Durante a última década, o
PSDB e seus líderes (incluindo o senador Aécio Neves) atacaram o programa Bolsa
Família de maneira raivosa e insistente. Disseram que estimulava a vagabundagem
e a preguiça, propiciava a manipulação do eleitorado e que era apenas uma
esmola, distribuída com interesse eleitoreiro. Veja aqui a opinião do tucano
Álvaro Dias.
Patrocinando um “cavalo de pau”
na opinião do partido, Aécio Neves resolveu defender enfaticamente o programa, arrebatando para si a proposta do governo de tornar o Bolsa Família uma política
de Estado. Mas o que explica essa mudança de opinião?
Passados 10 anos da criação pelo
presidente Lula, o programa alcançou resultados impressionantes, o que
conquistou reconhecimento internacional e hoje é um modelo adotado em vários
países do mundo.
O programa tirou mais de 22
milhões de pessoas da miséria absoluta. Aliado ao programa Brasil sem Miséria,
criado pela presidenta Dilma, a redução da extrema pobreza chega a 89%, segundo
dados do Ministério do Desenvolvimento Social.
O custo do programa não
ultrapassa 0,46% do PIB, mas cada real transferido pelo programa se transforma
em R$ 1,78 na economia, estimulando a atividade econômica e o consumo das
classes mais pobres.
Integrado com o Pronatec, oferece
uma porta de entrada para a cidadania e uma porta de saída rumo à capacitação
profissional. Um milhão de vagas dos cursos técnicos são reservadas
exclusivamente para beneficiários do Bolsa Família.
Enquanto a média nacional de
abandono no ensino médio é 10%, entre os beneficiários do programa fica em 7%.
A freqüência mínima exigida para os alunos vinculados ao Bolsa Família é de
85%. A taxa de aprovação no ensino fundamental é igual ao patamar da média e no
ensino médio é superior a média nacional. É, portanto, um importante
instrumento de inclusão no sistema educacional e ferramenta para o combate do
trabalho infantil. Segundo o MEC, são mais de 15 milhões de alunos vinculados
ao programa.
Outro resultado importante foi a
contribuição para a redução da mortalidade infantil, principalmente nas doenças
relacionadas à pobreza. Dentre as famílias beneficiadas, houve uma redução de
46% na mortalidade por diarréia e 58% nas mortes por desnutrição. Além disso,
mais de 99% das crianças do programa são vacinadas de acordo com o calendário
de vacinação do Ministério da Saúde.
Por outro lado, a geração de
empregos propiciou que mais de um milhão e seiscentas mil famílias saíssem do
programa por terem alcançado renda superior ao máximo permitido para continuar
recebendo a bolsa. Portanto, o mito de que é necessário criar uma “porta de
saída” cai por terra, pois as portas de saída já existem.
Com tantos resultados e o
reconhecimento internacional, a proposta do senador, meio mineiro e meio
carioca, Aécio Neves, de transformá-la em política de Estado só pode ser
explicada como uma manobra oportunista e hipócrita. E que ainda pode custar
caro pra ele, pois por mais que reivindiquem a paternidade do programa, todos
os beneficiários sabem quem realmente foi o responsável por sua implantação.
Por outro lado, o discurso raivoso dos tucanos contra o Bolsa Família acabou alimentando
uma patrulha reacionária de eleitores, inclusive nas redes sociais, que ficarão
órfãos nas suas pregações preconceituosas e podem não reconhecer mais o tucano
como seu líder.
Independente dos motivos, a
rendição dos tucanos aos efeitos positivos do Bolsa Família representa uma
vitória de quem apostou que seria possível reduzir a pobreza e acabar com a
miséria absoluta.
Resta, agora, aprofundar as
mudanças, pois como reconhece o governo, “o fim da miséria é apenas o começo”.
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