terça-feira, 31 de julho de 2012

Chegou a hora da Veja!


Por Altamiro Borges
Em seu twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) postou hoje duas mensagens animadoras para os que lutam contra as manipulações da mídia demotucana. Na primeira, ele simplesmente registrou: "Andressa, mulher de Cachoeira, tenta chantagear juiz com dossiê feito por Policarpo Jr. da revista Veja". Na segunda, ele concluiu de forma taxativa: "Chegou a hora da CPI convocar o Policarpo da Veja".
 
O jovem deputado é um dos mais ativos integrantes da CPI do Cachoeira. As suas mensagens sinalizam que pode ter chegado ao fim a impunidade da revista Veja, com as suas capas terroristas, as suas "reporcagens" sensacionalistas e os seus assassinatos de reputações por motivos comerciais e políticos. A operação Monte Carlo da PF já havia comprovado os vínculos da publicação com o crime organizado. Mesmo assim, a CPI resistia em convocar o editor da Veja, Policarpo Jr., e seu capo, Bob Civita, para prestar esclarecimentos.
 
"O senhor conhece o Policarpo?"
Agora, com a denúncia do juiz Alderico Rocha de que a mulher do mafioso Cachoeira tentou chantageá-lo, não dá mais para evitar a convocação dos dois chefões da Veja para depor na CPI. Segundo o magistrado declarou ao portal G1, Andressa o procurou na quinta-feira passada com a seguinte ameaça: “Doutor, tenho algo muito bom para o senhor. O senhor conhece o Policarpo Júnior? O Carlos contratou o Policarpo para fazer um dossiê contra o senhor. Se o senhor soltar o Carlos, não vamos soltar o dossiê".
 
O relato, segundo Paulo Teixeira, confirma que "chegou a hora da CPI convocar o Policarpo da Veja". Não há mais desculpas para evitar o seu depoimento e também o do seu dono, Bob Civita. É lógico que a mídia demotucana tentará rapidamente abafar o caso. Um exemplo é o do Jornal das Dez, da Globo News, que nesta noite simplesmente omitiu que a chantagem teve como base um dossiê escrito pelo editor da Veja. A comentarista Renata Lo Prete, metida a paladina da ética, nem citou a denúncia do juiz referente à revista.
 
Os integrantes da CPI do Cachoeira não podem cometer esse mesmo crime de omissão da verdade!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Paracatu e a sustentabilidade. O que seu candidato tem a ver com isso?



Com a proximidade das eleições 2012, partidos e eleitores começam a debater os mais diferentes temas. Desde a vida pessoal dos candidatos até as propostas de cada um, passando pelo currículo, experiência, paixões partidárias e muitas outras variáveis que envolvem um pleito municipal. Afinal, é na esfera local que o eleitor sente com maior intensidade a importância do seu voto.

No entanto, um assunto promete ocupar um espaço importante nos debates: a sustentabilidade. E já que o conceito de sustentabilidade pressupõe um desenvolvimento que atenda as necessidades de hoje sem comprometer as necessidades das futuras gerações, harmonizando o crescimento econômico com a justiça social e a preservação dos recursos naturais, cabe ao eleitor cobrar dos candidatos respostas sobre os problemas do presente e propostas para o futuro.

Mesmo que alguns acreditem que parte da sociedade ainda não está pronta para debater esse assunto, o tempo mostrará que tal discussão não está tão distante assim da maioria das pessoas.

A sustentabilidade é hoje um tema que está presente na mídia, nas empresas, nas escolas, nas igrejas, nos movimentos sociais e em todo lugar.

Em Paracatu não é diferente. A própria característica das principais atividades econômicas do município obrigam os candidatos a enfrentarem o assunto com propostas claras. Quem quiser ser prefeito, precisa demonstrar que a construção de uma cidade sustentável está entre suas prioridades.

Paracatu é um município que tem a economia baseada em atividades potencialmente impactantes. De um lado a agricultura irrigada, responsável pela drástica redução da área de cerrado, além de representar um risco para os rios e córregos diante da utilização de agrotóxicos e do uso indiscriminado da água.

De outro lado a mineração, onde uma empresa canadense explora a riqueza do nosso subsolo, oferecendo muito pouco de retorno para a comunidade, amparada por uma legislação ultrapassada que penaliza o município na distribuição dos royalties. E o pior, demonstrando pouca preocupação com os impactos provocados pela sua atividade, principalmente sobre a saúde da população. A emissão de poeira, a constante suspeita de contaminação, as explosões e outras consequências da atividade, incomodam e preocupam a população, que espera propostas e ações que possam mudar a realidade atual.

Entre estes dois polos da discussão sobre a sustentabilidade, vários outros pontos precisam ser discutidos pelos pretendentes a cadeira de prefeito de Paracatu. O transporte coletivo, o estímulo ao uso de meios de transporte alternativos como bicicletas, a acessibilidade, maior investimento em programas de inclusão social, a recuperação de praça e jardins, a arborização urbana, a recuperação dos Córregos Rico e Pobre, a reestruturação do serviço de limpeza urbana, a recuperação do aterro sanitário, inaugurado no ano 2000 e transformado em lixão pelas gestões que se sucederam, e muito mais.

Percebe-se enfim que a sustentabilidade, mais que um novo conceito, é algo que permeia o cotidiano de cada cidadão e que precisa, portanto, estar presente no debate eleitoral.

O compromisso com uma cidade sustentável precisa ser um pré requisito de qualquer candidato.  

Confira se seu candidato tem propostas para esta área, saiba se ele assinou a carta compromisso do programa CIDADES SUSTENTÁVEIS (http://www.cidadessustentaveis.org.br/), lançado por uma rede de organizações da sociedade civil e que “tem o objetivo de sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades brasileiras se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentável”.

 Afinal, a possibilidade de Paracatu se transformar em uma cidade verdadeiramente sustentável começa com a escolha que será feita em outubro.  

domingo, 29 de julho de 2012

O ouro olímpico e o Bolsa Atleta

 


Sarah Menezes e o Bolsa Atleta
Por Altamiro Borges

A judoca Sarah Menezes conquistou neste sábado a primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de Londres. A vitória é das mais significativas. É o primeiro ouro na história do judô feminino, o terceiro no judô em geral e o segundo das mulheres brasileiras em esportes individuais. Ela também é muito significativa por ter sido conquistada por uma esportista que se projetou graças ao programa Bolsa-Atleta do Ministério dos Esportes. É um cala-boca nos neoliberais que criticam a “gastança pública” dos governos Lula e Dilma.

Natural de Teresina, capital do Piauí, a jovem atleta de apenas 22 anos teve muitas dificuldades na sua carreira. Teve que enfrentar os obstáculos financeiros de uma família pobre e até o preconceito contra um esporte considerado masculino pelo seu pai. O programa Bolsa-Atleta viabilizou sua persistência no esporte e nos estudos. Atualmente, ela cursa o quinto período do curso de Educação Física e continua a treinar na sua cidade natal. Hoje, inclusive, ela já conta com três patrocínios privados para os seus treinamentos.

Orgulho dos brasileiros
Feliz com o ouro olímpico, Sarah declarou que sempre acreditou no seu potencial e esforço. “Sei que sou um exemplo no judô porque não sou dos grandes centros. E serei ainda mais depois disso... Acho que as coisas vão melhorar tanto para mim quanto para a minha família. Financeiramente vai melhorar. E também para quem treina comigo”, declarou, emocionada, logo após a vitória.
A presidenta Dilma parabenizou Sarah Menezes e também Felipe Kitadai, que conquistou a medalha de bronze no judô. “Em nome de todos brasileiros, quero parabenizar os dois atletas pela brilhante conquista. O Brasil comemora a vitória de seus atletas e o governo se orgulha de ter contribuído para essa conquista com o Programa Bolsa Atleta, que vem tendo importante papel na profissionalização de nossos esportistas”.

