quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Jô Soares e a ética da Globo

Jô Soares pode até ter mudado de opinião, mas o que ele diz neste vídeo continua retratando a ética das organizações Globo.


Presidente da Câmara faz Globo engolir mentira

Do blog Conversa Afiada

Marco Maia enquadra Rede Globo: a emissora seria cassada se anulasse sessões da CCJ

O presidente da Câmara dos deputados, Marco Maia (PT/SP) fez a TV Globo engolir um sapo, e ler uma espécie de direito de resposta no Jornal Nacional de terça-feira.

O outro lado da foto do estudante que “atacou” Lula na Bahia

por Conceição Lemes

Terça-feira, 27 de setembro, do meio da tarde ao início da noite. Durante todo esse período o Estadão on-line não destacou na capa nenhuma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebendo o título de doutor honoris causa do respeitadíssimo Instituto de Estudos Políticos de Paris – o Sciences-po. É a primeira vez que a instituição pela qual passou parte da elite francesa concede o título a um latino-americano. É sua sétima condecoração.

Diferentemente de terça-feira passada, 20 de setembro, quando Lula recebeu o honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Estadão on-line manteve na capa, do início da tarde ao final da noite, esta foto:

Afinal de contas, o que aconteceu? Estudantes ligados ao Diretório Central dos Estudos (DCE) da UFBA resolveram “brigar” com Lula? Ele até fechou os olhos com “medo de apanhar” de um mais “exaltado?

Mídia esconde protestos em Wall Street

Por Altamiro Borges

Desde 17 de setembro, milhares de pessoas estão acampadas numa praça próxima a Wall Street, o principal centro financeiro do mundo capitalista, em Nova York. Elas protestam contra o “1% de ricaços dos EUA que exploram 99% da sociedade” e que são culpados pela grave crise econômica que abala o país desde 2008, gerando desemprego, despejos e miséria.

O movimento batizado de Occupy Wall Street foi convocado pelas redes sociais e teve como referência as revoltas na Espanha e no mundo árabe. Ele exige que o governo de Barack Obama, tão covarde diante das elites, adote medidas mais duras de combate à especulação financeira, eleve os impostos da minoria abastada e invista em políticas de geração de emprego e renda.

O significado da ocupação

Diariamente, ocorrem assembléias, debates e atividades culturais. Artistas famosos, como o diretor de cinema Michael Moore e a atriz Susan Sarandon, já estiveram no local prestando solidariedade aos manifestantes. Várias lideranças políticas, religiosas e dos movimentos sociais também se revezam no local para dar apoio ao protesto, formado principalmente por jovens. Intelectuais de renome, Noam Chomsky e Amy Goodman, produziram artigos sobre o significado deste inédito movimento.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A consagração de Lula pela intelectualidade francesa

Aclamado por estudantes, Lula é homenageado em Paris
ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE - Agência Estado

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma recepção de pop star hoje, em Paris, durante a cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa pelo Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po), o maior da França. Em seu discurso, o ex-chefe de Estado enalteceu o próprio mandato e multiplicou os conselhos aos líderes políticos da Europa, que atravessa uma forte crise econômica. Antes, durante e depois, Lula foi ovacionado por estudantes brasileiros, na mais calorosa recepção da escola desde Mikhail Gorbachev.

Lula dá recado aos jovens na Sciences Po

Entrevista de Lula à jovens da Sciences Po

Acesse:

Globo foi à França reclamar de premiação a Lula

Não pode passar batido um dos momentos mais patéticos do jornalismo brasileiro. Acredite quem quiser, mas órgãos de imprensa brasileiros como o jornal O Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.

A informação é do jornal argentino Pagina/12 e do próprio Globo, que, através da repórter Deborah Berlinck, chegou a fazer a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”.

No relato da própria repórter de O Globo que fez essa pergunta constrangedora havia a insinuação de que o prêmio estaria sendo concedido a Lula porque o grupo de países chamados Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China) estuda ajudar a Europa financeiramente, no âmbito da crise econômica em que está mergulhada a região.

A jornalista de O Globo não informa de onde tirou a informação. Apenas a colocou no texto. Não informou se “agrados” parecidos estariam sendo feitos aos outros Bric’s. Apenas achou e colocou na matéria que se pretende reportagem e não um texto opinativo. Só esqueceu que o Brasil estar em condição de ajudar a Europa exemplifica perfeitamente a obra de Lula.

Segundo o relato do jornalista argentino do Pagina/12, Martín Granovsky, não ficou por aí. Perguntas ainda piores seriam feitas.

Os jornalistas brasileiros perguntaram como o eminente Sciences Po, “por onde passou a nata da elite francesa, como os ex-presidentes Jacques Chirac e François Mitterrand”, pôde oferecer tal honraria a um político que “tolerou a corrupção” e que chamou Muamar Khadafi de “irmão”, e quiseram saber se a concessão do prêmio se inseria na política da instituição francesa de conceder oportunidades a pessoas carentes.

Descoings se limitou a dizer que o presidente Lula mudou seu país e sua imagem no mundo. Que o Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula. E que por ele não ter estudo superior sua trajetória pareceu totalmente “em linha” com a visão do Sciences Po de que o mérito pessoal não deve vir de um diploma universitário.

O diretor do Science Po ainda disse que a tal “tolerância com corrupção” é opinião, que o julgamento de Lula terá que ser feito pela história levando em conta a dimensão de sua obra (eletrificação de favelas e demais políticas sociais). Já o jornalista argentino perguntou se foi Lula quem armou Khadafi e concluiu para a missão difamadora da “imprensa” tupiniquim: “A elite brasileira está furiosa”.

Íntegra do discurso de Lula na França

Discurso de Luiz Inácio Lula da Silva
Doutor Honoris Causa – Sciences Po
Paris, França
27 de setembro de 2011

Minhas amigas e meus amigos,

É uma grande honra, para mim, receber o título de Doutor Honoris Causa do Instituto de Ciências Políticas de Paris. Honra que se torna ainda maior por eu ser o primeiro latino-americano a recebê-lo.

Estou profundamente grato à direção da Sciences Po e a todos os seus professores, funcionários e alunos por me conferirem uma láurea tão prestigiosa.

Esta casa, a um só tempo humanística e científica, é reconhecida e admirada no mundo todo por seus elevados propósitos e pela excelência do seu corpo docente e discente.

É uma instituição que representa de modo exemplar o compromisso da França com a liberdade intelectual, a dignidade da política e o aperfeiçoamento permanente da democracia.

Representa essa França consciente de suas conquistas materiais e espirituais, ciosa de seus valores civilizatórios, mas nem por isso menos aberta a povos e mentalidades diferentes, à compreensão do outro.

Essa França insubmissa e libertária que, durante séculos, inspirou – e continua, de alguma forma, inspirando – a trajetória de muitos países, entre eles o Brasil.

Essa França que, desde o século 18 até os dias atuais, é tão relevante para o Brasil, seja no terreno das ideias políticas e sociais, seja na esfera da educação e da cultura, seja no que se refere às parcerias produtivas e tecnológicas.

Minhas amigas e meus amigos,

Mais do que um reconhecimento pessoal, acredito que este título de Doutor Honoris Causa é uma homenagem ao povo brasileiro, que nos últimos anos vem realizando, de modo pacífico e democrático, uma verdadeira revolução econômica e social, dando um enorme salto histórico rumo à prosperidade e à

justiça.Depois de prolongada estagnação, o Brasil voltou a crescer de modo vigoroso e continuado, gerando empregos, distribuindo renda e promovendo inclusão social.

Deixamos para trás um passado de frustrações e ceticismo. Os brasileiros e as brasileiras voltaram a acreditar em si mesmos e na sua capacidade de resolver problemas e superar obstáculos, por mais difíceis que sejam.

Graças a um novo projeto de desenvolvimento nacional, com forte envolvimento da sociedade e intensa participação popular, conseguimos tirar 28 milhões de pessoas da miséria e levamos 39 milhões de pessoas para a classe média, no maior processo de mobilidade social da nossa história.

Em oito anos e meio foram criados 16 milhões de novos empregos formais. O salário mínimo teve um aumento real de 62%, e todas as categorias de trabalhadores fizeram acordos salariais com ganhos acima da inflação.

Além disso, implantamos vários programas de transferência direta de renda, dos quais se destaca o Bolsa Família, que é o principal instrumento do Fome Zero e, no final do ano passado, beneficiava 52 milhões de pessoas.

