segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Cambaleando, Aécio é flagrado no Rio

                      
Cambaleando, Aécio é flagrado no RioFoto: Reprodução
 

Aparentemente embriagado, na madrugada do Rio de Janeiro, senador e candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) é flagrado dando gorjetas de R$ 100 a garçons; candidatura vai resistir a mais este tropeço?; assista ao vídeo


 
247 - Dias depois de lançar sua candidatura à presidência da República, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) foi flagrado numa cena constrangedora. Na madrugada do Rio de Janeiro, no tradicional bar Cervantes, ele foi gravado cambaleante, aparentemente embriagado, deixando a calçada em direção ao balcão para dar uma grande gorjeta ao balconista que o serviu. "Isso aqui é pra você", ouve-se Aécio dizer. O mais constrangedor da cena são seus passos trôpegos a caminho da área interna do Cervantes. Para seus adversários, sem dúvida um prato cheio. Julgue você mesmo pelo vídeo ao qual o Brasil 247 teve acesso.
 
 
Dias atrás, em São Paulo, ele lançou seu "projeto 2014", como candidato a presidente. Leia matéria do 247 publicada no fim de semana:
 
Aos empresários, Aécio assume projeto 2014
 
Minas 247 – O senador mineiro Aécio Neves, enfim, começa a sair da toca e a se colocar como presidenciável em 2014. Esse "projeto 2014" começou a ser assumido na última semana, quando Aécio passou uma temporada em São Paulo. Veio para um evento da revista Istoé Dinheiro, onde se encontrou com banqueiros como Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, bem como com empresários, como Joesley Batista, do JBS Friboi, e Paulo Skaf, da Fiesp.
 
Depois disso, foi ciceroneado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para encontros com outros grandes empresários, como Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco. A informação foi publicada numa nota na coluna Radar, de Lauro Jardim, em que FHC confirmou ter dado a largada para o projeto "Aécio 2014".
 
No quadro atual, suas chances parecem irrisórias. A última pesquisa CNT mostrou Lula com 69% das intenções de voto (se decidisse ser candidato), Dilma Rousseff com 59% e Aécio Neves com apenas 11%. Mas tanto FHC como Aécio apostam num desgaste de Dilma em razão da continuidade da crise internacional, que tem reduzido as projeções de crescimento da economia brasileira – em 2012, pelo segundo ano consecutivo, a taxa de expansão do PIB deve se situar abaixo de 2%.
 
O discurso político de Aécio vem sendo construído em sintonia com FHC. E a principal tribuna é uma coluna semanal na Folha de S. Paulo, publicada sempre às segundas-feiras, em que o senador mineiro tem abordado temas discutidos com o ex-presidente e depois reverberados por outros colunistas. Na Folha, Aécio já fez um elogio da privatização tardia assumida por Dilma, no caso das concessões, e criticou a chamada "herança maldita" da Petrobras, chamada por ele de PTBras.
 
Recentemente, o senador mineiro também fez questão de prestigiar uma homenagem prestada ao ex-presidente FHC nos Estados Unidos, quando ele recebeu uma medalha da Biblioteca do Congresso americano. Aécio faz parte do grupo que gostaria de resgatar a imagem pública de FHC. No entanto, o próprio PSDB o considera um mau cabo eleitoral. Tanto que o esconde nos programas de seus candidatos – ao contrário do que ocorre com Lula no PT. "O partido quer que ele apareça mais, mas o ex-presidente tem uma agenda extensa de compromissos", justifica o presidente da sigla, Sérgio Guerra.

Documento onde Globo é a maior beneficiária do 'mensalão' aparece rasurado

 


 
“No creo en brujas, pero que las hay, las hay”


http://www.senado.gov.br/comissoes/CPI/RelatorioFinalVol2.pdf
A página com numeração 694 corresponde à página física 205 no arquivo em PDF

O relatório final e oficial da CPMI dos Correios, escreve com todas as letras, nas páginas 693 e 694 que, entre as pessoas jurídicas, o maior “beneficiário” das empresas do grupo “Marcos Valério” foi o Grupo GLOBO (TV`s, rádios, jornais e revistas).

Contudo, é muito esquisito que, justamente na página 694, onde mostraria objetivamente o valor que as empresas de Marcos Valério repassaram para as Organizações Globo, a tabela foi impressa desalinhada, cortando os primeiros dígitos, de forma a tornar ilegível o verdadeiro valor pago.

Os valores desta tabela são cruciais para enxergar como foi esse tal "mensalão" como um todo, no conjunto da obra, e não pinçando seletivamente ocorrências isoladas do contexto total, e escondendo o resto, com fez o noticiário da própria Globo nestes últimos 7 anos.

É inadmissível que, com a lei do acesso à informação em vigor, o Congresso Nacional não retifique imediatamente esse relatório exposto à consulta pública desde o fim da CPI.

Confira aqui na página oficial do Senado: http://www.senado.gov.br/atividade/comissoes/cpi/relatoriofinalcorreios.asp

A tabela danificada está no volume 2 do Relatório Final. A página com numeração 694 corresponde à página física 205 no arquivo em PDF .

domingo, 19 de agosto de 2012

Os protetores do antijornalismo

 

Falácia: Alves e Teixeira dizem defender a “liberdade de imprensa”. Mas quem disse que ela está ameaçada?

Leandro Fortes, CartaCapital

“Na terça-feira 14, de posse de uma análise preparada por técnicos da CPI do Cachoeira a partir de interceptações telefônicas e documentos da Polícia Federal, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) estava pronto para um embate e tanto: requerer a convocação do jornalista Policarpo Jr., diretor da revista Veja em Brasília. Seria a segunda tentativa da CPI de ouvir Policarpo, mas o PT decidiu retirar o assunto de pauta, por enquanto, até conseguir convencer o PMDB a participar da empreitada. Antes, o senador Fernando Collor (PTB-AL) havia tentado sem sucesso convocar o jornalista.

O documento de mais de cem páginas elaborado por técnicos da CPI, publicado em seus principais detalhes na edição passada de CartaCapital, prova de diversas maneiras a ligação de Policarpo Jr. com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, a quem o diretor da semanal da Editora Abril chegou a solicitar um grampo ilegal contra o deputado Jovair Arantes (PTB-GO).
Na segunda-feira 13,
um dia antes da data prevista para Dr. Rosinha se manifestar, uma tensa reunião ocorrida na casa do deputado Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara, tornou possível dimensionar a força do lobby da Abril sobre a bancada de quatro deputados do PMDB na comissão. O grupo atendia aos apelos do vice-presidente da República, Michel Temer, presidente do partido, e do deputado Henrique Eduardo Alves, líder da sigla na Câmara.

Constrangidos, incapazes de articular uma desculpa coerente, os peemedebistas da CPI continuam a negar apoio ao PT na empreitada. Na reunião, voltaram a se prender à falsa tese dos riscos da convocação à “liberdade de imprensa” no País. Eram eles os deputados Luiz Pitiman (DF) e Iris de Araújo (GO) e os senadores Sérgio de Souza (PR) e Ricardo Ferraço (ES).

Não há, obviamente, nenhuma relação entre um jornalista depor em uma CPI e um suposto atentado à liberdade de imprensa. No caso de Policarpo Jr., o argumento soa ainda mais esdrúxulo, uma vez que o jornalista já depôs na Comissão de Ética da Câmara, em 22 de fevereiro de 2005, no processo de cassação do ex-deputado André Luiz (PMDB-RJ).
Policarpo lá esteve, como voluntário, para defender ninguém menos que Cachoeira, a quem André Luiz pretensamente queria subornar para evitar a inclusão do nome do bicheiro no relatório final de outra CPI, a da Loterj (estatal fluminense de loterias), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.”
Fotos: Eduardo Maia/DN/D. A Press e Andre Dusek/AE
Artigo Completo, ::AQUI::

Quem me levará sou eu...

