quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Professores de MG: 100 dias de resistência e luta por um Brasil com respeito, dignidade e educação

Vagner Freitas
Secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional
Adital

Os trabalhadores da educação protagonizam a maior greve da história de Minas Gerais. Com mais de três meses de paralisação, professores (as) da rede estadual de ensino continuam na luta pelo cumprimento do Piso Salarial Nacional, de R$ 1.597,87, e contra o achatamento de salários proposto pelo governador Antônio Anastasia, que ofereceu a todos os trabalhadores, independente do tempo de carreira, um salário único de R$ 712,00.

O descaso com a educação não é exclusividade de Minas Gerais. Outros grandes Estados brasileiros como o de São Paulo e Rio de Janeiro, responsáveis pelos maiores PIBs do país, pagam aos docentes vencimentos menores do que o Estado do Acre.

Enquanto um professor acreano recebe um salário de até R$ 1.675,79 para um trabalho de 30h semanais, o mineiro recebe apenas R$ 369,00 de vencimento básico para ingresso na carreira.

A educação é um fator transformador da sociedade e não pode ser tratada como mercadoria, onde governadores barganham reajustes e se utilizam da lei de responsabilidade fiscal para precarizar o serviço, criminalizando o movimento sindical e tentando jogar a sociedade contra os professores. Ações como essa demonstram que investir no ensino, ao contrário do que disse em sua campanha, não está na lista de prioridades de Anastasia. Aliás, se é essencial, por que pagar tão mal?

Sede para a copa do mundo de 2014, Minas Gerais transformou-se em um verdadeiro canteiro de obras. Com ajuda do governo federal, o Estado realiza grandes investimentos, não só na reforma do Mineirão – diga-se de passagem, também palco de greve –, mas principalmente em projetos de mobilidade urbana e na expansão do aeroporto de Confins. Com a importância que o Estado de Minas tem para o Brasil, é necessário investimentos em todas as áreas, principalmente em educação.

A responsabilidade também cabe ao Ministério da Educação, que não exige dos governadores o cumprimento da Lei do Piso Nacional como contrapartida para a liberação de recursos públicos, algo que seria essencial para garantir ao professor o mínimo de recurso para atuar e se qualificar. Como reflexo disso, na última avaliação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), foi confirmada a realidade do comprometimento da maioria dos governadores de nosso país com a educação. Mais da metade das escolas brasileiras reprovaram no exame. Desse total 99,4% eram públicas.

É pela qualidade no ensino público e por um Brasil que valorize os seus trabalhadores, que os professores (as) de Minas Gerais permanecem em greve. Essa bandeira de luta que deve ser levantada por todos os brasileiros e pela Central Única dos Trabalhadores com os seus sindicatos filiados. As autoridades competentes como o governador e o Ministro da Educação não podem se furtar ao diálogo, e precisam agir o mais rápido para solucionar o impasse. Basta respeitar a lei.

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