Gilmar vai julgar, Ministro Ayres Britto?


A denúncia de Mauricio Dias e Leandro Fortes na Carta Capital, cria um problema para o Presidente Ayres Britto.

Nada que mereça a dúvida hamletiana.

Uma questão que o bom senso e o sentido de Justiça resolvem sem vacilação.

A questão trivial é: como iniciar o julgamento do mensalão com um juiz “mensalado”?

O julgamento do mensalão já estava comprometido pela prevaricação de Gilmar: ter sido chantageado e não denunciar o chantageador à Polícia.

Agora, está posta sobre a mesa uma questão que tem a ver com a própria legitimidade do Tribunal.

Um dentre vós mensalou.
Este julgamento já estava cercado de nuvens.

A começar pela submissão do Tribunal à escancarada merval pressão para o Ministro Peluso ter tempo de votar (contra o Dirceu).

Embora este ansioso blogueiro duvide que Peluso condene Dirceu sem provas: os mervais passam e a biografia fica.

O Tribunal de Contas da União, que serve para empacar o PAC, não servirá para desmontar a acusação central do brindeiro Gurgel – a de que houve dinheiro público na operação ?

E a legitimidade do próprio acusador ?

Como pode o Tribunal Supremo ouvir calado as acusações de um juiz acusado de prevaricar por um senador da República e, ele próprio acusador submetido ao julgamento da Corregedoria do Ministério Público ?

Com que autoridade moral pode o Procurador da sociedade dizer qualquer coisa em defesa da sociedade, se ela própria nele não confia, se ele próprio está em julgamento ?

Mas, vamos relevar tudo isso em nome do “bom mocismo”, do “homem cordial” que vive em cada um de nós, dentro da mesma “sopa” que nos congrega e na amortece, como diz o Mino Carta.

Uma sopa.

Um pirão.

Mesmo assim, como ficam os juízes que se reúnem a um colega que “manda subir; que recebe R$ 180 mil do Eduardo Azeredo, que foi enviado ao Supremo por Fernando Henrique Cardoso , aquele que, na companhia do filho, recebeu uma “mensalada” de R$ 500 mil, com a expressa recomendação do Azeredo e do Pimenta da Veiga ?

Como fica, Presidente Ayres Britto, o seu maculado Tribunal ?

Que Tribunal vai julgar o mensalão, se recebe mensalada ?

Que tribunal vai julgar logo em seguida o mensalão tucano ?

E dar legitimidade à Operação Satiagraha ?

Quem julgará tudo isso ?

Se está atolado nesse pirão ?

O que dirão a turba e o Zé Mané da esquina desse Egregio Tribunal ?

Gilmar Dantas (*) não pode estar sentado à mesa em que o senhor está, Ministro Ayres Britto.

O que marcará a sua Presidência não será o julgamento dos mensalões ou a recuperação da Satiagraha.

Mas o destino que dará à inglória carreira de Gilmar Dantas (*), a mais nefasta das heranças de Fernando Henrique.


Paulo Henrique Amorim

sábado, 28 de julho de 2012

Não vai dar no Jornal Nacional: o valerioduto abasteceu Gilmar Mendes


Carta Capital

‘CartaCapital publica na edição que chega às bancas em São Paulo nesta sexta-feira 27 uma lista inédita de beneficiários do caixa 2 da campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo em 1998. O esquema foi operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, que assina a lista, registrada em cartório. O agora ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes aparece entre os beneficiários. Mendes teria recebido 185 mil reais.

Há ainda governadores, deputados e senadores na lista. Entre os doadores, empresas públicas e prefeituras proibidas de fazer doações de campanha. O banqueiro Daniel Dantas também aparece como repassador de dinheiro ao caixa 2.

O ministro do STF na lista dos beneficiários do esquema

A documentação foi entregue à Polícia Federal pelo advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte. Ele defende a família da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, assassinada em 2000. Segundo Miraglia, a morte foi “queima de arquivo”, pois a modelo participava do esquema e era escalada para transportar malas de dinheiro. Na lista, Cristiana aparece como destinatária de 1,8 milhão de reais.”
Foto: Brasil 247

Coração ferido: a irracionalidade da razão

Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital
Não estamos longe da verdade se entendermos a tragédia atual da humanidade como o fracasso de um tipo de razão predominante nos últimos quinhentos anos. Com o arsenal de recursos de que dispõe, não consegue dar conta das contradições, criadas pela mesma. Já analisamos nestas páginas como se operou a partir de então, a ruptura entre a razão objetiva (a lógica das coisas) e a razão subjetiva (os interesses do eu). Esta se sobrepôs àquela a ponto de se instaurar como a exclusiva força de organização histórico-social.

Esta razão subjetiva se entendeu como vontade de poder e poder como dominação sobre pessoas e coisas. A centralidade agora é ocupada pelo poder do "eu", exclusivo portador de razão e de projeto. Ele gestará o que lhe é conatural: o individualismo como reafirmação suprema do "eu". Este ganhará corpo no capitalismo cujo motor é a acumulação privada e individual sem qualquer outra consideração social ou ecológica. Foi uma decisão cultural altamente arriscada a de confiar exclusivamente à razão subjetiva a estruturação de toda a realidade. Isso implicou numa verdadeira ditadura da razão que recalcou ou destruiu outras formas de exercício da razão como a razão sensível, simbólica e ética, fundamentais para a vida social.

O ideal que o "eu" irá perseguir irrefreavelmente será um progresso ilimitado no pressuposto inquestionável de que os recursos da Terra são também ilimitados. O infinito do progresso e o infinito dos recursos constituirão o a priori ontológico e o parti pri fundador desta refundação do mundo.

Mas, eis que depois de quinhentos anos, nos damos conta de que ambos os infinitos são ilusórios. A Terra é pequena e finita. O progresso tocou nos limites da Terra. Não há como ultrapassá-los. Agora começou o tempo do mundo finito. Não respeitar esta finitude, implica tolher a capacidade de reprodução da vida na Terra e com isso pôr em risco a sobrevivência da espécie. Cumpriu-se o tempo histórico do capitalismo. Levá-lo avante custará tanto que acabará por destruir a sociabilidade e o futuro. A persistir nesse intento, se evidenciará o caráter destrutivo da irracionalidade da razão.

O mais grave é que o capitalismo/individualismo introduziu duas lógicas que se conflitam: a dos interesses privados dos "eus” e das empresas e a dos interesses coletivos do "nós” e da sociedade. O capitalismo é, por natureza, antidemocrático. Não é nada cooperativo e é só competitivo.

Teremos alguma saída? Com apenas reformas e regulações, mantendo o sistema, como querem os neokeynesianos à la Stiglitz, Krugman e outros entre nós, não. Temos que mudar se quisermos nos salvar.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mas Erenice não era "culpada"?



Eduardo Guimarães
Blog da Ciidadania

A mídia, no mundo inteiro, tem um poder que ninguém deveria ter nas democracias: condenar e absolver quem quiser das acusações que faz ou que, para os políticos “amigos”, tenta desfazer. Agora mesmo, o país está às portas de ver no que vai dar uma dessas feitiçarias midiáticas, a do escândalo do mensalão “do PT”.