Flávia Bittencourt



Conheci hoje essa cantora maranhense no programa Sr. Brasil. No seu último CD, ela homenageou Dominguinhos com sua belíssima voz. Nos clipes abaixo, velhas canções, com novos arranjos, interpretadas essa excelente cantora.


Retrato da Vida

Eu só quero um xodó e Quem me levará sou eu
Mar de Rosas
Fanatismo
De volta pro meu aconchego
A Distância

Privatização é igual a concessão?

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:


Nos últimos dias, com a divulgação do governo federal de um pacote de investimentos multibilionário que o país fará em infraestrutura – setor que padece há décadas a fio com profunda falta de investimentos –, uma discussão lateral tomou o debate público: o governo petista está ou não está fazendo o que o PT criticou em governos anteriores?

A última campanha eleitoral à Presidência da República (2010) envolveu longa e dura discussão do tema no âmbito dos ataques de parte a parte que se estabeleceram entre os então candidatos Dilma Rousseff e José Serra.

Pelo lado do PT, os ataques consistiram em carimbar na testa de Serra que quando o PSDB governa vende patrimônio público a preço vil e sem contrapartida de mecanismos de proteção ao consumidor. Seria a tal “privataria tucana”.

Eis, aí, a razão de as primeiras páginas dos maiores jornais do país terem amanhecido o dia posterior ao anúncio do “mega PAC” em infraestrutura com manchetes afirmando que Dilma “privatizou”. Foi, por óbvio, um recado claro da imprensa à sociedade: “O PT mentiu na campanha eleitoral de 2010, pois quando governa é tão privatizante quanto o PSDB”.

Há, ainda, outro recado contido na campanha de denunciação subliminar – mas nem tanto – que a imprensa vem fazendo de uma suposta incompatibilidade entre o discurso de campanha do PT e a sua prática ao governar: denuncia-se a privatização porque, como ficou claro naquela última campanha eleitoral, o povo a desaprova.

A acusação da imprensa e da oposição ao PT é tão séria quanto a desse partido aos que o acusam. Do lado oposicionista-midiático, enquanto se tenta acusar o PT de incoerência, recorre-se à rejeição popular contra as privatizações. Do lado do governo petista, acusa seus acusadores de mentirem ao dizerem que privatizar é o mesmo que dar concessão.

Para o espectador isento, aquele que não tem razões político-partidárias e ideológicas e que quer políticas de Estado que atendam ao interesse público, o que se quer saber, no fim das contas, é se as razões que o levam a rejeitar as privatizações do PSDB continuarão presentes nas concessões petistas.

Em primeiro lugar, há a questão do patrimônio público. Ao menos um fato o mínimo de honestidade impõe que os adeptos da tese de que privatização é concessão reconheçam: os contratos de concessão de estradas, por exemplo, prevêem que voltarão ao controle do Estado. Não foram vendidas como a telefonia, que jamais voltará a ser pública.

Nos dois casos, porém, as empresas privatizadas ou cedidas em concessão por prazo determinado estão sob regulação do Estado. E é nesse ponto que as concessões podem reproduzir o que aconteceu com as privatizações da era tucana.

Para facilitar a análise, fiquemos nos mesmos exemplos: estradas e telefonia.

Na telefonia, em razão dos contratos fechados pelo governo Fernando Henrique Cardoso, a do Brasil é a mais cara do mundo e os serviços não estão à altura do preço. Pode-se reconhecer, porém, que há instrumentos para ao menos exigir dos “donos” da telefonia brasileira que invistam e primem pela qualidade dos serviços e essa é tarefa deste governo, não do anterior.

Recentemente, porém, viu-se o governo agir para obrigar aqueles que compraram a telefonia nacional a, pelo menos, prestarem melhores serviços.

Restam os preços. No Brasil, continuam absurdos. As cláusulas de reajuste e de reservas de mercado firmadas na era tucana impedem a queda de preços, mas faltam ações do atual governo – e do anterior, também petista – no sentido de mudar ou repactuar as condições com os que exploram a telefonia no país.

Se isso ocorrer com as concessões de estradas, sempre ficando em um só exemplo do que está sendo “alugado” – e não vendido – à iniciativa privada, ai sim haverá elementos para dizer que, tanto no formato petista de entrega de gestão de serviços à iniciativa privada quanto no formato tucano, no fim é tudo a mesma coisa.

Todavia, agora é cedo para julgar. Ainda não se sabe o que acontecerá, o que faz dessas previsões que se está vendo, a mais legítima empulhação político-partidária por parte da imprensa.

Na opinião deste blog, porém, quem tem que defender a tese de que concessão não é privatização e mostrar que a gestão petista não é omissa na regulação e fiscalização dos serviços como era a gestão tucana, é o governo Dilma.

Se o governo federal e o próprio PT não vierem a público destacar as diferenças reiteradamente – assim como é reiterada a acusação de que o que houve foram privatizações –, aí fica difícil. As pessoas serão enganadas.

Agora, um fato é inquestionável: concessão não é privatização. Vender essa idéia é tentar enganar as pessoas. E se Dilma quiser pode fazer picadinho dessa tese. Ela tem espaço, voz e argumentos para tanto. Só precisa ter vontade de esclarecer o público.

Privatizar é vender e conceder é alugar. Estradas sob concessão voltarão a integrar o patrimônio público, mas a telefonia, que foi vendida, nunca mais. Ou então que os defensores da teoria de que é tudo a mesma coisa digam quando é que a Vale, por exemplo, voltará a ser estatal como as estradas irão voltar.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Cuba, a ilha da saúde

Por Salim Lamrani, no sítio da Adital:


Desde o triunfo da Revolução de 1959, o desenvolvimento da medicina tem sido a grande prioridade do governo cubano, o que transformou a ilha do Caribe em uma referência mundial neste campo. Atualmente, Cuba é o país que concentra o maior número de médicos por habitante.


Em 2012, Cuba formou mais 11 mil novos médicos, os quais completaram sua formação de seis anos em faculdades de medicina reconhecidas pela excelência no ensino. Trata-se da maior promoção médica da história do país, que tornou o desenvolvimento da medicina e o bem-estar social as prioridades nacionais. Entre esses médicos recém graduados, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm de 59 países da América Latina, África, Ásia e até mesmo dos Estados Unidos, com maioria de bolivianos (2.400), nicaraguenses (429), peruanos (453), equatorianos (308), colombianos (175) e guatemaltecos (170). Em um ano, Cuba formou quase o dobro de médicos do total que dispunha em 1959. [1]

Após o triunfo da Revolução, Cuba contava somente com 6.286 médicos. Dentre eles, três mil decidiram deixar o país para ir para os Estados Unidos, atraídos pelas oportunidades profissionais que Washington oferecia. Em nome da guerra política e ideológica que se opunha ao novo governo de Fidel Castro, o governo Eisenhower decidiu esvaziar a nação de seu capital humano, até o ponto de criar uma grave crise sanitária. [2]

Como resposta, Cuba se comprometeu a investir de forma maciça na medicina. Universalizou o acesso ao ensino superior e estabeleceu a educação gratuita para todas as especialidades. Assim, existem hoje 24 faculdades de medicina (contra apenas uma em 1959) em treze das quinze províncias cubanas, e o país dispõe de mais de 43 mil professores de medicina. Desde 1959, se formaram cerca de 109 mil médicos em Cuba. [3] Com uma relação de um médico para 148 habitantes (67,2 médicos para 10 mil habitantes ou 78.622, no total), segundo a Organização Mundial da Saúde, Cuba é a nação mais bem dotada neste setor. O país dispõe de 161 hospitais e 452 clínicas. [4]

No ano universitário 2011-2012, o número total de graduados em Ciências Médicas, que inclui 21 perfis profissionais (médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, tecnologia da saúde etc.), sobe para 32.171, entre cubanos e estrangeiros. [5]
 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Fantástico utilizou matéria de maio da Carta Capital

Da Carta Capital

É Fantástico: o sequestro da notícia alheia

Leandro Fortes

Desde sábado, depois que começou a circular fortemente pelas redes sociais a capa deCartaCapital sobre o consórcio Veja & Cachoeira, a TV Globo desencavou uma notícia velha, dada em primeira mão…também por CartaCapital, sobre a suspeita de um sequestro levado a cabo pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira.

