sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Outro ano que não terminou

Washington Araújo
Jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil, Argentina, Espanha, México
Nunca houve um ano tão –vamos dizer– dramático para a imprensa mundial como este que tem as horas contadas. Janeiro de 2011 viu o poderio das mídias sociais a serviço da liberdade e dando um basta à opressão e às diversas formas de tirania em países como o Egito, a Tunísia, a Líbia, o Iêmen. E continuam balançando os que exercem o poder fundado unicamente na força dos tanques, como os da Síria e os da Jordânia.

Manifestações políticas –e quase sempre pacíficas– foram convocadas através do uso do Twitter em larga escala e dos torpedos disparados de celulares como os smartphones produzidos pela Blackberry, Apple e Motorola. As imagens foram instantaneamente registradas e atravessaram em segundos continentes, regiões e nações, abastecendo em sua travessia sites e blogues, frequentando milhões de murais de usuários do Facebook, Orkut e MySpace. É como se a liberdade do mundo virtual tomasse de assalto, como epidemia, o mundo real.

"Salve o samba, salve a santa, salve ela..."

Uma roda de samba em homenagem a Paulo César Pinheiro, com a participação de Teresa Cristina, Camila Costa, Nilze Carvalho e Diogo Nogueira.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

As boas notícias do final do ano!!

O final do ano chegou com algumas boas notícias! Clicando em cada link você acessa a notícia:

Salário mínimo de R$ 622 injetará R$ 47 bilhões na economia, segundo Dieese



Exportações brasileiras já ultrapassaram US$ 250 bilhões neste ano



Vendas em shopping centers superam em 5,5% as do Natal passado


Brasil ultrapassa Reino Unido e se torna sexta economia do mundo



País termina ano com emprego em alta apesar da crise externa


Poder de compra do salário mínimo será o maior desde 1979


Minha Casa, Minha Vida terá cota para idosos e deficientes

O cordel da "privataria tucana"

Por Silvio Prado, no blog As árvores são fáceis de achar:

"Caiu a casa tucana
Do jeito que deveria
E agora nem resta pó
Pois tudo na luz do dia
Está tão claro e exposto
E o que ninguém sabia
Surge revelado em livro
Sobre a tal privataria.



"Amauri Ribeiro Junior
Um jornalista mineiro
Em mais de 300 páginas
Apresenta ao mundo inteiro
A nobre arte tucana
De assaltar o brasileiro
Pondo o Brasil à venda
Ao capital estrangeiro.


"Expondo a crua verdade
Do Brasil privatizado
O livro do jornalista
Não deixa ninguém de lado
Acusa Fernando Henrique
Gregório Marin Preciado
Serra e suas mutretas
E o assalto ao Banestado.

"Revelando em detalhes
Uma quadrilha em ação
O relato jornalístico
Destrói logo a ficção
De que político tucano
É homem de correção
Mostrando que entre eles
O que não falta é ladrão.



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Silvano Avelar: Persevere, viva e deixa viver!

Tenho ouvido nestes dias expressões do tipo “ 2011 não foi um ano bom” ou “ 2011 foi ótimo” e , ainda, “ O ano de 2012 promete...”. Com referência ao Natal, ouço ainda : “ Este Natal será excelente”, “Tomara que este Natal seja melhor que o do ano passado”., etc.

Não estaríamos invertendo as coisas? Às vezes repetimos palavras que são jogadas ao vento e nem nos damos conta de que com este processo insano de reprodução, nos colocamos como seres estáticos, que sempre estão à espera de algo e que, por isso mesmo , não somos proativos, somos passivos, aguardando os fatos acontecerem.

Para mim, não foi 2011 que passou. Eu passei pelo ano de 2011. Agi, vivi, trabalhei,li, escrevi, cantei, amei, fiz acontecer. Você também fez isso! Foi a sua dedicação, seu amor à vida, sua interferência ativa no Cosmo que o fez fio condutor de todo progresso ocorrido neste período e neste Planeta. Se algo não ocorreu do jeito que você queria, não foi por sua culpa exclusiva. Pelo menos você tentou.

Tudo isso parece muito óbvio, mas estamos tão condicionados aos símbolos que nos esquecemos que até o nosso calendário não é o único da terra.

Vem aí o ano da Privataria

2011, o ano em que a mídia demitiu ministros. 2012, o ano da Privataria.

A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.


Em 2005, quando começaram a aparecer resultados da política de compensação de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – a melhoria na distribuição de renda e o avanço do eleitorado “lulista” nas populações mais pobres, antes facilmente capturáveis pelo voto conservador –, eles eram mensuráveis. Renda é renda, voto é voto. Isso permitia a antevisão da mudança que se prenunciava.

Tinha o rosto de uma política, de pessoas que ascendiam ao mercado de consumo e da decadência das elites políticas tradicionais em redutos de votos “do atraso”. Um balanço do que foi 2011, pela profusão de caminhos e possibilidades que se abriram, torna menos óbvia a sensação de que o mundo caminha, e o Brasil caminha também, e até melhor. O país está andando com relativa desenvoltura.

Não que vá chegar ao que era (no passado) o Primeiro Mundo num passe de mágicas, mas com certeza a algo melhor do que as experiências que acumulou ao longo da sua pobre história.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O que a filha do Serra não contou


Sobre a resposta de Verônica Serra
Por Luis Nassif, em seu blog:

Em sua "Resposta", Verônica Serra sustenta que deixou a Decidir.com em 2001.

De acordo com o livro de Amaury Ribeiro Jr., Verônica Serra contou apenas parte da história. Seria importante - para esclarecimento final da questão - que apresentasse explicações para os pontos efetivamente centrais do livro e não apenas para o que parece ser a parte mais desimportante da história.

Até 2001 existia, de fato, uma Decidir.com registrada no Departamento de Comércio da Flórida (p. 186). Nesse ano, essa Decidir.com fecha o registro. Essa é a parte que Verônica conta. O que não conta, segundo o que está no livro:


UOL: "A Privataria Tucana" entra no ranking de livros mais vendidos do Brasil

do UOL Notícias

Lançado em 9 de dezembro deste ano, o livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., alcançou o topo do ranking de livros mais vendidos do site especializado em mercado editorial PublishNews. O site contabiliza as vendas de 12 livrarias –Argumento, Cultura, Curitiba, Fnac, Laselva, Leitura, Martins Fontes SP, Nobel, Saraiva, Super News, Travessa e da Vila.