Há mais ou menos sete anos que a opinião pública vem sendo induzida pela mídia a acreditar piamente na culpa “inquestionável” dos 38 réus no inquérito do mensalão, o qual vai a julgamento no STF a partir da semana que vem. Muita gente caiu nessa, inclusive pessoas que não são movidas pela má fé da imprensa partidarizada.

Na semana que finda, porém, ainda que a notícia tenha sido dada com extrema discrição, mais um dos integrantes de um governo petista que fora “condenado” pela mídia foi absolvido pela Justiça, gerando perplexidade naqueles que tiveram acesso à notícia mal-divulgada sobre essa absolvição.

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, após acatar recomendação do Ministério Público Federal (MPF). A decisão foi decretada na sexta-feira passada (20) pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal.

Em 2010, no auge da campanha eleitoral em que Dilma Rousseff derrotou José Serra, Erenice – sucessora de Dilma na Casa Civil – fora acusada pela mídia de ter beneficiado parentes em contratações de serviços aéreos para os Correios, estudos para projetos de mobilidade urbana e outorgas de concessão de serviço móvel especializado.

As denúncias contra Erenice, entre outros fatores, ajudaram a levar a eleição presidencial de 2010 para o segundo turno, favorecendo José Serra, que por pouco não sofreu uma derrota ainda maior para alguém como Dilma, que, ao contrário dele, jamais disputara uma eleição na vida.

A indisposição da mídia com Erenice, em particular, fora desencadeada mais de dois anos antes, ainda em 2008, quando também sofrera outra acusação que se esboroou ao ser investigada pela Justiça e pela Polícia Federal.

Naquele início de 2008, a oposição acusara o governo Lula de montar um dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O objetivo, de acordo com a oposição, seria constrangê-la na CPI dos Cartões, criada naquele ano para investigar possíveis irregularidades no uso dos cartões corporativos do governo federal.

Não tardou para a mídia comprar a tese tucana. O suposto dossiê, de acordo com reportagem da Folha, foi montado pela secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, braço direito da ministra Dilma Rousseff. A oposição e aquele jornal, e posteriormente o resto da mídia, insinuaram que a hoje presidente da República tinha ordenado a Erenice a confecção do dossiê.

Ainda hoje, apesar da primeira absolvição de Erenice, a mídia e a oposição a Dilma tratam aquele caso como se tivesse dado em alguma coisa – continuam repetindo uma acusação que, após ser investigada exaustivamente, mostrou-se mentirosa.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A liberdade dos hipócritas

Miguel do Rosário

O PSDB cometeu um grave erro ao entrar com uma representação contra os dois autores mais populares da blogosfera política: Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim.

Se o partido já vinha caminhando a passos largos para a direita, único espaço vago que lhe coube ocupar no espectro ideológico nacional, sua agressão a dois blogueiros revela descompromisso com a democracia e a liberdade de expressão.

Se somarmos essas duas características, conservadorismo e autoritarismo, à defesa pública que o partido fez do golpe branco no Paraguai, podemos dizer que o PSDB voltou a 1964.

Por que a Caixa não pode anunciar no blog do Nassif?

Ora, é muita cara de pau. A quase totalidade da grande mídia nacional é notoriamente ligada à oposição e ao PSDB. Não satisfeitos com isso, os tucanos querem sufocar os únicos espaços onde eles não dão as cartas?

Daí o chapeleiro maluco da Veja argumenta que seu blog tem anúncio de estatal mas também tem outros, e que ele não cuida “pessoalmente” disso. Quanta hipocrisia, desinformação e mau caratismo. O Nassif não tem publicidade privada justamente porque as grandes agências são dominadas por ideologia neoliberal.

Mais uma razão para as estatais anunciarem em seu blog; é uma forma do governo ajudar a promover a democracia, que precisa de pluralidade para ter sentido.

O Nassif não iria fechar, voluntariamente, o blog dele à publicidade privada. Só quem faria isso seriam blogs oficiais de partidos políticos.

Aliás, ao atacar Nassif e PHA, o PSDB intimida eventuais agências de publicidade que venham sondando anunciar em seus blogs. A agência temerá que Serra, se eleito prefeito, irá revidar, cortando contratos da administração paulista com as referidas empresas.

Desta forma, os blogs não terão nem anúncio privado, nem público. Em se tratando de blogs com uma grande quantidade de acessos, é importante que tenham algum tipo de patrocínio para viabilizá-los, porque o custo de provedor é alto para blogs muito visitados.

Ou seja, a estratégia do PSDB é asfixiar os dois blogs políticos preferidos da esquerda nacional.

É uma agressão imperdoável à liberdade de expressão no país. Depois o Merval vem com sua conversinha de que o PT é que tem “tendências autoritárias”. Ora, o PT jamais cogitou perseguir blogs que o criticavam. Noblat, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes são “blogueiros” que sempre se caracterizaram por uma crítica pesada, muitas vezes de baixo calão ao governo federal e no entanto O PT jamais entrou com representação para sufocar esses blogs.

A ação, portanto, cheira a desespero, a medo, a covardia. Revela um partido que está desistindo da briga política, e optando pelo tapetão. Quer ganhar na barra dos tribunais, em vez de conquistar eleitores pela argumentação.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Justiça derruba mais uma mentira da grande imprensa


Justiça arquiva processo contra ex-ministra Erenice Guerra
Bruna Gavioli, Jovem Pan

Após dois anos, a Justiça arquivou o processo contra a ex-ministra Erenice Guerra. Sucessora de Dilma Rousseff na Casa Civil, a ex-ministra, que assumiu o cargo em março de 2010, não resistiu às denúncias de tráfico de influência e lobby envolvendo seu filho, Israel Guerra e o deixou em setembro de 2010.
O Tribunal Regional Federal determinou o arquivamento do inquérito por total falta de provas. O juiz da 10ª Vara Federal Vallisney de Souza Oliveira afirmou em sua decisão não haver nenhuma prova contra Erenice Guerra.
Em entrevista à Rádio Jovem, o advogado criminalista Mário de Oliveira Filho (foto) explicou que “depois de dois anos de trâmite do processo chegou-se à conclusão de que as provas que foram exibidas na investigação levaram a conclusão de que a ex-ministra não praticou crime nenhum”. “Eram acusações absolutamente infundadas, sem nenhum lastro de prova real e concreta contra ela”. Ouça a entrevista completa

Serra quer censurar os blogs

Serra quer censurar a blogosfera

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges
 
O PSDB apresentou nesta segunda-feira uma representação na Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) em que pede a investigação dos patrocínios de empresas públicas a sítios e blogs “ofensivos aos partidos de oposição”. A iniciativa foi tomada após mais um ataque histérico de José Serra, que na sexta-feira acusou o PT de sustentar “uma tropa nazista” na internet e voltou a destilar o seu ódio contra o que ele batizou de “blogs sujos”, durante palestra para milicos saudosos da ditadura na campanha presidencial de 2010.
 
Atentado à liberdade de expressão
A iniciativa do PSDB visa intimidar as poucas empresas estatais e governos que anunciam em blogs não corporativos, sem vínculos com os impérios midiáticos. Ela confirma a falsidade dos tucanos quando bravateiam em defesa da liberdade de expressão. Na prática, a representação no PGE objetiva asfixiar financeiramente os blogs independentes que possuem publicidade devido a sua audiência. Ou seja: o PSDB defende a censura. Não há outro nome para esta ação autoritária, que lembra o período da regime militar!
Entre os citados na representação estão os sítios dos blogueiros Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. “Esses blogs financiados com dinheiro público tornaram-se meras extensões do governo e de suas campanhas”, esbraveja o presidente nacional do PSDB, o deputado Sérgio Guerra (PE). Além da investigação dos anúncios, a representação também exige que se apure “o desvio, ainda que indireto, de recursos públicos para a propaganda eleitoral do PT”.
Amorim e Nassif responde ao ataque
 
Diante de mais esta tentativa grotesca de censura, os dois blogueiros reagiram imediatamente. Paulo Henrique Amorim, sempre irreverente, afirmou que a atitude do PSDB demonstra que José Serra “se encaminha para o fim da linha”. Ele lembrou que outros direitistas, como o ministro Gilmar Mendes e a Folha tucana, já tentaram destruir o seu blog e não conseguiram. “Não adianta”.
 