O plágio tardio foi uma maneira desesperada de tentar neutralizar a única notícia que realmente ainda interessa sobre o tema, desde a cassação de Demóstenes Torres: as ligações de Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília, com o bicheiro, a quem pediu para grampear um deputado federal.

Botaram a matéria velha noFantástico e obrigaram O Globo, cada vez mais o primo pobre das Organizações, a repercutir a história. Miserável sina, esta, do velho diário carioca, obrigado a repercutir notícia sequestrada de páginas alheias.

Na edição 698, de 18 de maio passado, CartaCapital trouxe a capa “No mundo de Cachoeira”, uma reportagem de Cynara Menezes sobre os múltiplos esquemas criminosos do bicheiro. Na matéria interna, intitulada “Senhor do submundo”, um dos pontos tratados pela repórter foi, exatamente, o sequestro que a Globo passou o fim de semana apresentando como novidade.

Leiam o texto de Cynara, escrito e publicado há três meses (leia mais clicando AQUI):

“Na quarta-feira 9, o também delegado da PF Raul Alexandre Souza, titular da Operação Vegas, havia relatado à CPI uma “ampla sorte de crimes de natureza grave” cometidos pelo grupo de Cachoeira.

Segundo o federal, em determinado momento chegou a temer pela integridade física de um dos membros da quadrilha. Em abril de 2009, narrou o delegado, um funcionário “foi sequestrado e mantido em cárcere privado” pelo fato de Cachoeira desconfiar que o assecla estivesse envolvido no roubo de dinheiro apurado nas máquinas caça-níqueis. Os autores do sequestro teriam sido Jairo Martins e Idalberto Martins de Araújo, o Dada, os arapongas que aparecem nas escutas como fontes constantes do jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília da revista Veja.”

Ou seja, vivem num fantástico mundo de bobos e cegos, certos, entre outras alucinações, de que as pessoas só entram na internet para rever os capítulos da novela da Carminha e as gracinhas do Globo Esporte.

Amanhã, terça-feira, dia 14 de agosto, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) vai ao plenário da CPI do Cachoeira pedir a convocação de Policarpo Jr. e dar início à única investigação que realmente precisa ser feita na comissão, já que todo o resto já foi apurado pela Polícia Federal.

Veja sustentava o esquema criminoso de Cachoeira, e vice-versa.

O único sequestro dessa história é o sequestro da verdade, da ética e do jornalismo

sábado, 11 de agosto de 2012

O triste fim de Policarpo (e da Veja?)

Por Leandro Fortes, no site da Carta Capital.

Na CartaCapital dessa semana há uma história dentro de uma história. A história da capa é o desfecho de uma tragédia jornalística anunciada desde que a Editora Abril decidiu, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, que a revista Veja seria transformada num panfleto ideológico da extrema-direita brasileira. Abandonado o jornalismo, sobreveio a dedicação quase que exclusiva ao banditismo e ao exercício semanal de desonestidade intelectual. O resultado é o que se lê, agora, em CartaCapital:

Veja era um dos pilares do esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira. O outro era o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Sem a semanal da Abril, não haveria Cachoeira. Sem Cachoeira, não haveria essa formidável máquina de assassinar reputações recheada de publicidade, inclusive oficial.


Capa da edição de número 710 de CartaCapital

A outra história é a de um jornalista, Policarpo Jr., que abandonou uma carreira de bom repórter para se subordinar ao que talvez tenha imaginado ser uma carreira brilhante na empresa onde foi praticamente criado. Ao se subordinar a Carlinhos Cachoeira, muitas vezes de forma incompreensível para um profissional de larga experiência, Policarpo criou na sucursal da Veja, em Brasília, um núcleo experimental do que pior se pode fazer no jornalismo. Em certo momento, instigou um jovem repórter, um garoto de apenas 23 anos, a invadir o quarto do ex-ministro José Dirceu, no Hotel Nahoum, na capital federal. Esse ato de irresponsabilidade e vandalismo, ainda obscuro no campo das intenções, foi a primeira exalação de mau cheiro desse esgoto transformado em rotina, perceptível até mesmo para quem, em nome das próprias convicções políticas, mantém-se fiel à Veja, como quem se agarra a um tronco podre na esperança de não naufragar.

A compilação e análise dos dados produzidos pela Polícia Federal em duas operações – Vegas, em 2009, e Monte Carlos, em 2012 – demonstram, agora, a seriedade dessa autodesconstrução midiática centrada na Veja, mas seguida em muitos níveis pelo resto da chamada “grande” imprensa brasileira, notadamente as Organizações Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e alguns substratos regionais de menor monta. Ao se colocar, veladamente, como grupo de ação partidária de oposição, esse setor da mídia contaminou a própria estrutura de produção de notícias, gerou uma miríade de colunistas-papagaios, a repetir as frases que lhes são sopradas dos aquários das redações, e talvez tenha provocado um dano geracional de longo prazo, a consequência mais triste: o péssimo exemplo aos novos repórteres de que jornalismo é um vale tudo, a arte da bajulação calculada, um ofício servil e de remuneração vinculada aos interesses do patrão.

A Operação Vegas, vale lembrar, foi escondida pelo procurador-geral da República Roberto Gurgel, este mesmo que por ora acusa mensaleiros no STF com base em uma denúncia basicamente moldada sobre os clichês da mídia, em especial, desta Veja sobre a qual sabemos, agora, que tipo de fontes frequentava. Na Vegas, a PF havia detecdado não somente a participação de Demóstenes Torres na quadrilha, mas também de Policarpo Jr. e da Veja. Essa informação abre uma nova perspectiva a ser explorada pela CPI do Cachoeira, resta saber se vai haver coragem para tal.

Há três meses, representantes das Organizações Globo e da Editora Abril fecharam um sórdido armistício com Michel Temer, vice-presidente da República e cacique-mor do PMDB. Pelo acordo, o noticiário daria um descanso para Dilma Rousseff em troca de jamais, em hipótese alguma, a CPI do Cachoeira convocar Policarpo Jr., ou gente maior, como Roberto Civita, dono da Abril. A fachada para essa negociata foi, como de costume, as bandeiras das liberdades de imprensa e de expressão, dois conceitos deliberadamente manipulados pela mídia para que não se compreenda nem um nem outro.

No dia 14 de agosto, terça-feira que vem, o deputado Dr. Rosinha irá ao plenário da CPI apresentar um requerimento de convocação do jornalista Policarpo Jr.. É possível, no mundo irrreal criado pela mídia e onde vivem nossos piores parlamentares, que o requerimento caia, justamente por conta do bloqueio do PMDB e dos votos dessa oposição undenista sem qualquer compromisso com a moral nem o interesse público.

Será uma chance de ouro de todos nós percebermos, enfim, quem é quem naquela comissão.

Leia também:


Murdoquianas. Por Mino Carta

Veja e Cachoeira: As provas definitivas da parceria

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PRONATEC vai oferecer 8 milhões de vagas em cursos técnicos e profissionalizantes


A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (7), na coluna Conversa com a Presidenta, que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) vai oferecer oito milhões de vagas gratuitas em cursos técnicos e profissionalizantes até 2014. Ao responder pergunta de Francisco Chagas, 47 anos, comerciante da Estrutural (DF), Dilma também disse que o Pronatec Copa oferecerá 240 mil vagas para capacitar trabalhadores para o Mundial de 2014.