Dessa forma, a desigualdade entre os brasileiros atingiu o menor patamar em 50 anos. Nos últimos dez anos, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 10%, enquanto a dos 50% brasileiros mais pobres teve um ganho real de 68%.

O consumo se ampliou em todas as classes, mas no segmento popular cresceu sete vezes.

Os pobres passaram a ser tratados como cidadãos. Governamos para todos os brasileiros e não apenas para um terço da população, como habitualmente acontecia.

Acreditamos firmemente que o desenvolvimento econômico precisa estar a serviço da redução das desigualdades sociais, sem paternalismo, promovendo a inclusão das pessoas mais pobres à plena cidadania.

Acreditamos, igualmente, que isso pode, deve e será feito sem que se descuide do equilíbrio macroeconômico, combatendo com firmeza a inflação.

Minhas amigas e meus amigos,

Ao mesmo tempo que resgatávamos grande parte de nossa dívida social, trabalhamos para modernizar o país, preparando-o para os desafios produtivos e tecnológicos do século 21.

Investimos fortemente em educação, pesquisa e desenvolvimento.Orgulho-me de ter criado 14 novas universidades federais e 126 extensões universitárias, democratizando e interiorizando o acesso ao ensino público.

Também lançamos o Reuni, um programa para fortalecer o ensino público universitário, com a valorização dos docentes.

Ele contribuiu para que dobrássemos o número de matrículas nas instituições federais.

Mas não ficamos restritos a isso e instituímos o Prouni, um sistema inovador de bolsas de estudo em universidades particulares. Com ele, garantimos que 912 mil jovens de baixa renda pudessem cursar o ensino superior.

E a oportunidade não foi desperdiçada: os jovens com bolsas do Prouni têm-se destacado em todas as áreas, liderando em muitos casos os exames nacionais de avaliação feitos pelo Ministério da Educação. Ou seja, bastou uma chance e a juventude brasileira deu firme resposta ao mito elitista segundo o qual a
qualidade é incompatível com a ampliação das oportunidades.

Também me orgulho muito de termos inaugurado 214 novas escolas técnicas federais, que criaram possibilidades inéditas de formação profissional para a juventude.

A boa qualidade do ensino na rede de escolas técnicas federais também abre as portas para as universidades, mesmo para quem trabalha durante o dia inteiro, porque durante o meu governo aumentamos o número de vagas nos cursos universitários noturnos.

Esses jovens têm que continuar sonhando, têm que lutar para conquistar o doutoramento, para trabalhar nos diversos centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que existem no Brasil.

Deixamos de considerar a educação como um gasto para tratá-la como investimento que muda a vida das pessoas e do país. Por isso, em meus dois mandatos, triplicamos o orçamento do Ministério da Educação, que saltou de 17 bilhões de reais para 65 bilhões de reais em 2010.

Essas mudanças eram imprescindíveis, pois a garantia de acesso à educação de qualidade, da pré-escola aos cursos de pós-graduação, é um dos principais instrumentos para promover a igualdade social, combater a pobreza e assegurar um desenvolvimento econômico, científico e tecnológico sustentável em longo prazo.

A educação foi colocada como prioridade estratégica para o país. O investimento público direto em educação passou de 3,9% do Produto Interno Bruto em 2000 para 5% em 2009. E, agora, a presidenta Dilma Rousseff assumiu o compromisso de ampliar o investimento em educação progressivamente até atingir 7% do Produto Interno Bruto.

Minhas amigas e meus amigos,

O Brasil já tem muito a mostrar no segmento de pesquisa e desenvolvimento. A Lei da Inovação, aprovada em dezembro de 2004, incentivou as universidades a compartilhar seus projetos de pesquisa e desenvolvimento com as empresas públicas e privadas, para alavancar a inovação tecnológica no ambiente
produtivo.

O número de cientistas envolvidos em pesquisa e desenvolvimento passou de 126 mil em 2000 para 211 mil em 2008. E o número de patentes depositadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) cresceu de 21 mil em 2000 para 280 mil em 2009.

Além disso, o governo federal destinou 41 bilhões de reais ao setor de pesquisa e inovação no período de 2007 a 2010, através do Programa de Aceleração do Crescimento.

Minhas amigas e meus amigos,

Uma das preocupações do meu governo – e que continua a ser um firme compromisso da presidenta Dilma – foi garantir que o crescimento econômico e os investimentos estruturantes fossem sustentáveis do ponto de vista ambiental.

Nos últimos anos, o Brasil superou a falsa contradição que opunha o desenvolvimento à sustentabilidade ambiental. Nesse período, a taxa de desmatamento caiu 75%.

Em nosso governo, fixamos como meta reduzir as emissões de CO2 entre 36% e 39% até 2020. Esse compromisso foi incorporado à Política Nacional de Mudanças Climáticas, apresentada em Copenhague, em dezembro de 2009, e posteriormente transformada em lei pelo Congresso Nacional.

O Brasil é uma referência no enfrentamento dos desafios ambientais do século 21, pois é responsável por 74% das unidades de conservação criadas no mundo desde 2003. Também alcançamos recentemente o menor nível de desmatamento dos últimos 22 anos.

Minhas amigas e meus amigos,Os avanços que conquistamos nos últimos anos foram possíveis porque

praticamos intensamente a democracia. Não nos limitamos a respeitá-la – o que é um dever –, mas levamos suas possibilidades ao limite, promovendo um amplo processo de participação social na definição das políticas públicas.

Estabelecemos uma nova relação do Estado com a sociedade, na qual todos os setores sociais foram ouvidos, mobilizados, e puderam discutir não somente com o governo, mas também entre eles próprios.

Multiplicaram-se os canais de interlocução da sociedade com o Estado, o que contribuiu de modo decisivo para que crescimento econômico e desenvolvimento social caminhassem juntos.

Para tanto, realizamos 74 conferências nacionais entre 2003 e 2010, precedidas por reuniões em níveis municipal e estadual , que contaram com a presença de cerca de 5 milhões de pessoas.

Discutimos e aprofundamos nessas conferências temas importantes: do meio ambiente à segurança pública; dos transportes à diversidade sexual; dos direitos dos indígenas às políticas de telecomunicações; da igualdade racial à política nacional de saúde , dentre muitos outros.

Conselhos de políticas públicas, com ampla representação popular, foram criados junto a todos os ministérios.

Em outras palavras, apostamos decididamente na política. Porque sempre acreditamos na força da política como promotora da emancipação individual e coletiva.

A participação política é o melhor antídoto contra a alienação e as tentações autoritárias.

Eu próprio sou produto da política. A luta sindical me deu a convicção de que era necessário incorporar os trabalhadores às decisões políticas.

Foi por isso que, em 1980, criamos o Partido dos Trabalhadores, que em menos de 20 anos tornou-se o maior partido de esquerda da América Latina e chegou à Presidência da República. Também construímos a maior a central sindical da América Latina, a Confederação Única dos Trabalhadores.

Tenho a plena convicção de que os problemas da sociedade só podem ser resolvidos com mais democracia e mais envolvimento da sociedade no exercício do poder.

Minhas amigas e meus amigos,

O Brasil não está sozinho nessa trajetória virtuosa, que reuniu democracia, desenvolvimento econômico e justiça social.

A esperança progressista do mundo, hoje, navega no vento que sopra do Sul.

A América do Sul não é mais o estuário dos problemas do mundo, e sim a mais promissora fronteira da luta pela justiça social em nosso tempo.

Sem os países em desenvolvimento, não será possível abrir um novo ciclo de expansão que combine crescimento, combate à fome e à pobreza, redução das desigualdades sociais e preservação ambiental.

No momento em que se está constituindo um mundo multipolar, a América do Sul afirma a sua presença no plano internacional, renovando a confiança em si e na capacidade de seus povos de construir um destino comum de democracia e crescimento econômico com inclusão social.

Vivemos numa região de paz. Não há ódio religioso entre nós. Os governantes de todos os nossos países foram eleitos em pleitos democráticos e com ampla participação popular. A democracia é o nosso idioma comum.

Minhas amigas e meus amigos,

Avançamos muito no Brasil nos últimos anos. Ampliamos a inclusão social e a democracia se fortalece cada vez mais. Elegemos, pela primeira vez na nossa história, uma mulher para a Presidência da República.

Fizemos muito, mas ainda há muito por ser feito. E o governo da presidenta Dilma Rousseff assume esta responsabilidade.

Lançou o programa Brasil sem Miséria para erradicar totalmente a extrema pobreza.

