quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Tarifa da Cemig terá uma das menores reduções do país


Mercado estima que brasileiro terá um economia de R$ 31,5 bilhões por ano

O consumidor residencial da Cemig terá uma das menores reduções da conta de luz do país. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou os percentuais que serão aplicados para cada empresa. A queda varia de 18% a 25,94%. No caso da Cemig, a redução será de 18,14%. A agência reguladora ainda não fixou os percentuais de queda para cada distribuidora no caso do consumidores industriais. De acordo com o governo, a redução pode chegar a 32% para este grupo.Os brasileiros terão uma economia média de R$ 31,5 bilhões por ano com os descontos na conta de luz, segundo cálculo da Federação e Centro das Indústrias de São Paulo. Já as empresas e os Estados terão perda de receita. Em Minas Gerais, o secretário de Fazenda, Leonardo Colombini, estimou em R$ 472 milhões a perda de receita com o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre energia elétrica. No entanto, ele espera recuperar o faturamento com a alta no consumo de energia pela produção.
“Temos esperança de que isso traga desenvolvimento e que retomemos a arrecadação com a alta no consumo pelo aumento na produção”, disse o secretário. “Não somos contra desonerar o imposto de energia elétrica”, completou.
O cálculo da Aneel levou em consideração fatores como o tamanho da concessionária e a origem da energia que ela compra. De acordo com a agência, o fato de a Cemig não ter renovado suas concessões não influenciou no percentual de queda da tarifa. A Cemig não quis comentar a redução das contas mas, no fim do ano passado, a empresa já tinha afirmado que fará um plano de redução de despesas. Além dessa queda, a concessionária espera que a Aneel determine uma outra redução nas tarifas, fruto do terceiro ciclo de revisão tarifária que acontece até abril.
Peso. Em Minas Gerais o ICMS sobre energia representa cerca de 10% do total arrecadado com o imposto. Colombini admitiu que a queda na receita trará problemas orçamentários, mas evitou falar em cortes nos investimentos. “Não devo considerar isso como perda concreta, até porque trabalhamos com o orçamento só depois de arrecadarmos”, disse. “Se em algum momento a receita cair, reduzirei primeiro o custeio e alguma coisa na projeção de investimento”, completou.
O Rio Grande do Sul também calculou suas perdas com a redução das tarifas. O Estado deixará de arrecadar R$ 250 milhões ao ano em ICMS. A energia representa 9,9% da receita do ICMS local.(com agências)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Lula e Dilma criaram 17 vezes empregos do que FHC


Carteira de trabalho
  



A mídia conservadora bate no governo pela queda na criação de empregos formais em 2012. Foram 1,3 milhões e eles reclamam! Esqueceram do descalabro vivido sob Fernando Henrique Cardoso!

Por José Carlos Ruy


A memória dos corvos e hienas da mídia é muito curta. Na semana passada, os jornalões conservadores e o panfleto porta-voz da direita mais exaltada, a revista Veja, mal disfarçaram sua satisfação ao noticiar o “mau desempenho” da criação de empregos na economia brasileira em 2012.

Que querem dizer com “mau desempenho”? A revista Veja comentou em sua versão eletrônica que a presidenta Dilma Rousseff e o governo “não conseguiram ter sucesso” ao tentar “alavancar a economia brasileira e o emprego em 2012”. A culpa, diz o panfleto da Editora Abril, foram aquilo que chamou de “diversos atos controversos”, como “anúncios e prorrogações de benefícios fiscais e tributários; mudanças na regulação e na política de investimentos de setores importantes da indústria; ampliação das exigências de conteúdo nacional; e inúmeras medidas de estímulo ao crédito e ao consumo”. Isto é, o oráculo da direita condena o que considera “decisões arbitrárias - sobretudo as que envolviam o protecionismo”. 

Não enxerga que são medidas de governo para enfrentar a grave crise econômica que assola o mundo - não as crises relativamente menos graves enfrentadas na década de 1990, mas a pior debacle econômica desde 1929 e que afeta o coração da economia capitalista. E que se traduzem na ação soberana, necessária, do governo, para defender a economia brasileira e os trabalhadores.

A mídia conservadora não pode enxergar desta maneira. Daí a amnésia que assola seus “analistas”. O Brasil mudou desde 2003, quando Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República, iniciando a série de mandados, continuada por Dilma Rousseff, e que vai mudando o país, para melhor.

O desempenho em relação aos empregos e à renda dos trabalhadores é um excelente exemplo dessa mudança. Desde 2003 foram criados, no Brasil, 16.218.326 empregos formais, com carteira assinada; isso dá uma média mensal de 135 153 empregos, ou 4.505 por dia.

Os dados estão lá, nas estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, e podem ser consultados pela internet. Não são dados estatísticos, mas cadastrais: o Caged recebe informações sobre todas as admissões e demissões ocorridas no país e contabiliza esses dados que, por isso, estão longe de constituir meras estimativas, sendo o retrato daquilo que ocorreu nas relações de trabalho no país.

Nos oito anos de desgoverno de Fernando Henrique Cardoso, entre 1994 e 2002, o saldo de empregos foi de apenas 780 mil empregos formais. Em oito anos! A média mensal foi de irrisórios oito mil empregos, contra os 135.153 atuais! Ou seja, no período tucano a média mensal de criação de empregos foi 17 vezes menor! Um desempenho esquálido que os “analistas” da imprensa ligada ao Instituto Millenium acham melhor esquecer. 

Sob Fernando Henrique Cardoso houve perda de 1.018.121 empregos durante o primeiro mandato (média mensal de 21.219 vagas fechadas) e abertura de 1.815.088 novos postos de trabalho no segundo mandato (média mensal de 37.814). O saldo final dos oito anos do período tucano foi de 796.967 vagas, com a média mensal irrisória de 8.301 vagas. 

