Em lugar de um candidato ideológico, formulador e identificado
com o programa do PSDB, tucanos podem fazer escolha midiática para disputar
governo do Rio em 2014; apresentador da Globo, que sempre frequentou os
gabinetes oficiais, está sendo cortejado; conservador nos costumes, mas liberal
nas atitudes, o "bom moço" (segundo Veja) emplaca ou desmoraliza o
partido? Se ele não aceitar o desafio, Pedro Malan e Armínio Fraga são
alternativas
247 – No Rio de Janeiro, não
se pode dizer que os tucanos sejam bons de voto. O último governador eleito
pelo partido, em 1994, foi Marcelo Alencar, que tinha origem no PDT de Leonel
Brizola. Para as próximas eleições, os tucanos podem dispor de quadros qualificados
como o ex-ministro Pedro Malan e o ex-presidente do Banco Central, Armínio
Fraga.
Ligados ao ex-presidente
Fernando Henrique, eles poderiam, uma vez filiados, e com larga bagagem na área
econômica, cumprir o papel de candidatos ideológicos, identificados diretamente
com o programa da legenda e as aspirações de suas tradicionais bases em certa
faixa da classe média carioca. Malan, dos bancos da PUC para o banco Itaú,
Armínio com seus jogos de golfe no Itanhangá e o Gávea.
Os tucanos fluminenses, porém,
parecem estar escolhendo outro caminho. Nada ideológico e inteiramente
midiático. Super exposto na Rede Globo, preenchendo capas de revistas com sua
face de bom moço e praticando, na tevê, um certo assistencialismo de
oportunidade, o nome estudado pelo PSDB do Rio, hoje, é o do apresentador
Luciano Huck.
Em seu currículo, que passou
a agregar, no final de dezembro, uma recusa ao teste do bafômetro, Huck tem a
distinção de praticamente ter defendido a pena de morte para o ladrão que ficou
com seu relógio Rolex, em São Paulo, no ano passado. Seria, assim, um liberal
nos costumes, mas um conservador nas atitudes práticas.
Dono da mais luxuosa pousada
na ilha de Fernando de Noronha, Huck enfrenta dificuldades na área ambiental no
próprio Estado do Rio. Outra de suas propriedades, no litoral de Angra dos
Reis, foi considerada ilegal pelas autoridades, em razão da destruição natural
provocada numa área preservada.
Huck está gostando de ser
lembrado. Ele não nega ser um pesonagem vaidoso. É, afinal, um artista que vive
da própria imagem. O burburinho em torno dele, no entanto, é visto por duas
óticas dentro da Rede Globo de seu patrão João Roberto Marinho. Há um grupo que
gosta do que ouve, uma vez que a pré-candidatura pode levar a uma
inserção direta dele no mundo dos interesses políticos. O apresentador sempre
gostou de frequentar gabinetes de autoridades. Foi assim que conseguiu
autorização para seu negócio em Fernando de Noronha.
É por esse mesmo motivo,
porém, que outro grupo, talvez mais numeroso, não olha com simpatia para a
entrada do apresentador numa atividade vista, para o dizer mínimo, com reservas
pelo grande público.
Um Huck político, assim,
tiraria ainda mais credibilidade do apresentador. Nos últimos anos, assim como
passou a dar entrevistas insinuando-se pronto a concorrer a qualquer cargo, sem
excluir a Presidência da República, é claro, o empresário começou a gostar mais
e mais do momento de seu programa, aos sábados, em rede nacional, no qual
pratica o gênero hiperrealista. Com a vantagem, para ele, da distribuição de
prêmios, que passam a ser sonhos realizados. Nem Celso Russomano, que ficou em
terceiro lugar nas eleições municipais de São Paulo, faz melhor.
Huck é uma espécie de novato
veterano. Ele gosta de começar por cima. A ideia em gestação, agora, é a de
testar seu nome como candidato a governador do Rio. O que você acha?
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