A carreira meteórica de Verônica Serra


Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:


A propósito da nota publicada pelo site do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fernando Henrique Cardoso, senhor Eduardo Piragibe Graeff, na qual a senhora Verônica Allende Serra, filha do ex-governador José Serra, defende-se de acusações contidas no livro A Privataria Tucana, dou a conhecer a carreira meteórica dessa senhora que entre os 25 e os 30 anos se tornou um fenômeno do mundo dos negócios ao ganhar milhões em período tão curto.

Morte e Vida Severina em desenho animado

A obra prima de João Cabral de Melo Neto em desenho animado.

Parte I






segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Quando o silêncio é uma confissão

“O silêncio é uma confissão”, dizia Camilo Castelo Branco. A famosa sentença do escritor português é prefeita para caracterizar o comportamento da nossa mídia hegemônica, monopolizada por meia dúzia de famílias capitalistas, em relação às denúncias contidas no livro “A privataria tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

O silêncio, constrangido e constrangedor, é a norma neste caso e vale também para a intensa movimentação no Congresso Nacional em torno da criação de uma CPI para investigar o escândalo, que envolve grandes somas de dinheiro do povo desviado criminosamente pelos cardeais do tucanato.

Ghost writer

O silêncio foi quebrado por um ou outro “calunista” da mídia incomodado com as críticas que se multiplicam na internet, exclusivamente para desacreditar a obra e desqualificar seu autor. É o caso do funcionário da Rede Globo e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), posição que alcançou não pelos textos medíocres que produz, mas graças ao poder do veículo que o emprega (Machado de Assis deve arder de remorsos no túmulo ao meditar sobre o destino de sua polêmica criação).

domingo, 25 de dezembro de 2011

Minas Gerais: Dívida coloca em xeque legado do choque de gestão tucano em Minas

Quando elegeram o professor de Direito Antonio Anastasia governador de Minas Gerais no ano passado, os mineiros não esperavam grandes mudanças. Ele já havia sido secretário de governo no primeiro mandato de Aécio Neves e, no segundo, vice, tendo assumido o governo nos seus últimos nove meses. Discreto, inteligente e dono de uma imagem mais acadêmica e administrativa do que a de articulador político, Anastasia faria, na cabeça de boa parte da população, um governo de continuidade, focado em resultados e eficiência e sem maiores sobressaltos. Seu primeiro ano de mandato, no entanto, rendeu a muitos eleitores surpresas incômodas.

Eles assistiram a uma longa e desgastante greve dos servidores da educação que arrastou o governo do Estado para um embate que custou 112 dias para ser equacionado. Para alguns analistas, o episódio revelou uma dose de ineficiência do novo governo em dialogar - apesar da cancha que Anastasia já havia adquirido em quase uma década no Executivo.

Outra surpresa para muita gente foi com relação às contas do Estado. A dívida com a União passou a ser tratada como motivo de preocupação urgente e como um sério risco às contas públicas.

Um estudo realizado pelo Tribunal de Contas do Estado apontou que para honrar a dívida de R$ 57 bilhões que tem com a União até o prazo de 2038, Minas teria de reservar 16,8% da receita líquida real. Hoje, o governo usa 13% dessa receita. O porcentual, o máximo segundo a regra em vigor, é insuficiente para que a conta seja paga no prazo.


Caminheiro Solitário

Pra relembrar os antigos festivais de música, uma canção que marcou o X Festival de MPB de Paracatu, realizado pelo Movimento Cultural, nos anos 80, no estádio do União. A vice-campeã "Caminheiro Solitário".


Misturando banana com laranja

Certas comparações sobre Lula e Dilma misturam banana com laranja

Paulo Moreira Leite, ÉPOCA

Os respeitáveis índices de aprovação de Dilma Rousseff têm produzido uma análise política derivada.
Comparam-se os índices de aprovação de Dilma no primeiro ano de seu mandato com aqueles que Luiz Inácio Lula da Silva obteve na mesma fase de seu governo para se concluir que a criadora superou a criatura.

O complexo de vira-latas de ontem e de hoje

Por Webster Franklin
Da Carta Capital

 “A ponte Rio-Niterói é, portanto, uma linda obra turística, cuja prioridade não se justifica em um país de escassos recursos que se defronta com necessidades berrantes que aí estão nesta mesma região do País, clamando pela ação do Governo”.
Foi Nelson Rodrigues, em crônica às vésperas da Copa do Mundo de 1958 (Manchete esportiva, 31/5/1958), quando a seleção brasileira partia desacreditada para a disputa na Suécia, quem grafou o conceito de “complexo de vira-latas”, resumo de um colonizado e colonizador sentimento de inferioridade em face do estrangeiro e do que vem de fora, seres e coisas, ideias e fatos.

'Para os áulicos do conservadorismo, tudo o que significa investimento com vistas ao futuro deve ser adiado, como supérfluo'. Foto: Jupiterimages/AFP
Impecável a definição, cujas raízes nos levam à empresa colonial e ao escravismo, à dependência cultural às diversas Cortes que sobre nós reinaram e ainda reinam.
Peca, porém, o teatrólogo genial e reacionário militante ao atribuir tal “complexo” a um fenômeno nacional, como se fosse ele um sentimento de nosso povo, de nossa gente, pois nada é mais povo brasileiro do que o torcedor de futebol.
Esse sentimento existe, mas regado pela classe dominante brasileira, desde a Colônia, que sempre viveu de costas para o país e com os sonhos, as vistas e as aspirações voltadas para a Europa. Terra de “índios desafeitos ao trabalho”, de “negros manimolentes e banzos” e “europeus de segunda classe”, nosso destino, traçado pelos deuses, era a de eternos coadjuvantes. História própria, industrialização, destino de potência… ah, isso jamais!
Nem no futebol, pois havíamos perdido as copas de 1950 e 1954 justamente porque éramos (eram nossos jogadores) um povo mestiço.
Pensar grande, pensar na frente, projetar-se no mundo e na História, isso é coisa de visionários ou políticos “populistas”.

As barbas do vizinho

por Fernando Brito

Embora não haja qualquer sinal de que possamos ter por aqui qualquer arremedo de legislação que regule democraticamente as concessões públicas na área de comunicação – as concessões, nada a ver com liberdade de imprensa ou de expressão – o jornal O Globo, hoje, age daquela forma descrita no popular ditado de “colocar as barbas de molho, porque as do vizinho estão em chamas”.

O vizinho, no caso, é o Clarín, um conglomerado semelhante ao que é aqui a Globo, com TV, rádios, jornal, internet, produtoras de filmes e agência de notícias. E que, como a Globo,vicejou à sombra da ditadura, como um cogumelo, para relembrar a expressão usada por Leonel Brizola.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal !

Neste Natal, Deus venha amado, desarmado, disposto a conter as iras do velho Javé e, surrupiado de fadigas, derrame diluvianamente sua misericórdia sobre todos nós, praticantes de pecados inconclusos.