Sob Lula e Dilma, o desemprego caiu e a renda dos trabalhadores cresceu; de cada dez empregos criados, sete foram formais, registrados na carteira de trabalho; na década neoliberal de 90 do século passado, era o oposto: de cada dez empregos criados, apenas três eram formais.

Salários e renda nacional

Outra forma de ver como o desempenho da economia se reverteu, favorecendo os trabalhadores, é comparar a participação dos salários na renda nacional. Com FHC, ela participação diminuiu, empobrecendo o povo e os trabalhadores. No primeiro ano de seu governo, em 1995, os salários representavam 35% do PIB, parcela que diminuiu ano a ano, chegando a 31% em 2002. Perda que fica ainda maior quando se leva em conta que o PIB também diminuiu drasticamente naqueles anos de desgoverno. 

Nas grandes economias capitalistas, lembra o consultor sindical João Guilherme Vargas Neto, 60% ou mais da renda é apropriada sob a forma de salários. No Brasil, em 1960, a participação dos salários chegou a 50% da renda nacional. A forte resistência conservadora enfrentada foi um dos fatores da conspiração que levou ao golpe militar de 1964; sob a ditadura que se seguiu, a participação dos salários caiu rapidamente, de forma contínua, chegando aos 31% do período neoliberal dirigido por Fernando Henrique Cardoso. 

Com Lula e Dilma, apesar da crise mundial iniciada em 2008, a situação se inverteu e os salários recuperaram sua participação na renda nacional; voltaram a 35% em 2010, passando para 43% em 2011.

Além da ação do governo, em sentido oposto ao que pretendem os conservadores da mídia e aos especuladores das finanças, a situação favorável vivida hoje, apesar da grave crise econômica mundial, resultada da luta dos trabalhadores e da conquista da política de valorização real do salário mínimo, que já acumula uma recuperação de (aumento real) 70,49% em relação a 2002, beneficiando mais de 45 milhões de brasileiros cuja renda equivalente a um salário mínimo.

Nivaldo Santana, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) acrescenta outro dado à análise, baseado em estudos publicados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese): as vitórias acumuladas pelos trabalhadores nas campanhas salariais, repondo perdas inflacionárias e conquistando aumentos reais; “Em 2011”, lembra ele, “94,3% das campanhas acompanhadas pelo Dieese se enquadram nesse universo”.

Ainda há muito o que fazer

Não se pode esconder o fato de que a criação de novos empregos formais diminuiu em 2012, em relação ao ano anterior. No ano passado o saldo foi de 1,3 milhão de empregos novos, contra 1,9 milhão criados em 2011. É de fato o pior resultado desde 2009, quando o saldo foi de 1,296 milhão de vagas.

Não se pode deixar de saldar, contudo, o resultado gigantesco da política econômica do governo e a criação de 1,3 milhão de empregos num mundo que desmorona e conhece taxas superiores a 20% da mão de obra em países ricos da Europa (na Espanha, supera 25%; na Grécia, o desemprego infelicita mais de 50% da juventude). 

Existem críticas a serem feitas à situação brasileira, nas elas dizem respeito a ganhos ainda não alcançados pelos trabalhadores, como lembra o dirigente sindical Nivaldo Santana. Um dos exemplos é a escandalosa rotatividade no trabalho. No Brasil, diz o dirigente da CTB, o tempo médio de emprego era de 3,9 anos em 2009 (dados do Dieese) e o índice de rotatividade chegava a 53,8%, prejudicando o trabalhador, dificultando a organização sindical e drenando grandes recursos do FAT. “Com menos rotatividade”, diz ele, “esses recursos poderiam ter outro tipo de uso, para gerar mais e melhores empregos, como reclama o movimento sindical”.

Ainda há um longo caminho a percorrer para que o Brasil atinja padrões civilizados no seu mercado de trabalho, conclui Nivaldo Santana. E a agenda “defendida pelos centrais sindicais inclui a luta pela redução da jornada de trabalho para quarenta semanais sem redução do salário, medidas contra a rotatividade e a precarização das relações do trabalho, fim do fator previdenciário, etc.”

Mas este é um tema que a mídia conservadora não inclui de maneira favorável em sua pauta. A luta para estas novas conquistas inclui ações e mobilização dos trabalhadores, pressões sobre o governo e os patrões. Esta luta inclui, sobretudo, a derrota da mídia conservadora e seus porta-vozes da especulação financeira e daqueles que, como os golpistas de 1964, encaram o crescimento da participação dos trabalhadores na renda nacional com escândalo e com alarme.

Um sinal animador de vida no humor brasileiro


O grupo cômico Porta dos Fundos capta o espírito do tempo e explode na internet
Palmas para o Porta dos Fundos
Palmas para o Porta dos Fundos

Onde foi parar o humor brasileiro? De qualidade, quero dizer. Iconoclasta, provocador, capaz de fazer pensar?
Da televisão desapareceu desde TV Pirata. O humor brasileiro televisivo oscila hoje entre a breguice irrelevante de Zorra Total e a sem-gracice estúpida e alienada de coisas como CQC e Pânico. A imagem sinistra do humor brasileiro hoje é Tas careca e de óculos escuros, como um Tonton Macoute do Haiti dos Duvaliers.
Mas – assim como acontece com o jornalismo mofado tradicional –  algo de novo parece estar acontecendo na internet.
Um exemplo disso está no grupo Porta dos Fundos, que surgiu no YouTube. O Diário postou um vídeo do PF há dois dias, e ele acabou correndo posteriormente a internet. O nome é “Entrevista”.
É uma paródia ao jornalismo de hoje. Um repórter entrevista um autor, e vai manipulando as respostas impiedosa e comicamente.
Você ri e você chora porque é muito engraçado e também porque ali está a realidade jornalística brasileira, na essência.
Onde vai dar?
Se o grupo for comprado por uma grande emissora, adeus. Fazer humor político no Brasil de hoje, em que o chamado 1% seja ironizado, não é possível. Na Globo, um quadro como “Entrevista”, não seria exibido – o repórter ali parece pertencer ao Jornal Nacional.
A internet vai remunerar de alguma forma o grupo? Espero que sim. Audiência eles têm. Os quadros costumam ter mais de 1 milhão de exibições.
Se você pegar todos os vídeos dos canais da Veja e da Folha no YouTube e somá-los, das prédicas de Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo às reportagens eletrônicas do matutino da Barão de Limeira, não vai chegar a uma fração da audiência de um só quadro do Porta dos Fundos.
Não é piada.


