“Rapaz, faz festa e não chama os amigos?” , diz Governador tucano a Cachoeira
Do Estadão
As conversas captadas pela Polícia Federal revelam que o governador Marconi Perillo e Carlinhos Cachoeira trocavam mensagens frequentemente sobre negócios, por meio de interlocutores, e combinavam encontros, com a intermediação do senador Demóstenes Torres (sem partido- GO). Cachoeira chega a dizer que a reaproximação entre os dois políticos, no ano passado, se deu graças à sua atuação junto a Marconi Perillo.
A conversa ocorreu no dia seguinte a umjantar na casa do parlamentar, do qual Cachoeira e Perillo teriam participado.
Os áudios sugerem que o governador ligou para aliados do contraventor para sondar o que ele achou da conversa. Perillo ligou para Cachoeira no dia de seu aniversário, em 3 de maio de 2011, chamando-o de “liderança”.Em seguida, Cachoeira responde: “Fala, amigo, tudo bem? O tucano reage: “Rapaz, faz festa e não chama os amigos?”
Em entrevista ao Estado, este mês, Perillo admitiu uma relação “esporádica” e “respeitosa” com o contraventor.
Uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez,gravada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, mostra que ambos trataram de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinadas a obras no Estado de Goiás.
Durante o diálogo, ocorrido em 26 de abril de 2011,Garcez diz a Cachoeira:”Eu num falei pro Cláudio ainda, mas… parece que… aquela hora que eu tava com você no carro o secretário de Finanças lá o…diretor financeiro que eu tinha ligado pra ele mais cedo, disse que o governador assinou o decreto, vai ser publicado, e que agora é rápido, aquele pagamento lá da… do BNDES entendeu? (sic)”.
O Cláudio citado no diálogo é Cláudio Abreu,ex-diretor da Delta Construções, preso anteontem durante operação do Ministério Público em Goiânia. Pouco antes de citar o BNDES, Garcez diz a Cachoeira que queria levá-lo à Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) no dia seguinte, antes que o contraventor fosse ao aeroporto,pois uma pessoa chamada Tiago lhe telefonara para informar que “agora sai o trem lá porque pegou o quadro lá tudo direitinho”.
O governo de Goiás, na gestão de Marconi Perillo(PSDB),tinha à disposição R$ 85 milhões do BNDES para obras-valor restante de um contrato de R$ 260 milhões firmado na gestão anterior de Alcides Rodrigues (PP). Perillo prometia usar os recursos em obras rodoviárias. A Delta era uma das empresas que tinham contrato com a Agetop.
Em29 de abril, três dias após o diálogo gravado pela Polícia Federal entre os contraventores, o governo de Goiás publicou dois decretos suplementando o orçamento da agência de obras, um deles no valor de R$ 17 milhões e outro no valor de R$ 1,4 milhão.
Duas semanas depois, um novo decreto suplementa o crédito da agência em R$69,5 milhões,com a informaçãode que era dinheiro do BNDES.
A Agetop, que é presidida por Jayme Rincón, tesoureiro da campanha de Perillo em 2010 e uma das figuras mais proeminentes da administração goiana, afirma ter pago à Delta entre 2011 e 2012 para conservação e construção de rodovias o montante de R$ 12,8 milhões. O Estado, porém, localizou no Portal da Transparência do governo estadual pagamentos de R$ 51,1 milhões à empresa somente no ano passado.
O governo não explicou a diferença nos valores, que pode estar no fato de que a Delta tem contratos em outras áreas.
Atualmente,só com a Agetopa Delta tem contratos que somam R$ 115 milhões. Desses, segundo o governo,R$ 64,5 milhões foram firmados na gestão Alcides Rodrigues, e R$ 51,5 milhões na atual.
Na conversa com Garcez flagrada pela PF, Cachoeira volta a citar Cláudio Abreu: “Você que tem de cobrar o Cláudio. Segunda- feira é que dia? Terça-feira tem de tá depositado esse trem”.
Garantias
WLADIMIR GARCEZ EX-VEREADOR DE GOIÂNIA “Eu num falei pro Cláudio ainda, mas parece que (…) o secretário de Finanças… o diretor financeiro disse que o governador assinou o decreto, e agora é rápido aquele pagamento lá do BNDES”..Estadao
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