Por Miguel do Rosário, no sítio O Cafezinho:
Peço atenção para esta notinha publicada por Ilimar Franco, um dos últimos colunistas da mídia que ainda se permite, eventualmente, um posicionamento mais independente:
A estratégia da defesa de Demóstenes: Pode ser coincidência. Mas somente depois que o escritório de advocacia que defende o senador Demóstenes Torres (GO) recebeu do STF a íntegra da investigação da Polícia Federal contra o contraventor Carlinhos Cachoeira, inclusive com os grampos telefônicos, é que começaram a vir à luz informações sobre o eventual envolvimento, com a quadrilha, de integrantes de partidos que são da base do governo Dilma. Advogados do ramo dizem que essa proliferação de dados e nomes combina com uma estratégia de inteligência que pretende colocar mais gente no moedor de carne para tentar salvar o senador cliente.
Só faria uma ressalva ao comentário de Ilimar: não é coincidência. Os grupos de comunicação que fazem oposição ideológica ao governo petista estão enredados na rede de espionagem ilegal do esquema de Carlinhos Cachoeira, numa estratégia que continuam a adotar nos últimos dias. Desta vez, com uma desfaçatez ainda maior.
A mídia, portanto, continua a serviço dos interesses da máfia comandada por Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Hoje, mais ainda que ontem, os jornais amanheceram repletos de ameaças. A expressão que fala em “CPI sabe-se onde começa, mas não onde termina”, voltou a ser repetida sem ao menos a preocupação estética de evitar o clichê.
O editorial do Estadão, as colunas de Dora Kramer, Merval Pereira e Eliane Cantanhede, aparecem pintados de guerra, faca entre os dentes, olhos injetados de sangue, e brandindo teorias ameaçadoras.
A Folha, por sua vez, acionou a central de intrigas, cuja maior especialidade é botar palavras na boca da presidenta. Hoje vem falando que a presidenta e o governo não estão satisfeitos. O objetivo é claro: ameaçar e reduzir o ímpeto da CPI.
Ora, como este Cafezinho já analisou, nenhuma CPI interessa ao Executivo, que é uma entidade política mas cujas responsabilidades administrativas são descomunais. Os administradores querem paz, tranquilidade, para tocar as obras e melhorar a qualidade dos serviços. Neste sentido, CPIs atrapalham sim o governo. Por isso eu disse que, desta vez, o Congresso teria que desafiar o governo para criar uma CPI. Um desafio do bem, porque ao fim das contas ajudará o Executivo, de várias maneiras:
- É uma ação concreta de combate à corrupção. Então ajuda o Executivo a reduzir o desvio de recursos públicos, que é um dos entraves mais revoltantes para o desenvolvimento nacional.
- É uma ação de cunho político fundamental, para investigar um esquema mafioso, reunindo forças econômicas, políticas e midiáticas, que atacavam sistematicamente o governo federal. Já está provado que parte da paralisia vista no governo Dilma em 2011, deveu-se aos sucessivos ataques midiáticos a seus ministérios, e que isto prejudicou a economia nacional. A presidenta, no entanto, enfrentou estas crises com muita sobriedade, sem comprar brigas, dando espaço para defesa, mas ao mesmo tempo aproveitando-se para se livrar de colaboradores eticamente suspeitos.
Peço atenção para esta notinha publicada por Ilimar Franco, um dos últimos colunistas da mídia que ainda se permite, eventualmente, um posicionamento mais independente:
A estratégia da defesa de Demóstenes: Pode ser coincidência. Mas somente depois que o escritório de advocacia que defende o senador Demóstenes Torres (GO) recebeu do STF a íntegra da investigação da Polícia Federal contra o contraventor Carlinhos Cachoeira, inclusive com os grampos telefônicos, é que começaram a vir à luz informações sobre o eventual envolvimento, com a quadrilha, de integrantes de partidos que são da base do governo Dilma. Advogados do ramo dizem que essa proliferação de dados e nomes combina com uma estratégia de inteligência que pretende colocar mais gente no moedor de carne para tentar salvar o senador cliente.
Só faria uma ressalva ao comentário de Ilimar: não é coincidência. Os grupos de comunicação que fazem oposição ideológica ao governo petista estão enredados na rede de espionagem ilegal do esquema de Carlinhos Cachoeira, numa estratégia que continuam a adotar nos últimos dias. Desta vez, com uma desfaçatez ainda maior.
