247 – Mano Brown, líder do grupo de rap Racionais MC´s, avesso a fanfarras e ídolo na periferia de São Paulo desabafou. Um desabafo compreensível. Mais de 200 civis, a grande maioria nos bairros mais pobres da capital e, também, da raça negra tiveram morte violenta ao longo de 2012. Um recorde acompanhado de outro – o abatimento de mais de 100 policiais militares, no mesmo período, nas mesmas regiões.
"Alckimin é o governador das chacinas, tá marcado na história", definiu o músico e poeta popular durante o recebimento, na semana passada, do prêmio Santo Dias da Silva de Direitos Humanos O discurso se deu em plena Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. O nome do prêmio é uma homenagem a metalúrgico católico morto pela PM, na década de 1970, durante uma greve da categoria na capital. Santo estava desarmado.
"Alckmin é o governador que usou a morte como instrumento de domínio", disse Brown, que, mesmo com o sucesso e a fama, não se afastou da periferia da capital. "Estou assistindo a um genocídio de perto".
Sem ter despertado qualquer pronunciamento da parte do governo paulista, Brown afirmou que Alckmin é o governador "que autorizou a matar". As estatísticas lhe dão, ao menos, o benefício da dúvida. "Fico pensando como o Brasil, que está prestes a entrar no G8 ou G20, sei lá, nos mais mais, permite que a maior cidade da América Latina tenha 20 mortes por fim de semana? Sendo que a mídia não mostra a realidade dos fatos, as informações são distorcidas, os nomes são trocados. E a gente está assistindo como se fosse guerra de quadrilha, uma delas com a autorização do governo".
No entendimento do rapper, o governador de São Paulo, em razão dos resultados de sua política de segurança, é carta fora do baralho na sucessão presidencial de 2014. "Eu consideraria esse plano de governo do Alckmin suicida se ele quer ser presidente do Brasil".
Para Brown, o ex-prefeito da pequena Pindamonhangaba deveria sofrer um processo de impeachment. "O que temos que fazer realmente é um impeachment". Repita-se: até aqui, quase uma semana depois do discurso, Alckmin não viu motivos para responder ao artista da sinceridade. "A causa dos direitos humanos é maior que nós todos", definiu Mano Brown. "Sou obrigado a aceitar (o prêmio)".
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