sábado, 15 de junho de 2013

A juventude, as manifestações e o passe livre



Nas últimas décadas, a passividade da juventude diante dos problemas locais e nacionais foi duramente criticada por todos que se autodenominam politizados.

Agora que resolveram se posicionar, as manifestações dos jovens recebem duras críticas de alguns setores e forte repressão da PM do estado de São Paulo, governado pelo PSDB de Geraldo Alckmin. Aliás, este modo de enfrentar uma manifestação popular não é novidade naquele estado. Foi com a mesma truculência que a polícia do governo tucano reprimiu e espancou os professores, e recentemente protagonizou umas das maiores barbaridades desde que a democracia foi reconquistada: o massacre na desocupação do Pinheirinho, onde famílias inteiras foram violentamente agredidas, inclusive crianças, em meio a denúncias até mesmo de violência sexual por parte de PMs. A mídia conseguiu esconder todo esse absurdo pra proteger o projeto político que defendem. E poucos se indignaram.

É preciso compreender a importância do Movimento Passe Livre em algumas capitais, principalmente em São Paulo, mesmo que os objetivos ainda não estejam muito claros. Alguns dizem que é pelos R$ 0,20 de aumento e outros que é pela melhoria do transporte coletivo e pela implantação do passe livre para todos.

Ainda que tardiamente, o prefeito Haddad parece ter entendido a armadilha conservadora da simples criminalização do movimento e decidiu abrir um importante canal de diálogo com os manifestantes.  Convocou o Conselho da cidade, criado por ele no início do mandato e composto por representantes de sindicatos, movimentos sociais, artistas, igrejas (D.Odilo Scherer), políticos de oposição e personalidades como a presidente do Instituto Ayrton Senna (Viviane Senna), para escutar as propostas do movimento e debater soluções.

É possível que consigam enxergar a grande oportunidade que o MPL - Movimento Passe Livre oferece para os governantes do estado e da prefeitura de São Paulo. Se tiverem a coragem de ousar, é o momento ideal para retomar a proposta da ex- prefeita Luiza Erundina, quando exerceu o mandato na capital paulista, de zerar a tarifa do transporte coletivo, considerando esse serviço um direito universal, assim como saúde, educação e segurança.

Naquela ocasião a prefeita não conseguiu apoio político, midiático e popular para levar adiante a proposta. Agora o prefeito Haddad, se tiver essa coragem, não terá apoio midiático, mas já começaria com um forte apoio popular para a proposta, o que poderá gerar o necessário apoio político. Como não existe almoço de graça, a grande dificuldade é que para custear esse benefício para toda a população será preciso mexer com os interesses da minoria mais rica, pois a única maneira já encontrada até agora para bancar o passe livre é o aumento de IPTU para os mais ricos.

Foi este setor, apoiado pelos grandes grupos de comunicação, que impediu que a Erundina conseguisse implantar o passe livre durante a sua gestão.

Por outro lado, para não perder apoio da população, o MPL terá que isolar e até ajudar na repressão aos vândalos criminosos que estão infiltrados no movimento. Se continuar os episódios de depredação, uso de fogos de artifícios, pedras e coquetéis molotov, perderão rapidamente a credibilidade.

De qualquer maneira, não podemos simplesmente minimizar ou criminalizar os protestos, muito menos permitir que reacionários oportunistas utilizem o potencial de indignação dos jovens para usá-los para benefícios eleitorais.


Ao contrário, todos que valorizam a democracia, a participação popular e a liberdade, precisam se levantar, apoiar a iniciativa, ajudar na organização e nos debates. Não importa quem esteja no poder, desde que seja pra lutar, de maneira pacífica por uma causa verdadeira, qualquer movimento merece ser respeitado.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Longe se vai sonhando demais




Uma das mais belas canções das Gerais proclama, na sua letra, que “longe se vai sonhando demais”.  E foi tomando emprestada esta frase, que encerrei uma carta que escrevi para minha filha, quando ela foi morar em outra cidade.

Naquele momento, quando ela se lançava no seu primeiro voo, queria demonstrar que não é a ambição, muito menos a busca desenfreada pelo sucesso e pelo dinheiro, que determina o quanto seremos felizes na vida. O que nos move em direção a felicidade são os nossos sonhos. 

E não é possível sonhar verdadeiramente, se o coração não estiver transbordando de sentimentos nobres como solidariedade, humildade, responsabilidade e compaixão. Muito menos se não alimentar a capacidade de se indignar diante de injustiças e de preconceitos, abundantes numa sociedade que adora alimentar a hipocrisia.

Não posso esconder o orgulho que sinto quando percebo que aqueles que Deus me confiou a missão de orientar, assimilam estes princípios.

Para provar tudo isso, Ana Luíza mostrou que quando se acredita nos próprios sonhos e não se entrega ao comodismo, agindo com determinação, o resultado será sempre a vitória. Por isso, ela comemora agora a tão desejada vaga numa universidade estrangeira. Na mais antiga universidade do mundo e considerada uma das melhores da Itália, a Universidade de Bolonha.

A aprovação da sua candidatura a uma bolsa do revolucionário programa Ciência sem Fronteiras é a demonstração exata de que, quando a determinação e a oportunidade se encontram, o sonho se realiza.

O programa, considerado a “menina dos olhos” da Presidenta Dilma, já realizou o sonho de mais de 22.000 jovens do Brasil e até o final do próximo ano deve superar a marca de 100.000 jovens brasileiros estudando em vários países da Europa, Ásia, Oceania e América do Norte. A maioria deles, assim como minha filha, não teria como bancar os custos desta oportunidade.

A sociedade sempre reclamou, com razão, a necessidade de o país investir na qualificação dos seus jovens. Pois bem, aí está a resposta. Nos últimos dez anos, foi possível testemunhar a criação de 18 novas universidades federais e mais 126 campi federais no interior do país. Agora, um programa oficial leva jovens de todas as classes sociais para uma experiência no exterior que vai trazer incontestáveis ganhos para o país no futuro. Só não vê quem não quer.

Mas é certo também que a oportunidade não basta se não houver determinação. Por outro lado, a determinação será sempre capaz de provocar uma oportunidade.

Contudo, sei que essa oportunidade me brindará com a angústia provocada pela ausência e pela saudade, que só será amenizada pela certeza de que  é mais um sonho que se realiza.

Agora só me resta colocar em prática um ensinamento simples que aprendi com minha mãe. Colocar nas mãos de Deus tudo na vida. E é nas mãos Dele que coloco, não apenas o novo desafio da Ana Luiza. Mas todos os desafios que ela, João Pedro, Luiz Gustavo e Vinícius terão ao longo da caminhada. Que não tenham medo de sonhar e que busquem apaixonadamente a realização de cada sonho.

Afinal, como cantamos aqui em Minas, “sonhos não envelhecem”.