A mídia, portanto, continua a serviço dos interesses da máfia comandada por Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Hoje, mais ainda que ontem, os jornais amanheceram repletos de ameaças. A expressão que fala em “CPI sabe-se onde começa, mas não onde termina”, voltou a ser repetida sem ao menos a preocupação estética de evitar o clichê.
O editorial do Estadão, as colunas de Dora Kramer, Merval Pereira e Eliane Cantanhede, aparecem pintados de guerra, faca entre os dentes, olhos injetados de sangue, e brandindo teorias ameaçadoras.
A Folha, por sua vez, acionou a central de intrigas, cuja maior especialidade é botar palavras na boca da presidenta. Hoje vem falando que a presidenta e o governo não estão satisfeitos. O objetivo é claro: ameaçar e reduzir o ímpeto da CPI.
Ora, como este Cafezinho já analisou, nenhuma CPI interessa ao Executivo, que é uma entidade política mas cujas responsabilidades administrativas são descomunais. Os administradores querem paz, tranquilidade, para tocar as obras e melhorar a qualidade dos serviços. Neste sentido, CPIs atrapalham sim o governo. Por isso eu disse que, desta vez, o Congresso teria que desafiar o governo para criar uma CPI. Um desafio do bem, porque ao fim das contas ajudará o Executivo, de várias maneiras:
- É uma ação concreta de combate à corrupção. Então ajuda o Executivo a reduzir o desvio de recursos públicos, que é um dos entraves mais revoltantes para o desenvolvimento nacional.
- É uma ação de cunho político fundamental, para investigar um esquema mafioso, reunindo forças econômicas, políticas e midiáticas, que atacavam sistematicamente o governo federal. Já está provado que parte da paralisia vista no governo Dilma em 2011, deveu-se aos sucessivos ataques midiáticos a seus ministérios, e que isto prejudicou a economia nacional. A presidenta, no entanto, enfrentou estas crises com muita sobriedade, sem comprar brigas, dando espaço para defesa, mas ao mesmo tempo aproveitando-se para se livrar de colaboradores eticamente suspeitos.
O PT está aproveitando a ocasião, em que a sociedade assiste setores da mídia aliados ao esquema mafioso de Carlinhos Cachoeira, para encetar uma nova luta política, em prol de um novo marco regulatório das comunicações. É uma estratégia ousada, e arriscada, que interessa muito mais ao partido do que à presidenta Dilma, que vinha finalmente conseguindo conquistar a esquerda através de sua decisão de baixar juros e spread à fórceps, além de suas declarações intrépidas em defesa de Cuba e Irã. Não interessa à Dilma, porém, produzir um conflito com a mídia. Mas será difícil para ela fugir a esta dicotomia violenta entre a mídia corporativa, liderada pelos grupos Globo, Folha, Abril e Estadão, e a esquerda guerreira das redes sociais, liderada pelo PT e um punhado de quixotescos blogueiros.
De qualquer forma, podemos declarar aberta uma outra temporada de guerra, onde os grupos midiáticos supracitados usarão todas as suas ferramentas para confundir e manipular os debates em torno da CPI, quase sempre beneficiando o esquema Cachoeira, como se pode ver pela prioridade que tem dado a gravações entre membros do esquema Cachoeira e aliados do governo, mesmo que estas sejam anódinas, como a conversa entre Protógenes e Dadá, ou estranhas ao foco da investigação, como as que envolvem o governador Agnelo Queiroz.
Eu não boto a mão no fogo por Agnelo Queiroz. Ele tem muito o que explicar, mas as gravações citadas até agora revelam um outro esquema de corrupção, não se sabe se bem sucedido ou não, envolvendo a construtora Delta e os serviços de limpeza do DF, entre outros ramos do governo. Dadá não era empregado exclusivo de Carlinhos Cachoeira. Fazia vários outros “bicos”, e um deles foi tentar vender para a Delta facilidades dentro do governo DF. É um caso que deve ser investigado, mas foge do foco Carlinhos Cachoeira.
