Mauro Santayana
         Ao convocar 
75.000 reservistas para as fileiras, o governo de Israel deixou claro que 
prepara  nova  invasão terrestre da Faixa de Gaza, como passo prévio a uma 
aventura maior, contra o Irã. Desta vez, no entanto, há sinais de que a 
violência encontrará a resistência dos paises árabes vizinhos. A visita do 
primeiro ministro do Egito, Hisham Kandil, a Gaza e a clara advertência do novo 
presidente, Mosri, de que os egípcios não deixarão os palestinos sós,  deveriam 
conter os alucinados direitistas de Tel-Aviv, mas não parece que isso ocorra. Ao 
contrário, há todas as indicações de que se encontram dispostos a ir ao tudo, 
ou nada.
       Ocorre que as 
coisas mudaram nos países árabes. Os aliados de Israel haviam visto, na 
primavera árabe, uma democratização à americana, que laicizaria as 
sociedades muçulmanas e as levaria à absorção pela civilização do consumo. Se 
assim fosse - era a ilusão de Israel - os palestinos seriam compelidos a 
aceitar, resignados, o fim de sua luta pela sobrevivência como nação. 
Rapidamente as coisas se mostraram como são.
      Os árabes não 
saíram às ruas para contestar o Islã, mas com o propósito de recuperar os 
princípios de solidariedade do Corão e contestar o alinhamento de seus governos 
aos interesses de Washington. Não é por outra razão que os radicais de Al Qaeda 
contribuíram para o levante contra Kadafi. 
        O Egito, sob 
Murbarak, sempre foi fiel aos Estados Unidos em sua política regional, e aliado 
confesso de Israel. Com Mosri, a situação mudou. O novo presidente egípcio tem 
mantido consultas sucessivas com outros chefes de Estado e de governo árabes e 
reuniu, no Cairo, o presidente da Turquia, Recep Erdogan,  o emir de Catar, 
Hamad bin Khalifa Al Thani, e outros dirigentes políticos da região, para 
discutir o problema da Palestina. O emir de Catar visitou recentemente a Faixa 
de Gaza e doou 254 milhões de dólares para a reconstrução de seus 
hospitais.
      A atitude mais 
clara do Cairo foi a de enviar a Gaza seu primeiro ministro Hisham Kandil, 
sexta-feira passada. Israel prometeu que suspenderia seus ataques aéreos contra 
a área durante as três horas da visita do dirigente egípcio – mas antes que 
Kandil deixasse a cidade pelo passo de Rafa, reiniciaram-se os bombardeios. Os 
judeus usam mísseis ar - terra, como o que matou o primeiro ministro do Hammas. 
E também aviões não tripulados, os criminosos drones. Dezenas de crianças 
estão gravemente feridas e, entre outras vítimas infantis, morreu um menino de 
apenas onze meses. 
      Se Israel, além 
de arrasar Gaza, como é o confessado propósito de seus extremistas, atacar o 
Irã, será quase impossível evitar uma terceira guerra mundial. O momento, sendo 
de recessão econômica global, é propício ao desvario dos conflitos armados. Como 
registra a História, nada melhor para o capitalismo do que um grande conflito, 
do qual ele sempre emerge fortalecido. Mas não parece que, desta vez, os 
vencedores venham a ser os mesmos. 
 

 
 
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