Eduardo Guimarães - Blog da Cidadania
Na noite da última quarta-feira,
as redes sociais pegaram fogo devido à transmissão, pela Globo, da saga de Luiz
Inácio Lula da Silva. Quem gostou e quem não gostou meteram-se em uma
guerra retórica. Quem gosta de Lula, emocionou-se; quem o odeia – e não há quem
simplesmente não goste dele, só há quem o odeie –, irritou-se.
Os que odeiam Lula com um ódio que arrancam do lado mais obscuro
das próprias almas, como era previsível, em se tratando de cretinos – pois só
um cretino odeia com “fé” –, apegaram-se à bilheteria regular que o filme teve
– nas duas primeiras semanas de exibição, levou 472,9 mil pessoas às salas de
cinema – para tentar atingir o ex-presidente.
É, porém, uma cretinice querer medir a popularidade de um líder
político através do público pagante de um documentário romanceado sobre ele
como é “Lula, o Filho do Brasil”. Chegaram a comparar a bilheteria deste com a
da comédia “Se eu fosse você 2” e com a da mega superprodução hollywoodiana de
ficção científica “Avatar”.
Com efeito, uma comédia com atores globais ou uma superprodução de
centenas de milhões de dólares com sofisticados efeitos especiais derrotariam
um filme biográfico até sobre Jesus Cristo, Mahatma Ghandi ou qualquer outro
grande vulto da história.
Contudo, o que saltou aos olhos foi a surpresa que muitos
revelaram, naquelas redes sociais, por justo a Globo, que lidera a torcida do
ódio contra o ex-presidente, veicular, em horário nobre, um filme que, com o
resto da grande mídia, a emissora tentou massacrar de todas as formas,
inclusive acusando os produtores de terem sido subornados pelo próprio Lula enquanto
presidente. E, claro, com uso de dinheiro público.
É muito pouco provável que a campanha negativa da grande mídia
tenha impedido “Lula” de ser um sucesso de bilheteria. Até porque, a
desqualificação da obra se deu em círculos fechados da classe média, nos
jornais e revistas semanais.
Claro que a mídia poderia ter ajudado o filme a ter maior
bilheteria se tivesse dado a ele uma maior repercussão, pois muita gente só
deve ter descoberto ontem à noite que existe um filme sobre Lula. Ainda assim,
para o tipo de público que vai ao cinema no Brasil, um filme como esse não
teria qualquer chance de se tornar um campeão de bilheteria.
Mas a questão persiste: por que o grupo empresarial que mais
combate Lula exibiu um filme que os inimigos dele acusam de “laudatório”?
É muito simples. Recentes pesquisas de opinião sobre a sucessão
presidencial de 2014 mostram que toda a campanha da Globo e do resto da mídia
anti-Lula contra ele não produziu um grama de perda de sua popularidade, de
forma que apareceu na sondagem como capaz de derrotar qualquer adversário em
primeiro turno, se a eleição fosse hoje.
Tal fenômeno ocorre porque todo mundo sabe que a Globo odeia Lula.
E, claro, não é bom que aquilo que ela diz sobre ele seja visto como produto de
ódio. E que melhor forma haveria para tentar dissipar a crença clara que a
maioria tem em razões pouco republicanas da mídia para atacar o ex-presidente
do que ela exibir um filme que o exalta?
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