Paulo Moreira Leite, ÉPOCA
Os respeitáveis índices de aprovação de Dilma Rousseff têm produzido uma análise política derivada.
Comparam-se os índices de aprovação de Dilma no primeiro ano de seu mandato com aqueles que Luiz Inácio Lula da Silva obteve na mesma fase de seu governo para se concluir que a criadora superou a criatura.
Eu acho que, neste caso concreto, o risco de comparar banana com laranja é real. O problema é que o governo Lula não repetiu essa regra. O presidente que terminou o governo em 2010 encontrava-se num patamar muito superior ao que possuía em 2003. Não se desgastou. Cresceu.
No primeiro ano de seu primeiro mandato, Lula era um presidente de oposição que herdara um péssimo fim de governo de FHC. No final de 2002, a inflação chegara à casa dos dois dígitos, o desemprego estava em alta e, em nome de um esforço para ganhar a confiança dos mercados, o crescimento foi rebaixado.
O final do governo Lula foi uma unanimidade. Ele deixou o posto com 87% de aprovação, recorde mundial.
Dilma herdou o bom crescimento econômico, acentuado especialmente em 2010. Tomou posse como uma presidente de continuidade, colhendo os benefícios do fim do governo Lula.
O índice de aprovação pessoal de Dilma é de 72%. É altíssimo, sob qualquer critério. Mas ela enfrenta uma situação diversa. Enquanto a herança que Lula recebeu jogava sua popularidade para baixo, a de Dilma empurrava para cima.
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