Venha patinando pela Via Láctea, um sorriso cósmico estampado no rosto, despido como o Menino na manjedoura, mãos livres de cajado e barba feita, a pedir colo a Maria e afago a José.

Neste Natal, não farei presépio para o Javé da vingança nem permitirei que o peso de minhas culpas sirva de pedra angular aos alicerces do inferno. Quero Deus porta-estandarte, Pelé divino driblando as artimanhas do demo, acrobata do grande circo místico.

Minha árvore não será enfeitada com castigos e condenações eternas. Nela brilharão as chamas ardentes da noite escura a ensolarar os recônditos do coração. Venha Deus a cavalo, a pé ou andando sobre os mares, mas venha prevenido, arisco e trôpego e, sobretudo, desconfiado, à imagem e semelhança de minha indigência.

Enquanto todos comemoram em ceias pantagruélicas, vomitando farturas, iremos os dois para um canto de esquina e, amigos, dividiremos o pão de confidências inenarráveis. Deus será todo ouvido e eu, de meus pecados, todo olvido, pois não há graça em falar de desgraça num raro momento de graça.

Neste Natal, acolherei Deus no meu quintal, lá onde cultivo hortaliças e legumes, e darei a ele mudas de ora-pro-nóbis, coisa boa de se comer no ensopado de frango. Mostrar-lhe-ei minha coleção de vitupérios e, se quiser, cederei a minha rede para que possa descansar das desditas do mundo.

Se Maria vier junto, vou presenteá-la com rendas e bordados trazidos do sertão nordestino, porque isso de aparecer senhora de muitas devoções exige muda freqüente de trajes e mantos, e muita beleza no trato.

Que venha Deus,
mas venha amado, pois ando muito carente de dengos divinos. Não pedirei a ele os cedros do Líbano nem o maná do deserto. Quero apenas o pão ázimo, um copo de vinho e uma tijela de azeite de oliva para abrilhantar os cabelos. Cantarei a ele os cantos de Sião e também um samba-canção.

Desejo um Feliz Natal às bordadeiras de sonhos, aos homens que prenham a terra com sementes de vida, às crianças de todas as idades desditosas de maldades, e a todos que decifram nos sons da madrugada o augúrio de promissoras auroras.

Também aos inválidos de espírito apegados ciosamente a seus objetos de culto, aos ensandecidos por seus mudos solilóquios, aos enconchavados no solipsismo férreo que os impede de reconhecer a vida como dádiva insossegável.

Feliz Natal aos caçadores de borboletas azuis, artífices de rupestres enigmas, febris conquistadores a cavalgar, solenes, nos campos férteis de sedutoras esperanças.

Feliz Natal às mulheres dotadas da arte de esculpir a própria beleza e, cheias de encanto, sabem-se guardar no silêncio e caminhar com os pés revestidos de delicadeza.

Feliz Natal aos romeiros da desgraça, peregrinos da indevoção cívica, curvados montanha acima pelo peso incomensurável de seus egos pedregosos. E aos êmulos descrentes de toda fé, fantasmas ao desabrigo do medo, néscios militantes de causas perdidas, enclausurados no labirinto de suas próprias artimanhas.

Feliz Natal a quem voa sem asas, molda em argila insensatez e faz dela jarro repleto de sabedoria, e aos que jamais vomitam impropérios porque sabem que as palavras brotam da mesma fonte que abastece o coração de ternura.

Feliz Natal aos que sobrevoam abismos e plantam gerânios nos canteiros da alma, vozes altissonantes em desertos da solidão, arautos angélicos cavalgando motos no trânsito alucinado de nossas indomesticáveis cobiças.

Feliz Natal a todos que, ao longo deste ano, dedicaram minutos de suas preciosas existências a ler as palavras que, com amor e ardor, teço em artigos e livros. O Menino Deus transborde em seus corações.

Frei Betto é escritor, autor de “A menina e o elefante” (Mercuryo Jovem), entre outros livros.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A volta de Jesus

Frei Betto

Sem chamar a atenção, Jesus voltou à Terra em dezembro de 2010. Veio na pessoa de um catador de material reciclável, morador de rua. Comia prato feito preparado por vendedores ambulantes ou sobras que, pelas portas do fundo, os restaurantes lhe ofereciam.
Andava sempre com uma pomba pousada no ombro direito. Na porta de um teatro, estranhou o modo como as pessoas bem vestidas o encaravam. Lembrou que, na Palestina do século 1, sua presença suscitava curiosidade em alguns e aversão em outros, como fariseus e saduceus.

Agora predominava a indiferença. Sentia-se, na cidade grande, um Ninguém. Um ser invisível.

Ao revirar latas de lixo à porta de uma faculdade, nenhum estudante ou professor o fitou. "Fosse eu um rato a remexer no lixo, as pessoas demonstrariam asco,” pensou. Agora, nada. Nem o percebiam. Ou consideravam absolutamente normal um homem andrajoso remexer o lixo.


A anatomia de um escândalo zumbi

Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania

Devido à resistência da imprensa a se aprofundar em um dos escândalos mais clamorosos de que se tem notícia, ainda falta muito para que amaine a tempestade de reportagens e análises de jornalistas independentes, de blogueiros, de tuiteiros, de facebookers e de assemelhados sobre um escândalo que do ponto de vista dos valores envolvidos e da gravidade dos crimes cometidos pode ser considerado o maior escândalo de corrupção da história brasileira e um dos maiores do mundo.

À diferença do que pode parecer, porém, não se irá tratar, aqui, do escândalo preferido da imprensa brasileira, o dito “escândalo do mensalão”, cujos valores envolvidos, independentemente da veracidade – ou não – da tese de que se tratou de suborno de parlamentares pelo governo federal, não pode sequer ser comparado ao escândalo que brotou do Programa Nacional de Desestatização (PND), instituído no governo Fernando Collor a partir de 1991 e incrementado pelo primeiro governo Fernando Henrique Cardoso.

Para que se entenda a razão de tal afirmativa, basta lembrar que, de 1991 até 2000, o conjunto de privatizações nas telecomunicações, nos setores elétrico, petroquímico, de mineração, portuário, financeiro, de informática, de malhas ferroviárias e de empresas estatais dos Estados gerou receita total de 91,1 bilhões de dólares.

Se o critério para um grande escândalo de corrupção, portanto, for a quantidade de dinheiro envolvido, as denúncias que envolvem o programa brasileiro de privatizações constituem, sem dúvida, o maior da história do país. E o que é mais grave: pode ter sido empreendido por uma quadrilha formada por grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros, por políticos e até por grandes meios de comunicação nacionais, o que lhes explica a reticência em tocar no assunto.

