domingo, 21 de março de 2021

Mank - uma obra de arte, mas com público restrito (escrito em 29 de dezembro de 2020)

 




Na minha opinião, ainda não será dessa vez que a Netflix vencerá o Oscar de melhor filme, mesmo com a possibilidade de até quatro indicações. Dentre essas possibilidades, o filme que mais gostei foi "Mank", que conta uma versão sobre o processo de criação do roteiro de "Cidadão Kane" de Orson Welles (1941), considerado por muitos como o melhor e mais revolucionário filme de todos os tempos. Pela versão contada por David Fincher, diretor de "Mank", o roteiro foi todo feito pelo protagonista do filme, Herman Mankiewicz, interpretado por Gary Oldman e não teria a participação criativa de Orson Welles. Além do roteiro de "Cidadão Kane", o filme mostra os problemas de Mank com a bebida e o que rolou nos bastidores da eleição para governador da Califórnia nos anos 30, quando o mesmo discurso reacionário e as fake news que se vê hoje foram responsáveis pela derrota do democrata Sinclair e eleição do candidato ultraconservador republicano, apoiado pelo império midiático da época. É muito fácil observar as semelhanças com o processo político atual no Brasil e em boa parte do mundo. Apesar do brilhantismo da obra, inclusive nos aspectos técnicos, o filme deve conquistar pouca gente além dos cinéfilos, já que pra aproveitar melhor a experiência é fundamental ter assistido antes "Cidadão Kane" pra entender todas as referências contidas em "Mank" e pesquisar um pouco sobre o contexto político. Pra quem tiver essa disposição, recomendo assistir "Mank".

Obs: A Netflix conseguiu duas indicações ao Oscar de melhor filme: "Mank" e "Os 7 de Chicago"

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