segunda-feira, 28 de novembro de 2011

50 anos de amizade com Serra e R$1.000.000.000,00 desviados

Por Altamiro Borges

José Serra, o presidenciável rejeitado duas vezes pelas urnas, adora se meter em tudo. Não perde uma oportunidade para fazer um discursinho ou para dar declarações à imprensa aliada. Notívago, ele passa as noites escrevendo em seu twitter e blog. Tem também colunas nos jornalões. Até os tucanos se incomodam com as constantes bravatas do ex-governador paulista.

Nos últimos tempos, o seu discurso preferido – quase monocórdio – é sobre o tema corrupção. Sem idéias ou propostas originais para o Brasil, ele tenta se travestir de “paladino da ética” e lembra os velhos udenistas, que posavam de moralistas e eram mais sujos do que pau de galinheiro. O tucano parece que gostaria de entrar para a história com a fantasia do golpista Carlos Lacerda.

Abatido com a prisão do amigo?

Desde quinta-feira passada, porém, o falante José Serra está quieto, num preocupante silêncio. Será que está doente? Será que ele está abatido com a prisão do seu grande amigo João Faustino, o suplente do senador Agripino Maia, acusado de ser o chefão da quadrilha que fraudou a inspeção veicular no Rio Grande Norte e roubou mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos?

Ou será que ele está se fingindo de morto para que ninguém se lembre das suas intimas relações com Faustino? Para que a mídia demotucana, que sempre o blindou e protegeu, evite dar destaque para o delicado assunto? Mantendo o seu bico tucano calado, Veja, Folha, Estadão e Globo também podem minimizar o escândalo. Podem até esconder que ambos tinham sólidas ligações.

Uma entrevista reveladora

Mas não dá para negar a história. Os dois são amigos há “50 anos”, segundo o próprio presidiário. Para irritar Serra e sua mídia, o blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, reproduziu hoje longa entrevista de Faustino publicada em agosto de 2009 no Jornal do Commercio, de Pernambuco. Ela até poderia ser anexada ao processo criminal. Reproduzo alguns trechos:

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Qual é a sua relação com o governador José Serra?

Eu era subchefe do Gabinete Civil do governo de São Paulo. Deixei essa função para colaborar com o governador. Ele ainda não formou sua equipe de coordenação (de campanha), não existe ainda um coordenador, nem coordenadores regionais. Estou colaborando na condição de amigo pessoal dele, de colaborador que sou dele. Fui vice líder de Serra na Câmara dos Deputados. Sempre que convocado por ele, como eu tenho sido, procuro colaborar com esse projeto de 2010...

O senhor é filiado ao PSDB ou foi contratado pelo partido?

Sou fundador do partido. Sou uma das 18 assinaturas da aprovação do manifesto partidário (manifesto de criação do PSDB). Em Pernambuco, eu estive ao lado de Cristina Tavares (ex-deputada federal que faleceu em 1992), Egídio Ferreira Lima (ex-deputado federal), para não falar em Mário Covas (ex-governador de São Paulo que faleceu em 2001), Franco Montoro (ex-governador de São Paulo que faleceu em 1999), José Richa (ex-senador pelo Paraná que faleceu em 2003), Pimenta da Veiga (ex-presidente nacional do PSDB). Portanto, tenho uma presença partidária de fundador do partido. Me interesso muito por esse projeto de 2010, essa presença em várias regiões do país...

Uma função de subchefe do governo de Serra presume uma razoável proximidade do senhor com o governador.

Eu conheço Serra há 50 anos. Fizemos política estudantil juntos. Participamos do Congresso (estudantil) de Santo André (SP), em 1963. Trabalhei com ele para que fosse presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), hoje transformada em casa de pelegos. Na época eu fazia política estudantil no Rio Grande do Norte e era presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes) e Serra era presidente da UEE em São Paulo. Depois, ele foi para o exílio e eu fiquei por aqui. Fui perseguido pelo regime militar, preso, mas fiquei no batente. Com a volta de Serra, ele se elege deputado federal e me convoca para ser vice-líder dele. Depois, quando ele foi ministro da Saúde, servimos juntos ao governo Fernando Henrique. Já sem mandato, eu ocupei o cargo de secretário-geral da Presidência da República. Nós sempre tivemos um excelente relacionamento.

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