Brasília - Uma caixa de computador contendo R$ 500 mil foi entregue a um assessor especial do governador de Goiás, Marconi Perillo, dentro do Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano. A informação foi dada hoje (10) pelo delegado da Polícia Federal Matheus Mela Rodrigues, aos membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, segundo o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
“Nas escutas houve uma remessa de uma caixa de computador com R$ 500 mil para dentro do palácio, recebida por assessor especial para assuntos sociais do governador”, contou o deputado ao sair do depoimento que já dura mais de oito horas.
Ainda de acordo com Paulo Teixeira, o delegado Rodrigues deu detalhes sobre a venda da casa do governador para o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Segundo o deputado, a casa foi vendida ao sobrinho de Cachoeira, Leonardo de Almeida Ramos, que pagou com dois cheques de R$ 400 mil cada e mais um de R$ 600 mil.
A casa é a mesma em que o empresário, acusado de comandar quadrilha que explorava jogos ilegais em Goiás, foi preso no último dia 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo da Polícia Federal. A informação sobre a venda da casa é confirmada também pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que acompanhou a sessão da CPMI.
“Até onde eu estive presente, a informação dá conta que a casa em que Carlos Cachoeira foi preso pertencia anteriormente a Marconi Perillo. Logo, foi uma casa vendida por Marconi Perillo a Carlos Cachoeira”, disse o senador. Randolfe também confirmou que a relação de Perillo com Cachoeira era “muito próxima”, de acordo com o depoimento do delegado. Segundo o senador, o inquérito da Operação Monte Carlo flagrou mais de 200 citações do nome do governador nas gravações telefônicas da quadrilha interceptadas pela Polícia Federal.
Além disso, a PF gravou diálogos do próprio governador com Cachoeira e identificou dois encontros entre eles, inclusive um em um jantar na casa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Torres está respondendo a processo no Conselho de Ética do Senado por quebra de decoro parlamentar em função das suas relações com Cachoeira.
A Operação Monte Carlo, associada à Operação Vegas, vem embasando as investigações da CPMI. Entre as denúncias apuradas pelos dois inquéritos estão a de que Cachoeira atuava também como sócio da construtora Delta e agia para fraudar licitações públicas garantindo contratos para a companhia. O empresário também é acusado de corromper diversos agentes públicos e de utilizar a influência do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) para conseguir vantagens com outras autoridades.
No depoimento, o delegado também detalhou depósitos da construtora Delta para três empresas "laranjas" pertencentes a Carlinhos Cachoeira. Uma dessas empresas, de acordo com o senador Randolfe Rodrigues, teria sede na Ilha de Curaçao, um paraíso fiscal do Caribe.
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