quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Por que Aécio, agora, defende o Bolsa Família?


Durante a última década, o PSDB e seus líderes (incluindo o senador Aécio Neves) atacaram o programa Bolsa Família de maneira raivosa e insistente. Disseram que estimulava a vagabundagem e a preguiça, propiciava a manipulação do eleitorado e que era apenas uma esmola, distribuída com interesse eleitoreiro. Veja aqui a opinião do tucano Álvaro Dias.

Patrocinando um “cavalo de pau” na opinião do partido, Aécio Neves resolveu defender enfaticamente o programa, arrebatando para si a proposta do governo de tornar o Bolsa Família uma política de Estado. Mas o que explica essa mudança de opinião?

Passados 10 anos da criação pelo presidente Lula, o programa alcançou resultados impressionantes, o que conquistou reconhecimento internacional e hoje é um modelo adotado em vários países do mundo.

O programa tirou mais de 22 milhões de pessoas da miséria absoluta. Aliado ao programa Brasil sem Miséria, criado pela presidenta Dilma, a redução da extrema pobreza chega a 89%, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social.

O custo do programa não ultrapassa 0,46% do PIB, mas cada real transferido pelo programa se transforma em R$ 1,78 na economia, estimulando a atividade econômica e o consumo das classes mais pobres.

Integrado com o Pronatec, oferece uma porta de entrada para a cidadania e uma porta de saída rumo à capacitação profissional. Um milhão de vagas dos cursos técnicos são reservadas exclusivamente para beneficiários do Bolsa Família.

Enquanto a média nacional de abandono no ensino médio é 10%, entre os beneficiários do programa fica em 7%. A freqüência mínima exigida para os alunos vinculados ao Bolsa Família é de 85%. A taxa de aprovação no ensino fundamental é igual ao patamar da média e no ensino médio é superior a média nacional. É, portanto, um importante instrumento de inclusão no sistema educacional e ferramenta para o combate do trabalho infantil. Segundo o MEC, são mais de 15 milhões de alunos vinculados ao programa.

Outro resultado importante foi a contribuição para a redução da mortalidade infantil, principalmente nas doenças relacionadas à pobreza. Dentre as famílias beneficiadas, houve uma redução de 46% na mortalidade por diarréia e 58% nas mortes por desnutrição. Além disso, mais de 99% das crianças do programa são vacinadas de acordo com o calendário de vacinação do Ministério da Saúde.

Por outro lado, a geração de empregos propiciou que mais de um milhão e seiscentas mil famílias saíssem do programa por terem alcançado renda superior ao máximo permitido para continuar recebendo a bolsa. Portanto, o mito de que é necessário criar uma “porta de saída” cai por terra, pois as portas de saída já existem.

Com tantos resultados e o reconhecimento internacional, a proposta do senador, meio mineiro e meio carioca, Aécio Neves, de transformá-la em política de Estado só pode ser explicada como uma manobra oportunista e hipócrita. E que ainda pode custar caro pra ele, pois por mais que reivindiquem a paternidade do programa, todos os beneficiários sabem quem realmente foi o responsável por sua implantação. Por outro lado, o discurso raivoso dos tucanos contra o Bolsa Família acabou alimentando uma patrulha reacionária de eleitores, inclusive nas redes sociais, que ficarão órfãos nas suas pregações preconceituosas e podem não reconhecer mais o tucano como seu líder.

Independente dos motivos, a rendição dos tucanos aos efeitos positivos do Bolsa Família representa uma vitória de quem apostou que seria possível reduzir a pobreza e acabar com a miséria absoluta.


Resta, agora, aprofundar as mudanças, pois como reconhece o governo, “o fim da miséria é apenas o começo”.

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