Leonardo Boff e a Ecologia Mental

"O que nós precisamos é de ter novas mentes e novos corações." Boff




segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Globo transforma tragédia de Santa Maria em charge e causa revolta na internet



Gilson Caroni Filho, no Facebook

Esta é a charge da primeira página de hoje de O Globo. Uma total afronta aos mortos e ao sentimento de seus parentes e amigos. Para travar a luta política, o jornal da família Marinho não faz humor; produz escárnio, ódio, desrespeito. Quem é pior? O jornal que publica ou o chargista que se dispõe a fazer o serviço sujo? Se você tem assinatura desse pasquim de direita, cancele. Se o compra nas bancas, deixe de fazê-lo. Amigos, não houve falhas ou gafes. A ” gracinha” do Caruso é a ilustração da linha editorial do jornalismo de esgoto.
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Rudá Ricciem seu blog
Será que qualquer discussão política em nosso país tem que vir acompanhada deste infantilismo bestial? Não dá para elevar um pouco o nível, até atingir o nível da humanidade?
Cancelei minha assinatura do jornal O Globo porque, nas eleições presidenciais, os editores transformaram o jornal num panfleto eleitoral. Liguei informando (sei que foi ingênuo, mas meu fígado pedia) o motivo: se for para contribuir com alguma campanha, faço doação direta, sem intermediários. Vejo que a opinião de um assinante conta pouco, hoje, na trilha da difamação a qualquer custo, com ares de crítica. Não dá. É o abandono de tudo o que parece mais caro à quem tem alma. Mesmo para aqueles que desprezam ou nem sabem que têm alma.
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Renato Rovaiem seu blog
Esse jornalismo urubu perdeu completamente a capacidade de enxergar limites e de buscar alguma razoabilidade para a sua ação. Vale tudo para agradar aos que lhes pagam o soldo. Vale tudo para construir um discurso de ódio contra as posições políticas das quais não compartilham. Sinceramente, achei que só no limbo dos comentários anônimos fosse possível encontrar algo do nível desta charge do Chico Caruso publicada por Noblat. Sou um ingênuo. Esse pessoal que já havia transformado o acidente da TAM em um evento político, quer fazer o mesmo com Santa Maria. São carniceiros que evocam o que chamam de liberdade de imprensa para esse tipo de coisa.

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Gerson Carneiro, em comentário aqui
Charge de mau gosto sobre a tragédia em Santa Maria, de autoria de Chico Caruso, publicada na seção “Humor” no blogue do Ricardo Noblat. São esses aí os que “são sempre do contra” que a Dilma falou.

