz para Todos chamou a atenção de diversos países da América Latina, África e Ásia e assinamos acordo de cooperação com quatro países e estamos negociando com outros catorze. Nós damos assistência técnica para os governos implantarem programas similares ao Luz para Todos, sem descuidar das nossas metas”, disse a presidenta.
 
Segundo Dilma, o Luz para Todos foi eleito pela ONU como programa referência para proporcionar o acesso das populações mais pobres do mundo à eletricidade.
 
“O Luz para Todos não serve apenas para iluminar os domicílios, mas também possibilita a utilização de diversos aparelhos eletroeletrônicos e impulsiona o trabalho no meio rural. A produção se multiplica e permite a comercialização dos excedentes. É essa revolução no campo que está encantando outros países, o que é motivo de orgulho para todos nós, brasileiros”.
 
Na coluna, a presidenta falou ainda sobre empréstimos consignados para segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A aposentada Iris da Rosa, moradora de Porto Alegre (RS), perguntou qual o controle o governo exerce sobre agentes financeiros que oferecem empréstimo para idosos aposentados. Segundo a presidenta Dilma, os segurados do INSS que tiverem problema com empréstimo consignado podem registrar reclamação pelo telefone 135 ou pelo site do Ministério da Previdência Social: www.previdencia.gov.br. Os bancos, acrescentou, têm 10 dias úteis para responder ao INSS e, constatado o erro, dois dias úteis para devolver o dinheiro.
 
“Várias medidas foram tomadas para proteger o aposentado. Por exemplo, o valor do empréstimo tem que ser depositado na conta do segurado e, na assinatura do contrato, a instituição tem que fornecer cópia com o total financiado, o valor e o número de prestações, além da soma do que será pago”.
 
Dilma também respondeu o estudante Gildásio Brito, estudante em Barra do Corda (MA), que questionou o investimento do governo para melhoria da saúde pública no Brasil. Ela lembrou que várias medidas foram adotadas pelo governo para melhorar os serviços de saúde, como o Melhor em Casa, que prevê atenção domiciliar aos pacientes do SUS.
 
Além disso, ressaltou a presidenta, foi lançado o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica para avaliar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os recursos para custeio repassados pelo governo federal podem ser dobrados para as UBS que cumprirem as metas de qualificação do trabalho das equipes de saúde.
 
A presidenta destacou ainda o Rede Cegonha, que garante cuidados que vão desde o planejamento da gravidez até o segundo ano de vida da criança.
 
“Atualmente 2.731 municípios já iniciaram o processo de adesão com previsão de atendimento de 1,58 milhão de gestantes em todo o país. São grandes vitórias que demonstram que estamos no caminho certo”.