domingo, 8 de abril de 2012

100 anos de Mazzaropi

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Pergunta-se a um bom brasileiro da existência de Amácio Mazzaropi e logo se percebe que a memória afetiva de muita gente está ligada à obra desse ator. Em 2012 comemora-se o centenário desse que é um dos grandes responsáveis pelo cinema popular e autoral no Brasil. O ator nasceu em 9 de abril de 1912, em São Paulo. Filho de imigrantes italianos e portugueses, aos dois anos, foi levado para Taubaté.

Mazzaropi foi criado em meio ao universo caipira, acostumado com os toques de viola do avô e com a interpretação de tipos sertanejos brejeiros na escola. Aos catorze anos, o ator já integrava uma caravana do Circo La Paz. O picadeiro era seu sonho na infância, mesmo tendo que trabalhar em outros lugares para o próprio sustento, como em uma loja de tecido dos tios, em Curitiba, ou em um bar, aberto pela família, em Taubaté.

Mazzaropi só estreou em um espetáculo no teatro em 1932, depois da agitação cultural que tomou conta de São Paulo pela Revolução Constitucionalista. A peça “A Herança do Padre João” seguiu-se de muitas outras estreladas pelo ator. Ele passou, também, pelo rádio e pela TV Tupi até encontrar-se com o cinema, em 1952.

A Companhia Cinematográfica Vera Cruz foi a que primeiro acolheu o artista, que acabou trabalhando em outras companhias até criar a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi). Desde o primeiro filme, “Chofer de Praça”, a empresa produziu e distribuiu as películas em todo o Brasil.
Seus filmes ficaram conhecidos pelo teor popular dos personagens. Tom Maranhão, estudioso de cinema, conta-nos a relação do público com a interpretação de Mazzaropi: “Ele encarnava tipos tão próximos do cotidiano do Brasil rural que chegava-se a confundir o ator com o personagem”.
Depois de “Jeca Tatu”, um de seus personagens mais conhecidos, adaptados da obra de Monteiro Lobato, os filmes em cores foram grandes sucessos no Brasil. Eles incorporavam outras linguagens do interior que iam além do jeito de falar ou do comportamento, como os toques de viola, as danças tradicionais e o canto sertanejo. Isso tudo era feito com a propriedade de quem viveu o assunto, incluindo-se, na obra, o conservadorismo e conformismo do sertão. “Os personagens, em geral, são pouco contestadores em nível social, o que diferencia muito o cinema de Mazzaropi do Cinema Novo, da década de 1960”, diz Tom.

O ator e diretor estava envolvido em todo o processo criativo e produtivo de seus filmes, o que faz dele um dos responsáveis pelos primeiros passos de um cinema independente no Brasil. Das canções à preparação de elenco, da captação de recursos à distribuição, ele estava por dentro de tudo.
Uma série de homenagens serão prestadas ao homem que olhou para o sertão, como, por exemplo, uma grande mostra organizada na Cinemateca Brasileira de São Paulo, de 3 a 15 de abril. Em Brasília, o CineCal, da Casa da Cultura da América Latina (UnB), também, dedica um mês de programação, exibindo desde “Jeca Tatu” até um filme em homenagem ao grande Mazzaropi, realizado em 2006, por Luiz Alberto Pereira. Confira a programação completa clicandoaqui.



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