DE TRAGÉDIAS, PRECONCEITO OU OS CANALHAS DE PLANTÃO


A internet é algo fenomenal. Ao mesmo tempo em que encurta distâncias, informa, dissemina cultura e informação, também é capaz de expor o que o ser humano tem de melhor... e de pior. Basta ter uma opinião contrária à manada e pronto: a execração pública é regra. Ninguém é obrigado a concordar com o que o outro pensa, mas um mínimo de respeito é de bom tom. Artigo de Paulo Emílio, editor do PE247
Paulo Emílio _PE247 - A internet é algo fenomenal. Ao mesmo tempo em que encurta distâncias, informa, dissemina cultura e informação, também é capaz de expor o que o ser humano tem de melhor...e de pior.  E o exemplo mais claro disto está nos comentários em torno de qualquer assunto. Basta ter uma opinião contrária à manada e pronto: a execração pública é regra. Ninguém é obrigado a concordar com o que o outro pensa, mas um mínimo de respeito é de bom tom.  Os exemplos são inúmeros.
No mais recente, a recente tragédia que vitimou mais de 230 jovens em um incêndio em Santa Maria (RS) serviu para explicitar o que o ser humano tem de pior. Em meio às declarações de dor, apoio e solidariedade houve gente capaz de postar ‘Isso não pode ser verdade. O meu Rio Grande não merece isso. Se fosse no Amazonas, Piauí, na Bahia, no Ceará, onde não há vida inteligente, tudo bem. Mas no meu Rio Grande e logo na cidade do meu falecido pai é de cortar o coração. Estou de luto”, postou Patricia Anible. Ou outra que postou no Twitter que “O povo do sul não ama churrasco? Está tendo um monte lá em Santa Maria”... e vai por aí.
Quer dizer que a vida de alguém que mora nas regiões Norte e Nordeste vale menos que alguém que mora no Sul ou Sudeste? Ou que alguém pode tripudiar sobre a tragédia que comoveu não apenas um país, mas o mundo – vide as mensagens de apoio e solidariedade emitidas por representantes dos mais diversos credos e países e por figuras públicas e anônimas – sem ao menos pensar naquilo que escreve? É fácil se esconder na Internet, ser um “ativista de sofá” ou um “cabeçóide” ou até mesmo dizer o que realmente se é – um preconceituoso sem escrúpulos ou algo semelhante – através do anonimato da grande rede.
Ah, detalhe, os nordestinos, os pernambucanos, diga-se de passagem, foram os primeiros a disponibilizar pele humana para ser utilizada em transplantes dos feridos na tragédia gaúcha. E isto feito justamente por um “povinho de segunda e que não merece nem viver”, segundo a opinião de muitos dos que acham que vivem em um mundo à parte, formado por uma elite que arvora para si a eugenia como um fator de diferenciação.
Nesta seara sobrou até para o ex-presidente Lula, que ao emitir uma nota de solidariedade e condolências foi taxado, tanto por anônimos que não gostam dele por alguma razão como por jornalistas que viram no fato um viés político, evidenciando que o mesmo “não tem limites”. E desde quando um cidadão – sim, ele é um cidadão quer se goste ou não – não pode manifestar suas condolências como qualquer outra pessoa? O que não pode e nem se deve é dizer que tudo o que ele espera desta situação é tirar proveito político. E vem mais, desta vez por parte dos cabeçóides e ativistas de sofá: “A culpa é do PT. Onde tem PT tem ladrão” e vai por aí.
O deputado federal Jean Wyllis (PSB-RJ) sabe no couro o que é ser alvo deste tipo de ataque. Ao se posicionar em favor do direito dos homossexuais, na defesa da separação entre Igreja e Estado, ao defender direitos trabalhistas para as prostitutas ou mesmo ao dizer que pretende adotar um filho, apanhou mais que cachorro amarrado em poste. Desde comentários explícitos contra sua orientação sexual e o seu posicionamento, boa parte do que se viu postado por trás do anonimato foram declarações carregadas de preconceito e ameaças. Sim, até mesmo ameaças de morte lhe foram feitas.
Ora, o seu papel como parlamentar é defender ideias de uma parcela da sociedade que também pensa assim. Da mesma forma o deputado de ultradireita Jair Bolsonaro (PP-RJ) tem o mesmo direito de defender suas ideias contrárias ao aborto ou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eles foram eleitos para isso. Pode-se discordar de suas opiniões e posições, mas nunca agredir de forma pessoal um ou outro e, da pior forma possível, de forma anônima e covarde.
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, é outro alvo. Nordestino e potencial pré-candidato à Presidência da República é alvo de radicalismos tanto de esquerda como de direita. E novamente, os ataques não ficam no plano ideológico-partidário, mas descambam para o preconceito pura e simples: “É mais um nordestino como o Lula”, “rola-bosta”, nesta onda sobra até para quem se posiciona contra a “manada”. “vendido”, “corno”, “baba ovo”, são alguns dos adjetivos encontrados facilmente nos comentários postados na internet. Discordar é normal e saudável, agredir é dar vazão a uma carga de preconceito que mais do que mostrar a falta de argumentos denota o caráter do autor.
Internet é um território livre? Livre, mas nem tanto. É preciso regras mínimas, daquelas que se aprende em casa, na educação doméstica fornecida por pais, mães, famílias e que um dia repassaremos aos nossos filhos e netos.  Educação vem de berço. Saber se posicionar, colocar suas opiniões e não estimular o preconceito ou a violência também faz parte daquilo que se chama educação. Caso nós, sociedade e “postadores” não tenhamos noção disto estaremos fazendo aquilo que, de forma explícita, condenamos e qualificamos como racismo, preconceito, falta de caráter ou simplesmente falta de educação.
Ameaças, piadas, tripudiar com a dor alheia, preconceito, racismo, como temos visto virar regra no limbo da internet e do anonimato que ela proporciona é algo lamentável e que, infelizmente, parece estar virando a regra geral.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Teria Dilma perdido a paciência?




Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Estaria a paciência de Dilma chegando ao fim?

É a principal questão que emerge depois de seu pronunciamento, mais incisivo e mais enfático do que o habitual.

Dilma se dirigiu, inicialmente, a todos os brasileiros para anunciar que, a partir de agora, as contas de luz vão ficar 18% mais baratas. Mas depois falou diretamente, sem citá-la, à mídia. “Aqueles que estão sempre do contra vão ficando para trás”, disse ela.


Entre os governos de esquerda ou de centro esquerda da América do Sul, o brasileiro adotou sempre, primeiro com Lula e depois com Dilma, uma posição conciliatória perante adversários bem pouco cavalheirescos.

Pense em você. Se você grita numa discussão e seu oponente silencia, você tende a achar que ele está acuado, intimidado. E na maior parte das vezes você está certo. Então, você grita ainda mais, na crença de que assim vai vencer o confronto.

É mais ou menos o que vem ocorrendo no Brasil.

Em outros países, o cenário é diferente. Chávez, na Venezuela, respondeu sempre no mesmo tom a todos os ataques recebidos dos conservadores interessados em desestabilizá-lo e desmoralizá-lo.

A tevê de Gustavo Cisneros, o Roberto Marinho venezuelano, tratou os seguidores de Chávez de “macacos”. Mas Chávez chamou Cisneros de “mafioso”. Cisneros acabou baixando o tom, posteriormente. Em outro caso, Chávez não renovou a concessão de um barão que tramara sua derrubada num golpe que durou dois dias.

Na Argentina, Cristina Kirchner está em guerra aberta contra o Clárin, um grupo que floresceu, como a Globo, na ditadura militar e acabou se tornando virtualmente monopolista.

É previsível, hoje, que Kirchner vença o duelo – e isso significaria um Clárin bem menor do que é hoje, e moralmente derrubado. Poucos argentinos lamentarão.

No Equador, Rafael Correa se bate também francamente com os barões da mídia. A mídia equatoriana está quase toda na mão de grandes bancos, o que significa que a imprensa “livre” para bater em Correa não é nada livre para investigar o mercado financeiro.

O Brasil destoou dos vizinhos. Um dos maiores símbolos disso foi o comparecimento de Lula ao enterro de Roberto Marinho, a quem dedicou elogios absurdamente descabidos, vista a folha corrida de nosso companheiro jornalista das Organizações Globo.

