sábado, 1 de outubro de 2011

Base de Alckmin tenta esvaziar caso de emendas. E a faxina apoiada pelo PSDB?

A primeira reunião do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa para tratar do suposto esquema de venda de emendas parlamentares escancarou uma operação da base governista para tentar evitar que o autor das denúncias, Roque Barbiere (PTB), seja sabatinado por seus colegas e para blindar o atual secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), que declarou há um mês ter testemunhado a prática.

A ação começou com o pedido do líder do PTB, Campos Machado, para que a sessão fosse realizada a portas fechadas. “Não vou aceitar essa questão de democracia não, isso é demagogia”, chegou a dizer o petebista sobre a presença da imprensa e de outras pessoas que não faziam parte do Conselho. Aprovada por seis votos a dois, a sessão secreta decidiu apenas convidar Barbiere a explicar suas declarações.

Em duas entrevistas gravadas na TV, o petebista afirmou que de 25% a 30% dos deputados se enriquecem vendendo emendas a prefeitos paulistas. Como se trata de convite e não de convocação, Barbiere pode não comparecer na próxima reunião, marcada para quinta-feira, dia 6, ou, como muitos deputados apostam, enviar apenas um documento com seu depoimento sobre o caso.

O próprio Campos Machado chegou a sugerir essa tática na reunião secreta. “Vários deputados fizeram a solicitação de que fosse por escrito a declaração, entre eles o deputado Campos Machado”, citou o integrante do Conselho, Luiz Cláudio Marcolino (PT).

Enquanto parte da bancada governista trabalhava dentro da sessão, do lado de fora outros deputados tentavam proteger Bruno Covas de uma possível convocação e a posterior inclusão de seu nome no relatório final do Conselho. O tucano é pré-candidato a prefeito da capital.

Com o objetivo de esvaziar as justificativas da oposição em pedir outro depoimento dele no Conselho, o líder do PSDB, Orlando Morando, disse que o secretário dará explicações sobre o caso, mas durante visita à Comissão de Meio Ambiente, na próxima terça-feira. Como se trata de outra comissão, as informações dadas por ele não poderão constar do relatório do Conselho de Ética.

“Temos o entendimento que no momento em que deu a entrevista ele já era secretário. E ele não ocupando o mandato de deputado não tem nenhum razão para ele vir no Conselho de Ética”, disse Morando, ao citar a entrevista na qual Covas declarou ter sido procurado por um prefeito para pagamento de propina referente a emendas parlamentares.

O vencedor

Além do governo, quem saiu ganhando ontem foi Campos Manchado. Com uma relação desgastada com o Geraldo Alckmin desde o episódio da votação do projeto da Corregedoria da Polícia Civil, o petebista liderou os governistas menos experientes na operação abafa no Conselho.

Oposição quer ouvir secretários do governo Serra

Além do convite ao secretário Bruno Covas, os oito integrantes do Conselho de Ética votarão na próxima sessão requerimentos apresentados por PT e PSOL que solicitam o convite dos ex-secretários da Casa Civil Aloysio Nunes (PSDB) e Luiz Antonio Guimarães Marrey e do deputado Major Olímpio (PDT).

Hoje senador, Aloysio foi chefe da Casa Civil durante quase todo governo de José Serra (PSDB). Deixou o cargo em abril de 2010 para disputar a eleição e foi sucedido por Marrey.

Com a “operação abafa” da base em ação e sendo o Conselho formado por apenas dois membros da oposição, a possibilidade dos convites serem aprovados é remota. “Com toda essa movimentação da base e aliados, é possível que tudo acabe em pizza”, afirmou Carlos Giannazi (PSOL). JT

Barbiere questionou governo sobre emendas

Pivô das acusações de venda de emendas na Assembleia Legislativa, o deputado Roque Barbiere (PTB) questionou oficialmente a Casa Civil no governo José Serra/Alberto Goldman (PSDB) sobre o funcionamento das indicações de obras e convênios do Estado feitas pelos parlamentares.

Em requerimento enviado em 22 de dezembro de 2010 para o então secretário Luiz Antonio Marrey, o petebista questiona valores, autores, beneficiários, endereços de empresas e motivos das liberações de emendas. Pela lei, as secretarias têm de 30 a 60 dias para responder, mas a Casa Civil nunca o fez. Ontem, a pasta não se manifestou. Marrey não foi localizado. Após a denúncia, os dados serão divulgados amanhã.

Barbiere disse na última sexta, em entrevista a uma emissora de TV do interior, que alertou a Casa Civil sobre a venda de emendas. O governo nega. Segundo ele, de 25% a 30% dos deputados se enriquecem com a prática.

CPI

Ontem, a bancada do PSDB decidiu não assinar o pedido de CPI feito pelo PT para investigar as denúncias de Barbiere. O líder do partido, Orlando Morando, avalia que o Conselho de Ética é o órgão que primeiramente tem a competência de avaliar o caso. “Pode se tornar a CPI do fim do mundo. Isso nós não vamos aceitar”, disse.

Apenas o tucano Carlos Bezerra estuda assinar a CPI caso a apuração do Conselho não seja “pra valer”. O colegiado faz hoje sua primeira reunião sobre o caso. Jornal da tarde

Por Helena - Blog Amigos do Brasil

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