Fortaleceu a área da educação, ao ampliar o programa e ensino técnico e aumentar o número de bolsas de estudos no exterior.

O lançamento de uma nova política industrial, com o programa Brasil Maior, fortalecerá a inovação e a competitividade.

Por último, quero enfatizar que o conhecimento e a informação são cada vez mais importantes para o aprimoramento espiritual da Humanidade e também para viabilizar o progresso econômico e o bem-estar dos povos.

O governante que não enxerga isso, não está preparado para governar uma Nação. Governante que não sonha não transmite esperança. Agradeço novamente à Science Po por ter sido agraciado o título de Doutor Honoris Causa e estou honrado por fazer parte do seleto grupo de pessoas que mereceram esta honra.

Muito obrigado.

domingo, 25 de setembro de 2011

Caco Barcelos: “Faço jornalismo, não militância política”

Eduardo Guimarães
Blog da Cidadania

Não poderia deixar de abordar um belo momento do jornalismo brasileiro, a prova definitiva de que não se pode discriminar profissionais que, até por falta de opção, trabalham para o oligopólio pretensamente imperial e antidemocrático que domina a comunicação no Brasil.

Na terça-feira (20), por volta das 19 horas, foi ao ar o programa da emissora a cabo Globo News, o “Em Pauta”, apresentado pelo jornalista Sergio Aguiar, que entrevistou o jornalista Caco Barcelos e teve a participação virtual da jornalista Eliane Cantanhêde.

O começo da entrevista deixa bastante claro que Barcelos, um repórter renomado e corajoso, não seria presa fácil para a manipulação de seus empregadores. Reproduzo, a seguir, esse diálogo entre entrevistador e entrevistado.


Sergio Aguiar — Vamos explorar esse seu lado repórter, primeiro: como é que estava a manifestação, lá?

Caco Barcelos — Três mil pessoas me parecem uma forte manifestação “virtual”; o Facebook fala mais de 30 mil pessoas. Na rua, na praça, pouco. Por volta de três mil…

Aguiar — Foi mais “devagar” do que se esperava, então?

(…)

Barcelos — É interessante, não é, o pessoal com vassoura? Eu lembro do tempo do Jânio Quadros. O pessoal usava vassoura para “varrer os comunistas”, queriam um regime militar… Não é?

Aguiar — A Vassoura volta, agora, a entrar na moda, será?

Barcelos — Talvez com outra conotação…

(…)

Barcelos — Interessante, também, que ninguém protesta contra os corruptores; só contra os corruptos… (sorriso)

Aguiar — Agora, você acha que essa mobilização menor do que o esperada [sic] é porque o brasileiro está um pouco descrente?

Barcelos — Não sei te dizer…

(…)

—–

A Globo mutilou esse belo momento de coragem de um militante do bom jornalismo, responsável, apartidário, e que, dali em diante, travaria com Eliane Cantanhêde um diálogo que constitui um dos mais completos diagnósticos da crise por que passa a grande imprensa brasileira.

Quem são os "éticos" do Opus Dei

Por Altamiro Borges

O Opus Dei (do latim, Obra de Deus) foi fundado em outubro de 1928, na Espanha, pelo padre Josemaría Escrivá. O jovem sacerdote de 26 anos diz ter recebido a “iluminação divina” durante a sua clausura num mosteiro de Madri. Preocupado com o avanço das esquerdas no país, este excêntrico religioso, visto pelos amigos de batina como um “fanático e doente mental”, decidiu montar uma organização ultra-secreta para interferir nos rumos da Espanha. Segundo as suas palavras, ela seria “uma injeção intravenosa na corrente sanguínea da sociedade”, infiltrando-se em todos os poros de poder. Deveria reunir bispos e padres, mas, principalmente, membros laicos, que não usassem hábitos monásticos ou qualquer tipo de identificação.

Reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1947, esta seita logo se tornou um contraponto ao avanço das idéias progressistas na Igreja. Em 1962, o papa João 23 convocou o Concílio Vaticano II, que marca uma viragem na postura da Igreja, aproximando-a dos anseios populares. No seu fanatismo, Escrivá não acatou a mudança. Criticou o fim da missa rezada em latim, com os padres de costas para os fiéis, e a abolição do Index Librorum Prohibitorum, dogma obscurantista do século 16 que listava livros “perigosos” e proibia sua leitura pelos fiéis. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo”, garantiu Escrivá para alguns seguidores, segundo relato do jornalista Emílio Corbiere no livro “Opus Dei: El totalitarismo católico”.

O poder no Vaticano

Josemaría Escrivá faleceu em 1975. Mas o Opus Dei se manteve e adquiriu maior projeção com a guinada direitista do Vaticano a partir da nomeação do papa polonês João Paulo II. Para o teólogo espanhol Juan Acosta, “a relação entre Karol Wojtyla e o Opus Dei atingiu o seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio ativamente no processo de reestruturação da Igreja Católica sob o protagonismo do papa e a orientação do cardeal alemão Ratzinger”. Em 1982, a seita foi declarada “prelazia pessoal” – a única existente até hoje –, o que no Direito Canônico significa que ela só presta contas ao papa, que só obedece ao prelado (cargo vitalício hoje ocupado por dom Javier Echevarría) e que seus adeptos não se submetem aos bispos e dioceses, gozando de total autonomia.

O ápice do Opus Dei ocorreu em outubro de 2002, quando o seu fundador foi canonizado pelo papa numa cerimônia que reuniu 350 mil simpatizantes na Praça São Pedro, no Vaticano. A meteórica canonização de Josemaría Escrivá, que durou apenas dez anos, quando geralmente este processo demora décadas e até séculos, gerou fortes críticas de diferentes setores católicos. Muitos advertiram que o Opus Dei estava se tornando uma “igreja dentro da Igreja”. Lembraram um alerta do líder jesuíta Vladimir Ledochowshy que, num memorando ao papa, denunciou a seita pelo “desejo secreto de dominar o mundo”. Apesar da reação, o papa João Paulo II e seu principal teólogo, Joseph Ratzinger, ex-chefe da repressora Congregação para Doutrina da Fé e atual papa Bento 16, não vacilaram em dar maiores poderes ao Opus Dei.

Alckmin foi avisado do "mensalão" na ALESP e se recusa a investigar e auditar

O governador Alckmin (PSDB/SP) já liberou R$ 188 milhões do dinheiro público para emendas parlamentares em 2011, até agora, faltando mais de um trimestre para fechar o ano.

O deputado estadual Roque Barbieri (PST/SP), em nova entrevista, confirmou tudo sobre suas denúncias do "mensalão" paulista na Assembléia Legislativa (ALESP), e disse que alertou o governo paulista e as secretarias estaduais de planejamento e da casa civil.

E agora, Alckmin? Que providências foram tomadas?

Ontem a atitude do governador tucano exalou forte mau cheiro de corrupção, ao correr na imprensa amiga para abafar o caso, desqualificando as denúncias vindas de um deputado de sua própria base, e se recusando a sequer tomar providências óbvias como abrir um inquérito administrativo e fazer uma auditoria para apurar tão graves denúncias.

O Ministério Público Estadual já decidiu abrir inquérito

O deputado disse que entre 25% a 30% dos deputados vendem emendas parlamentares do interesse de empreiteiras e até "projetos educacionais". As emendas, depois, são liberadas, e pagas com dinheiro público, pelo governador tucano.

Roque explicou o funcionamento do esquema: um deputado (da base governista de Alckmin) procura uma empreiteira e diz: "eu tenho 2 milhões de emenda, quanto você me paga?"... Depois de fecharem o negócio, acertando o percentual do suborno, o empreiteiro procura um prefeito para alocar os recursos em alguma coisa que eles combinam...

Disse ainda que, se intimado em juízo, citará 1, 2 ou 3 nomes para dar exemplo do "modus operandi" da bancada da corrupção, que Alckmin se recusa a investigar.

Leia também:

Opus Dei quer “faxina verde-amarela”

Por Altamiro Borges

A indignação contra o desvio de recursos públicos é justa e necessária. Afinal, é dinheiro do povo extraviado para servir a corruptos e corruptores. Mas é preciso ficar esperto diante dos espertalhões, que usam causas nobres para fins ilícitos. É sempre bom lembrar que o golpe militar de 1964 teve como mote o “combate à corrupção e ao comunismo”. Pura manobra para enganar os ingênuos!