Dilma ergueu a voz hoje, ainda que ligeiramente.

É uma nova fase? Aguardemos. A tática conciliatória deu no que deu. Passados dez anos, os resultados estão claros. Basta ver, na mídia, o crescimento avassalador do número de colunistas dedicados a dar pauladas todos os dias no governo. São os escaravelhos de que falou Boff, e são ubíquos e blindados. Podem cometer erros horrorosos que nada acontece: Merval enterrou Chávez há muito tempo, Mainardi anunciou Serra na presidência um ano antes das eleições de 2006, Kamel provou no JN que o atentado da bolinha de papel não era o atentado da bolinha de papel: os escaravelhos são o último reduto da impunidade. Não são cobrados sequer pelo fracasso em convencer os leitores a votar de outra forma.

Pode chorar

Miguel do Rosário

A reação dos jornais, sempre em linha com a oposição, ao pronunciamento de Dilma Rousseff, foi previsível. GloboFolha e Estadão responderam em uníssono, no mesmo tom e usando palavras quase iguais. Textos meio desconjuntados, irritados, como que afetados por descontrole emocional. No editorial do Globo, por exemplo, há um longo e choroso texto entre parênteses, apenas para defender FHC.
Gostaria de comentar esse trecho do editorial do Globo:
O que não é correto é o governo ter transformado a questão da energia, tão séria e delicada para o país, em tema de exploração política.
Desde as eleições gerais de 2002, ocorre esse tipo de exploração, pois o PT fez do racionamento um dos seus principais cavalos de batalha, atribuindo à administração Fernando Henrique Cardoso inteira responsabilidade pelo que tinha acontecido (embora a mobilização da sociedade para evitar consequências mais drásticas de uma eventual escassez de energia elétrica possa ser apontada como uma das iniciativas mais positivas do governo FH ao fim de seu mandato).
Quem explorou politicamente o tema foi a mídia, não o governo, através de matérias alarmistas, visando produzir o primeiro grande factóide negativo do ano. A reação da presidente era necessária para dissolver boatos que, mesmo sendo boatos, afastam investidores e, portanto, prejudicam a economia.
Por outro lado, a energia é um tema que deve ser politizado sim, porque aí temos um debate saudável, sobre fatos pertinentes a nosso futuro. A sociedade precisa manter um olhar crítico e vigilante em relação à política energética, e uma das formas de fazê-lo é através dos partidos políticos que representam as diversas correntes de opinião num país.  O problema do governo tucano não foi exatamente o racionamento, porque ele não teve culpa pela falta de chuva. Seu maior problema foi a situação de total desamparo e insegurança que legou ao país após oito anos de governo.
Sim, ainda enfrentamos riscos, porque o Brasil depende de muita água (e logo, chuvas) para mover as turbinas de suas hidrelétricas. A grande diferença daqueles tempos de triste memória, e os dias de hoje, é que estamos assistindo agora à construção de grandes usinas; as usinas nucleares de Angra foram reativadas; e investiu-se em grandes parques de energia eólica, que dependem agora apenas de linhas de transmissão para gerarem energia. As perspectivas energéticas são promissoras. Antes não eram.
Claro que há problemas no governo e na sua política energética. Obama falou uma coisa bonita em seu discurso: “a gente tem de agir mesmo sabendo que iremos errar”. O governo comete erros o tempo inteiro. Por exemplo: construiu enormes parques eólicos, que ficaram prontos antes das linhas de transmissão. Erro grave, porque poderíamos já estar usufruindo da energia gerada pelos ventos. Mas seria um erro muito mais grave se não tivesse construído nenhum parque eólico!
O nível dos reservatórios, por sua vez, continua aumentando. Segundo o ONS, o nível dos reservatórios no Sudeste está em 34,28%. Há pouco mais de dez dias, chegou a 28%. Os institutos de meteorologia prevêem mais chuva, em todo Brasil. Talvez isso explique, aliás, o alarmismo agressivo da mídia durante o período em que o baixo nível dos reservatórios causou apreensão. O mensalão terminou, a popularidade da presidente subiu e o PT ganhou a prefeitura de São Paulo. Uma crise energética possivelmente era a última esperança da oposição.  Explica da mesma forma a reação da presidente, cujo sorriso algo forçado durante o pronunciamento indica que ela também entendeu as últimas semanas como fundamentais para lhe assegurar uma reeleição tranquila.
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O Globo está fazendo o maior escarcéu porque a a inadimplência das famílias cresceu 0,1% em dezembro, ficando em 7,9%. Mas olhe a evolução dos juros do crédito pessoal



Observe que 2012 assistiu a um declínio fortíssimo dos juros do crédito pessoal. Os jornais agora tentam usar um insignificante aumento da inadimplência como argumento para atacar a política de expansão de crédito e redução de juros do governo. Dizem eles: “olha aí, reduziu os juros, e o povo não pagou as dívidas, então é melhor parar de emprestar.”
As pessoas só vão pagar depois, bem depois, dos juros baixarem, e não simultâneamente à sua redução. Por isso o Banco Central insiste que a inadimplência vai cair.
O endividamento das famílias brasileiras, em relação à sua própria renda, abaixo de 45%, ainda é muito baixo se comparado ao dos países ricos. Considerando que o desemprego está baixo e os salários, em alta, nada justifica interromper a expansão em curso, que é importante para estimular o crescimento econômico.
É preciso um pouco de imaginação (mas não muito) para entender que a nova realidade do sistema nacional de crédito produzirá uma nova cultura de investimento. Cada vez mais se torna menos interessante aplicar dinheiro em mercado financeiro ou mesmo em caderneta de poupança; muito melhor aplicar em produção.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Padre Preguinho: "A Folia é o jeito alegre do povo manifestar sua fé"

Além de ser um padre que assumiu com determinação a opção preferencial pelos pobres, com um trabalho incansável em favor de quem precisa, é também um ardoroso defensor da cultura popular, principalmente a Folia de Reis e a Folia do Divino.