“O Pronatec foi criado para ampliar a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes. São 8 milhões de vagas até 2014, gratuitas, em cursos de mais de 400 áreas do conhecimento. Esses cursos são oferecidos principalmente nas 403 unidades das escolas técnicas federais, nas escolas do Sistema S e nas escolas técnicas estaduais. Criamos também o Pronatec Copa, pensando no crescimento do turismo, com 240 mil vagas gratuitas em 29 opções de cursos até 2014, além de 32 mil vagas para o aprendizado de inglês, espanhol e libras”, disse.

Na coluna, a presidenta Dilma explicou aos interessados nas vagas oferecidas pelo Pronatec quais órgãos devem ser procurados para obter informações sobre os cursos.

“Os interessados nos cursos técnicos do Pronatec devem procurar a secretaria de educação do seu estado. Para curso de qualificação profissional, o trabalhador deve procurar o posto do Sine, o Sistema Nacional de Emprego, ou usar o site http://maisemprego.mte.gov.br/portal. Mais informações sobre o Pronatec Copa estão em http://www.pronateccopa.turismo.gov.br. Em Brasília, Francisco, o Instituto Federal de Brasília – IFB (http://www.ifb.edu.br) oferece cursos técnicos e de qualificação profissional do Pronatec em 10 campus”, afirmou.

Janice de Oliveira, 40 anos, contadora de Dourados (MS), perguntou à presidenta como fiscalizar a aplicação de recursos federais em sua cidade.

Os Meios e os Fins, por Marcos Coimbra

Há os que desgostam do PT, dos petistas e de tudo que fazem com tal intensidade que qualquer explicação é desnecessária. Apenas têm aversão profunda pelo que o partido representa.

Alguns a desenvolveram por preferir outros partidos e outras ideias. Mas são a minoria. Os mais sinceros anti-petistas são os que somente sentem ojeriza pelo PT. Veem um petista e ficam arrepiados.
Sequer sabem a razão de tanta implicância.

Detestavam o PT quando era oposição - dizendo que era intransigente - e o detestam agora que está no governo pela razão oposta - acham que é tolerante demais. Odiavam os petistas quando vestiam camiseta e discursavam na porta das fábricas. Hoje, os abominam porque usam terno e gravata e fazem pronunciamentos no Congresso.

Um dos argumentos que invocam para justificar a birra é capcioso: o mito da “infância dourada” do PT, quando ele teria sido virginal e puro. O invocam com o intuito exclusivo de ressaltar que teria perdido algo que, em seu tempo, não admitiam que tivesse.

O PT abstrato e irreal que criaram é uma figura retórica para denunciar o PT que existe de fato - que não é nem menos, nem mais real que os outros partidos que temos no Brasil e no mundo.

Além desse anti-petismo figadal e baseado em pouco mais que um atávico conservadorismo, há outro. Que pretende ser mais sóbrio.

Nestes tempos de julgamento do “mensalão”, é fácil encontrá-lo.

Seus expoentes são mais racionais e menos folclóricos. Usam uma lógica que parece sólida.

O que mais os caracteriza é dizer que não discutem os fins e sim os meios do PT. Que não são anti-petistas por definição, mas que repudiam aquilo que os líderes petistas fizeram para chegar ao Planalto - e passaram a fazer depois que o partido lá se instalou.

Ou seja, sua oposição não questionaria o projeto petista, mas sua tática. Não haveria problema no fato de o PT querer estar - e estar - no poder. Mas em o partido ter usado meios inaceitáveis para lá chegar e permanecer.

Parece uma conversa bonita. E nada mais é que isso.

No fundo, esse anti-petismo é igual ao outro. Sua aparente sofisticação apenas dá nova roupagem aos mesmos sentimentos.

O que o anti-petismo não perdoa em José Dirceu - e outras lideranças que estão sendo julgadas - não é ter usado “meios moralmente errados” para alcançar “fins politicamente aceitáveis”. Salvo os mal informados, seus expoentes sabem que o que o ex-ministro fez é o mesmo que, na essência, fariam seus adversários se estivessem em seu lugar - sem tirar, nem por.

Quem duvidar, que pesquise quem foi e como atuava Sérgio Motta, o popular “Serjão”, “trator” nas campanhas e governos tucanos.

(Com ele, não havia meias palavras: estava em campo para garantir - seja a que preço fosse -, 20 anos de hegemonia para o PSDB - e que ninguém viesse a ele com a cantilena da “alternância de poder”. Não foi por falta de seu empenho que o projeto gorou.)

O pecado de José Dirceu é ter tido sucesso no alcance dos fins a que se propôs - um sucesso, aliás, notável.

Sem sua participação, é pouco provável que tivéssemos o “lulopetismo” - um dos mais importantes fenômenos políticos de nossa história, gostem ou não seus adversários. Sem ele, o Brasil não seria o que é.

Isso é muito mais do que se pode dizer de quase todos os contemporâneos.

Mas é essa a realidade. Enquanto José Dirceu vive sua ansiedade, Sérgio Motta é nome de ponte em Mato Grosso, anfiteatro em Fortaleza, centro cultural em São Paulo, praça no Rio de Janeiro, edifício em Brasília, avenida em Teresina, usina hidroelétrica no interior de São Paulo e rua na longínqua Garrafão do Norte, nos rincões do Pará.

E de um instituto em sua memória, patrocinado pelo governo federal, que distribui importante prêmio de arte e tecnologia.

Gente fina é outra coisa.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Houve crime. E ninguém foi punido

                      
Houve crime. E ninguém foi punidoFoto: Divulgação_Folhapress
 

FHC afirmou ter se convencido da compra de parlamentares pelo PT ao ouvir a exposição de Roberto Gurgel; há 15 anos, o deputado Ronivon Santiago, confessava ter vendido seu voto pela reeleição do ex-presidente tucano


Ricardo Cascais, especial para o 247 – “Houve crime”. A frase foi dita ontem pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que formou seu juízo após ouvir a exposição de Roberto Gurgel, na última sexta-feira. FHC nem se dispôs a ouvir o contraditório, que seria a defesa dos réus.

Ocorre que, quinze anos atrás, houve uma venda de votos comprovada no Congresso Nacional, protagonizada pelo ex-deputado Ronivon Santiago, que perdeu seu mandato.
Sim, houve crime, mas ninguém foi punido.

Leia, abaixo, a reportagem que originou o escândalo:

Deputado diz que vendeu
seu voto a favor da reeleição
por R$ 200 mil

[Reportagem publicada em 13 de maio de 1997]

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) vendeu o seu voto a favor da emenda da reeleição por R$ 200 mil, segundo relatou a um amigo. A conversa foi gravada e a Folha teve acesso à fita.

Ronivon afirma que recebeu R$ 100 mil em dinheiro. O restante, outros R$ 100 mil, seriam pagos por uma empreiteira _a CM, que tinha pagamentos para receber do governo do Acre.

Os compradores do voto de Ronivon, segundo ele próprio, foram dois governadores: Orleir Cameli (sem partido), do Acre, e Amazonino Mendes (PFL), do Amazonas.

Todas essas informações constam de gravações de conversas entre o deputado Ronivon Santiago e uma pessoa que mantém contatos regulares com ele. As fitas originais estão em poder da Folha.

O interlocutor do deputado não quer que o seu nome seja revelado.

Essas conversas gravadas com Ronivon aconteceram ao longo dos últimos meses, em diversas oportunidades.

Outros venderam
Nas gravações a que a Folha teve acesso, o deputado acreano diz não ser o único parlamentar que se vendeu na votação da reeleição, no último dia 28 de janeiro, quando a emenda foi aprovada, em primeiro turno, com 336 votos favoráveis na Câmara.