Já Luis Nassif argumentou que a ação tucana visa intimidar as empresas anunciantes. “O que Serra pretende é calar qualquer voz crítica em relação a ele, como usualmente faz com jornalistas da própria velha mídia”. “Que José Serra é a mais perfeita vocação de ditador que a política moderna conheceu ninguém dúvida. Ninguém escapa dos seus arreganhos totalitários”.

A verdadeira mídia "chapa branca"
 
A representação do PSDB, seguindo as ordens do truculento candidato tucano à prefeitura de São Paulo, não tem qualquer consistência. Caso o PGE acate, ela será obrigada a investigar os mais de R$ 1 bilhão em publicidade anual do governo federal aos veículos da velha mídia, que servem para pagar os régios salários de vários blogueiros amestrados. Ela também precisará apurar as sinistras relações do governo tucano de São Paulo com a velha mídia – via subsídios, anúncios publicitários e compras de milhares de assinaturas.

Estes veículos e alguns de seus blogueiros raivosos é que são, de fato, financiados com dinheiro público, no pior estilo “chapa branca”. Há muito tempo eles fazem campanha da oposição demotucana, seja blindando seus crimes ou atacando seletivamente as forças de esquerda. Serra nutre sólidas relações com os barões da mídia, mas não tolera a crítica da blogosfera independente. Daí porque o PSDB investe contra os “blogs sujos”. O partido, cada vez mais à direita, quer censurá-los, num nítido atentado à liberdade de expressão.

domingo, 22 de julho de 2012

Corrupção em Goiás: Entre amigos

Novas gravações da Polícia Federal mostram Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres fazendo negócios em nome do governador de Goiás, Marconi Perillo
 
Murilo Ramos, Marcelo Rocha e Diego Escosteguy / ÉPOCA

 
'ÉPOCA teve acesso a novas conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo – que, no final de fevereiro, deslindou a infiltração do crime organizado no governo de Goiás. A íntegra das conversas – 5,9 gigabytes de informação – corre sob segredo de Justiça na 11ª Vara Federal de Goiânia. Nela, encontra-se fartura de trechos inéditos – e explicitamente reveladores, sobretudo sobre o envolvimento do tucano Marconi Perillo, que governa o Estado de Goiás, com o esquema liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e pela construtora Delta. Entre outras novidades, há diálogos em que se diz que Perillo “mandou passar” à Delta um contrato que poderia render R$ 1,2 bilhão. Noutros diálogos, cita-se Perillo como responsável por ordenar, por intermédio do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM), que o diretor do Detran no Estado, indicado por Cachoeira, contratasse uma empresa de um amigo do governador. Descobre-se, ainda, que um irmão de Perillo, chamado Antônio Pires Perillo, ou Toninho, tinha um celular Nextel habilitado nos Estados Unidos para conversar com Cachoeira – e que Toninho prestou serviços a ele.
 



ESCOLHA
O governador Marconi Perillo. De acordo com a Polícia Federal, ele se empenhou para que uma obra em Goiânia fosse entregue à construtora Delta (Foto: Dida Sampaio/AE)


Desde que a existência da quadrilha de Cachoeira veio a público, em fevereiro, sabia-se que a força do grupo escorava-se, entre outros políticos, no senador Demóstenes. O envolvimento de Perillo aparecia, até então, por indícios. Na semana passada, ÉPOCA revelou as evidências – contidas num relatório enviado pela PF à Procuradoria-Geral da República – de que a Delta firmara um “compromisso” político com Perillo: comprara a casa que o governador vendia, pagara R$ 500 mil a mais do que ela valia – e passara a receber em dia o que o governo de Goiás lhe devia.
 
De acordo com as gravações, outros acertos de Perillo com as empresas ligadas ao esquema de Cachoeira acontecem em março de 2011, logo após a venda da casa para a Delta. No dia 1º de março, Perillo vende a casa. No dia 2, começam os negócios. Às 21 horas, Demóstenes liga para Cachoeira. O assunto é urgente: Demóstenes tem um “recado” a transmitir a Cachoeira. De quem? De Perillo. Descobre-se, portanto, que a relação de Perillo com a quadrilha de Cachoeira era ampla – envolvia não apenas seu assessor Wladmir Garcez, que acabara de intermediar os pagamentos da Delta pela casa, mas também Demóstenes. Diz Demóstenes: “Fala, professor. O seguinte: tava precisando falar com você. Ou se você não puder, manda o Wladmir (Garcez) falar comigo. Não é nada daquele assunto, não. É outro, que apareceu agora. É um recado do Marconi. Precisava te passar” (ouça o áudio). Cachoeira pergunta se Demóstenes está em Goiânia. “Tô aqui”, diz Demóstenes. “Se você puder vir aqui... Se não puder, manda o Wladmir que eu explico o que é.” Cachoeira não titubeia: “Vou aí agora então”.
Matéria Completa, ::AQUI::

sábado, 21 de julho de 2012

Governo Lula reduziu pobreza em 36,5% , afirma relatório da OIT

Entre 2003 e 2009, 27,9 milhões de pessoas saíram da condição de extrema pobreza graças ao Bolsa Família

Estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) com diversos indicadores socioeconômicos compilados mostra que, entre 2003 e 2009, a pobreza no Brasil caiu 36,5%, o que significa que 27,9 milhões de pessoas saíram da condição nesse período.
Segundo a OIT, são consideradas pobres aquelas pessoas cuja renda fica abaixo de meio salário mínimo mensal per capita.

“A redução da pobreza entre os trabalhadores e trabalhadoras esteve diretamente associada ao aumento real dos rendimentos do trabalho, sobretudo do salário mínimo, à ampliação da cobertura dos programas de transferência de renda e de previdência e assistência social – que contribuíram para o aumento do rendimento domiciliar – e também pelo incremento da ocupação, principalmente do emprego formal”, diz o documento da OIT.

A OIT dedica especial atenção ao programa Bolsa Família, do governo federal. Segundo o organismo internacional, entre 2004 e 2011, a cobertura do Bolsa Família dobrou: passou de 6,5 milhões de famílias beneficiadas para 13,3 milhões, com o investimento de R$ 16,7 bilhões em recursos só em 2011.

De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda condicionada da América Latina em número de beneficiários – cerca de 52 milhões de pessoas, o correspondente a quase a metade das 113 milhões de pessoas beneficiadas na região.

Mais informações no site da OIT
(Com informações do UOL)

Iniciativa brasileira para erradicar a miséria é elogiada pela ONU

O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, destacou o sucesso das políticas sociais brasileiras e elogiou o esforço do País em superar a extrema pobreza até 2014, principal meta dos Objetivos do Milênio (ODM). A declaração ocorreu nesta sexta-feira (17), em Brasília, durante reunião com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, que apresentou o Plano Brasil Sem Miséria.

