Em editorial hoje (26), o jornal O Globo se mostra bastante preocupado com o rumo das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), composta por senadores e deputados federais, que vai apurar as criminosas ligações do mafioso Carlinhos Cachoeira com o ex-demo Demóstenes Torres, o governador tucano Marconi Perillo e alguns veículos da mídia, entre outras figuras envolvidas.
O periódico da famiglia Marinho, sempre tão excitado com as várias CPIs montadas contra o governo Lula, explicita seu medo já no título: “As águas turvas de uma CPI imprevisível”. Para o jornal, “a CPI que agora começa em Brasília ameaça transformar-se em pororoca, engolindo nomes e reputações”. O Globo nunca se abateu com os assassinatos de reputações. Ele inclusive conta com vários jagunços travestidos de “calunistas”. O que houve? Por que tanta preocupação?
No meio do texto, cheio de zigue-zagues, as razões do medo aparecem. Para o império midiático, Lula seria “o grande ator por trás desse processo”, que teria como objetivos atingir alguns dos seus oposicionistas mais raivosos, como Demóstenes Torres e Marconi Perillo, e “perturbar o julgamento do mensalão”. Pior ainda, apavora-se O Globo, o ex-presidente “também gostaria de identificar supostas intimidades entre a imprensa e os vilões da história”.
Supostas? E os mais de 200 telefonemas entre Carlinhos Cachoeira e o editor-chefe da revista Veja, Policarpo Jr. E as relações do mafioso com outros dois “importantes veículos de comunicação”, segundo recente artigo de Mônica Bergamo, da Folha? A mídia tem ou não culpa no cartório? Ela se associou ao crime organizado para interferir nos rumos políticos do país e para defender negócios privados e ilícitos?
A CPI do Cachoeira, se os parlamentares não se acovardarem diante do poder midiático, poderá apurar também estas “supostas intimidades”. É dessas “águas turvas” que a famiglia Marinho está com medo?
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