"O Amazonino marcou dinheiro para dar (R$) 200 (mil) para mim, 200 pro João Maia, 200 pra Zila e 200 pro Osmir", diz Ronivon na gravação.

Os personagens citados são os deputados federais João Maia, Zila Bezerra e Osmir Lima, todos do Acre e filiados ao PFL. Outro parlamentar também recebeu dinheiro para votar a favor da reeleição, conforme explicação de Ronivon.

Eis como Ronivon menciona esse fato em suas conversas: "Ele (Amazonino) foi e passou (o dinheiro) pro Orleir (...) Mas no dia anterior ele (Orleir) parece que precisou dar 100, parece que foi pro Chicão, e só deu 100 pra mim."

Na gravação, Ronivon fazia referência a deputados do Acre. O único deputado do Acre conhecido como Chicão é Chicão Brígido (PMDB), que, sempre segundo as conversas de Ronivon, entrou no negócio na última hora. Por isso, Orleir Cameli precisou de mais dinheiro e teve de dividir uma das cotas de R$ 200 mil.

Há mais de uma versão sobre quanto cada deputado recebeu de fato para votar a favor da reeleição. Ronivon diz ser o único a ter embolsado R$ 100 mil. Todos os outros, diz ele, levaram R$ 200 mil à vista, em dinheiro.

Em alguns momentos, entretanto, o deputado sugere que Chicão Brígido e João Maia também receberam apenas R$ 100 mil.

Dos 8 parlamentares acreanos na Câmara, 6 votaram a favor da emenda da reeleição e 2 contra.

Venda corriqueira
Ronivon tem comentado a sua venda de voto a favor da reeleição como se fosse algo corriqueiro. Fala com vários colegas deputados. Algumas dessas conversas casuais é que foram gravadas.

Nessas gravações, o deputado revela detalhes de toda a operação.

Primeiro, Ronivon diz que foi contatado pelo governador do Acre, Orleir Cameli. Em troca do voto a favor da emenda da reeleição, cada deputado recebeu R$ 200 mil. O pagamento foi por meio de um cheque pré-datado _deveria ser depositado só depois de a votação ter sido concluída favoravelmente ao governo.

As fitas apontam que, nos dias que antecederam a votação, cheques nesse valor foram entregues para, pelo menos, quatro deputados acreanos: Ronivon Santiago, João Maia, Osmir Lima e Zila Bezerra.

Na gravação, Ronivon afirma que os cheques eram do Banco do Amazonas, em nome de uma empresa de Eládio Cameli, irmão de Orleir Cameli.

Apesar de tudo acertado, a operação acabou não agradando aos deputados nem ao governador acreano. O arrependimento se deu na véspera da votação da reeleição. Era uma segunda-feira, dia 27 de janeiro passado.

Joaquim Barbosa recebe prova contra Gilmar Mendes

Carta reafirma e reforça ataque a Gilmar Mendes
Carta reafirma e reforça ataque a Gilmar MendesFoto: Edição/247
 

Jornalista Leandro Fortes, autor da reportagem que expôs o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal na lista do valerioduto mineiro, registra que o advogado Dino Miraglia Filho foi ao STF na quinta-feira passada para entregar ao ministro Joaquim Barbosa o original do documento

 

 

247 - O original da lista do valerioduto mineiro (ou tucano, se preferir) chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Quem registra a chegada é o repórter Leandro Fortes, da revista Carta Capital. Em um texto intitulado O argumento da fraude caiu, o jornalista conta que o advogado Dino Miraglia Filho foi ao STF na quinta-feira passada (dia 2) para entregar o documento ao ministro Joaquim Barbosa. "Miraglia havia embarcado de Belo Horizonte no dia anterior para entregar ao ministro Joaquim Barbosa o original da lista do valerioduto mineiro, ou melhor, tucano, um documento de 27 páginas com o registro contábil, registrado em cartório, de 104,3 milhões de reais movimentados por meio de caixa 2", escreveu Leandro Fortes. Essa seria a quantia, segundo o documento, gasta na fracassada campanha à reeleição do ex-governador e atual deputado Eduardo Azeredo, do PSDB, em 1998.

O repórter, autor da matéria que apontou o ministro Gilmar Mendes como beneficiário de R$ 185 mil, também reforçou a autenticidade do documento. "Logo após a divulgação da lista, Marcos Valério, por meio de seu advogado, apressou-se em afirmar a falsidade do documento. No mesmo caminho seguiram Azeredo e Mendes, que teria recebido 185 mil reais. A negativa do publicitário era mais do que esperada. Réu do processo do mensalão, ele não pode assumir a responsabilidade pela administração de outro esquema criminoso. O caso de Minas Gerais também está no STF, mas somente para os envolvidos com direito a foro privilegiado, Azeredo e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG)", argumenta, acrescentando que a lista não foi publicada junto com a reportagem por um erro de edição.

A reportagem e sua repercussão na internet levaram Mendes a pedir à Polícia Federal que abrisse investigação contra a Wikipédia, enciclopédia virtual, feita de forma colaborativa, que mantém um verbete a seu respeito e, nele, menciona a matéria.

Que "opinião pública" é essa?

Ação penal nº 470: Que "opinião pública" é essa?

"De maneira geral, a grande mídia ignorou o desinteresse da população em relação ao julgamento. Pesquisas de opinião indicam que apenas uma em cada dez pessoas tem conhecimento do julgamento. Perguntados sobre “quem é o principal envolvido no mensalão?”, o nome mais citado é Carlinhos Cachoeira

Venício Lima, Observatório da Imprensa / Carta Maior
 
Brasília virou as costas para o julgamento do maior escândalo da história recente do país. Em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), silêncio e um vazio perturbador. O maior ato do dia, que contou com apoio do PSDB, do DEM e do PPS – principais partidos de oposição – reuniu apenas 15 manifestantes.”

Assim começa matéria sob o título “Faltou quorum na praça” que o Correio Braziliense publicou no dia seguinte ao início do julgamento da Ação Penal nº 470 pelo Supremo Tribunal Federal (ver aqui).

No Valor Econômico, a matéria “Nas ruas, mensalão é ignorado pela população, que preferiu Olimpíada”, descreve:

“Na fachada das lojas populares de eletrodomésticos do centro de São Paulo, grandes televisores, cuja compra pode ser parcelada em até 24 vezes, dividiam-se na programação do dia. A animação Monstros S.A. e a transmissão dos jogos olímpicos em Londres ocupavam com grande vantagem as telas, com exceções dedicadas a programas de culinária e uma apresentação da banda americana Bon Jovi. Nenhuma mostrava o primeiro dia do histórico julgamento da Ação Penal nº 470, vulgo mensalão” (ver aqui).

As observações acima constituem exceções. De maneira geral, a grande mídia ignorou o desinteresse da população em relação ao julgamento. Até mesmo os responsáveis pela segurança pública na Praça dos Três Poderes em Brasília teriam sido surpreendidos.

Confirmando os fatos descritos, pesquisas de opinião indicam que apenas uma em cada dez pessoas tem conhecimento do julgamento. Perguntados sobre “quem é o principal envolvido no mensalão?”, o nome mais citado é Carlinhos Cachoeira (cf. CartaCapital nº 709, pág. 21).

Apesar de tudo isso, jornalistas e colunistas insistem em equacionar o massacre dos indiciados que tem sido veiculado diariamente na grande mídia como sendo “a voz das ruas” e “pressão da opinião pública” sobre os ministros do STF para que se condene “os réus do maior escândalo da história recente do país”.Como escreveu o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, “o que a grande imprensa brasileira menos quer é que o Supremo julgue. Ela já fez isso. E não admite a revisão de seu veredicto” (ver aqui).