Ban Ki-Moon afirmou que a experiência brasileira na área social é uma referência mundial e destacou os efeitos do programa de transferência de renda do Brasil. “O Bolsa Família tem produzido impactos muito positivos no enfrentamento da miséria. O Brasil teve avanços significativos nessa área e já superou o Objetivo do Milênio de reduzir pela metade à população em extrema pobreza”, disse.

O secretário geral apontou, ainda, que a ONU tem grande interesse em colaborar e intermediar intercâmbios entre os países para a troca de experiências sociais, especialmente no âmbito da cooperação Sul-Sul. Ban Ki-Moon sugeriu ao governo brasileiro a realização de uma conferência mundial de ministros da área social no Brasil, considerando os avanços do País nos últimos anos. As tecnologias sociais do Brasil, apontou, podem ajudar as outras nações a avançar no cumprimento dos ODMs, especialmente países da África e da América Latina.

A ministra Tereza Campello agradeceu o apoio da ONU e ressaltou que o Brasil tem mantido estreito diálogo com as agências do sistema ONU, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). Hoje, lembrou a ministra, com o apoio do ONU, o Brasil mantém acordos de cooperação com 32 países para o intercâmbio de tecnologias sociais, que envolvem não somente o Bolsa Família, mas programas de assistência social e segurança alimentar e nutricional.

Parceria – Campello destacou que o governo brasileiro assinará, ainda hoje, à tarde, um acordo com a Cepal para a formulação conjunta de indicadores na área social. “As políticas sociais precisam de monitoramento e gestão. Estamos atuando constantemente para aperfeiçoar esses mecanismos em parceria as agências internacionais. É importante termos indicadores internacionais que possam mensurar a eficácia de nossas políticas”, disse.

Brasil Sem Miséria – Campello apresentou os objetivos do Brasil Sem Miséria, que busca retirar 16 milhões pessoas da pobreza extrema. A ministra destacou que o plano utiliza um recorte de renda similar ao adotado pela ONU nos Objetivos do Milênio, de 1,25 dólares ao dia. A linha do plano brasileiro é de R$ 70 per capita mensal.
No entanto, enfatizou Campello, o Brasil Sem Miséria ataca as diversas dimensões da pobreza e vai além das políticas de transferência de renda. O plano vai reforçar a oferta de serviços básicos, como saúde e educação, além de promover a inclusão produtiva da população extremamente pobre em idade para o trabalho. “É um plano que visa, sobretudo, ampliar as capacidades da população”.

Assim como apontou Ban Ki-Moon, Campello ressaltou que o Brasil Sem Miséria terá um olhar especial para a juventude. O plano vai ofertar milhões de vagas em cursos profissionalizantes para jovens em situação de miséria. “A educação é uma de nossas estratégias”, disse.

O plano também tem olhar especial para as crianças, uma das preocupações do secretário geral. Mais de 50% da população extremamente pobre do Brasil têm menos de 19 anos e 40%, até 14 anos. “Nós ampliamos os valores dos benefícios concedidos às crianças e aos jovens e vamos incluir mais 1,3 milhão de crianças no Bolsa Família”.

O desenvolvimento sustentável é outra agenda do plano em sintonia com as preocupações do secretário geral da ONU. Campello ressaltou que a estratégia de inclusão produtiva do Brasil Sem Miséria leva em conta as especificidades urbanas e rurais. No campo, o plano vai incentivar a conservação de florestas com a concessão da Bolsa Verde. Também ampliará o acesso à água e fornecerá sementes resistentes e adaptadas aos agricultores do semiárido. No meio urbano, o Brasil Sem Miséria focará a ampliação de renda de catadores de materiais recicláveis. “O Brasil tem mostrado ao mundo que a distribuição da renda é essencial ao crescimento sustentável. Nós vamos continuar e fortalecer esse caminho com o Brasil Sem Miséria”, concluiu.

Confira a entrevista coletiva que a ministra Tereza Campello concedeu logo após a reunião.

Rafael Ely
Ascom/MDS
(61) 3433.1021

E quando vai ser julgado o mensalão tucano?

azeredo E quando vai ser julgado o mensalão tucano?


Ricarto Kotsho

Começa no próximo dia 2 de agosto, no Supremo Tribunal Federal, o julgamento do chamado "mensalão do PT". Muito justo: afinal, o caso já se arrasta desde de 2005 e nós estamos em 2012. Estava na hora.

Por falar nisso, pergunto: e quando vai ser julgado o "mensalão tucano", rebatizado pela grande imprensa de "mensalão mineiro", que é bem mais antigo e vem se arrastando desde 1998?

Para se ter notícias do "mensalão do PT", basta abrir qualquer jornal ou revista, ligar o rádio ou a televisão, está tudo lá diariamente, contado em caudalosas reportagens nos mínimos detalhes, comprovados ou não.

Já o "mensalão tucano" foi simplesmente escondido pela mídia reunida no Instituto Millenium, que não quer nem ouvir falar no assunto. Quem quiser saber a quantas anda o processo que dormita no Supremo Tribunal Federal precisa acessar aquilo que o tucano José Serra chama de "blogs sujos".

Foi o que eu fiz ao entrar no Google, que registra 508 mil citações sobre o "mensalão tucano", a grande maioria publicada em blogs, enquanto o "mensalão do PT", embora mais recente, já alcance 3.720.000 matérias publicadas.

Sob o título "Mensalão tucano e silêncio da mídia", o blog de Altamiro Borges tratou do asunto no último dia 10 de junho:

"Na quarta-feira passada (6), finalmente o Supremo Tribunal Federal decidiu incluir na pauta o debate sobre o "mensalão tucano", o esquema utilizado patra alimentar a campanha pela reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em 1998. A mídia, porém, não deu qualquer destaque ao assunto. Algumas notinhas informaram apenas que o "mensalão mineiro" também será julgado em breve _ a imprensa demotucana evita, por razões óbvias, falar em mensalão tucano".

sexta-feira, 20 de julho de 2012

TV Globo boicota seleção brasileira

Por Altamiro Borges

 
A jornalista Keila Jimenez, da coluna Outro Canal da Folha, informou hoje:

*****

Globo engaveta seleção por causa da Olimpíada

A Globo preferiu a "Sessão da Tarde" à seleção brasileira. Mesmo sendo um jogo na faixa vespertina, que não compromete a exibição de novelas ou jornalísticos, a emissora não transmitirá o amistoso do time brasileiro, na próxima sexta-feira.


A equipe de Mano Menezes vai enfrentar a Grã-Bretanha na data, partida que antecede a estreia da seleção na Olimpíada de Londres, que começa no próximo dia 27.

Os Jogos Olímpicos são o motivo para o amistoso não ser exibido. A Globo não quer jogar confete no evento, uma vez que não tem os direitos de transmissão desta Olimpíada, exclusividade da Record na TV aberta.

Por contrato, a Globo poderia exibir a partida, que faz parte do pacote de amistosos da seleção, que a rede não costuma engavetar.

O SporTV, que vai exibir a Olimpíada na TV paga, não abriu mão do amistoso. Vai transmiti-lo com exclusividade na TV brasileira.

A chegada da seleção a Londres, que ganhou destaque em toda a mídia por conta do assédio, passou praticamente em branco nos jornalísticos da Globo. A emissora alega que esta seleção é olímpica e que, uma vez que não detém o direito de transmissão da Olimpíada e que o amistoso é preparatório, não faz sentido transmitir a partida da próxima sexta.

*****

A notícia, que até mereceria maior destaque na mídia, confirma que o esporte é hoje totalmente refém dos interesses comerciais bilionários das redes de televisão. Na guerra entre as poderosas emissoras, quem sai perdendo são os torcedores. O caso da Olimpíada de Londres é vergonhoso. Ela simplesmente não existe na TV Globo, campeã de audiência no país. Nesta concorrência desleal, ela simplesmente boicota um jogo preparatório da seleção brasileira, prejudicando milhões de apaixonados pelo futebol.

