O país passou mais de oito anos assistindo um grupo de políticos emplumados, invocando para si a bandeira da ética, da decência e da moralidade. Durante todo este período, misturaram fatos com leviandades, confundindo parte significativa da população e tentando passar a impressão de que, à excessão deles, todos são corruptos. Tudo isso com uma cumplicidade escandalosamente parcial e criminosa da grande imprensa. Qualquer reação aos ataques era imediatamente taxada como atentado à liberdade de expressão.
Pois bem, o tempo passou e a "casa caiu". Foram, enfim, desmascarados.
Há muito tempo questiona-se onde foi parar o dinheiro da privatização do governo FHC. Agora, o livro “A Privataria Tucana” dá uma pista de onde foi parar parte desse dinheiro.
Apesar de tudo isso, a mídia, que se auto proclama paladina da ética, passou vários dias imersa em um estrondoso silêncio. Nem uma palavra, nem uma linha sobre o livro recordista de venda. Só nesta quinta-feira (15/12) resolveram abordar o assunto. Como esperado, tentaram desqualificar o autor, um jornalista reconhecido e premiado, e invocaram a mesma presunção de inocência que negaram aos ministros do governo Dilma. A manobra orquestrada com a cúpula do PSDB incluiu ainda um show de hipocrisia do ex-presidente FHC, que condenou os “assassinos morais de inocentes”. Nos próximos dias, certamente virão novos ataques ao autor do livro e a membros do governo, com o objetivo de tirar o foco das denúncias.
Por outro lado, o sucesso de vendas de um livro que não mereceu atenção nenhuma da Globo, da Folha, do Estadão e do panfleto semanal Veja, demonstra o potencial de uma nova mídia. Os blogs e as redes sociais demonstraram, mais uma vez, sua força e provaram que a informação não tem mais um único dono. Foram capazes de acuar os grandes veículos de comunicação e os obrigaram a sair em defesa de seus protegidos, escancarando de vez a partidariização da imprensa.
Esta não é a primeira vez que a internet desbanca as grandes corporações midiáticas. Quem não se lembra da bolinha de papel da campanha eleitoral? A farsa montada pela Rede Globo foi desmontada rapidamente pela blogosfera, talvez no maior vexame protagonizado pela velha mídia.
O livro também compromete a estratégia de resgate do legado do governo FHC, patrocinada pela grande mídia, pois além de jogar por terra todo o esforço de mostrar as privatizações como um avanço importante, mancha de maneira irreversível o governo tucano com a marca da corrupção.
Por fim, as revelações do envolvimento da filha do Serra, do genro do Serra, e de outros parentes e amigos, parecem sepultar definitivamente este sombrio personagem da política brasileira.
Com a provável instalação da CPI da Privataria, que investigará as denúncias do livro, restará perguntar ao Serra:
E agora José?
Zé Geraldo Caldas
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