quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Aécio Neves, eu topo conversar!


O candidato tucano, metade mineiro metade carioca, ocupou o horário político do seu partido espalhando um convite pra uma conversa.

Pois bem senador, eu topo conversar. Será uma boa oportunidade para esclarecer vários assuntos que a grande mídia se nega a debater com a sociedade. São tantos pontos importantes que é até difícil saber por onde começar. Mas como sou filho e marido de professoras, podemos começar pela forma como seu governo e do seu sucessor trataram a educação.

O governo federal, ainda no mandato do ex-presidente Lula, criou o piso nacional da educação, buscando iniciar um processo de valorização desses profissionais. Segundo o sindicato da categoria, Minas Gerais não respeita o piso. Por que vocês não admitem pagar esse piso? Por que os salários dos professores mineiros são tão humilhantes? É este o modelo que o senhor pretende implantar em todo o Brasil?

E por falar em modelo, um líder deve ser um exemplo não é? O senhor acha correto um cidadão, abordado em uma blitz, se recusar a soprar um bafômetro? Por que o senhor deu esse exemplo? Por acaso, estava sem condições de dirigir e colocando em risco a vida de outras pessoas?

Já que estamos falando em vida, que tal explicar a denúncia do tal desvio de mais de 4 bilhões de reais da saúde durante o seu governo?

O senhor propagandeou durante oito anos, um choque de gestão, marca do seu mandato. Só não entendi porque esse tal choque acabou quebrando o estado, gerando uma dívida que até o senhor fala que é impagável e achatando criminosamente o salário do servidor. Explica aí, por favor.

Que tal conversarmos sobre aqueles esquemas montados em Minas Gerais e que ficaram conhecidos como mensalão tucano e lista de furnas? Como se sente como contemporâneo da turma que, segundo as denúncias, inventou esses esquemas? Sorte sua ter uma mídia tão amiga que cobra indignadamente o mal feito dos seus adversários e são tão complacentes com as tramoias que envolvem tucanos. 

E já que vocês gostam tanto de falar de corrupção, que tal conversarmos também sobre o propinoduto tucano no metrô de São Paulo? A denúncia descreve um rombo correspondente a dez mensalões. Você não está indignado com seus companheiros paulistas? Aliás, falando em companheiro, você defendeu ardorosamente o ex-senador Demóstenes Torres no senado federal. Elogiou sua “honestidade” e o apresentou como modelo e exemplo. Continua tendo a mesma opinião sobre ele?

Como a mídia não fala nada, conta pra gente como eram feitos os repasses do governo do estado para a rádio Arco-Íris. Sei que o Ministério Público está investigando, mas o senhor não acha estranho repassar dinheiro público para uma empresa que tinha, segundo a denúncia, o senhor e sua irmã como sócios?

Uma coisa devo reconhecer. O senhor foi o único candidato tucano a não se acovardar, defendendo entusiasmadamente o governo do seu companheiro FHC. Esse período da história do Brasil foi retratado muito bem pelo jornalista Amaury Ribeiro Junior no livro A Privataria Tucana. Não sei se o senhor leu o livro, mas revela um esquema e tanto heim?! Não vamos nem falar das provas apresentadas no livro, do maior desvio de dinheiro público da história do Brasil. Que tal falarmos apenas sobre o que o governo de vocês fez com o que sobrou do dinheiro das privatizações? Pelo jeito, ninguém sabe e ninguém viu.

Mas certamente o senhor viu que o governo federal criou um programa pra levar médicos para lugares onde, poucas vezes ou nunca, o cidadão viu um médico. O “Mais Médicos” tem, obviamente, aprovação da grande maioria da população. Por que o senhor e seu partido são contrários a essa ideia?

Outra boa ideia do governo Dilma foi a criação do Programa Ciência sem Fronteiras que deve levar, até o final do próximo ano, mais de cem mil estudantes para se aperfeiçoarem em universidades do mundo inteiro. Dentre esses estudantes estão gente de todas as classes sociais, inclusive jovens que jamais poderiam pagar por essa experiência, como minha filha. No entanto, apesar de todo o esforço do governo e destes jovens, o seu partido é um forte crítico desse programa. O senhor concorda com o seu partido e pretende extinguir o programa?


Pra terminar, só mais uma perguntinha. O que o senhor achou do artigo do Mauro Chaves, colunista do Estadão, com o título “Pó pará, governador”? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário