quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Jornal diz que Vaticano construiu império com dinheiro de Mussolini



Segundo o "Guardian", capital recebido de ditador se multiplicou e hoje chega a cerca de US$ 904 milhões.

Propriedades são escondidas por empresas disfarçadas, afirma o diário.

RIO - Uma investigação do jornal britânico “Guardian” diz ter provas de que o Vaticano construiu um império de propriedades com o dinheiro que recebeu do ditador facista Benito Mussolini no Tratado de Latrão, em 1929. Segundo o diário, joalherias de luxo, sedes de bancos e escritórios em localidades valorizadas de Londres são posses da Santa Sé, mas ficam escondidas nas mãos de empresas disfarçadas. O representante do Vaticano em Londres, o arcebispo Antonio Mennini, foi procurado, mas disse que não iria comentar o assunto, segundo o diário.

O jornal cita como fonte pesquisas em arquivos públicos antigos e históricos de empresas, que indicariam que o início dos investimentos da Igreja aconteceu depois de milhões recebidos do regime fascista em troca da independência do Estado do Vaticano - e do reconhecimento do governo do ditador. Após anos, o capital se multiplicou e teria chegado a € 680 milhões, cerca de US$ 904 milhões.

Em 2006, no auge da bolha imobiliária, o Vaticano teria gastado 15 milhões de libras para comprar propriedades na Praça St. James, em Londres. Outras propriedades no Reino Unido são em New Bond Street e na cidade de Coventry. De acordo com o diário, a Santa Sé tem alguns blocos de apartamentos em Paris e na Suíça.

Para preservar o segredo das propriedades, o bloco de escritórios na Praça St. James está no nome da empresa britânica chamada GroLux Investments Ltda, que também detém as outras propriedades no Reino Unido. Registros públicos não divulgam a verdadeira propriedade da companhia, nem fazer qualquer menção ao Vaticano.

Em vez disso, eles listam dois acionistas, dois proeminentes banqueiros católicos: John Varley, executivo-chefe do banco Barclays, e Robin Herbert, ex-executivo do banco Leopold Joseph. Segundo o “Guardian”, cartas foram enviadas aos dois perguntando para quem trabalham. Mas os questionamentos ficaram sem resposta, de acordo com o diário.

A manobra é está protegida pela legislação britânica, que permite que a verdadeira propriedade de empresas fique escondida atrás de acionistas. O jornal também tentou entrar em contato também com o secretário da sociedade, John Jenkins, mas igualmente não obteve resposta. Jenkins apenas informou que a empresa era de propriedade de um cartel, mas se recusou a identificá-lo por razões confidenciais.


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