Nessa entrevista ao Frei Gilvander, ele fala das Folias.







JUÍZA EVITA JULGAR CHACINA DE UNAÍ






A juíza substituta da 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, Raquel Vasconcelos Alves de Lima, se declarou incompetente para julgar os acusados de matar, em 2004, três fiscais do Trabalho e um motorista; o processo deve ser encaminhado para julgamento na Vara Federal de Unaí, criada em 2010


Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil


Brasília – A juíza substituta da 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte (MG), Raquel Vasconcelos Alves de Lima, se declarou incompetente para julgar os acusados de matar, em 2004, três fiscais do Trabalho e um motorista, também servidor do Ministério do Trabalho. Segundo a assessoria da juíza informou à Agência Brasil na tarde de hoje (25), o processo deve ser encaminhado para julgamento na Vara Federal de Unaí, criada em 2010.
Os quatro servidores públicos foram mortos a tiros em 28 de janeiro de 2004, quando faziam uma fiscalização de rotina na zona rural de Unaí, a cerca de 500 quilômetros da capital mineira, Belo Horizonte, e a apenas 160 quilômetros da região central de Brasília (DF). O caso ficou conhecido como a Chacina de Unaí.
Ainda não foi divulgada a justificativa da juíza para declinar da competência do processo, decisão que ocorre a apenas três dias de o crime completar nove anos. A decisão também é anunciada poucos dias após o corregedor nacional de Justiça interino, Jefferson Kravchychyn, ter declarado que a juíza se comprometera a marcar o início do julgamento para fevereiro. A intervenção da Corregedoria Nacional de Justiça foi solicitada pelo Ministério Público Federal no início de janeiro.

A decisão da juíza foi criticada por entidades de classe e pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Domingos Dutra (PT), que já havia agendado uma reunião com a juíza para a próxima segunda-feira (28), quando o crime faz nove anos.
“Queremos que o Poder Judiciário cumpra seu papel, marque a data do julgamento para o mais breve possível e que os acusados sejam condenados como forma de inibir a impunidade. Nove anos para um crime que abalou o país e que motivou a aprovação de um lei instituindo o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo é muito tempo”, comentou o deputado.
Domingos Dutra acredita também que o julgamento em Unaí compromete a isenção do processo, porque são pessoas influentes na comunidade.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) anunciou que, junto com a Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (Aafit), vai recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Superior Tribunal de Justiça (SJT) e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para evitar que o processo seja encaminhado para a Vara Federal de Unaí, onde, de acordo com a entidade, “a possibilidade de interferências políticas e econômicas é grande”.
A procuradora da República Miriam Moreira Lima, autora da denúncia contra os nove réus que se transformou no processo aberto na 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, também prometeu recorrer da decisão. As vítimas da chacina foram os auditores do Trabalho Erastótenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira.
A Polícia Federal concluiu as investigações do caso em seis meses e pediu o indiciamento de nove pessoas por homicídio triplamente qualificado: os fazendeiros e irmãos Antério Mânica (ex-prefeito da cidade e um dos maiores produtores de feijão do país) e Norberto Mânica; os empresários Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Elder Pinheiro; além de Erinaldo de Vasconcelos Silva e Rogério Alan Rocha Rios, apontados como autores do crime; Willian Gomes de Miranda, suposto motorista da dupla de assassinos, e Humberto Ribeiro dos Santos, acusado de ajudar a apagar os registros da passagem dos pistoleiros pela cidade.
Um dos réus, o empresário Francisco Elder, faleceu no último dia 7, com 77 anos de idade. Ele aguardava o julgamento em liberdade. Dos outros oito indiciados, Erinaldo, Rogério e Willian estão presos em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, à espera da sentença judicial. Ribeiro dos Santos foi solto a pedido do Ministério Público Federal, já que seu crime prescreveu.
Os outros quatro réus, coincidentemente os que têm maior poder aquisitivo, aguardam o julgamento em liberdade, beneficiados por habeas corpus da Justiça. Pouco depois do crime, Antério Mânica foi eleito prefeito de Unaí, tendo sido reeleito em 2008.
Ao longo dos anos, os réus apresentaram sucessivos recursos e apelações que contribuíram para a demora no julgamento. A demora levou a subprocuradora-geral da República e coordenadora da Câmara Criminal do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, a recorrer ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que o caso seja julgado logo.
No ofício que enviou no último dia 8 ao corregedor nacional de Justiça interino, conselheiro Jefferson Kravchychyn, a subprocuradora classifica o crime como um “cruel assassinato”. Ela disse que, há pelo menos seis meses, não há nenhum obstáculo que impeça a juíza Raquel Vasconcelos de incluir o caso na pauta de julgamentos.
Para que impedir que crimes como esse caiam no esquecimento e fiquem impunes, foi instituído o dia 28 da janeiro, data do crime, como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, por meio da Lei 12.064/09. Este ano, entidades de defesa dos direitos humanos e órgãos públicos vão realizar atividades em mais de 15 cidades do país todo.

Edição: Davi Oliveira

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dilma na TV. PSDB sentiu o baque!



http://pigimprensagolpista.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

O PSDB divulgou hoje à tarde uma nota oficial confessando que sentiu o baque com o pronunciamento de Dilma Rousseff em rede nacional de rádio e tevê na noite de quarta-feira. Os tucanos adoram a "liberdade de expressão" dos "calunistas" da mídia. Eles têm orgasmos com as análises "imparciais" de Miriam Leitão, Merval Pereira, Ricardo Noblat e até com os rosnados dos pitbulls da Veja. Mas ficaram indignados com a presidenta, que anunciou à nação a redução das contas de luz e retrucou os "pessimistas" de plantão. A tal "liberdade de expressão" da direita não contempla sequer a presidenta eleita pela maioria dos brasileiros.