Nas recentes “marchas contra a corrupção”, políticos e partidos que não tem qualquer moral para falar em ética fizeram escarcéu sobre o tema. O senador tucano Álvaro Dias, o neto-demo de ACM, a juventude do PSDB e a mídia demotucana foram os maiores incentivadores dos protestos “espontâneos”. Agora, é o Opus Dei, uma seita de fascistóide, de extrema-direita, que dá seu apoio às “marchas”.

“Mudar a cara do Brasil”

Em artigo publicado no jornal Estadão, o jornalista Carlos Alberto Di Franco, um dos fundadores e chefões do Opus Dei no país, defende a urgência de uma “faxina verde-amarela”. Ele se diz encantado com os protestos do Dia da Independência. “Assistiu-se ao primeiro lance de um movimento de cidadania que tem tudo para mudar a cara do Brasil”. O Opus Dei apoiou o golpe de 1964 com o mesmo objetivo.

Nas entrelinhas, Di Franco não esconde que seu objetivo é fustigar as forças de esquerda e o governo Dilma. “O movimento cobrou a punição dos envolvidos no mensalão do PT, aquele que o ex-presidente Lula diz que nunca existiu... A passeata ocorreu uma semana após o congresso nacional do PT deixar claro que não apóia nenhum tipo de faxina anticorrupção no governo”, mentiu.

domingo, 18 de setembro de 2011

Privatas do Caribe

Por Luiz Carlos Azenha

O novo livro de Amaury Ribeiro Jr., Privatas do Caribe, já foi entregue à editora.

Acrescido de uma informação bombástica sobre o esquema de espionagem que teria servido ao ex-governador paulista José Serra desde 2008, inclusive no período eleitoral de 2010. Segundo Amaury, Serra recorreu a uma empresa de um ex-agente do Serviço Nacional de Informações, paga com dinheiro público.

O Amaury garante que, desta vez, o livro sai: o lançamento será entre o final de outubro e o início de novembro.

O trecho que li é muito bem documentado e, politicamente, devastador.

Segue a abertura do livro:

Ricardo Teixeira, Aécio Neves e as obra$ do Mineirão

Por Lucas Figueiredo, em seu blog:

Três meses atrás, o blog noticiou que um relatório do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG) apontava indícios de graves irregularidades nos contratos e na execução das obras do estádio do Mineirão. Os contratos foram fechados e iniciados na segunda gestão de Aécio Neves no Governo de Minas (2007-2010). O relatório do TCE-MG apontava ausência de licitação, pagamento por serviços não prestados e superfaturamento, entre outras irregularidades. No blog, quatro posts trataram do assunto:

1) A explosiva proximidade de Aécio com Ricardo Teixeira;

2) Exclusivo: trechos do relatório do TCE sobre as obras do Mineirão que pode complicar a vida de Aécio;

3) Ricardo Teixeira, Aécio Neves e as obra$ do Mineirão;

4) Vídeo mostra Aécio autorizando as obra$ do Mineirão apontadas como superfaturadas em relatório do TCE.

No primeiro post, eu dizia o seguinte:

O profeta destemido

Da rede Brasil Atual

No aniversário de 90 anos de Dom Paulo Evaristo Arns, o ex-bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga o considera como 'o profeta destemido'

Amigo e "protegido" de dom Paulo Evaristo Arns, dom Pedro Casaldáliga tem explícito carinho pelo arcebispo emérito de São Paulo e defende que, se fossem escolhidos os maiores bispo da América, dom Paulo entraria na lista com "todo o direito".

O espanhol Pedro Casaldáliga esteve à frente da Prelazia de São Félix do Araguaia por décadas. Também adepto da Teologia da Libertação, lutou pelos mais pobres, pelos trabalhadores e contrariou autoridades, inclusive os militares, durante a ditadura. Assim como dom Paulo, o bispo Pedro Casaldaliga também dedicou a vida à luta pelos direitos humanos e pela justiça. Provavelmente seja por esses motivos que ambos, Pedro e Paulo, sejam tão cúmplices e de respeitosa consideração.

Celebração da esperança - A cada 5 anos gente de todas as partes do Brasil e do mundo enfrenta longa jornada para uma romaria no Araguaia, em memória de quem deu a vida por uma causa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Kinross x População: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"

Flagrante de emissão de poeira da mina da Kinross
Na última quarta-feira, os moradores dos bairros próximos à mina da Kinross apresentaram um pauta de propostas à empresa, que continua sem demonstrar interesse na solução de problemas que afetam a saúde e a qualidade de vida da população.

Na pauta divulgada, a Central de Associações afirma que as famílias que mais sofrem com a poluição da mina, vivem uma situação parecida com o ditado popular: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".

A Central de Associações reafirmou ainda que está organizando uma grande manifestação para protestar contra este descaso, bloqueando a BR-040 com uma marcha até a porta da empresa.

Veja abaixo a íntegra da pauta de propostas:

Professores de MG: 100 dias de resistência e luta por um Brasil com respeito, dignidade e educação

Vagner Freitas
Secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional
Adital

Os trabalhadores da educação protagonizam a maior greve da história de Minas Gerais. Com mais de três meses de paralisação, professores (as) da rede estadual de ensino continuam na luta pelo cumprimento do Piso Salarial Nacional, de R$ 1.597,87, e contra o achatamento de salários proposto pelo governador Antônio Anastasia, que ofereceu a todos os trabalhadores, independente do tempo de carreira, um salário único de R$ 712,00.

O descaso com a educação não é exclusividade de Minas Gerais. Outros grandes Estados brasileiros como o de São Paulo e Rio de Janeiro, responsáveis pelos maiores PIBs do país, pagam aos docentes vencimentos menores do que o Estado do Acre.

Enquanto um professor acreano recebe um salário de até R$ 1.675,79 para um trabalho de 30h semanais, o mineiro recebe apenas R$ 369,00 de vencimento básico para ingresso na carreira.

A educação é um fator transformador da sociedade e não pode ser tratada como mercadoria, onde governadores barganham reajustes e se utilizam da lei de responsabilidade fiscal para precarizar o serviço, criminalizando o movimento sindical e tentando jogar a sociedade contra os professores. Ações como essa demonstram que investir no ensino, ao contrário do que disse em sua campanha, não está na lista de prioridades de Anastasia. Aliás, se é essencial, por que pagar tão mal?

10 mentiras da revista Veja sobre o voto distrital

Geraldo Galindo

Para entender melhor a polêmica, o voto distrital puro (tem outra modalidade, o voto distrital misto) passaria a ser como uma eleição majoritária, uma eleição de prefeito, por exemplo. Então, para se votar num vereador ou deputado, uma cidade como Salvador seria dividida em distritos, suponhamos 20 (o total de zonas eleitorais) e cada uma delas teria uma eleição para vereador ou deputado e cada partido apresentaria um candidato em cada uma delas. Esse não é o assunto em análise aqui, mas imagine só a confusão que seria a divisão desses distritos num país tão amplo e complexo como o Brasil. Se numa cidade já seria pra lá de complicado, imaginemos esses distritos no âmbito do restante de cada estado. Vamos aos argumentos da única revista norte-americana escrita em português, como já disse um deputado comunista:

As 10 mentiras (e meias verdades)

1 - Escolher fica mais fácil. Eu fico imaginando uma campanha eleitoral numa capital onde cada partido tenha candidatos majoritários espalhados por toda parte e como o eleitor se comportaria. Diz a revista que o número menor de candidatos facilitaria a vida do eleitor, mas esse eleitor vai ter contato com a campanha de todos os demais candidatos de outros distritos eleitorais. Eventualmente pode até querer votar em um candidato de outro distrito que não seja o seu e ficar impossibilitado. O argumento da redução de número de candidatos é verdadeiro, mas daí concluir que fica mais fácil a escolha é apenas um desejo da revista. E a tese de redução do número de candidatos, em geral, parte daqueles que querem restringir a democracia e transformar o país num sistema bipartidário, antidemocrático, nos moldes dos EUA e Inglaterra.

2 - Quem elege fiscaliza. Diz a revista, o que é verdade, que os eleitores elegem seus deputados e logo depois nem lembram do nome destes, e cita uma pesquisa de que apenas 22% do eleitorado se lembra em quem votou para deputado federal. Mas o problema da falta de fiscalização dos mandatos por parte do eleitor não guarda relação necessariamente com a forma de eleger, mas sim, na sua despolitização, decorrente de tantos fatores, entre os quais, o nefasto papel dos meios de comunicação que têm como prática a desmoralização da classe política, e o que é pior, a tentativa de colocá-los todos no mesmo patamar de imoralidade, quando certamente existem parlamentares sérios. Não me consta que o nível de fiscalização de um prefeito pelo eleitor seja muito diferente do de um parlamentar.