O ano em que um livro desmascarou a imprensa

privatariatucana blogs21 O ano em que um livro desmascarou a imprensaRicardo Kotscho

"Se a Gazeta Esportiva não deu, ninguém sabe o que aconteceu".
(Slogan de um antigo jornal de São Paulo, nos tempos pré-internet, que ainda inspira muitos jornalistas brasileiros).
***
Daqui a cem anos, quando os historiadores do futuro contarem a história da velha mídia brasileira, certamente vão reservar um capítulo especial para o que aconteceu em 2011.

Foi o ano em que um livro desmascarou o que ainda restava de importância e influência da chamada grande imprensa na formação da opinião pública brasileira.

O suicídio coletivo foi provocado pelo lançamento de um livro polêmico, A Privataria Tucana, do premiado repórter Amaury Ribeiro Júnior, com denúncias sobre o destino dado a bilhões de reais na época do processo de privatização promovido nos anos FHC.

Como envolve personagens do alto tucanato em nebulosas viagens de dinheiro pelo mundo, o livro foi primeiro ignorado pelos principais veículos do país, com exceção da revista "Carta Capital" e dos telejornais da Rede Record; nos dias seguintes, os poucos que se atreveram a tocar no assunto se limitaram a detonar o livro e o seu autor.

Sem entrar no mérito da obra, o fato é que, em poucos dias, A Privataria Tucana alcançou o topo dos livros mais vendidos do país e invadiu as redes sociais, tornando-se tema dominante nas rodas de conversa do Brasil que tem acesso à internet.


A CPI que pode levar tucanos à cadeia

Por Kerison Lopes

Um dia histórico para o país. Nesta quarta-feira (21), o deputado Protógenes Queiroz protocolou junto ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o requerimento para a instalação da CPI da Privataria Tucana. “A Câmara hoje se mobiliza atendendo a um apelo popular muito forte, através principalmente das redes sociais”, comentou Protógenes.

“Começou como CPI da Privataria, mas muitos já estão chamando de CPI da Cidadania, pois é uma CPI pluripartidária, com assinaturas de todos os partidos. Muitos deputados da oposição assinaram porque também se disseram surpreendidos com as revelações do livro”, informou o deputado comunista.

Foram colhidas 206 assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que pretende investigar um grande esquema de corrupção ocorrido durante o processo de privatizações das estatais no governo de Fernando Henrique Cardoso.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal: Jesus ou Papai Noel?

Frei Betto

Aproxima-se o Natal. Curioso como, numa sociedade tão laicizada como a nossa, na qual predomina a tendência de escantear a religião para a esfera privada, uma festa religiosa ainda possa constituir um marco no calendário dos países do Ocidente.

Há nisso uma questão de fundo: o ser humano é, por natureza, lúdico e sociável, o que o induz a ritualizar seus mais atávicos gestos, como alimentar-se ou se relacionar sexualmente. Além de elaborar, condimentar e enfeitar sua comida, o que nenhum outro animal faz, o ser humano exige mesa e protocolo, como talheres e a sequência prato forte e sobremesa.

No sexo, não se restringe ao acasalamento associado à procriação. Faz dele expressão de amor e o reveste de erotismo e liturgia, embora o pratique também como degradação (prostituição, pornografia e pedofilia) e violência (jogo de poder entre parceiros).


Prece do Ó / Romaria

Dani Lasalvia, Renato Braz e Dércio Marques


“Meu Santo Antonio do Categeró
De Nossa Senhora do Ó
Faça com que os homens se entendam
Dentro de um mundo só
Que gorgeieim todos seus cantos
Como numa língua só
E que cada palavra tenha
O dom de um sentido só
E que todos sejam um só
Sintam a alma numa alma só
Toda a boca no pó
O céu comum, o chão comum
E ninguém estará mais só
Dentro de um mundo só
Canarinho e o noitibó
Cantarão juntos, mas só
Quando a manhã vier
E a manhã for uma só
Santo do Categeró
Alma que desata os nós
Na Igreja de Nossa Senhora do Ó
Meu santo tão preto
E só por ser preto
Faça da estrela d’alva um amor só
Não pela cor negra da pele
Mas pelo sangue cor de um sangue só
Rubra cor nas mesmas feridas
Rubra as rosas feridas
Nem orgulho e nem dó
Que seja uma coisa só
Nem Aga-Khan  e nem Jó
Que seja uma coisa só
Nascemos de um elo só
Meu santo Antônio do Categeró”

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Decretos de Natal

Frei Betto

Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus.


Paralamas do Sucesso e Zé Ramalho

Mormaço


domingo, 18 de dezembro de 2011

O silêncio que desmoraliza a Globo

Uma semana depois do lançamento do livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., não se viu nenhuma reação da emissora da família Marinho. Enquanto até os mais apaixonados defensores dos tucanos na imprensa já esboçaram algum tipo de reação, evidentemente tentando desqualificar as provas publicadas no livro, a TV Globo preferiu ignorar o best-seller e dar um tempo na sua pauta moralista sem, no entanto, estancar o denuncismo contra o Governo Federal.

Essa parcialidade explícita, comandada pelo diretor Ali Kamel, tem custado caro à emissora. Nesta mesma semana, enquanto a popularidade da Presidenta Dilma bateu novo recorde, o Ibope da TV Globo continua registrando queda de audiência. O jornalismo partidário do JN, que já atingiu índices de audiência acima de 50%, patina agora em torno de 30%.

Mas em algum momento, não será mais possível esconder a verdade. A TV Gazeta noticiou, a TV Record noticiou, a TV Bandeirantes noticiou, até a Folha e o Estadão noticiaram. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT/PE) ecoou as denúncia do livro na tribuna e o senador serrista Aloysio Nunes (PSDB/SP) reagiu. Na internet é o assunto político do momento e as vendas do livro continuam revelando um verdadeiro fenômeno, O deputado Protógenes já conseguiu mais do que as 171 assinaturas necessárias para a criação de uma CPI e até o ex-presidente FHC já clamou por uma reação que defenda seu governo da roubalheira revelada, com provas, no livro. Tudo isso acontecendo, e a TV Globo sonegando estas informações ao telespectador.

Parece que a emissora, criada e consolidada sob a ditatura militar, ainda não percebeu que o partidarismo assumido pode levá-la a se amparar apenas em um gueto de telespectadores que compartilham de suas manipulações.

Choque de Decepção: "Privataria Tucana" decepciona admiradores dos tucanos

Por Zé Augusto

O editor do livro “A Privataria Tucana”, Luiz Fernando Emediato, deu entrevista ao portal Band (que também rompeu o silêncio, inclusive na TV).

