quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Marina e Eduardo Campos: a mistura de água e óleo


No final do ano passado a união dos dois ex-ministros do governo Lula gerou grande impacto no cenário político, prometendo mudar radicalmente o  quadro eleitoral.

Marina e Eduardo Campos sempre foram fiéis aliados de Lula, participaram e defenderam o governo nos momentos mais difíceis, inclusive no período do mensalão. Buscaram se credenciar para dar continuidade ao projeto iniciado pelo ex presidente, mas foram preteridos. Nenhum dos dois nunca ousaram criticar Lula, mas passaram a ser críticos do governo Dilma em momentos diferentes. Primeiro a Marina, que já vinha enfrentando duros embates com Dilma quando ainda eram colegas de ministério. Quando Lula escolheu Dilma para sucedê-lo, Marina preferiu buscar um caminho próprio. Eduardo Campos, por sua vez, apoiou a eleição de Dilma, mas sentindo que a promessa de apoio para 2018 não era consistente, preferiu também alçar voo próprio.

Com a tentativa frustrada de registrar o partido Marina viu na aliança com Campos a oportunidade de se manter como um dos principais atores na eleição. Campos viu na aliança com Marina a oportunidade de alavancar seu nome, surfando na boa popularidade da ex ministra.

Parecia um casamento perfeito, capaz de ameaçar a polarização PT-PSDB. Acontece que muitas vezes só se conhece realmente o parceiro depois do casamento. E é aí que a “porca torce o rabo”.

Marina e Eduardo Campos têm estilos e valores muito diferentes. Enquanto Marina prega e deseja uma “nova política”, uma maneira mais programática de estabelecer alianças e um discurso mais preservacionista que a afasta do agronegócio, o Eduardo Campos tem o mesmo pragmatismo que sempre marcou a política nacional. Eduardo Campos governou Pernambuco na base do toma lá dá cá, repetindo velhas práticas e vícios. Já vinha negociando com representantes do agronegócio, particularmente com setores da velha UDR e estava prestes a fechar alianças estaduais com forças reacionárias, explicitamente repudiadas por Marina e sua Rede.

O coerente veto de Marina a aliança já acertada do PSB com Alckmin em São Paulo parecia ser a última trombada entre a Rede e o partido do governador de Pernambuco. Prevalecendo esse veto, os “socialistas” esperavam que Marina já anunciasse a composição como vice na chapa de Campos e que as brigas “conjugais” tivessem um fim. Ocorre que agora, a Rede decidiu peitar também a aliança do PSB com o PSDB em Minas. Num esforço para tentar manter a coerência, a Rede divulgou nota afirmando a importância de acabar com o ciclo tucano tucano em Minas. Esse posicionamento da Rede pode reacender o pavio de uma relação que vem se desgastando rapidamente, pois o PSB dificilmente abrirá mão das tetas mineiras em nome da coerência. 

Embora Campos esteja caminhando a passos mais largos em direção aos tucanos do que em direção a Marina, é certo que os dois estão condenados a levar esse conturbado casamento até as eleições. Não há como nenhum dos dois voltar atrás. Dificilmente Marina encontrará uma maneira de não aceitar o posto de candidata a vice na chapa de Campos. Mas até que ponto essas graves e explícitas divergências dificultarão a decolagem do pernambucano? Eles conseguirão aparar suficientemente as arestas para se apresentarem como alternativa confiável ao país?

Por enquanto os dois mais parecem água e óleo, com visões e concepções completamente antagônicas e contraditórias. Ninguém até hoje conseguiu misturar essas duas substâncias, será que a política conseguirá essa proeza?

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Criticar gastos da Copa é importante, sabotá-la é crime

Porque a campanha “não vai ter Copa” é irresponsável?
Miguel do Rosário
turismo
O gráfico acima foi tirado de estudo da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a consultoria Ernst & Young, cuja íntegra pode ser lida aqui.
Para me poupar o trabalho de resumir os números apresentados pelo estudo, transcrevo trecho de post de hoje de Eduardo Guimarães, do blog Cidadania, que já fez o serviço:
Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a renomada empresa de consultoria Ernst & Young para o Ministério do Esporte em 2010 diz coisas muito diferentes das que vêm sendo ditas por esses embrulhões do movimento “Não vai ter Copa”.
Segundo o estudo, a Copa irá gerar R$ 183 bilhões de faturamento em um período de dez anos (de 2010 e até 2019) devido a impactos diretos – investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e indiretos – via circulação de todo esse dinheiro no país.
Somente em obras de infraestrutura, os investimentos deverão alcançar R$ 33 bilhões, entre estádios, mobilidade urbana, portos, aeroportos, telecomunicações, energia, segurança, saúde e hotelaria.
No turismo, os números apurados pela consultoria mostram que circularão 600 mil turistas estrangeiros e 3 milhões de turistas nacionais, aumentando em cerca de 50% o faturamento do turismo no país – de cerca de 6 para cerca de 9 bilhões de reais.
Somando empregos para trabalhadores permanentes e temporários, eles devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.
Segundo a consultoria citada, “Os R$ 5 bilhões a serem injetados no consumo pela renda gerada por esses trabalhadores equivalerá a 1,3 ano de venda de geladeiras no Brasil ou 7,2 milhões de aparelhos”.
A expectativa é a de que a Copa crie mais de 700 mil empregos entre permanentes e temporários.
FGV e Ernst & Young ainda afirmaram que devem ser arrecadados “R$ 17 bilhões em impostos, o que representará mais de 30 vezes os R$ 500 milhões em isenções fiscais que serão concedidas à Federação Internacional de Futebol (Fifa) e empresas por ela contratadas para a realização do Mundial”.
Os tributos federais a ser arrecadados com a Copa deverão chegar a R$ 11 bilhões, deixando um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões em relação aos investimentos federais na realização do campeonato.
Veja, leitor, o cálculo do faturamento total da Copa, segundo o estudo em tela:
“Os impactos indiretos da Copa na economia do país com a recirculação do dinheiro são calculados pelo estudo em R$ 136 bilhões, até 2019, cinco anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de dimensionar financeiramente transforma-se em turismo futuro. Além disso, as obras que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes também geram riqueza e impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos impactos diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a Copa vai gerar para o país”.
Então, diante de gastos de cerca de 30 bilhões de reais para realizar a Copa de 2014 no Brasil, haverá um faturamento bruto de 183 bilhões de reais.
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