Ipea: 26 milhões de brasileiros saíram da pobreza entre 2004 e 2009

Agência Brasil

“A desigualdade de distribuição de renda no Brasil diminuiu 5,6% e a renda média real subiu 28% entre 2004 e 2009. Os dados constam do comunicado Mudanças Recentes na Pobreza Brasileira, divulgado hoje (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo o documento, o percentual de pessoas com renda mensal igual ou maior do que um salário mínimo per capita – consideradas não pobres – subiu de 29% para 42%. Isso significa que o número de pessoas dessa faixa aumentou de 51,3 milhões para 77,9 milhões no período. Na época do levantamento dos dados, o salário mínimo estava em R$ 465.

Já a camada considerada pobre, classificação que se refere a famílias com renda per capita, à época, entre R$ 67 e R$ 134, diminuiu de 28 milhões para 18 milhões de pessoas ao longo do período. Os extremamente pobres, com renda per capita inferior a R$ 67, caíram de 15 milhões para 9 milhões.

“O crescimento da renda e a diminuição das desigualdades foram bastante significativos", avalia o pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea Rafael Guerreiro Osório. "O grande estrato que cresce na população é o de não pobres. É uma diferença de 26 milhões de pessoas”, completou.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Número de pobres nos EUA chega a 46,2 milhões e bate recorde

BBC Brasil
Dados divulgados nesta terça-feira pelo escritório responsável pelo censo dos Estados Unidos revelam que o número de americanos vivendo na pobreza chegou a 46,2 milhões no ano passado, o número mais alto desde que os dados começaram a ser coletados, em 1959.

A taxa de pobreza no país aumentou de 14,3% em 2009 para 15,1% no ano passado, a mais alta desde 1993.

Segundo o censo, quase um em cada seis americanos vive na pobreza - definida como renda anual individual de até US$ 11,13 mil (aproximadamente R$ 18,8 mil) ou renda de até US$ 22,31 mil (cerca de R$ 37,68 mil) para uma família de quatro pessoas.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O voto distrital é excludente

Alberto Carlos Almeida

Quem defende o voto distrital no Brasil defende a exclusão da representação de grande parcela de nosso eleitorado. O voto distrital é clamorosamente excludente. Essa exclusão é a mesma coisa que bipartidarismo. Todos os países que adotam o sistema eleitoral distrital tornam-se países governados por apenas dois partidos que se revezam no poder por meio de maiorias esmagadoras. Ninguém em sã consciência admitirá que a Grã-Bretanha, em toda sua complexidade social e demográfica, seja representada apenas por dois partidos. O mesmo vale para os Estados Unidos. Se esses dois países mudassem seu sistema eleitoral, trocando o voto distrital pelo voto proporcional, eles se tornariam, já nas primeiras eleições legislativas com o novo sistema, países multipartidários. O voto distrital é idêntico a uma camisa de força que limita os movimentos da representação.

Ministros recebem reivindicações de Paracatu

Silvano Avelar

Nos dias 02, 03 e 04 de setembro ocorreu o 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores , no Brasil 21, em Brasília. O objetivo deste Encontro foi a reforma do Estatuto do partido. Destaco dois pontos relevantes que foram votados:

Primeiro, foi a deliberação da Paridade de gênero na composição das direções, delegações, comissões e nos cargos com função específica de Secretarias. Isto significa que as funções de direção do partido doravante serão ocupadas com distribuição igual entre homens e mulheres. O Congresso recomendou ainda que nas chapas proporcionais para vereadores ocorra também um esforço para que haja paridade entre homens e mulheres.

O segundo ponto importante foi a Limitação de no máximo três mandatos consecutivos para cargos de vereador, deputado estadual e deputado federal. A partir das próximas eleições, estes parlamentares do PT não podem exercer mais que três mandatos consecutivos, sendo que os senadores terão o limite de dois mandatos. Sem dúvida , esta proposta demonstra a preocupação do partido com a renovação , dando inclusive chances de maior participação dos cidadãos na vida pública.

Participei do Congresso como convidado e , na oportunidade, fiz contato com vários Ministros, aproveitando a oportunidade para fazer reivindicações para nossa Paracatu.

Conversei com o Ministro da Saúde ,Alexandre Padilha; com a Ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvati; com a Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário; com o ex-Ministro do Governo Lula, Luiz Dulci, além de senadores e deputados que participaram do Congresso. Todos foram unânimes em afirmar que se esforçarão para atender as justas reivindicações de Paracatu . Na pauta do nosso encontro, deixei claro algumas preocupações e problemas do município, tais como: saúde pública, trânsito, segurança, mineração, meio-ambiente e educação.

Houve ainda o compromisso desses Ministros filiados ao PT de fazerem brevemente uma visita à nossa cidade e, juntamente com os deputados majoritários da região, estabelecerem um melhor contato com o diretório municipal e demais políticos preocupados com o desenvolvimento do município.

domingo, 11 de setembro de 2011

Anvisa contradiz capa da Veja

da Folha.com

Remédio para diabetes não deve ser usado como emagrecedor, diz Anvisa

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) lançou hoje em seu site uma nota de alerta sobre o uso inadequado de um remédio para diabetes com o intuito de emagrecer.

O uso do medicamento Victoza para perder peso foi tema de matéria de capa da revista "Veja" desta semana. A reportagem citava exemplos de sucesso de pessoas que emagreceram com o remédio e tiveram poucos efeitos colaterais.

Segundo a Anvisa, "a única indicação aprovada atualmente para o medicamento é como agente antidiabético. Não há, até o momento, solicitação na Anvisa de extensão da indicação do produto para qualquer outra finalidade. Não foram apresentados à Anvisa estudos que comprovem qualquer grau de eficácia ou segurança do uso do produto Victoza para redução de peso e tratamento da obesidade."

A Anvisa diz ainda que o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja para tratamento de diabetes apresenta elevado risco para a saúde da população.

O Victoza foi aprovado para comercialização no Brasil em março de 2010 para uso específico no tratamento de diabetes tipo 2. Sua indicação, segundo a Anvisa, é como "adjuvante da dieta e atividade física para atingir o controle glicêmico em pacientes adultos com diabetes tipo 2, para administração uma vez ao dia ou como tratamento combinado com um ou mais antidiabéticos orais, quando o tratamento anterior não proporciona um controle glicêmico adequado".

De acordo com a Anvisa, foram relatados eventos adversos associados ao medicamento nos estudos clínicos do registro e nos relatórios de segurança periódicos apresentados à Anvisa. Os mais frequentes são hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarreia. Destacam-se ainda o risco de pancreatite, desidratação e alteração da função renal e da tireoide.

sábado, 10 de setembro de 2011

Onze de Setembro: Dez anos de perguntas sem respostas

Nos últimos dez anos muito se falou dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Naquele dia, dois aviões de passageiros colidiram com as torres norte e sul do World Trade Center em Nova York, no período da manhã. Muitas perguntas foram feitas sobre esse acontecimento e até hoje permanecem sem respostas críveis.

Por Humberto Alencar

Um outro avião de passageiros colidiu com o Pentágono. Um quarto avião, que presume-se estava se dirigindo à Casa Branca ou ao Capitólio, caiu na Pensilvânia.

A matemática macabra do 11 de setembro

Por Marco Aurélio Weissheimer
no blog RS Urgente:

O mundo se tornou um lugar mais seguro, dez anos depois dos atentados de 11 de setembro e da “guerra ao terror” promovida pelos Estados Unidos para se vingar do ataque? A resposta de Washington ao ataque contra o World Trade Center e o Pentágono engendrou duas novas guerras – no Iraque e no Afeganistão – e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, mais de 900 mil pessoas já teriam perdido suas vidas até hoje. Os números são do site Unknown News, que fornece uma estatística detalhada do número de mortos nas guerras nos dois países, distinguindo vítimas civis de militares. A organização Iraq Body Count, que usa uma metodologia diferente, tem uma estatística mais conservadora em relação ao Iraque: 111.937 civis mortos somente no Iraque.