Por esta e outras razões, a presidenta Cristina Kirchner, da Argentina, acabou com o monopólio das tevês privadas na transmissão do futebol, garantindo o acesso a toda sociedade. No Brasil, porém, a TV Globo usurpar de uma concessão pública para sabotar a própria seleção brasileira. E o governo Dilma não faz nada para regular e disciplinar a mídia!

Como se manipula a informação

Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação

 
“Não é de hoje que vários pensadores sérios estudam o mecanismo da manipulação da informação na mídia de mercado. Um deles, o linguista Noam Chomsky, relacionou dez estratégias sobre o tema.


Na verdade, Chomsky elaborou um verdadeiro tratado que deve ser analisado por todos (jornalistas ou não) os interessados no tema tão em voga nos dias de hoje em função da importância adquirida pelos meios de comunicação na batalha diária de “fazer cabeças”.

 
Vale a pena transcrever o quinto tópico elaborado e que remete tranquilamente a um telejornal brasileiro de grande audiência e em especial ao apresentador.

O tópico assinala que o apresentador deve “dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade ou deficientes mentais. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantil, muitas vezes próxima da debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil”.

E prossegue Chomsky indagando o motivo da estratégia. Ele mesmo responde: “se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, por razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos”.

Alguém pode estar imaginando que Chomsky se inspirou em William Bonner, o apresentador do Jornal Nacional que utiliza exatamente a mesma estratégia assinalada pelo linguista.

 
Mas não necessariamente, até porque em outros países existem figuras como Bonner, que são colocados na função para fazerem exatamente o que fazem, ajudando a aprofundar o esquema do pensamento único e da infantilização do telespectador.

 
De qualquer forma, o que diz Chomsky remete a artigo escrito há tempos pelo professor Laurindo Leal Filho depois de ter participado de uma visita, juntamente com outros professores universitários, a uma reunião de pauta do Jornal Nacional comandada por Bonner.”

Artigo Completo, ::AQUI::
 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Velha imprensa censura 'marchas contra a corrupção' quando o alvo virou tucano

Helena Sthephanowitz, Rede Brasil Atual / Blog da Helena

“Quem não se lembra das "marchas contra a corrupção" no ano passado incentivadas pela Veja, Globo e demais órgãos da velha imprensa, e que levantaram várias suspeitas sobre seus verdadeiros objetivos? O ex-senador Demóstenes Torres chegou a comprar vassouras verde e amarelas para distribuir aos manifestantes. Em Goiânia, foi um assessor do governador Marconi Perillo (PSDB) quem organizou uma "marcha apartidária".

Não chegaram a empolgar na época, mas agora em Goiânia crescem as passeatas contra o governador tucano, envolvido no escândalo Cachoeira. Na última sexta-feira (13), houve uma que pedia a renúncia ou impedimento de Perillo, com forte presença da juventude.
No entanto estas manifestações foram, digamos assim, “esquecidas” pelo grandes noticiários nacionais. Aliás, os goianos que participam reclamam que a velha imprensa local também não noticia, nem antes, nem depois. A informação só circula na internet e nas ruas (veja a imagem ao lado).
 
Pelo visto, a tática das velhas oligarquias políticas e midiáticas – tentar reduzir a luta política à bandeira da corrupção –, para interditar a luta dos trabalhadores por melhor distribuição da riqueza nacional, precisará voltar para a prancheta.”

Eleições e mídias sociais

Já usada como ferramenta de campanha, a internet diminuiu o poder da TV - enquanto o candidato apresenta seu plano de governo, os eleitores estão falando ao celular e navegando no Facebook e no Twitter

Acácia Lima, Brasil 247
Inegável fonte de informações, entretenimento, divulgação e interatividade, as mídias sociais terão papel fundamental nas eleições brasileiras de 2012. Já usada como ferramenta de campanha, a internet diminuiu o poder da TV - enquanto o candidato apresenta seu plano de governo, os eleitores estão falando ao celular e navegando no Facebook e Twitter.

Utilizadas com extremo sucesso na campanha de Barack Obama durante a corrida presidencial americana de 2008, as redes sociais não só o aproximaram dos seus eleitores, como também foram responsáveis por 47% do dinheiro arrecadado, só no Twitter.
Além do Facebook e Twitter, outro canal de grande importância é o YouTube. Se na TV os candidatos controlam sua imagem, no YouTube qualquer pessoa pode divulgar um pequeno vídeo feito com o próprio celular. Aliás, esse será o grande desafio das próximas eleições: a regulamentação das mídias sociais.
 
Segundo a ministra da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Helena Chaves, durante a Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, na Câmara dos Deputados, "o número de pessoas que lidam com as redes sociais é enorme e não há nada a ser feito em termos de regulamentação por causa da liberdade de expressão. Esse é o desafio porque há pessoas que entram na Justiça reclamando dos abusos que destroem reputações".
Artigo Completo, ::AQUI::

terça-feira, 17 de julho de 2012

Vai dar no Jornal Nacional? Cachoeira pagava contas de secretários de Perillo, diz relatório da PF

Correio do Brasil


“O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pagava contas de secretários do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), segundo denúncia da Polícia Federal, com base em conversas telefônicas gravadas com autorização judicial e divulgadas nesta terça-feira. Os pagamentos seriam realizados por meio da construtora Delta, apontada pela PF como empresa integrante do esquema de Cachoeira. Uma das beneficiadas, segundo o relatório, foi a ex-chefe de gabinete do governador, Eliane Gonçalves Pinheiro, que renunciou ao cargo logo após o escândalo.

Os diálogos com o ex-vereador Wladmir Garcez (PSDB), que seria o braço político do esquema, ocorreram em abril do ano passado. A conversa mostraria a irritação de Cachoeira por não conseguir colocar indicações suas no governo de Perillo.

– Eu não consigo pôr no Detran, o Wilder foi lá e emplacou. O Wilder não dá um centavo pra ninguém. Imagina só: o Wilder vai lá para o Palácio, consegue convencer o Marconi a colocar o cara e você tá lá todo dia e não fala nada. Você tá com o secretariado todo dia, todo dia você traz conta pra mim, levo pro Cláudio, e não consegue emplacar ninguém. Entendeu? – reclamou Cachoeira, fazendo referência a Cláudio Abreu, da Delta Construções. O Wilder mencionado é empresário Wilder Pedro de Morais, senador que assumiu a vaga no Senado lugar do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).”
Matéria Completa, ::AQUI::

Intermediário da Delta doou R$ 8,25 milhões para candidatura de José Serra

(A) Claudio Abreu = ex-diretor da empreiteira Delta
(C) Carlinhos Cachoeira.
Lulinha = jornalista Luis Costa Pinto
Entre os 73 diálogos interceptados pela Polícia Federal que envolvem o jornalista da revista Veja, Policarpo Júnior, com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, publicados pelo "Conversa Afiada", um complica mais ainda a situação de José Serra (PSDB).

Em maio de 2011, Policarpo estava atrás de um boato sobre um encontro do ex-ministro Zé Dirceu (PT) com o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM-DF) na cidade de Itajubá. O boato falava que era para intermediar contratos da empreiteira Delta com o governo do DF.