Ele disse que “Para um admirador do Serra e dos tucanos, é decepcionante. É como a revelação dos crimes de Stálin (ex-ditador da antiga União Soviética) para os comunistas".

Em outras palavras, quem achava que tucano era choque de gestão, teve um choque de decepção.
O choque é grande porque as provas são irrefutáveis e foram todas checadas antes, segundo o editor:

“Fiz questão de obter todas as cópias originais dos documentos, que saíram de cartórios, autenticados e com firma reconhecida...

... Antes de publicar, consultei três advogados e um membro do Ministério Público. Eles me disseram que são provas irrefutáveis...

...Já vejo pessoas tentando desqualificar o autor, a editora e minha pessoa. Mas digo: ‘leia o livro e venha falar com a gente depois’. São 200 páginas de textos e mais 140 páginas de provas documentais".

Natal, singelos propósitos - Frei Betto

Por Frei Betto
Neste Natal, guardarei em caixas bem fechadas o que me transmuta naquele que não sou: a inveja, o ciúme, a sede de vingança e todos os ressentimentos que me corroem as vísceras. Lacradas as caixas, atirarei todas nas profundezas do mar do olvido.
 
 
Neste Natal, esvaziarei o escaninho de minhas torpes intenções; as gavetas de tantas vãs ilusões; os armários de compulsivas ambições. De pés descalços, trilharei a senda saudável de uma existência modesta, por vezes solitária, sempre solidária.
 
 
Não darei ouvidos ao crocitar dos corvos em minhas janelas, nem ficarei indiferente às aquarelas pinceladas pela dor alheia e manterei vedada a chaminé à entrada consumista de Papai Noel.
 
 
Tecerei, com as agulhas do acalanto e os fios invisíveis do mistério, o tapete promissor dos sonhos que me fomentam o entusiasmo. Recolherei as bandeiras da altivez militante e, numa caneca de barro, derramarei singelos propósitos: refrear a língua de maldizer outrem; reconhecer as próprias fraquezas; exercer a difícil arte de perdoar. Sorverei de um só gole até inebriar-me de compaixão.
 
 
Armarei, na varanda de casa, uma árvore de Natal cujo tronco será da mesma madeira que os princípios que me norteiam os passos; os galhos, as sedutoras vias às quais ousei dizer não; as flores, a paz colhida ao enclausurar-me no silêncio interior; os frutos, essa esperança-lagarta que insiste em metamorfosear-se em utopia sobrevoando o pessimismo que me assalta.
 
 
Aos pés de minha árvore deixarei vazios os sapatos de minhas erráticas peregrinações ao mundo inconsútil dos apegos que me sonegam o que a vida melhor oferece: a experiência amorosa de transcendê-la. Ao lado, minha lista de pedidos: a leveza imponderável da meditação; o dom de respeitar o limite das palavras; a felicidade de saciar-me na brevidade dos meus dias.
 
 
Neste Natal, montarei no canto da sala o presépio de minhas inquietudes. No lugar de franciscanos animais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos; como são José, um árabe fiel ao Corão; Maria, uma jovem judia semelhante à de Nazaré; Jesus, a criança africana carcomida pela fome.
 
 
Tragam os reis magos três oferendas: o ramo de oliveira preso ao bico da pomba que anunciou a Noé o fim do dilúvio; a brisa suave que soprou sobre Elias; o pão repartido na estalagem de Emaús.
 
 
Não celebrarei liturgias solenes em dissonância com o glória cantado pelos anjos do presépio; não me fartarei em ceias pantagruélicas enquanto o Menino se abriga ao relento num cocho; nem darei presentes que me doem no bolso e no coração, embalados em falsos sentimentos.
 
 
Sim, me farei presente lá onde a família de sem-teto, escorraçada de Belém, ocupa um pedaço de terra nas cercanias da cidade para que do ventre de Maria brote a certeza de que a justiça haverá de brilhar como a estrela de Davi.
 
 
Neste Natal, serei todo orações, dançarei ao som das cítaras do reino de Salomão, sairei pelas ruas cantarolando salmos, despirei todos os adereços de neve e, neste país tropical, deixarei que o sol pouse em minha alma.
 
 
Colherei as lágrimas dos desesperados para regar meu jardim de girassóis e arrancarei os impropérios da boca dos irados para revogar a lei do talião. Nos becos da cidade, celebrarei com os bêbados, os mendigos, as prostitutas, a quem tratarei por um único nome: Emanuel. E, num grande circo místico, buscarei com eles a resposta à pergunta que jamais se cala: “O que será que será que cantam os poetas mais delirantes e que não tem governo nem nunca terá?”
 
 
Neste Natal, rogo a Deus ressuscitar a criança escondida em algum recanto de minha memória, a que um dia fui, menino que sabia confiar e, desprovido do pudor do ócio, livre das agruras do tempo, era capaz de imprimir fantasias coloridas ao lado obscuro da vida.
 
 
Quero um Natal de brindes à alegria de viver, hinos à gratidão da fé, odes à inefável magia da amizade. Natal cujo presépio seja o meu próprio coração, no qual o Menino Jesus desfaça laços e faça desabrochar todo o amor que se oculta nos sombrios porões do meu ego.
 
 
*Frei Betto é escritor, autor de A arte de semear estrelas(Rocco) entre outros livros.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Manchetes de Natal

Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP) e Presidente da Cáritas Brasileira
 
 
Pelas manchetes dos grandes jornais, ficamos sabendo das notícias importantes do dia. Assim ao menos parece. E se não for verdade, a própria manchete vira noticia. Vira verdade, porque divulgada pelos grandes meios de comunicação. A versão do fato vira o fato.

Quais serão as manchetes dos grandes jornais no Natal deste ano? Ou dizendo de outra maneira, o que convém divulgar no Natal, para que se torne notícia importante?

Que Jesus nasceu em Belém, parece manchete já desgastada. Ao menos já não ajuda para causar impacto positivo no mercado.

Mas não deixa de ser interessante a diferença de critérios para classificar a importância das noticias. Pois o "Evangelho”, como "Boa Notícia”, continua produzindo manchetes. E quais seriam estas manchetes, para termos neste Natal um noticiário consistente?
O próprio Jesus nos dá as dicas.

Tomemos o relato de Lucas, o "repórter” que melhor descreveu os acontecimentos relativos ao nasscimento de Jesus em Belém de Judá. Segundo ele, a maior notícia do mundo tinha passado desapercebida aos olhos dos escribas e sacerdotes de Jerusalém, e também dos habitantes de Belém.