Qual opinião pública?
Existem lições recentes de nossa história política que merecem ser relembradas. Retomo comentários que fiz sobre o livro do historiador e cientista político Aluysio Castelo de Carvalho – A Rede da Democracia – O Globo, O Jornal e Jornal do Brasil na queda do governo Goulart (1961-64)” – coedição da NitPress e Editora da UFF, 2010 (ver “Os jornais e a ‘opinião pública’“).”
 
Artigo Completo, ::AQUI::

As primeiras lições do julgamento

Por Paulo Moreira Leite, na coluna Vamos combinar:

Para quem abriu espaço na agenda para o julgamento do mensalão, assistir ao confronto entre a acusação e a defesa tem sido uma oportunidade única de exercício democrático.

O Brasil passou os últimos 7 anos ouvindo versões variadas do depoimento de Roberto Jefferson. Alvejado pelo único depoimento claro de malfeitorias no governo, resumido naquele vídeo-confissão de um protegido que nomeou para os Correios, Jefferson foi transformado numa espécie de herói conveniente para o jogo político da oposição, que pretendia atacar o governo Lula, José Dirceu em particular e o PT em geral. Pela repetição em milhares de depoimentos, entrevistas, editorais, reprises, idas, voltas, e assim por diante, Jefferson só não virou herói porque assim também não dá – mas esteve perto, vamos combinar.


A questão é que pela primeira vez a espessa camada geológica que protegia a verdade publicada sobre o mensalão tem sido submetida publicamente ao contraditório, ao conflito de opiniões, ao questionamento de provas parciais. O resultado é que o mensalão pode até ter sido o ”maior escândalo da história” mas cabe perguntar: de qual história? Por que? Da Justiça? Da política? Da imprensa? Do Ministério Público? O tempo vai dizer.

Quem assistiu às cinco horas de acusação de Roberto Gurgel, na semana passada, assistiu a uma demonstração de competência. Walter Maierovich disse, na CBN, que a denúncia de Gurgel é comparável a um cruzado de direita, aquele golpe de uma luta de boxe capaz de nocautear o adversário. Isso porque o procurador geral lançou a jurisprudência do domínio do fato, muito aceita em julgamentos que envolve o crime organizado e seu chefe – aquele que comanda uma rede de malfeitorias sem deixar rastros, nem enviar e-mails, sem falar ao telefone nem assinar recibo. Aceita em vários julgamentos a noção de domínio do fato, não pode, é claro, ser uma simples declaração de intenções, uma construção teórica sem apoio em fatos, à moda do Senado Paraguaio, que afastou o presidente Fernando Lugo porque “todo mundo sabia” que ele era culpado daquilo que cinco deputados de oposição diziam que tinham feito sem se dar ao trabalho de juntar provas nem testemunhos críveis.

A questão é evitar o Paraguai jurídico, evidentemente. E aí a segunda feira foi fundamental. Permitiu, pela primeira vez, que as acusações conhecidas dos brasileiros desde a célebre entrevista de Jefferson durante longo sete anos – há algo de bíblico nesse prazo? – fossem passadas pelo outro lado, pelo crivo da contestação, pela versão dos acusados. E aí é preciso reconhecer que nem tudo ficou de pé.

O advogado de José Dirceu mostrou que não há uma única testemunha de que o então ministro da Casa Civil estivesse articulando a compra de votos. Admitiu o óbvio, que Dirceu tinha uma imensa influência política em tudo o que ocorria no Planalto. Mas citou testemunhas e testemunhas que afirmavam o contrário do que disse Gurgel.

O advogado de Delúbio Soares mostrou uma realidade difícil de ser desmentida, a de que a verdade dos acordo políticos, os pactos entre partidos, é anterior ao acordo financeiro. É um argumento bom para se negar a noção de quadrilha, de bandidagem, que desde o início se coloca no debate. A defesa de Delúbio citou uma jornalista insuspeita de qualquer simpatia pelo governo Lula, para sustentar a tese de que todos os gastos e despesas se destinam, na origem, a cobrir despesas de campanha. Admitiu-se, portanto, crime de natureza eleitoral – e não corrupção.

O advogado de José Genoíno mostrou que é difícil sustentar que seu cliente tenha tido uma atuação além da articulação política. Mostrou que Genoíno assinou os pedidos de empréstimo do PT ao Banco Rural – e lembrou que este episódio, o único contra Genoíno, foi considerado inteiramente legal pela perícia, na época, destinando-se a cumprir uma necessidade real do partido, em situação de penúria após a vitória de 2002. A defesa também lembrou a condição pessoal de Genoíno, sujeito com vida de cidadão honrado, que até hoje reside no mesmo endereço na Previdência onde criou os filhos como professor e depois como deputado em não sei quantos mandatos. Fica difícil falar em corrupção sem sinais de benefício pessoal – motivação que é a causa inicial de malfeitorias de qualquer espécie

Numa intervenção que superou muitas previsões, a defesa de Marcos Valério conseguiu questionar, tecnicamente, alguns testemunhos e alegações contra seu cliente. Apoiado no depoimento de vários publicitários de grande reputação no mercado, demonstrou que uma alegação de irregularidade contra as agências de Marcos Valério, envolvendo uma remuneração conhecida como bonificação por volume simplesmente não tem sustentação técnica. A defesa ainda citou vários exemplos de depoimentos — usados pela acusação – que os mesmos autores desmentiram na Justiça.

Não é preciso usar da pressa paraguaia e concluir que nada se sustenta na denúncia de Roberto Gurgel. É necessários esperar novos questionamentos daqui por diante. Grandes leões do júri ainda não se pronunciaram. Acho impossível não surgir nenhuma novidade na fala de um Márcio Thomaz Bastos, de um José Carlos Dias. Teremos, ainda, os votos dos onze ministros e é claro que muitos deles têm o que dizer. O relator Joaquim Barbosa ainda não leu seu voto. Nem o revisor Ricardo Lewandovski.

O debate está apenas começando. Dificilmente será resolvido por nocaute.

Lógica de Gurgel impediria morte de Getúlio

                      
Lógica de Gurgel impediria morte de GetúlioFoto: Divulgação

Se José Dirceu pode ser o “mentor do crime” apenas por suposição, Tancredo Neves também poderia ter sido o responsável pelo atentado da Rua Toneleros

Ricardo Cascais, especial para o 247 – “Acuso um só homem como responsável por esse crime. É o protetor dos ladrões, cuja impunidade lhes dá a audácia para atos como o desta noite. Esse homem é Tancredo Neves”. A frase completou ontem 58 anos. Foi dita por Carlos Lacerda, um dia após o atentado da Rua Toneleros, e nela há um erro. O sujeito do “crime” apontado pelo jornalista não era Tancredo, mas sim Getúlio Vargas. Menos de vinte dias depois, em 24 de agosto de 1954, o presidente se matou no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, com um tiro no peito.

Tancredo era o primeiro-ministro, o “capitão do time”, mas a ele não foi atribuído o “mar de lama” de Getúlio. Na crise política de 1954, que é uma espécie de avó da atual, os líderes da oposição não hesitaram em pular jugular de Getúlio. No episódio do mensalão, por alguma razão ainda desconhecida, o alvo deixou de ser o ex-presidente Lula e passou a ser José Dirceu.

Na sexta-feira passada, quando sustentou sua peça de acusação, Roberto Gurgel foi quase um advogado de José Dirceu, ao demonstrar que não tinha provas contra o ex-ministro, a não ser o testemunho de um adversário, Roberto Jefferson, que, hoje, lamenta publicamente não ter se voltado contra Lula – e sim contra Dirceu.