Seja como for, a matemática da vingança é assustadora: para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Em qualquer um dos casos, a reação aos atentados supera de longe a prática adotada pelo exército nazista nos territórios ocupados durante a Segunda Guerra Mundial: executar dez civis para cada soldado alemão morto. Na madrugada do dia 2 de maio, quando anunciou oficialmente que Osama Bin Laden tinha sido morto, no Paquistão, por um comando especial dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama afirmou que a justiça tinha sido feita. O conceito de justiça aplicado aqui torna a Lei do Talião um instrumento conservadora. As palavras do presidente Obama foram as seguintes:

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A ética e o jogo político

Por Miguel do Rosário

Milhares de pessoas saem em todo Brasil para cobrar ética na política. O Globo divulga fotos na capa e na terceira e quarta páginas (as áreas mais nobres do jornal). A manchete diz: "Pelo país, protestos contra a corrupção". O subtítulo: "atos foram convocados pela internet".

Quem sou eu para ser contra protestos contra a corrupção?

No entanto, acho curioso que os jornais digam que "os atos foram convocados pela internet" se todos eles divulgaram data, local e até mapas na véspera.

É a mesma coisa que aconteceu em março de 1964. A imprensa fez uma grande campanha de mobilização da sociedade, através da força de seus instrumentos de comunicação de massa; entrevistava autoridades e entidades (as mesmas de hoje: OAB, ABI, Fiesp, Firjan...), que afirmavam apoiar a manifestação e que estariam presentes; e depois dizia que as pessoas haviam acorrido "espontaneamente".

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os professores mineiros e o flagrante de arapongagem do governo

Por Luiz Carlos Azenha
Blog Viomundo

Os diretores do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) notaram há, pelo menos, uns dez dias que a sede da entidade e professores estavam sendo vigiados por policiais à paisana. A categoria, em greve há 95 dias, reivindica o piso salarial, que o governador Antonio Anastasia (PSDB) se recusa a pagar.

Nessa terça-feira, 6 de setembro, o deputado estadual Rogério Correia (PT), líder do Movimento Minas Sem Censura, esteve na sede do Sindicato, em Belo Horizonte, para averiguar o que estava acontecendo. Lá, ele e Beatriz Cerqueira, coordenadora do SindUTE, flagraram, na porta da instituição, um carro parado. A placa foi checada. Informalmente, Correia obteve a informação de que ela seria de acesso restrito e de uso do serviço reservado da Polícia Militar mineira. O motorista não quis se identificar nem responder as perguntas de Correia.

O vídeo mostra abordagem do motorista pelo parlamentar


 
Rogério Correia denuncia ao Viomundo: “Trata-se de um flagrante de espionagem e intimidação envolvendo prováveis ‘arapongas’ do governo Anastasia”.

Em função disso, o Movimento Minas Sem Censura, por iniciativa dos deputados Rogério Correia e Durval Ângelo, ambos do PT, adotarão as seguintes medidas:

1) Nesta quinta-feira, 8 de setembro, representante da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, ligada à Presidência da República, estará em Belo Horizonte para acompanhamento do caso. O que inclui a discussão de medidas de proteção individual aos dirigentes sindicais, vítimas da operação clandestina denunciada.
2) Na segunda-feira, 12, os deputados e sindicalistas também representarão na Ouvidoria de Polícia do estado e no Ministério Público estadual, solicitando a apuração dos fatos, a identificação do suspeito, se o veículo é do patrimônio estadual ou se é tão “frio” quanto sua placa. Se o suspeito de espionagem e intimidação for dos quadros da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), deveria ter se identificado ao deputado Rogério Correia, quando solicitado. A recusa em se identificar perante a autoridade e falsear informação constituem faltas disciplinares graves.
3) Caso a PMMG e seu comandante Renato Vieira de Souza não adotem as medidas funcionais exigidas para um evento desse tipo (registrar a ocorrência e iniciar a correta investigação dos fatos), o Movimento Minas Sem Censura solicitará a apuração das responsabilidades e, de pronto, o afastamento do comandante da corporação.

4) Somando-se ao flagrante ocorrido, há ainda que se apurar possível violação de sigilo telefônico dos sindicalistas e deputados que apóiam o movimento grevista. Prevaricação, condescendência criminosa, violência arbitrária, são alguns dos crimes que podem ter ocorrido nesse processo de espionagem e intimidação. Confirmada a ilegalidade da ação, os custos das mesmas devem ser ressarcidos aos cofres públicos. Isso, sem prejuízo de outras ações, como por danos morais, por exemplo.

Greve dos professores de Minas: marco histórico

Frei Gilvander Moreira
Carmelita, mestre em Exegese Bíblica, professor de teologia Bíblica, assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Via Campesina


"Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês: retido por vocês, esse salário clama, e os protestos dos trabalhadores chegaram aos ouvidos do Deus da vida... Vocês condenaram e mataram o justo.” (Carta de Tiago 5,4.6).

Dia 31 de agosto de 2011, acompanhei mais uma grande Assembleia Geral das/os Professoras/res da Rede Estadual de Educação do Estado de Minas Gerais, que estão em greve, desde o dia 08 de junho, há quase 90 dias. Foi emocionante e inesquecível e ao mesmo tempo provocou profunda indignação.. Mais de 9 mil educadores e centenas de trabalhadores de várias outras categorias, representantes de muitos sindicatos e movimentos populares transformaram a ante-Praça da Assembleia Legislativa de Minas em palco de luta. Mais quantos dias de greve serão necessários para que o Governador de Minas, Sr. Antonio Anastasia (PSDB + DEM), ouça os clamores dos educadores da Rede pública de Educação? Os clamores já estão sendo ouvidos em todo o Brasil, pelo mundo afora e chegou aos céus.

Somente após 84 dias de greve, o Governo Anastasia apresentou proposta de elevar o Piso salarial de R$369,89 para R$712, a partir de janeiro de 2012, desconsiderando o tempo de carreira e o grau de escolaridade. Os professores rejeitaram essa proposta e votaram, por unanimidade, a continuidade da greve por tempo indeterminado. A direção do Sind-UTE(1) disse: "A proposta nada mais é que o achatamento da carreira, não está aplicada a tabela de vencimento básico vigente e ela contemplaria apenas o professor, excluiria outras categorias de educadores. O Governo não apresentou proposta para os cargos de suporte à docência e por isso, também não cumpre a Lei Federal 11.738/08 que prescreve Piso Salarial Nacional.”

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Em Paracatu, mulheres se organizam por mais espaço na política

Acontecerá no próximo sábado, dia 10 de setembro, o 1o. Encontro de Mulheres na Política - "Uma participação necessária", na Câmara Municipal de Paracatu, com a participação da ex- prefeita de Araçuai, Maria do Carmo.

O Encontro está sendo organizado  pelo núcleo de mulheres do PT de Paracatu e será realizado das 13:00 às 18:00 horas.

O objetivo do evento é debater a importância da participação da mulher na política, e envolverá diversas lideranças do município, independente de filiação partidária.

A eleição de uma mulher para presidenta do Brasil, bem como a aprovação de seu desempenho no cargo, são fatores que estimulam a participação de mais mulheres na vida política do país, e comprovam a importância de se estabelecer mecanismos que garantam maior envolvimento de diferentes segmentos da sociedade.

Educar para a celebração da vida e da Terra

Leonardo Boff Teólogo, filósofo e escritor
Adital

Dada a crise generalizada que vivemos atualmente, toda e qualquer educação deve incluir o cuidado para com tudo o que existe e vive. Sem o cuidado, não garantiremos uma sustentabilidade que permita o planeta manter sua vitalidade, os ecossistemas, seu equilíbrio e a nossa civilização, seu futuro. Somos educados para o pensamento crítico e criativo, visando uma profissão e um bom nível de vida, mas nos olvidamos de educar para a responsabilidade e o cuidado para com o futuro comum da Terra e da Humanidade. Uma educação que não incluir o cuidado se mostra alienada e até irresponsável. Os analistas mais sérios da pegada ecológica da Terra nos advertem que se não cuidarmos, podemos conhecer catástrofes piores do que aquelas vividas em 2011 no Brasil e no Japão. Para se garantir, a Terra poderá, talvez, ter que reduzir sua biosfera, eliminando espécies e milhões de seres humanos.

Entre tantas excelências, próprias do conceito do cuidado, quero enfatizar duas que interessam à nova educação: a integração do globo terrestre em nosso imaginário cotidiano e o encantamento pelo mistério da existência. Quando contemplamos o planeta Terra a partir do espaço exterior, surge em nós um sentimento de reverência diante de nossa única Casa Comum. Somos inseparáveis da Terra, formamos um todo com ela. Sentimos que devemos amá-la e cuidá-la para que nos possa oferecer tudo o que precisamos para continuar a viver.