Nos diálogos do ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu, com Carlinhos Cachoeira, o primeiro diz que Policarpo estava no rumo errado. Que tal encontro nunca existiu e que não tinha nada a ver com Dirceu:

"...eu que tava aqui quando tudo aconteceu. Sabe quem foi que botou o Fernando [Cavendish], e que fez, ajudou e virou nosso procurador, o cobrador junto com o Arruda? O Zé Celso." - disse Claudio Abreu a Cachoeira.

Pelo diálogo fica claro que trata-se de José Celso Gontijo. Através de sua mulher, Ana Maria Baeta Valadares Gontijo, ele doou R$ 8,25 milhões para a direção nacional do PSDB nas eleições de 2010, para financiar a campanha de José Serra (confira aqui)

Chama a atenção ser a maior doação de pessoa física em todo o Brasil e concentrada em um único partido. Foi o dobro do total que Eike Batista doou para vários partidos.

Logo, fica a inevitável pergunta: teria sido a Delta quem doou de forma triangulada? A Delta teve contratos bilionários com o governo Serra em São Paulo. É um trabalho para a CPI encontrar a resposta.

domingo, 15 de julho de 2012

As provas da venda da Casa de Marconi para Cachoeira

Autor: 
 
A Excitante Indústria e Comércio de Confecções Ltda, razão social da grife Babiole, é uma empresa goiana conceituada, de Leonardo Souza Ramos, primo de Carlinhos Cachoeira.
No extrato abaixo, os dados finais que comprovam a operação Cachoeira-Perillo na venda da sua casa. Ou seja, Perillo se valeu do dinheiro do crime organizado na venda da casa.

O extrato da Excitante
A revista Época desta semana contou parte da história.
Aqui vai a história com mais detalhes e informações sobre a operação.

A triangulação do dinheiro

Em fevereiro de 2011, Marconi decidiu vender a casa. Conversou com seu assessor Wladimir Garcez, que entrou em contato com Cachoeira. O bicheiro decidiu comprar porque era uma boa casa, mas não apenas isso: era a casa do governador.

Wladimir GarcezA compra da casa foi concluída até 28 de fevereiro.

Do dia 28 ao dia 3 há um bom conjunto de áudios, 18 no total, mostrando o fechamento do negócio. A casa foi vendida por R$ 1,4 milhão.

Nas negociações, Cachoeira ligou para seu sobrinho Leonardo Souza Ramos. Como era a casa do governador, o dinheiro não dava para vir diretamente das empresas-laranjas do bicheiro.

Aí se monta a triangulação captada pelo extrato da Excitante.

1. No dia 1o de março de 2011, a Adécio & Rafael Construção e Incorporação (uma das empresas fantasmas de Cachoeira) deposita R$ 250 mil na conta da Excitante. No dia seguinte, mais R$ 250 mil. No mesmo dia, a Excitante emite um cheque de R$ 500 mil.

2. No dia 31 de março, a Alberto e Pantoja Construções (outra fantasma) emite mais um cheque de R$ 250 mil para a Excitante. No dia 4 de abril, mais um cheque de R$ 250 mil, enquanto a Excitante emite um cheque de R$ 500 mil.

3. No dia 2 de maio, a Alberto e Pantoja deposita mais R$ 400 mil na conta da Excitante. No mesmo dia, a Excitante emite outro cheque de R$ 400 mil.

A preocupação de Cachoeira

Ao longo de março e abril, os grampos captaram a preocupação de Cachoeira com o negócio. Formou-se um burburinho, muitos comentando a operação.

A escritura de compra estava em nome de André Teixeira Jorge, o Deca, homem da Cachoeira para as empresas de comunicação do grupo. Cachoeira decide, então, vender a casa.

Um dos diálogos gravados, mostra o desconforto de Cachoeira. Ligou para lá um corretor de nome Rodolfo, querendo intermediar a venda. Em seguida, Cachoeira ligou para Cláudio Abreu e lhe passou uma bronca, acusando-o de espalhar que ele havia decidido vender a casa.

Garcez sai à cata de comprador e encontra Walter Paulo, o dono da faculdade.

Walter adquire a casa por R$ 2,1 milhão – R$ 500 mil a mais do que Cachoeira havia pago, e entrega a caixa em espécie.

Aparentemente, Walter Paulo não sabia que a casa estava sendo vendida por Cachoeira. Ele achava, de fato, que estava comprando a casa do governador. Tanto assim, que exige que o próprio governador receba o dinheiro.

O papel de Lúcio Fiuza

Perillo envia para lá Lucio Fiuza (espécie de assessor faz-tudo de Perillo) , quetoma a frente das negociações e recebe os R$ 2,1 milhão de Walter Paulo.

Nos áudios, fica claro a divisão do botim. Lucio comparece, recebe a maleta de dinheiro, retém R$ 500 mil adicionais para Marconi, R$ 100 mil para Garcez, R$ 100 mil para Fiuza e entrega R$ 1,4 milhão para Cachoeira.

Na primeira etapa da operação, Garcez já havia repassado três cheques de R$ 500 mil para Fiuza, que deposita na conta de Marconi.
Lúcio Fiuza é figura chave no que se poderia denominar de esquema Marconi. Não é apenas um facilitador, mas também empresta (ou repassa) dinheiro para o governador. Em sua declaração de renda consta um empréstimo de R$ 150 mil para Marconi. É figura chave para explicar a relação de Marconi com Cachoeira.

Concretizada a venda, a noiva de Cachoeira, Andreza se descabela, chora dizendo que havia gostado da casa, gasto R$ 500 mil com decoração. Se não arrumasse outra casa para morarem, iria se separar do bicheiro.

É aí que Cachoeira pede para Garcez conversar com Walter Paulo para alugar a casa para eles. Walter cede e não cobra aluguel.

É nessa casa que Cachoeira será preso.

17 milhões de empregos desde 2003

Editorial do sítio Vermelho:

Um estudo recente, divulgado pelo Dieese (A situação do trabalho no Brasil na primeira década dos anos 2000), registra o enorme progresso do Brasil neste novo ciclo de governos progressistas inaugurado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2003 e mantido sob Dilma Rousseff, que aprofunda o processo de mudanças então iniciado.

Depois de duas décadas de retrocesso, agravado pelo governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil reencontrou o caminho do crescimento, com grande benefício para os trabalhadores.

Foram criados, entre 2003 e julho de 2011, quase 17 milhões de novos empregos, com carteira assinada. Mesmo sob a mais grave crise capitalista desde 1929 (iniciada em 2007 / 2008), a criação de novos empregos no Brasil continuou, ao contrário do que ocorre nos EUA e na Europa onde o predomínio de políticas de defesa do capital e dos interesses patronais leva à estagnação, ao desemprego e ao empobrecimento dos trabalhadores. Em nosso país, apesar da crise, no ano de 2009 foram criados quase um milhão de novos empregos.

A melhoria nas condições dos trabalhadores brasileiros é consequência da nova orientação adotada pelo governo federal a partir de 2003.

A nova política inaugurada por Lula começou a apresentar efeitos em 2004; o país voltou a crescer (5,7% naquele ano) e o emprego começou a deslanchar. Em 2005 outro fator significativo trouxe efeitos benéficos para a economia brasileira: o governo Lula não renovou o acordo de Fernando Henrique Cardoso com o FMI, de 2002, que reforçou a submissão do Brasil às autoridades financeiras do FMI e do imperialismo.

O efeito veio em seguida; já em 2005 o crescimento foi de 3,2%; subiu para 4% em 2006 e para 6,1% em 2007; a crise internacional começou a cobrar seu preço em 2008 e o ritmo diminuiu um pouco, caindo para 5,2%. Este foi o ano do início da crise econômica nos EUA e na Europa, com forte impacto no mundo. Seu reflexo na economia brasileira foi a queda de 0,6% no PIB em 2009 mas, mesmo assim, o país – em plena crise mundial – continuou criando empregos com carteira assinada.