Todos estes tinham dormindo tranqüilos na noite de Belém. Perderam a maior manchete, de validade permanente em todos os tempos. E assim deixaram de ser protagonistas da maior notícia que o mundo até hoje pode receber, formulada de tantas maneiras, mas todas elas contendo esta verdade tão importante: "De tal modo Deus amou o mundo, que enviou o seu Filho Unigênito, não para condenar o mundo, mas para salvar o mundo!”.

Pois bem, quais são as manchetes sugeridas pelo próprio Jesus, ele mesmo vítima do silêncio da grande imprensa?
Segundo a reportagem de Lucas, João Batista, intrigado com a falta de notícias a respeito daquele que ele mesmo tinha apontado como o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, mandou dois dos seus discípulos para perguntar a Jesus: "És tu aquele que deve vir, ou devemos esperar por outro?”

Percebemos como a falta de notícias tinha produzido uma angústia tão grande em João, que entrou em crise de fé.
Ainda de acordo com Lucas (Lc 7, 19-23), Jesus não desfez a crise de João. Só deu pistas para ele próprio sair da crise. E aí encontramos as verdadeiras manchetes sugeridas por Jesus. Lucas insiste em dizer que, "nesta hora, Jesus curou de doenças e de enfermidades a muitas pessoas, e fez muitos cegos recuperarem a vista”.

Depois, em cima dos fatos, propôs as manchetes a serem levadas a João: "Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os surdos ouvem, os paralíticos andam, os leprosos são limpos, os mortos ressuscitam, e a Boa Notícia é anunciada aos pobres. E feliz quem não se escandaliza de mim”.

Pois bem, que salvador é este que perde tempo com os estropiados da vida?

Na verdade, as pequenas ações, sinais verdadeiros da chegada do Reino de Deus, ainda continuam fora das manchetes oficiais.

Mas com certeza, se fizermos pequenos gestos de bondade e de misericórdia, mesmo que não sejam divulgados, estaremos também participando do maior evento da história, e com Jesus seremos protagonistas do seu reino, que não vem de forma ostensiva, mas se mostra por pequenos sinais, que estão ao nosso alcance.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

E agora José?

O país passou mais de oito anos assistindo um grupo de políticos emplumados, invocando para si a bandeira da ética, da decência e da moralidade. Durante todo este período, misturaram fatos com leviandades, confundindo parte significativa da população e tentando passar a impressão de que, à excessão deles, todos são corruptos. Tudo isso com uma cumplicidade escandalosamente parcial e criminosa da grande imprensa. Qualquer reação aos ataques era imediatamente taxada como atentado à liberdade de expressão.
Pois bem, o tempo passou e a "casa caiu". Foram, enfim, desmascarados.

Há muito tempo questiona-se onde foi parar o dinheiro da privatização do governo FHC. Agora, o livro “A Privataria Tucana” dá uma pista de onde foi parar parte desse dinheiro.

A vitória parcial é dos "doidos" e "sujos"

por Rodrigo Vianna

A “Folha” levou uma semana para falar no livro de Amaury. Talvez esperasse as orientações do “comitê central”. As orientações parecem ter chegado sem muita clareza. O jornal da família Frias, num texto opaco que nenhum jornalista teve coragem de assinar, levanta suspeita não contra Serra e sua turma de especialistas em “offshore” – mas contra o premiado repórter Amaury Ribeiro Jr.

A faxina necessária: até Bóris Casoy cobra investigação

Livro de jornalista pode acabar em CPI


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Paulo Henrique Amorim entrevista o autor do livro que mostra como o Brasil foi roubado nas privatizações


O autor do livro fala, em entrevista a Paulo Henrique Amorim, quem é quem na quadrilha que promoveu a maior roubalheira da história do Brasil.



Protógenes: CPI da Privataria pode passar de 200 assinaturas

Kerison Lopes
Protógenes com Privataria TucanaDeputados de todos os partidos estão assinando

“Ainda nesta quarta-feira podemos passar de 200 assinaturas para a criação da CPI da Privataria Tucana”, é o que informa o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), em entrevista para o Vermelho. Animado com a receptividade da proposta entre os deputados, o parlamentar comemora até a adesão de deputados tucanos, como Nelson Marchezan (PSDB-RS) e Fernando Franceschini ( PSDB-PR), que assim como Protógenes, é delegado da Polícia Federal.

O mínimo para a instalação de uma CPI é 171 assinaturas. Depois disso, depende da presidência da Casa a sua efetivação. Nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), garantiu para Protógenes o seu apoio para a instalação.

Deputados de todos os partidos estão assinando, informa Protógenes. “O apoio é geral, a cada momento recebo não só assinaturas, mas incentivo de deputados que estão acompanhando pelas redes sociais a repercussão do caso”.

Tucanos
Protógenes considera um absurdo a velha mídia não publicar praticamente nada sobre o lançamento do livro e ficar em silêncio diante das denúncias. “Vamos ver se vão cobrir a CPI que vamos instalar aqui na Câmara. Não vão mais fingir que nada está acontecendo”, comenta o parlamentar.

Sobre os parlamentares tucanos que assinaram, Protógenes informou que, “eles disseram que apóiam a iniciativa porque se houve irregularidades, tem que realmente serem apuradas e os verdadeiros culpados punidos”.

De Brasília,
Kerison Lopes

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dois bons negócios

Os bons negócios do JP Morgan com Verônica Serra e com o homem da Citco, a empresa do Caribe
Vamos contar duas histórias, que estão à espera do nosso famoso “jornalismo investigativo”.

Apenas fatos e documentos, sem qualquer ilação.

BOM NEGÓCIO N°1:

No dia 1° de fevereiro deste ano, a edição digital do jornal Monitor Mercantil publicou:

A One Equity Partners (OEP), braço de investimentos do banco J.P.Morgan, acertou a aquisição de 50% do Portal de Documentos, empresa brasileira que fornece soluções de gestão integrada nos serviços de cobrança de crédito”

Cinco dias antes, a Portal de Documentos, até então uma empresa limitada, com capital social de R$ 200 mil, transformara-se em Sociedade.

Naquele 1° de fevereiro, a Portal de Documentos realiza uma assembléia, mas não há transferência de cotas para a OEP ou para o JP Morgan.

Há, porém a eleição de dois cidadãos americanos como conselheiros administrativos: Bradley J.Coppens e Christian (que está grafado como Christina na Junta Comercial) Patrick Raymond Ahrens, ambos diretores da empresa de investimentos ligada ao JP . Amos fornecem CPF errado e indicam como residência Strawinskylaan 1135, NL-1077, a sede do JP Morgan na Holanda, embora o banco possua uma aqui, e muitos negócios no Brasil, como a compra, em outubro de 2010, da Gávea Investimentos, de Armírio Fraga, ex-presidente do BC no Governo FHC.
Na mesma assembléia, Bradley e Arhens nomeiam sua procuradora com plenos poderes.
A Sra. Verônica Allende Serra.