A segunda excelência do cuidado como atitude ética e forma de amor é o encantamento que irrompe em nós pela emergência mais espetacular e bela que jamais existiu no mundo que é o milagre, melhor, o mistério da existência de cada pessoa humana individual. Os sistemas, as instituições, as ciências, as técnicas e as escolas não possuem o que cada pessoa humana possui: consciência, amorosidade, cuidado, criatividade, solidariedade, compaixão e sentimento de pertença a um Todo maior que nos sustenta e anima, realidades que constituem o nosso Profundo.

Seguramente não somos o centro do universo. Mas somos aqueles seres, portadores de consciência e de inteligência, pelos quais o próprio Universo se pensa, se conscientiza e se vê a si mesmo em sua esplêndida complexidade e beleza. Somos o universo e a Terra que chegaram a sentir, a pensar, a amar e a venerar. Essa é nossa dignidade que deve ser interiorizada e que deve imbuir cada pessoa da nova era planetária.

Devemos nos sentir orgulhosos de poder desempenhar essa missão para a Terra e para todo o universo. Somente cumprimos com esta missão se cuidarmos de nós mesmos, dos outros e de cada ser que aqui habita.

Talvez poucos expressaram melhor estes nobres sentimentos do que o exímio músico e também poeta Pablo Casals. Num discurso na ONU nos idos dos anos 80 dirigia-se à Assembléia Geral pensando nas crianças como o futuro da nova humanidade. Essa mensagem vale também para todos nós, os adultos. Dizia ele:

A criança precisa saber que ela própria é um milagre, saber, que desde o início do mundo, jamais houve uma criança igual a ela e que, em todo o futuro, jamais aparecerá outra criança como ela. Cada criança é algo único, do início ao final dos tempos. E assim a criança assume uma responsabilidade ao confessar: é verdade, sou um milagre. Sou um milagre do mesmo modo que uma árvore é um milagre. E sendo um milagre, poderia eu fazer o mal? Não. Pois sou um milagre. Posso dizer Deus ou a Natureza, ou Deus-Natureza. Pouco importa. O que importa é que eu sou um milagre feito por Deus e feito pela Natureza. Poderia eu matar alguém? Não. Não posso. Ou então, um outro ser humano que também é um milagre como eu, poderia ele me matar? Acredito que o que estou dizendo às crianças, pode ajudar a fazer surgir um outro modo de pensar o mundo e a vida. O mundo de hoje é mau; sim, é um mundo mau. E o mundo é mau porque não falamos assim às crianças do jeito que estou falando agora e do jeito que elas precisam que lhes falemos. Então o mundo não terá mais razões para ser mau.

Aqui se revela grande realismo: cada realidade, especialmente, a humana é única e preciosa mas, ao mesmo tempo, vivemos num mundo conflitivo, contraditório e com aspectos terrificantes. Mesmo assim, há que se confiar na força da semente. Ela é cheia de vida. Cada criança que nasce é uma semente de um mundo que pode ser melhor. Por isso, vale ter esperança. Um paciente de um hospital psiquiátrico que visitei, escreveu, em pirografia, numa tabuleta que ma deu de presente:”Sempre que nasce uma criança é sinal de que Deus ainda acredita no ser humano”. Nada mais é necessário dizer, pois nestas palavras se encerra todo o sentido de nossa esperança face aos males e às tragédias deste mundo.

[Leonardo Boff é autor de "Cuidar da Terra-proteger a vida”, Record, Rio de Janeiro 2010].

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Globo perde 13% de audiência nas manhãs

Nos primeiros oito meses deste ano, na comparação com 2010, a Globo perdeu 13% de seu Ibope entre 7h e 12h, no Brasil. Os dados, obtidos com exclusividade, integram o chamado PNT (Painel Nacional de Televisão).

Nessa faixa horária, a Globo caiu de 9,5 pontos para 8,2. À tarde também houve queda de 10%: de 17,5 para 15,7 pontos. Das 7h à 0h, a Globo perdeu 5% de Ibope, caindo de 18,8 pontos no ano passado contra 17,9 neste.

Apesar da concorrência em ascensão, a Globo ainda tem bastante "chão" de distância das demais. A Record manteve os mesmos 7,1 pontos do ano passado, e o SBT também ficou estável em 5,6 pontos. Band teve uma oscilação negativa, passando de 2,3 pontos para 2,1 (-7%). RedeTV! continuou no 1,1 ponto.

Na medição nacional (PNT), cada ponto equivale a cerca de 185 mil domicílios ou 577 mil pessoas.

O insatisfatório rendimento das manhãs é, possivelmente, um dos motivos para a mudança de perfil de apresentadores de telejornais matinais. Talvez seja uma forma de torná-los mais populares, mas a Globo rejeita essa justificativa. Chico Pinheiro vai substituir Renato Machado no “Bom Dia Brasil”, e César Tralli ocupará o lugar de Chico no “SPTV 1ª Edição”.

No chamado “filé” da audiência, o horário nobre, a Globo oscilou positivamente em 0,2%; Record (-0,3%), SBT (-0,1%), Band (-0,2%) e Rede TV (-0,2%) oscilaram negativamente

Fonte: Vermelho.com

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Brasil perto do pleno emprego

Paulo Daniel

Em sequência ao ciclo de entrevistas realizadas pelo Blog Além de Economia em conjunto com o site da revista CartaCapital, convidamos os professores Anselmo Luis dos Santos e José Dari Krein do Instituto de Economia da Unicamp e diretores do CESIT (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho).

Santos é economista, doutor em teoria econômica pela Unicamp e diretor-adjunto do CESIT. Krein é filósofo, doutor em economia social e do trabalho pela mesma universidade e, atualmente, exerce a diretoria executiva do CESIT.

Para ambos, não existe uma relação causal entre educação e geração de empregos; esses dependem das políticas macroeconômicas e de desenvolvimento. Além do que, compreendem que a economia brasileira não sofrerá grandes impactos negativos dos recentes desdobramentos da crise de 2008.

Confira abaixo a entrevista:

Blog Além de Economia/CartaCapital: No Brasil, no último período, gerou-se mais de 10 milhões de empregos qual a qualidade e a remuneração média dos empregos gerados?

Anselmo L. dos Santos e José D. Krein: A partir de 2004, com a maior taxa média de crescimento do PIB, observa-se um ritmo bem mais expressivo de geração de ocupações, suficiente para provocar uma progressiva redução das elevadíssimas taxas de desemprego. Mais importante ainda é o fato de que essa expansão da ocupação ocorreu num mesmo processo de melhoria da estrutura ocupacional – que havia passado por um forte processo de desestruturação no período 1990-2003. Num contexto de progressivo aumento do emprego formal – que vinha ocorrendo já desde 2000, com os impactos da desvalorização cambial de 1999 -, a partir de 2004 as melhores ocupações (emprego assalariado com carteira, de nível técnico, superior, dirigentes, profissionais das ciências e das artes etc) cresceram num ritmo maior do que as ocupações mais precárias (assalariamento sem carteira; trabalho por conta própria; atividades agrícolas e manuais, trabalhado não remunerado etc). E o universo de ocupações mais precárias melhorou significativamente com os impactos do aumento da formalização e do salário mínimo.

AE/CC: Qual interpretação podemos dar a esse processo recente de melhorias do mercado de trabalho brasileiro? Podemos, por exemplo, afirmar que estamos no pleno emprego?

ALS/JDK: Estamos vivenciando a reversão do processo de desestruturação do mercado de trabalho brasileiro. Após apresentar uma redução real muito expressiva, algo entre 17% no período 1997-2003, a remuneração do trabalho vem se recuperando com os fortes impactos do salário mínimo, da redução do desemprego, das negociações coletivas, dos reajustes para os servidores públicos, e também com os impactos do crescimento econômico sobre a renda dos autônomos, do trabalho doméstico e dos profissionais qualificados em atividades que apresentam escassez de força de trabalho. Significa que, em parte, o sentido desse processo é a recuperação do que foi perdido no período 1980-2003, em termos de taxa de assalariamento, de formalização, de redução do trabalho por conta própria e não remunerado – precários e informais -, de remuneração média do trabalho. Em alguns casos são evidentes os avanços, cujo significado foi maior do que uma recuperação, como é o caso do salário mínimo e da redução do desemprego. Mas uma taxa de desemprego aberto metropolitana acima de 6%, com regiões e segmentos sociais apresentando taxas acima de 10%, e taxas de desemprego para o conjunto do país mais próximas de 7%, além de taxas de desemprego mais amplas (aberto e oculto) próximas de 10%, indicam que, apesar de baixo, não podemos caracterizar ainda uma situação de pleno emprego. Entretanto, se mantida a trajetória de crescimento do PIB de cerca de 4%, em média, até o final do Governo Dilma poderemos alcançar uma situação típica de pleno emprego de uma economia em desenvolvimento e de renda per capita média, isto é, reduzido desemprego aberto, mas elevada precariedade e informalidade do mercado de trabalho.