Na nota oficial, o PSDB afirma que "o governo do PT acaba de ultrapassar um limite perigoso para a sobrevivência da jovem democracia brasileira. Na noite desta quarta-feira, o país assistiu à mais agressiva utilização do poder público em favor de uma candidatura e de um partido político: o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff... Durante os oito minutos de divulgação obrigatória por parte das emissoras de rádio e TV brasileiras, a presidente Dilma faltou com a verdade, fez ataques a seus adversários, criticou a imprensa e desqualificou os brasileiros que ousam discordar de seu governo".

Na maior caradura, a nota afirma ainda que "o conceito de República foi abandonado. A chefe da Nação, que deveria ser a primeira a reconhecer-se como presidente de todos os brasileiros, agora os divide em dois grupos: o 'nós' e o 'eles'. O dos vencedores e o dos derrotados. Os do contra e os a favor. É como se estivesse fazendo um discurso numa reunião interna do PT, em meio ao agitar das bandeiras e ao som da charanga do partido... No governo do PT, tudo é propaganda, tudo é partidarizado". 

Os tucanos, que minguam a cada eleição, parecem que esqueceram a postura autoritária que adotaram no triste reinado de FHC. Exército acionado para reprimir os grevistas da Petrobras, ações truculentas contra ocupações de terras ociosas, rolo-compressor no Congresso Nacional, submissão do Judiciário e relação promíscua com os barões da mídia. Quem sempre desqualificou os adversários foram os caciques tucanos, que acusaram os que resistiram à privataria das estatais e à retirada de direitos trabalhistas de "dinossauros". Para usar uma famosa expressão de FHC, os tucanos agora repetem o blablablá dos derrotados.

A reação intempestiva e patética do PSDB ao pronunciamento da presidenta confirma porque a direita teme tanto a regulação democrática da mídia. Ela quer manter o monopólio da palavra nas emissoras de rádio e TV, que são concessões públicas. Ela quer garantir a exclusividade de espaço para os seus porta-vozes na radiodifusão, para os seus "calunistas" amestrados. O PSDB sabe que só sobrevive hoje graças à "turma do contra" da mídia venal. Quando Dilma utilizou um direito constitucional, a direita sentiu o baque!

EMPRESÁRIOS REAGEM A POLÍTICOS E APOIAM DILMA


Fiesp divulga cálculo para mostrar que a redução de tarifas energéticas representará economia anual de R$ 31,5 bilhões às empresas do País. "Dilma tem mostrado sensibilidade, e suas ações concretas apontam a preocupação do governo com a competitividade do país", elogiou o presidente da entidade, Paulo Skaf. PSDB classificou o pronunciamento como "lançamento prematuro à reeleição"

247 – Depois de uma sequência de criticas da oposição ao pronunciamento em que a presidente Dilma Rousseff anunciou a redução das tarifas de energia, os empresários saíram em defesa do governo. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) informaram que a economia média anual no país passará de R$ 24 bilhões para R$ 31,5 bilhões com o desconto maior na conta de luz.

As entidades, ambas presididas por Paulo Skaf (PDMB), projetam que, em um prazo de 30 anos, a economia passará de R$ 720 bilhões para R$ 945 bilhões. Em nota, as entidades disseram considerar que a redução das tarifas de energia é um passo importante para o Brasil recuperar a competitividade (confira a íntegra da nota). Skaf elogiou as taxas e disse que a sociedade toda ganhará, pois os custos de produção serão reduzidos também.
“A medida beneficia todos os setores da sociedade, e atinge diretamente o bolso de cada brasileiro”, disse. “Dilma tem mostrado sensibilidade, e suas ações concretas apontam a preocupação do governo com a competitividade do país. Todo mundo usa energia, todos os produtos precisam de energia para serem produzidos, todos os serviços consomem energia. Ao reduzir a conta de luz, o benefício é de todos,” ressaltou Skaf, na nota.
Críticas

O presidente nacional do Democratas criticou, nesta quinta-feira 24, o pronunciamento feito pela presidente da República, Dilma Rousseff, ontem, por ocasião do anúncio sobre a redução na conta de luz. Ao 247, o senador José Agripino Maia (DEM-RN) disparou: “A presidente precisa entender que governar não é desafiar a oposição. Não é insultar a oposição”.

O democrata foi enfático ao explicar que as medidas do governo “não vão se sustentar”, e que baixar os valores das contas de energia elétrica “vão desestimular a economia” , além de “investir na instabilidade do setor elétrico”. “O governo deveria investir em atitudes permanentes”, enfatizou à reportagem.
Questionado sobre quando essas previsões poderiam se concretizar, o presidente do DEM preferiu a cautela e justificou, ao dizer “não ter bola de cristal” para saber quando esses “problemas” vão começar. Mas, mais uma vez, reafirmou que as medidas “vão ter conseqüências”.
Tucanos

Se entre as intenções do pronunciamento feito ontem pela presidente estava o de irritar a oposição, ele foi atingido na mosca. Numa dura nota à imprensa, o PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidenciável Aécio Neves entendeu que a presidente fez propaganda político-partidária, abandou o conceito de República e se comportou como se estivesse numa reunião interna do PT, para a qual faltaram apenas “as bandeiras e a charanga do partido”.
Os tucanos se posicionaram contra os meios escolhidos pelo governo para reduzir as tarifas energéticas desde o início desse debate, iniciado no ano passado. Os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, Minas Gerais, Antonio Anastasia, e Paraná, Beto Richa, todos filiados ao PSDB, recusaram autorizar a entrada das geradoras estatais de energias de seus Estados no plano. Agora, depois da divergência técnica, a briga derivou para o campo político.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dilma dá boas novas na TV. Reaja Aécio!




