Como militantes de grupos de jovens da Igreja Católica, sempre andamos nos lugares mais esquecidos da cidade, bairros afastados, beiras de “praia”, lugares onde sempre residiram as pessoas mais carentes.
Carregávamos a angústia de ver os anos se passarem, assistindo a mesma situação de falta de oportunidade para estas pessoas, que moravam em barracos, locais sem saneamento básico, onde alguns não davam nem pra chamar de rua. Residiam em lugares, hoje próximos ao centro urbano, mas naquele tempo, lugares ermos. Juventude sem esperança, sem trabalho e sem escola, sem nenhuma perspectiva de vida.
A única fonte de renda na maioria das vezes era pegar na bateia e garimpar o leito do velho córrego rico, que muitas vezes foi salvação para se garantir comida na mesa de muitas famílias paracatuenses.
Apesar da realidade sofrida, as pessoas desta época puderam conhecer um córrego, que de tanto valor, chamaram-no de “rico”.
Hoje, o “velho” córrego rico perdeu sua poesia e seu encanto. Foram-se os domingos de piquenique, pescaria, banho no “azulão”, “matinho” “cachoeirinha”, “olaria”, e tantos outros lugares que povoam nossas lembranças do tempo de criança.
O córrego era rico. Sempre foi. De água, de vida, de alegria. Hoje, assoreado e sem suas nascentes, virou mendigo na “UTI de um hospital bonito”, abandonado sem acompanhamento de uma junta médica.
Foi reduzido a peça de marketing da multinacional “Kinross”, que explora suas riquezas no seu nascedouro, e ainda tenta iludir a população com seu compromisso com o meio ambiente e com sua revitalização. Tudo isso com a cumplicidade do poder público, e muitas vezes, com nossos aplausos.
Contudo, vivemos numa cidade de economia diversificada. Tem ouro, zinco, agropecuária, além de comércio de bens e serviços que atrai inúmeras pessoas para cá.
É preciso lembrar ainda que o Brasil parece ter encontrado, pelas mãos de um operário e agora de uma mulher, o caminho do desenvolvimento e a perspectiva de se transformar, finalmente, numa nação forte e respeitada mundo afora. O nosso país vive, indiscutivelmente, um momento especial, mesmo considerando que o mundo assiste, assustado uma crise intensa com a queda do império americano, que demonstra evidentes sinais de fraqueza. Aliás, isto é cíclico, todos os impérios vivem seu apogeu e um dia sucumbem.
Mas, Paracatu pode aproveitar melhor este momento histórico. Pode ser muito maior e melhor do que é hoje.
No entanto, a Paracatu que eu quero, não é a Paracatu do ouro. Quero a Paracatu de ouro, onde além de trabalho para todos, tenhamos qualidade de vida, saúde pública e privada de boa qualidade, educação pública e privada de qualidade, lazer, cultura, esporte, meio ambiente respeitado e o povo participando desta construção, o que não acontece da noite para o dia, mas é tarefa que precisa ser dividida com todos.
É ISSO AÍ UDELTON, VAMOS CONTINUAR LUTANDO PARA TER ESSA PARACATU.
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