Já o caso do tal Olavo Noleto, subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, mostra o quão ridícula pode se tornar a estratégia midiática de confundir a opinião pública. Noleto manteve uma conversa telefônica com Wladmir Garcêz, “braço direito de Carlinhos Cachoeira”.
Ora, Garcêz era um vereador do PSDB presidente da câmara dos vereadores de Goiânia, e Noleto, um quadro político da mesma cidade, mantinha naturalmente relações políticas com ele, sobretudo em período eleitoral. Não se pode transformar o material investigativo da PF, que acumulou milhares de grampos legais, com ligações de todo mundo para todo mundo, numa pantomina tendenciosa com objetivo de confundir a opinião pública e livrar a cara de Demóstenes Torres.
Seja como for, a CPI foi sorvida pela luta partidária, como é natural que seja, visto que nosso sistema político é representativo e partidário, e aí envolvendo os debates sobre o mensalão, já que o esquema de Carlinhos Cachoeira foi a fonte de informações, via grampos criminosos, de vários escândalos que ajudaram a ampliar aquela grande crise política conhecida como mensalão, onde PT e Lula se viram sentados num tribunal de exceção comandado pela mídia.
O mensalão existiu, sim. Foi um processo político, onde se jogaram no mesmo balaio os crimes de caixa 2 da campanha petista de 2002, e todo o tipo de mal feito ligado ao PT, reais, como os dólares na cueca de um petista de terceiro escalão, ou irreais, como os dólares de Cuba; além de suspeitas genéricas, como os casos de corrupção em prefeituras petistas, ou específicas, como o assassinato do prefeito Celso Daniel.
De qualquer forma, podemos declarar aberta uma outra temporada de guerra, onde os grupos midiáticos supracitados usarão todas as suas ferramentas para confundir e manipular os debates em torno da CPI, quase sempre beneficiando o esquema Cachoeira, como se pode ver pela prioridade que tem dado a gravações entre membros do esquema Cachoeira e aliados do governo, mesmo que estas sejam anódinas, como a conversa entre Protógenes e Dadá, ou estranhas ao foco da investigação, como as que envolvem o governador Agnelo Queiroz.
Eu não boto a mão no fogo por Agnelo Queiroz. Ele tem muito o que explicar, mas as gravações citadas até agora revelam um outro esquema de corrupção, não se sabe se bem sucedido ou não, envolvendo a construtora Delta e os serviços de limpeza do DF, entre outros ramos do governo. Dadá não era empregado exclusivo de Carlinhos Cachoeira. Fazia vários outros “bicos”, e um deles foi tentar vender para a Delta facilidades dentro do governo DF. É um caso que deve ser investigado, mas foge do foco Carlinhos Cachoeira.
Já o caso do tal Olavo Noleto, subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, mostra o quão ridícula pode se tornar a estratégia midiática de confundir a opinião pública. Noleto manteve uma conversa telefônica com Wladmir Garcêz, “braço direito de Carlinhos Cachoeira”.
Ora, Garcêz era um vereador do PSDB presidente da câmara dos vereadores de Goiânia, e Noleto, um quadro político da mesma cidade, mantinha naturalmente relações políticas com ele, sobretudo em período eleitoral. Não se pode transformar o material investigativo da PF, que acumulou milhares de grampos legais, com ligações de todo mundo para todo mundo, numa pantomina tendenciosa com objetivo de confundir a opinião pública e livrar a cara de Demóstenes Torres.
Seja como for, a CPI foi sorvida pela luta partidária, como é natural que seja, visto que nosso sistema político é representativo e partidário, e aí envolvendo os debates sobre o mensalão, já que o esquema de Carlinhos Cachoeira foi a fonte de informações, via grampos criminosos, de vários escândalos que ajudaram a ampliar aquela grande crise política conhecida como mensalão, onde PT e Lula se viram sentados num tribunal de exceção comandado pela mídia.
O mensalão existiu, sim. Foi um processo político, onde se jogaram no mesmo balaio os crimes de caixa 2 da campanha petista de 2002, e todo o tipo de mal feito ligado ao PT, reais, como os dólares na cueca de um petista de terceiro escalão, ou irreais, como os dólares de Cuba; além de suspeitas genéricas, como os casos de corrupção em prefeituras petistas, ou específicas, como o assassinato do prefeito Celso Daniel.
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