Por Altamiro Borges

A presidenta Dilma Rousseff utilizou a cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta quarta-feira (23) para anunciar a redução das tarifas de energia elétrica a partir de amanhã. A queda na conta de luz será até maior do que o previsto – de 18% para as residências e de até 32% para as indústrias, agricultura, comércio e serviços. A iniciativa governamental, inédita na história recente do país, ajudará a alavancar o crescimento da economia, aliviando os riscos de maior contágio da grave crise mundial do capitalismo.


Feliz e altiva, Dilma não usou o pronunciamento apenas para explicar os impactos da medida. Ela aproveitou para retrucar – sem meias palavras – os seus detratores da mídia e da oposição demotucana. Num recado que parecia dirigido a Miriam Leitão, da TV Globo, ela afirmou que nunca houve risco de racionamento no país. “Surpreende que algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram”.

Ela também mandou um recado à oposição demotucana, que tentou sabotar a redução das contas de luz. “Nesse novo Brasil, aqueles que são sempre do contra estão ficando para trás. Pois nosso país avança sem retrocesso em meio a um mundo cheio de dificuldades. Hoje podemos ver como erraram feio no passado os que não acreditavam que era possível crescer  e distribuir renda, que pensavam ser impossível que dezenas de milhões de pessoas saíssem da miséria e não acreditavam que o Brasil virasse um país de classe média”.

Já é de se esperar que nos próximos dias os jornalões, revistonas e tevês desanquem o corajoso discurso de Dilma. Os barões da mídia não aceitam ser provocados. Eles se acham os donos da verdade. O cambaleante presidenciável tucano, Aécio Neves, deveria adotar a mesma postura. Como chefão do PSDB na atualidade, ele deveria aproveitar o horário eleitoral gratuito do partido para reafirmar as suas críticas à redução da conta de luz e ao governo Dilma. Será que ele topa? Ou ele vai amarelar e curtir uma ressaca? 

A próxima novela: Lula e Dilma, uma relação estremecida



Renato Rovai, Revista Fórum / Blog do Rovai

“Em breve você vai participar de um encontro de família no final de semana e o papo vai começar pela última convocação do Felipão, vai passar pela porcaria do Big Brother e em algum momento vai
 chegar no desgaste da relação entre Lula e Dilma. Quando isso acontecer, aquele parente ou amigo reaça da família não vai ter dúvida em dizer: “Tá vendo, nem a Dilma aguenta mais o Lula”. Ao que um outro ainda mais politizado pelo PIG acrescentará: “Mas quem aguenta o PT e o Lula? Só o fulano mesmo..”. E vai apontar, morrendo de rir, pra você. Que terá o direito de ficar calado ou então o de ser chamado de encrenqueiro. Afinal, nesses casos, ser bem educado é fazer de conta que o melhor para o Brasil é ser o que era nos tempos de FHC.

Os próximos capítulos da novela piguiana que se iniciou quando LUla ganhou as eleições em 2002 certamamente tratarão dessa questão. É algo pouco criativo, mas que ao menos segura uma parte da audiência. Principalmente aquela que se diverte muito xingando o petismo. E que se divertia muito xingando os comunistas que queriam acabar com a “democracia” brasileira nos tempos da ditadura militar. Tive um amigo que adorava dizer, mudam-se as moscas…

Mas voltando a novela que começou a entrar em cartaz, Dilma está perdendo a paciência com Lula. Afinal, ela teria recebido um país quebrado e está tentando colocar as coisas nos trilhos, mas o sujeito e o PT não lhe dão paz. Por isso, decidiu organizar o seu grupo. Claro, para parecer verdadeira a história precisa de detalhes. Mas quem seria o grupo de Dilma? Aqui e ali já começam a aparecer os nomes dos atores: Gleise, Fernando Pimentel, Tarso Genro, Zé Eduardo Cardoso (que o Lula odeia) e Marta (que estaria muito puta com o Lula por conta do passa moleque da eleição paulistana).

Como o amigo pode ver a história vai ganhando sentido. E aí começam a surgir reuniões fechadas, com informações em off, revelando que um teria falado mal do outro. Que um estaria puto com o outro. E na sequência, boatos de demissão no governo por conta disso. E aí, claro, este enredo acabará desembocando numa reforma ministerial. E as especulações serão sobre quem está ganhando força no governo: a turma da Dilma ou o grupo do Lula.

Ficou fácil fazer jornalismo político hoje em dia. Basta você ir escrevendo colaborativamente a novela da vez com outros colegas dos veículos comerciais. Sem necessidade de fontes que sustentem a história. E sem se preocupar com a possibilidade de que nada daquilo venha a se confirmar. Afinal, o seu compromisso não é com a verdade factual, mas com o interesse do veículo.

Para os donos da mídia, a boa historia da vez é a de que Dilma e Lula estão se distanciando. E é isso o que interessa.

O fato é que isso não existe. Lula ficou doente e está voltando a fazer o que gosta: política.

Dilma só tem a ganhar com isso. Com ele no jogo, a oposição e os que estavam pensando em pular fora do barco do governo, vão pensar duas vezes.
Dilma e Lula hoje não disputam o mesmo espaço. Só um idiota ou mal intencionado pode fazer uma narrativa apostando nisso.

A conta deles é de mais. Não de dividir. Se um ganha algo o outro ganha também.
Há diferença entre eles. Há quem ache um melhor do que o outro. Mas isso não chega a ser nem ao menos um detalhe. O projeto político deles está sacramentado para os próximos muitos anos.

Mas isso não será suficiente para ouvir relatos diferentes no almoço da família. Até porque a mídia tradicional já decidiu que não é assim.”