AE/CC: Da mesma maneira que há geração de emprego também há milhares de demissões isso pode ser entendido como rotatividade da mão-de-obra? Por que isso ocorre?

ALS/JDK: Esse foi um dos aspectos que não melhorou nesse ciclo recente. A rotatividade no emprego no Brasil é imensa; uma das maiores do mundo. E os nossos indicadores somente consideram os demitidos que tinham carteira assinada. Como é muito grande a parcela de assalariados sem carteira - e nesses a instabilidade no emprego é ainda maior – a rotatividade no emprego é ainda maior do que as reveladas pelas nossas estatísticas disponíveis. O mercado de trabalho brasileiro é muito flexível. Diferentemente de outros países, no Brasil não existem mecanismos contra a despedida imotivada, pois o empregador tem a liberdade de romper o vínculo sem precisar justificar. A demissão é uma questão monetária, de indenização. Como os empregados demitidos tendem a ser aqueles com menor grau de instrução e qualificação, os que conformam o mercado geral de trabalho, que são facilmente substituíveis e que ganham menos. O custo de demitir é relativamente baixo. As facilidades de despedir, faz com que muitos setores utilizem a estratégia de ajustar o volume da força de trabalho a sazonalidade da atividade econômica. Mas também sabemos que para uma parte dos trabalhadores – daqueles sem carteira assinada, com baixa remuneração, sem perspectiva de carreira, especialmente na micro e pequena empresa – também há uma lógica que contribui para essa elevada rotatividade. Os dados da PNAD de 2009 mostram que há mais trabalhadores ocupados procurando emprego, do que trabalhadores desocupados; até 2006, eram os desocupados que constituíam a maioria dos que procuravam emprego. Ou seja, com a forte expansão do emprego e abertura de novas e melhores oportunidades, são aqueles que já estão incorporados ao mercado de trabalho – e não os jovens e os desempregados – que mais buscam conquistar as melhores vagas abertas. Isso é uma das expressões da rotatividade no emprego num período de crescimento econômico. A rotatividade é fenômeno vinculado com a própria disponibilidade de força de trabalho. Existem pessoas necessitando ter renda, submetendo-se as condições mais precárias de trabalho. Além disso, a rotatividade tem relação com a estrutura econômica do país, que tende progressivamente gerar posto de trabalho em setores mais inseguros e instáveis.

AE/CC: Pode-se afirmar que há uma relação entre geração de emprego e educação, ou seja, para um indivíduo estar empregado é essencial que se tenha um determinado nível educacional?

ALS/JDR: Educação universal e de boa qualidade é sempre bom, inclusive para o mercado de trabalho. Mas não há uma relação causal entre educação e geração de empregos; esses dependem das políticas macroeconômicas e de desenvolvimento – dentre as quais a educação é importante, mas é apenas uma. Veja o que ocorre com a situação do emprego em vários países da Europa que apresentam excelentes níveis educacionais: desemprego em massa; mercados de trabalho precarizados; pessoas muito bem formadas sem nenhuma perspectiva de encontrar um emprego – mesmo que precário. Num país imenso como o Brasil, e com um sistema educacional lamentável, um indivíduo com boa qualificação tem mais facilidade para arrumar um bom emprego; vai tirar a vaga dos outros que provavelmente não tiveram as mesmas oportunidades que ele. Então, quando se olha para a lógica do indivíduo se perde o mais importante: a lógica do conjunto da sociedade, da economia e do mercado de trabalho. Se não há expansão do emprego total, a melhoria na educação não viabiliza um aumento do volume de ocupados; pode contribuir para aumentar a competição entre os trabalhadores, reduzir salários, melhorar a capacidade das empresas disciplinar os trabalhadores e reduzir seus custos de trabalho. Então, temos que pensar que a defesa da educação, e também da formação e qualificação profissional são tão importantes que transcendem as suas relações com a geração de emprego, alcançando as questões mais amplas ligadas à capacidade de ganhar autonomia na pesquisa e na inovação tecnológica, aumentar a produtividade, mas também criar condições para que do ponto de vista da cultura, dos valores, da prática política e da sociabilidade possamos alcançar patamares compatíveis com os ideais de reforçar a perspectiva civilizatória.

AE/CC: Vivemos um apagão de mão-de-obra?

ALS/JDK: Creio que não é necessário exagerar na caracterização do problema: há falta sim de força de trabalho qualificada; mas ela está principalmente localizada em alguns segmentos que apresentaram maior dinamismo nos últimos anos e que haviam ficado por muito tempo estagnados, como é o caso exemplar da construção. As queixas são também amplificadas pelo fato de que por muito tempo os salários no Brasil ficaram deprimidos; agora com a redução do desemprego e o aumento de boas oportunidades, os trabalhadores conseguem encontrar emprego com rendimento mais elevado, mas muitos empresários acham esse patamar salarial incompatível com seus custos ou suas políticas de recursos humanos definidas com os parâmetros de um país de desemprego recorde e salários baixíssimos. Em muitos casos, os salários apenas recuperaram seus valores do início dos anos 90; em alguns casos ainda estão abaixo do seu valor real de 1980. Quando o desemprego era recorde, no final dos 1990 e início dos 2000, o discurso para os “inempregáveis” responsabiliza-os pelo desemprego, em função de sua suposta baixa formação e qualificação profissional. Mesmo com essa perspectiva neoliberal hegemônica, a educação não foi profundamente alterada e os cursos de qualificação com os bilhões de reais do Fundo de Amparo ao Trabalhador pouco contribuíram para melhorar a situação. Naquele momento o “apagão” era de emprego, de perspectiva para os trabalhadores. Poucos se interessaram pelo problema quando sobrava força de trabalho, inclusive qualificada. Agora estão correndo e, ao mesmo tempo, reclamando, não se sabe de quem, pela escassez de força de trabalho qualificada e elevados salários.

AE/CC: Com a crise econômica e financeira internacional no dito mundo desenvolvido, quais os mecanismos ou as ferramentas que teríamos para enfrentá-la visando a manutenção dos empregos e da renda dos(as) brasileiros(as)?

ALS/JDK: Novamente parece que a economia brasileira não sofrerá grandes impactos negativos dos recentes desdobramentos da crise de 2008. Enquanto muitos países já têm suas taxas de juros muito baixa, a nossa é a mais elevada do mundo. Então temos um fôlego na política monetária, para estimular a elevação do nível de atividade econômica com a redução da taxa de juros. E essa redução poderá até mesmo significar uma virada na nossa política monetária, colocando a taxa de juros, de forma mais sistemática, num patamar bem mais reduzido. O mesmo vale para os depósitos compulsórios e para algumas medidas “macroprudenciais”, pois caso necessário podem ser também revertidas ou modificadas para estimular o crédito e ampliação do consumo e do investimento. O nosso reduzido grau de abertura ao comércio exterior, assim como o amplo e dinâmico mercado interno também nos distinguem de outras economias estagnadas. Também do ponto de vista fiscal a situação brasileira é muito melhor do que a de muitos países, e pode melhorar com a redução futura da taxa de juros, permitindo a ampliação do investimento público, a manutenção da importante política de valorização do salário mínimo e de outras políticas sociais sem a deterioração das contas públicas.

AE/CC: Quais as tendências recentes nas relações de trabalho?

ALS/JDK: Ao mesmo tempo que houve um crescimento da ocupação, especialmente com o emprego com carteira assinada, e a queda do desemprego, continuou avançando um processo de flexibilização das relações de trabalho em aspectos centrais da relação de emprego, tais como o avanço da remuneração variável, da jornada de trabalho e da multiplicação das formas de contratação (“Pejotização”, contratação a termo, cooperados, etc.).

Paulo Daniel, economista, mestre em economia política pela PUC-SP, professor de economia e editor do Blog Além de economia.