 BOM NEGÓCIO N°2:

Era uma vez três empresas modestas.
A Dernamo Participações Limitada, a mais rica de todas, com capital social de R$ 1.000,00 e duas outras, bem modestas, a Gurham Participações Ltda. e a Hemath Participações Ltda, cada das duas com R$ 100 (cem reais, não cem mil) de capital registrado.

Todas foram criadas por um escritório de despachantes, o Serpac – Serviços Paralegais e Contábeis – atualmente chamada TMF – que, criado em 2007 com capital de R$ 100 mil, pulou para mais de R$ 820 mil em em 2009.

Mas voltemos às três empresinhas.
Em junho de 2009, o J.P. Morgan Trustee and Depositary Company , de Londres, compra 99% da Dermano, por R$999. Em março de 2010, faz o mesmo com a Gurham e com a Hemath, pagando 99 reais por cada uma.

E aí, quem é nomeado administrador da empresa, que passa a chamar-se Select Brazil Investimentos Imobiliários?

Sim, ele, o multihomem, José Tavares de Lucena, que é o representante brasileiro da Citco do Caribe e gestor das empresas de Paulo Henrique Cardoso, o PHC (FILHO DO FHC): a Radio Holdings e a Rádio Itapema, a famosa Rádio Disney, em sociedade com a Walt Disney Corporation, sob o nome de ABC Venture Corp.

Com ele, o outro administrador da rádio PHC, Jobiniano Vitoriano Locateli.
E aí a empresa é capitalizada em mais de R$ 18,9 milhões!

A mesma coisa aconteceu com a Ghuram e a Hemat, mas em escala ainda maior. Dos R$ 100 de capital social que cada uma tinha, passou-se, de uma só tacada, para R$ 57.134.999,00 na Ghuram e para R$ 54.977.782,00 na Hemath.

Que destino será que tomaram estes mais de R$ 130 milhões vindos de fora,justo em 2010?
As três empresas são renomeadas, neste processo, como Select Brazil Investimentos Investimentos Imobiliários – I, II e III – e cada uma tem um real (isto mesmo, R$ 1) de participação da Select Brazil Nominee Limited, com sede em Londres, mais precisamente no escritório de advocacia Addleshaw Goddard & Co ., se estiver correto o endereço fornecido.

Dois contadores, diga-se, que vivem em casas modestas, considerando que o primeiro é administrador, diretor ou conselheiro de 66 empresas e o segundo de 204 empresas, a grande maioria com participação de capital estrangeiro.

PS:os documentos, que é só clicar e ampliar e todas as informações societárias foram obtidas dos arquivos online da Junta Comercial de São Paulo. São públicos. Basta fazer o cadastro e pesquisar. Ou isso será pedir muito ao “jornalismo investigativo”?

100 mil bolsas de estudo para o exterior

Objetivo do intercâmbio educacional é estimular o aperfeiçoamento acadêmico dos estudantes, abrangendo todas as classes sociais"

Redação, Rede Brasil Atual

Em parceria dos ministérios da Educação e Ciência, Tecnologia e Inovação, a presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (13), em Brasília, edital com oportunidade de mais 100 mil bolsas de estudo no exterior dentro do Programa Ciência sem Fronteiras, lançado em julho e gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq). A iniciativa de enviar estudantes para aprendizado em outros países, segundo a presidenta, corrige as diferenças sociais e dá as mesmas oportunidades para todas as classes.

São 75 mil bolsas financiadas pelo governo e 25 mil obtidas em parceria com empresas, como Petrobras e Vale. "Considero um dos grandes programas do meu governo", disse Dilma, ao considerar que a questão é "essencial" para os brasileiros. A presidenta ressaltou que, apesar de o país ter várias riquezas naturais e uma agricultura produtiva, o Brasil irá precisar em breve de homens e mulheres capazes de produzir conhecimento. As áreas prioritárias das bolsas são das ciências básicas, como matemática, física, química e biologia, com ênfase nas engenharias.”

A única cobertura do livro mais vendido do Brasil na grande imprensa

Jornal da Record News fala sobre o livro "Privataria Tucana"




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A inútil "moralidade" seletiva da mídia

O que faria uma pessoa abrir uma empresa num paraíso fiscal?

Imagine se a filha ou o genro de Dilma Rousseff o fizessem?

Ou se este genro de Dilma Rousseff repassasse, desde uma empresa (sua) nas Ilhas Virgens uma bolada de dinheiro para outra sua empresa no Brasil e, acionado por dívidas previdenciárias, não tivesse nem mesmo um automóvel em seu nome para ser penhorado?

Ou se a filha da Presidenta estivesse respondendo na Justiça pela quebra do sigilo bancário de 60 milhões de pessoas, por acesso indevido aos cadastros do Banco do Brasil?

Ou se um diretor do Banco do Brasil comprasse, por operações cruzadas, praticamente uma prédio inteiro da Previ, caixa de previdência dos funcionários?

Tudo isso aconteceu e está documentado no livro de Amaury Ribeiro Júnior, com uma única diferença.
Os parentes eram de José Serra, não de Dilma Rousseff.


A maior roubalheira da história do país

Jorge Furtado, em seu blog:

Terminei de ler o extraordinário trabalho jornalístico de Amaury Ribeiro Jr., “A Privataria Tucana”, (Geração Editorial), o livro mais importante do ano. Para quem acompanha a vida política do país através de alguns blogs e da revista Carta Capital, não há grandes novidades além dos documentos que comprovam o que já se sabia: a privatização no Brasil, comandada pelo governo tucano, foi a maior roubalheira da história da república.


Ophir sofrerá impeachment na OAB?

Por Altamiro Borges

A vida é cruel! Ophir Cavalcante, presidente da Ordem dos Advogados dos Brasil, ganhou os holofotes da mídia nos últimos meses por sua ativa militância em favor da “faxina” no governo Dilma. Ele chegou a convocar e participar das chamadas “marchas contra a corrupção”. Agora, porém, ele é alvo de pesadas denúncias no interior da própria OAB e pode até sofrer impeachment no cargo.

Segundo o sítio Brasil 247, “o pleno do Conselho Federal da OAB, com seus 81 representantes, está reunido hoje (12) em Brasília para discutir, entre outros assuntos, um tema delicado: o afastamento de Ophir Cavalcante da presidência da entidade. Este é um pedido feito por advogados do Pará, cuja seccional da OAB está sob intervenção desde outubro”.