Se a escolha de Jefferson é suficiente, é pena que ele e Gurgel não tenham sido protagonistas na crise de 1954. Com eles, o suicídio de Getúlio teria sido evitado.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Dois pesos e dois mensalões

Jânio de Freitas

DE SÃO PAULO, na Folha.com (Via Azenha)

Na sua indignação com o colega Ricardo Lewandowski, o ministro Joaquim Barbosa cometeu uma falha, não se sabe se de memória ou de aritmética, que remete ao conveniente silêncio de nove ministros do Supremo Tribunal Federal sobre uma estranha contradição sua. São os nove contrários a desdobrar-se o julgamento do mensalão, ou seja, a deixar no STF o julgamento dos três parlamentares acusados e remeter o dos outros 35, réus comuns, às varas criminais. De acordo com a praxe indicada pela Constituição.

Proposto pelo advogado Márcio Thomaz Bastos e apoiado por longa argumentação técnica de Lewandowski, o possível desdobramento exaltou Barbosa: “Essa questão já foi debatida aqui três vezes! Esta é a quarta!” Não era. Antes houve mais uma.

As três citadas por Barbosa tratavam do mensalão agora sob julgamento. A outra foi a que determinou o desdobramento do chamado mensalão mineiro ou mensalão do PSDB. Neste, o STF ficou de julgar dois réus com “foro privilegiado”, por serem parlamentares, e remeteu à Justiça Estadual mineira o julgamento dos outros 13.

Por que o tratamento diferenciado?

Os nove ministros que recusaram o desdobramento do mensalão petista calaram a respeito, ao votarem contra a proposta de Márcio Thomaz Bastos. Embora a duração dos votos de dois deles, Gilmar Mendes e Celso de Mello, comportasse longas digressões, indiferentes à pressa do presidente do tribunal, Ayres Britto, em defesa do seu cronograma de trabalho.

A premissa de serem crimes conexos os atribuídos aos réus do mensalão petista, tornando “inconveniente” dissociar os processos individuais, tem o mesmo sentido para o conjunto de 38 acusados e para o de 15. Mas só valeu para um dos mensalões.

Os dois mensalões também não receberam idênticas preocupações dos ministros do Supremo quanto ao risco de prescrições, por demora de julgamento. O mensalão do PSDB é o primeiro, montado já pelas mesmas peças centrais -Marcos Valério, suas agências de publicidade SMPB e DNA, o Banco Real. Só os beneficiários eram outros: o hoje deputado e ex-governador Eduardo Azeredo e o ex-vice-governador e hoje senador Clésio Andrade.

A incoerência do Supremo Tribunal Federal, nas decisões opostas sobre o desdobramento, é apenas um dos seus aspectos comprometedores no trato do mensalão mineiro. A propósito, a precedência no julgamento do mensalão do PT, ficando para data incerta o do PSDB e seus dois parlamentares, carrega um componente político que nada e ninguém pode negar.

A Polícia Federal também deixa condutas deploráveis na história do mensalão do PSDB. Aliás, em se tratando de sua conduta relacionada a fatos de interesse do PSDB, a PF tem grandes rombos na sua respeitabilidade.

Muito além de tudo isso, o que se constata a partir do mensalão mineiro, com a reportagem imperdível de Daniela Pinheiro na revista “piauí” que chegou às bancas, é nada menos do que estarrecedor. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, com seu gosto de medir o tamanho histórico dos escândalos, daria ali muito trabalho à sua tortuosa trena. Já não será por passar sem que a imprensa e a TV noticiosas lhes ponham os olhos, que o mensalão do PSDB e as protetoras deformidades policiais e judiciais ficarão encobertas.

É hora de atualizar o bordão sem mudar-lhe o significado: de dois pesos e duas medidas para dois pesos e dois mensalões.

A volta do chicote

Roberto Gurgel, procurador-geral da República, abriu sua acusação com citação de Raymundo Faoro, autor do clássico Os Donos do Poder, que denuncia a formação do “patrimonialismo” brasileiro, mal que perduraria até hoje. Gurgel comete o erro básico daqueles que se deixam levar pela vaidade intelectual, que é talvez a mais poderosa e corrosiva das vaidades: o brilho fácil. O procurador inclusive abre um parênteses em sua fala para dizer que teve o privilégio de conhecer pessoalmente o grande jurista, lembrando que ele costumava corrigir a pronúncia de seu nome, que se diz Faôro, e não Fáoro.

A citação de Faoro serve como tapete vermelho para Gurgel acusar os réus de confundirem “o público e o privado”, vício antigo da elite política nacional.

Entretanto, como todo clássico, e como toda teoria complexa, as teses de Faoro podem ser interpretadas através de um leque quase infinito de abordagens. De qualquer forma, é uma mais dessas ironias supremas que uma das mais contundentes denúncias contra o patrimonialismo da política nacional seja usada para atacar o governo que representou, na prática e na teoria, o grande e definititivo golpe contra o patrimonialismo.

Segundo Max Weber, patrimonialismo é administrar o Estado como bem de família. Para que isso seja possível, porém, é preciso que haja algumas condições: falta de transparência, domínio da mídia e conjugação entre patrimônio financeiro e político. O povo tem dificuldade para entender que o dono das terras, dos jornais e do comércio de sua cidade não é dono também das leis.

Com Lula, inaugura-se, em larga escala, a transparência. Cria-se o Portal da Transparência. Gastos do governo e seus membros, mesmo os mais ínfimos, são publicados na internet. A mídia, inclusive, irá abusar dessa novidade, conforme se viu com o escândalo criado a partir de uma tapioca comprada pelo então ministro do Esporte, Orlando Silva, numa lanchonete de Brasília.

E os donos do poder não serão os mais ricos. Lula, um homem oriundo dos estratos mais baixos da sociedade, ascendia ao poder máximo da República. Com ele (e Dilma), ascendia um grupo de origem humilde, ou vindos de estratos médios. Um enorme contingente de negros, mulheres, sindicalistas, ganhava oportunidades no alto escalão da elite política. O tucanato, não esqueçamos, representa antes de tudo uma elite paulista branca, acadêmica, com ideias convergentes àquelas dos barões da mídia.

Ora, é justamente a ascendência desse novo grupo que provoca um choque naquele que seria o mais poderoso “estamento” de uma república moderna, na concepção de Weber, autor sempre citado por Faoro. Esse “estamento” é a elite do serviço público, representada aqui por Roberto Gurgel.
Diz Faoro, à página 830, de Os Donos do Poder:
(…) a elite burocrática [nos países em formação], a intelligentsia que absorve as técnicas do capitalismo industrial, preocupada com a eficiência da modernização econômica e social, tenta se autonomizar, desdenhando dos políticos, para ela simples agitadores, ignorantes, incapazes e corruptos.
Gurgel, portanto, ao citar Faoro, abriu as portas de um dique que poderia inundar a sua delicada plantação de certezas e preconceitos. Sua acusação, repleta de adjetivos (“atrevido”, “escandaloso”, “risível”, “maior caso da história”), revela o seu próprio patrimonialismo: ele, Gurgel, confunde o poder que a sociedade lhe confere com algum tipo de superioridade moral.

É evidente que um político convive com determinados dilemas morais próprios de sua função, dos quais funcionários concursados estão livres. Um procurador não precisa arrecadar dinheiro pra campanha política, por exemplo. Um político tem de fazê-lo. Faz parte da democracia capitalista em que vivemos, e apesar dos vícios implicados no sistema, a doação das empresas aos políticos e partidos tem um significado democrático. Uma indústria de tecnologia vai doar para um político que investirá em tecnologia, assim como um fazendeiro vai doar a outro que investirá em agricultura. Ao cabo, são as forças sociais que estão por trás de tudo. Não esqueçamos que uma das razões que levaram Lula a ganhar as eleições, tanto em 2002 como em 2006 é que, apesar de todo o preconceito ideológico, um número substancial de empresários doou dinheiro à Lula porque não aguentava mais a política recessiva e neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. Desde então, o PT vem recebendo mais doações privadas do que o PSDB. O capital brasileiro enxergou o que seus primos europeus e americanos enxergaram há duzentos anos: o desenvolvimento econômico se beneficia do desenvolvimento social, e para que este último aconteça é preciso haver distribuição de renda.