A volta do crescimento trouxe a melhora no mercado de trabalho e o fortalecimento do mercado interno, dando novas bases ao desenvolvimento a partir das forças próprias do país.
 

sábado, 14 de julho de 2012

Revista Época: Como a Delta pagou Perillo

Um relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade por ÉPOCA comprova os elos entre o esquema de Carlinhos Cachoeira e o governador de Goiás


 
LUCRO O governador  de Goiás, Marconi Perillo. Ele vendeu uma casa ao bicheiro Carlinhos Cachoeira com um ágio  de R$ 500 mil –  em troca, liberou faturas da Delta  (Foto: Andre Borges/Folhapress)
capitulo 1 (Foto: reprodução)


No dia 27 de junho, o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal remeteu à Procuradoria-Geral da República um relatório sigiloso, contendo todas as evidências de envolvimento do governador Marconi Perillo com o esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Como governador de Estado, Perillo só pode ser investigado pelo procurador-geral da República – e processado no Superior Tribunal de Justiça. O relatório, a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, tem 73 páginas, 169 diálogos telefônicos e um tema: corrupção.

O documento está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo, uma das investigadoras mais experientes do Ministério Público. Ela analisará que providências tomar e terá trabalho: são contundentes os indícios de que a Delta deu dinheiro a Perillo.

Alguns desses 169 diálogos já vieram a público; a vasta maioria ainda não. Encontram-se nesses trechos inéditos as provas que faltavam para confirmar a simbiose entre os interesses comerciais da Delta em Goiás e os interesses financeiros de Perillo. Explica-se, finalmente, o estranho episódio da venda da casa de Perillo para Cachoeira, que não foi bem entendido. Perillo nega até hoje que tenha vendido o imóvel a Cachoeira; diz apenas que vendeu a um amigo. O exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que:

1) assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, diz a PF, um “compromisso”, com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo;

2) o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava. Ele queria vender o imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Houve regateio, mas Cachoei¬ra e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três parcelas;

3) Perillo recebeu os cheques de Cachoeira. O dinheiro para os pagamentos – efetuados entre março e maio do ano passado – saía das contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à Delta;
4) a Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil;

5) a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.
Para compreender as negociações, é necessário conhecer dois personagens, que chegaram a ser presos pela PF. Um é o tucano Wladmir Garcez, amigo de Perillo e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia. Garcez atua como uma espécie de embaixador de Perillo junto à Delta e à turma de Cachoeira: faz pedidos, cobra valores, entrega recados. O segundo personagem é Cláudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste e parceiro de Cachoeira no ataque aos cofres públicos de Goiás. Na hierarquia da Delta, Abreu detinha a responsabilidade de obter contratos públicos para a construtora e – o mais difícil, custoso – assegurar que os governantes liberassem os pagamentos em dia. A corrupção neste caso, como em tantos outros, nasce na oportunidade que o Poder Público oferece: um detém a caneta que pode liberar o dinheiro; outro detém o dinheiro que pode mover a caneta. Na simbiose entre a Delta e o governo de Goiás, Garcez e Abreu eram os sujeitos que se dedicavam a fazer o dinheiro girar, multiplicar-se. Não há caixa de campanha ou questiúncula política nessa história. O objetivo era ganhar dinheiro.

A mensagem

Para a Justiça
O relatório da PF traz indícios de que a Delta transferiu dinheiro a Perillo, e eles devem ser investigados
Para o eleitor
A investigação pode dar um novo norte à CPI do Cachoeira
A PF começou a monitorar as atividades ilegais das duas turmas, de Perillo e da Delta, em 27 de fevereiro do ano passado. Naquele momento, Perillo cobrava o pagamento do “compromisso” da Delta. Num diálogo interceptado pela PF às 20h06, Cachoeira pede pressa a Abreu. Disse Cachoeira: “E aquele trem (dinheiro) do Marconi (governador), hein? Marconi já falou com o Wladmir (Garcez), viu”. Abreu chora miséria, como bom negociante. “Vou falar amanhã que não tem jeito”, diz Cachoeira. “Mas não é 2 milhões e meio, não. Ele (Marconi) quer só a diferença.” Cachoeira refere-se, aqui, à operação de venda da casa, o assunto mais urgente naquele momento. Abreu faz jogo duro: “Pois é, doutor, eu não tenho como. Do mesmo jeito que o Estado tá com o orçamento fechado, eu também tô”. O jogo é simples: uma parte quer que a outra aja antes. Perillo quer o dinheiro antes de liberar a fatura; Abreu, da Delta, quer a fatura paga antes de liberar o dinheiro para Perillo.

AGILIDADE O bicheiro Carlinhos Cachoeira. Quando ele entrou no circuito, a negociação entre a Delta  e o representante  de Marconi Perillo passou a andar rápido  (Foto: Ailton de Freitas/Ag. O Globo)
Capítulo 2 (Foto: reprodução)
 
As negociações prosseguem, emperradas em alguns momentos por desconfianças mútuas. Numa ligação na mesma noite, Cachoeira certifica Abreu de que Garcez, o interlocutor de Perillo, não está pressionando a Delta sem motivos. “Não é o Wladmir, não. É ele (Marconi) que tem esse trem na cabeça, da diferença e não sei o quê, viu?”, diz. No dia seguinte, preocupado com a demora da Delta em liberar o dinheiro, Cachoeira pede a Garcez que dê “um aperto” em Abreu, de modo a garantir o negócio. Garcez liga para Abreu e reforça que a Delta deve pagar logo o “compromisso” com Perillo. Garcez explicara a Perillo que a Delta não conseguiria quitar o acerto logo. Diz Garcez, no diálogo com Abreu: “Tive lá no Palácio, conversei com o governador lá. Falei... ‘Olha, o compromisso que ele (Abreu) tinha feito com o senhor faltava 1 milhão e meio. (...) Ele (Abreu) vai ver se cumpre aquele compromisso com o senhor”. Diante da pressão, Abreu diz que tem “outros compromissos” em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Pede tempo.

Nervoso com a lentidão de Abreu, Cachoeira resolve dar prosseguimento ao negócio com Perillo – e cobrar depois da Delta. A partir daí, o acerto realiza-se com rapidez. Ainda no dia 28, Garcez informa a Cachoeira que Perillo quer cheques nominais. Combinam a entrega de três cheques para o dia seguinte, às 14 horas: dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil, depositados no dia 1o de cada mês. Em seguida, no dia 1o de março, Cachoeira faz a operação: pede ao sobrinho que assine os cheques, avisa a Delta e manda entregar os cheques no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. Às 14h53, Garcez, que estava no Palácio, confirma a Cachoeira que os cheques foram entregues e avisa que levará a escritura do imóvel no dia seguinte. Doze minutos depois, Cachoei-ra já pede a contrapartida a Garcez: “O trem da Delta, aqueles 9 milhões que o Estado tem de pagar... Você levou para mostrar para ele (Perillo)?”. Garcez confirma: “Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e dois, zero quarenta e três”. Às 16h37, Garcez informa a Cachoeira que está no gabinete do governador, entregando os cheques. Em seguida, Garcez comunica a Abreu que os problemas da Delta acabaram. “(Perillo) falou que vai resolver: ‘Não, pode deixar que isso aqui eu resolvo’”. E resolveu: ainda no dia 1o de março, o governo de Goiás liberou R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. No dia seguinte, o cheque de R$ 500 mil foi depositado na conta de Perillo.