No aniversário de 90 anos de Dom Paulo Evaristo Arns, o ex-bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga o considera como 'o profeta destemido'
Amigo e "protegido" de dom Paulo Evaristo Arns, dom Pedro Casaldáliga tem explícito carinho pelo arcebispo emérito de São Paulo e defende que, se fossem escolhidos os maiores bispo da América, dom Paulo entraria na lista com "todo o direito".
O espanhol Pedro Casaldáliga esteve à frente da Prelazia de São Félix do Araguaia por décadas. Também adepto da Teologia da Libertação, lutou pelos mais pobres, pelos trabalhadores e contrariou autoridades, inclusive os militares, durante a ditadura. Assim como dom Paulo, o bispo Pedro Casaldaliga também dedicou a vida à luta pelos direitos humanos e pela justiça. Provavelmente seja por esses motivos que ambos, Pedro e Paulo, sejam tão cúmplices e de respeitosa consideração.
Celebração da esperança - A cada 5 anos gente de todas as partes do Brasil e do mundo enfrenta longa jornada para uma romaria no Araguaia, em memória de quem deu a vida por uma causa.
Dom Pedro casaldáliga diz que dom Paulo é, sem dúvidas, um dos maiores bispos da América. "Intelectual, jornalista, profeta destemido, defensor de perseguidos ou incompreendidos na Igreja e na sociedade. Sempre com serenidade franciscana, com coerência e firmeza, sempre aberto ao diálogo e sempre com a palavra oportuna, corajosa", descreveu o ex-bispo de São Felix do Araguaia por email à Rede Brasil Atual.
Pedro foi um beneficiário direto da estreita relação de dom Paulo com o papa Paulo VI. No fim da década de 1970, representantes da conservadora corrente Tradição, Família e Propriedade, a TFP, foram aos generais da repressão pedir que o bispo espanhol fosse expulso do país, acusado de “comunista”. Dom Paulo foi ao líder da Igreja Católica e contou a história. A resposta não poderia ter sido mais clara: “Mexer com Pedro é mexer com o papa”.
Para o ex-bispo de São Félix do Araguaia, dom Paulo representa o maior exemplo no processo da real democratização dos povos e, também, a pessoa que deixou uma herança valiosa da libertação integral e da esperança "inclaudicável". "Sempre como cristão, como pastor, ecumenicamente, a serviço do Reino na grande São Paulo, no Brasil, em Nossa América, no Mundo", descreve dom Pedro.
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