Prejuízos ao erário público

Os advogados paraenses Eduardo Imbiriba de Castro e João Batista Vieira dos Anjos acusam Ophir de usufruir ilegalmente, desde 2001, de licença não remunerada da Universidade Federal do Pará (UFPA), da qual é professor de Direito. Antes, ele já havia sido acusado por ter recebido, também nos últimos dez anos, R$ 1,5 milhão, irregularmente, como procurador licenciado do Estado.


domingo, 11 de dezembro de 2011

Um remédiio contra a hipocrisia

O jornalista Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial disse que o livro do Amaury Ribeiro Jr., a Privataria Tucana é um remédio contra a hipocrisia.

Por Leonardo Attuch, no sítio Brasil 247:
“A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior, é um livro polêmico, escrito por um jornalista não menos polêmico, mas certamente competente no que faz. Ex-repórter especial da revista Istoé e do jornal O Globo, Amaury já faturou vários prêmios Esso, que foram celebrados por seus colegas e patrões. Na campanha presidencial de 2010, Amaury caiu em desgraça, acusado de tentar comprar dados de familiares de José Serra protegidos por sigilo fiscal. Neste fim de semana, o jornalista vive sua redenção pessoal. É ele o autor do maior fenômeno editorial brasileiro dos últimos anos. Um livro, que, embora boicotado pelos veículos tradicionais de comunicação, vendeu 15 mil exemplares em um dia, sendo disputado nas livrarias como pão quente.

Por trás desse sucesso, há o dedo de um editor não menos polêmico e também muito competente. É o jornalista Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, que tem estendido a mão a repórteres dispostos a contar boas histórias. Recentemente, ele emplacou grandes sucessos de cunho político, como “Memória das Trevas”, sobre Antônio Carlos Magalhães, vulgo Toninho Malvadeza, e “Honoráveis Bandidos”, sobre a família Sarney, escrito por nosso nobre colaborador Palmério Doria.

Emediato falou ao 247 sobre o desempenho comercial de “A privataria tucana”. E também revelou que o ex-governador paulista agiu para evitar a publicação.


Guerra Aécio/Serra abriu a caixa preta da "privataria"

 
Guerra Aécio/Serra abriu a caixa preta da Foto: Divulgação
 

Livro “A Privataria Tucana” nasceu do pedido de Aécio Neves para que o jornal Estado de Minas investigasse o rival José Serra; escrito pelo jornalista investigativo Amaury Ribeiro Júnior, o livro revela como o ex-governador paulista, seus operadores, seu genro e até sua própria filha enriqueceram com a venda de estatais


247 – O livro mais anunciado, comentado e aguardado por aqueles que se intitulam “blogueiros sujos” está nas livrarias. Escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, a obra “A Privataria Tucana” vem sendo anunciada desde a campanha presidencial de 2010, quando Amaury se tornou personagem da história, ao ser acusado de quebrar o sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do então candidato José Serra. O episódio fez com que Fernando Pimentel, hoje em seu inferno astral, perdesse espaço na campanha para os paulistas liderados por Rui Falcão e Antonio Palocci. Amaury submergiu e se dedicou a concluir seu livro, lançado nesta sexta-feira pela Geração Editorial, do jornalista Luiz Fernando Emediato. É um trabalho que traz revelações importantes sobre a era das privatizações, expõe de forma clara o tráfico de influência comandado por Serra e seus operadores, especialmente o tesoureiro Ricardo Sérgio de Oliveira, e revela ainda como uma guerra interna no ninho tucano deu origem a toda essa história. Ex-repórter do Estado de Minas, que lutava para emplacar Aécio Neves como presidenciável, Amaury recebeu a encomenda de investigar a vida de José Serra. O resultado são as 343 páginas de “A Privataria Tucana”.

Em 2009, Aécio e Serra disputavam a indicação tucana para concorrer à presidência. O mineiro defendia prévias e o paulista se colocava como “o primeiro da fila”. Amaury, que vivia em Belo Horizonte, foi chamado por seus patrões para a missão quando o Estado de S. Paulo publicou um texto intitulado “Pó pará, governador?”, um tanto estranho para os padrões austeros da família Mesquita, pois, já no título, insinuava que Aécio seria um cocainômano – e que, portanto, não poderia sonhar com a presidência. A partir daí, veio a resposta mineira. Segundo Álvaro Teixeira da Costa, dono do Estado de Minas, São Paulo não deveria mexer com Minas, pois os mineiros também saberiam lutar.
Amaury recebeu a encomenda e disse aos patrões que a fragilidade de Serra residia nas privatizações. E assim começou a investigá-lo, bem como a seus principais operadores: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil, e Grégorio Marin Preciado, casado com sua prima. No meio do caminho, Amaury descobriu as contas usadas por Ricardo Sérgio, Gregório e até pela filha de Serra, Verônica, e por seu genro, Alexandre Bourgeois.

Eis algumas das revelações do livro:

Livro de jornalista acusa Daniel Dantas de pagar propina a tucanos

Do Terra Magazine

O livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, anuncia e promete, com documentos, comprovar pagamentos de propinas durante o processo de privatizações no Brasil, num esquema de lavagem de dinheiro com conexões em paraísos fiscais que, de acordo o autor, une membros do PSDB, como o ex-ministro da Saúde e ex-governador paulista José Serra, ao banqueiro Daniel Dantas.
As denúncias chegam às bancas neste fim de semana. No livro e como tema de capa da revista CartaCapital. Em entrevista a Terra Magazine, Ribeiro Jr afirma ter rastreado o dinheiro. "Esses tucanos deram uma sofisticação na lavagem de dinheiro. Eram banqueiros, ligados ao PSDB", acusa. "Quem estava conduzindo os consórcios das privatizações eram homens da confiança do Serra", acrescenta.
"É um saque (financeiro) que eles fizeram da privatização brasileira. Eles roubaram o patrimônio do País, e eu quero provar que eles são um bando de corruptos", dispara Ribeiro Jr. "A grande força desse livro é mostrar documentos que provam isso".
Durante a corrida presidencial de 2010, Ribeiro Jr foi indiciado pela Polícia Federal, acusado de participar de um grupo que tentava quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos.
Por três vezes, Terra Magazine fez contato com a assessoria de Serra na tarde e no início de noite desta sexta-feira (9) em busca de ouvir o ex-governador de São Paulo a respeito das denúncias. Às 20h, a reportagem recebeu a resposta de que Serra não se pronunciaria a respeito.
Confira a entrevista com o autor de A Privataria Tucana.