Não há, no Brasil, nenhuma tentativa de cerceamento da liberdade de expressão. O que há, sim, é uma transformação tecnológica (do papel para o online) e cultural (do jornalismo pago para o gratuito), que se soma a uma mudança política no continente. E é isso que assusta os veículos tradicionais
247 – #VejaComMEDO. Neste sábado, mais uma vez, uma hashtag relacionada à revista Veja alcançou o topo dos trending topics, assuntos mais comentados no Twitter. Em reportagem deste fim de semana, a revista atribuiu a “robôs”, “insetos” e “petistas amestrados” a campanha difamatória que estaria sofrendo nas redes sociais. Haja robô, haja inseto e haja petista!
Em paralelo a esse movimento, de crítica e reação da maior revista semanal do País, jornais de grande circulação, como O Globo e a Folha de S. Paulo, também publicaram editoriais em defesa da editora Abril, que estaria sofrendo uma campanha difamatória nas redes sociais. Na própria Veja, o senador Aécio Neves criticou a tentativa de “cerceamento” da imprensa.
Na prática, o que está ocorrendo é o oposto da censura, do controle estatal ou de qualquer tipo de cerceamento da atividade jornalística. O que se vê hoje é um florescimento da comunicação no Brasil, com o surgimento de novos meios, como o 247, e a participação ativa de leitores e internautas no processo de formação de opinião.
A verdadeira transformação da mídia, e que assusta as famílias proprietárias dos meios de comunicação, é de outra natureza. São várias revoluções em curso. A elas:
1) Tecnológica – Há uma migração acelerada do papel para o online. O Brasil já é um dos maiores mercados do mundo para a venda de smartphones e em breve o mesmo ocorrerá com os tablets. O Pew Research, dos Estados Unidos, prevê que, em cinco anos, vários jornais não terão mais condições de circular em papel.
2) Cultural – Há também uma migração do modelo de jornalismo pago para o gratuito. Veículos tradicionais defendem que a única maneira de garantir conteúdo de qualidade é cobrar pelo conteúdo. Só não dizem que a maior parte do custo advém do processo gráfico – e não da produção jornalística em si.
3) Política – Na América Latina, indiscutivelmente, o eixo político se deslocou da centro-direita para a centro-esquerda na última década. E isso gerou bem-estar social. No entanto, os principais veículos de comunicação, que ergueram seus impérios no passado, ainda carregam uma certa nostalgia de uma era mais aristocrática, em que as famílias midiáticas ditavam a agenda pública.
Na era digital, o leitor está no comando. E as empresas tradicionais são ameaçadas por mudanças inevitáveis. É por isso que, não apenas Veja, mas todos estão com medo.
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