Aí entra também o erro idiota dos partidos de oposição que até hoje acreditam no sucesso do bombardeio moralista da mídia. Tanto o empresário como o trabalhador não dão prioridade a questões éticas ou morais na hora de apoiarem um candidato, não porque achem essas questões menores, mas porque não são ingênuos de acreditarem que a oposição é mais honesta.

O PT ganhou eleição não porque era mais “honesto”, mas porque encarnava ideais de luta contra a pobreza e desenvolvimento sócio-econômico que seus adversários jamais abraçaram com a força necessária.

O julgamento do mensalão, portanto, não vai afetar as eleições deste ano, como tanto deseja a mídia e a oposição, porque o eleitor não é bobo.

Quem representa o “estamento” weberiano (e de Faoro), esse grupo enraizado na elite do poder, contaminado até a medula pelo patrimonialismo, é Roberto Gurgel e a mídia corporativa. Os políticos precisam atravessar, a cada quatro anos, um novo Mar Vermelho, um desafio monstruoso que exige um diálogo cada vez mais transparente com a população: o sufrágio. Já a elite do Ministério Público e do Judiciário em geral, assim como os barões midiáticos, não precisarão jamais se submeter ao contato, sempre algo sujo, com o povo, empresários, sindicatos e movimentos sociais. Um político tem que obter votos de todos, tem de ganhar as eleições, e para isso precisa falar com todo mundo, ouvir todo mundo, aliar-se com antigos adversários, brigar com aliados. Vê-se enfim diariamente perante inúmeros dilemas ideológicos, morais, políticos, que um procurador, um juiz, jamais enfrentará.

Neste julgamento, assim como em tantas outras ocasiões, nota-se uma deferência “patrimonialista” da mídia e setores da opinião pública, ao procurador. Ele figura como um campeão olímpico imune às críticas. Ora, ele é um ser humano, um pecador, sujeito a falhas, tentações, preconceitos e confusões, como qualquer um!

O teor rancoroso e ideológico da acusação de Gurgel, com seus adjetivos melosos e exagerados, revela a insatisfação da elite patrimonialista, aquela que sempre foi dona (e ainda é, em boa parte) dos espaços mais elevados do serviço público, com a invasão plebéia ao Palácio do Planalto. Há uma renovação na base, mas ainda vai demorar alguns anos para que os altos escalões reflitam a nova realidade sócio-econômica do país.

Com que outra razão insiste-se numa acusação à qual faltam provas? O mensalão de FHC, para compra de sua reeleição, continha a confissão de dois parlamentares, que disseram ter recebido dinheiro para votar em favor do governo tucano. E houve, por fim, o crime que justificara o peculato, a aprovação da reeleição. Que provas há do mensalão petista?
Ary Nunes, um leitor do Nassif, sintetizou de forma genial:
A base de argumentação do Gurgel me lembra o Chaves tentando provar a existência do homem invisível: “Não está vendo que não está vendo ele?”. Ou seja, para o Gurgel (e para o Chaves) a prova da existência do homem invisível está no fato de que ninguém pode vê-lo. O personagem do Bolaños ao menos é engraçado.
De fato, é ridículo que Gurgel use como “prova” da participação de Dirceu como “líder da quadrilha” justamente a falta de provas! Como não há áudio, depósito, documento, nada que ligue Dirceu ao mensalão, só resta ao acusador apelar para a estratégia esdrúxula de dizer que esta ausência é justamente “a prova” de que o ex-ministro era o líder. Não adianta enfeitar com citações de juristas, leis internacionais, o escambal.

Na falta de provas, Gurgel apela a testemunhas, um tremendo “disse-me-disse”: Jefferson disse que Valério disse que Delúbio disse que Dirceu dera aval e sabia de tudo. Mesmo os depoimentos mais, digamos, inteligíveis, sobre um suposto “aval” de Dirceu à tomada de empréstimos, também não provam o mensalão, que seria a compra de apoio político pelo governo.

Gurgel, confessamente perdido no mar de suas teses, sem prova à vista, vai atrás do que seria sua última bóia de salvação: relaciona depósitos a votações importantes na casa e aí vemos mais uma escandalosa manipulação dos fatos. Em primeiro lugar, o procurador convenientemente omite o fato de que se houve depósitos e houve votações alguns dias depois, não houve aumento do apoio ao governo. O que seria, portanto, apenas uma tese, perde força quando confrontada com a análise das votações. Além disso, não esqueçamos que o trabalho do Congresso é votar. Há votações diárias, portanto o procurador sempre vai achar votações importantes em datas “próximas” de qualquer depósito recebido por um parlamentar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mídia esconde a “Lista de Furnas”

 

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

A mídia “privada” é bastante seletiva na escandalização da política. Nos últimos dias, ela só pensa naquilo - no “julgamento do século” do chamado “mensalão do PT”, que se inicia nesta quinta-feira (2) no Supremo Tribunal Federal. As revistonas deram capas terroristas; as manchetes dos jornais parecem combinadas; e os “calunistas” da tevê não falam em outra coisa. De tão concentrada, porém, a mídia deixou de noticiar que Ministério Público Federal decidiu fazer a denúncia formal sobre a famosa Lista de Furnas.

O premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor do livro “A privataria tucana” – o best-seller que também foi omitido pela mídia tucana –, registrou ontem no jornal Hoje em Dia a decisão do MPF. Segundo revelou, a autenticidade de “lista” já teria sido provada. Ela revela que a estatal Furnas superfaturou contratos para repassar dinheiro a cerca de 150 políticos durante a campanha eleitoral de 2002. Os principais beneficiários seriam candidatos do PSDB e do DEM, entre eles o mineiro Aécio Neves e o paulista Geraldo Alckmin.

Cinismo dos tucanos e da mídia

A famosa “lista de Furnas”, que os demotucanos juravam não existir e que a mídia "privada" sempre evitou investigar, teria sido feita pelo próprio ex-presidente e ex-diretor de planejamento da empresa, Dimas Toledo. Para a procuradora Andrea Bayão Ferreira, do Rio de Janeiro, agora não há mais dúvida sobre a sua autenticidade. De posse dos documentos, Amaury Ribeiro inclusive já pensa em escrever a segunda parte do livro “A privataria tucana”. Para ele, a lista comprova a existência de um “mensalão” de Furnas.

A decisão do MPF também animou o deputado Rogério Correia (PT-MG). Com base num laudo pericial da Polícia Federal, ele foi um dos primeiros a denunciar o rombo na estatal para financiar a eleição de Aécio Neves ao governo de Minas, em 2002. “Quando fiz a denúncia, tentaram até mesmo cassar o meu mandato. Mas a verdade, finalmente, começa a prevalecer”. Para ele, a lista comprova a hipocrisia dos tucanos. “Eles só querem investigar os esquemas dos outros, porque esse de Furnas eles tentam abafar até agora”.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Teresa Cristina: Uma das mais belas vozes do samba

Para meu amigo Cristovinho, um apaixonado pelo samba !


Teresa Cristina e Grupo Semente - Onde a Dor Não Tem Razão / Coração Leviano

Teresa Cristina e Marisa Monte - Beijo sem
Teresa Cristina e Caetano Veloso - Coração Vulgar
Teresa Cristina e Dona Hilda - Orgulho
Teresa Cristina e Grupo Semente - Embala Eu / Samba de Roda / Chora,Viola
Teresa Cristina e Arlindo Cruz interpretam "Coisa Banais"