O escritor Ariano Suassuna costuma
dizer que está errado quem diz que o jovem de hoje só gosta de música ruim. Ele afirma
que é a mesma coisa de dizer que cachorro gosta de comer osso. “Coloca o osso e
um filé pra ele escolher e você vai ver o que ele vai comer...” compara
Suassuna. Assim é com a juventude. Se só lhe é oferecida música de péssima
qualidade, não lhes resta outra coisa a fazer senão consumir o que lhes é
oferecido.
Desde o final dos anos 80, quando
o rock nacional projetou excelentes nomes como Legião Urbana, Cazuza, Paralamas
e tantos outros, o mercado vem enfiando goela abaixo dos jovens o que tem de
pior, começando pelos grupos de pagode romântico chegando ao fundo do poço com
o sofrível sertanejo universitário.
Minha mãe costuma repetir um ditado que diz que “se o bom passa o ruim passa também”. O melhor é que na música, o ruim sempre passa
(apesar de logo aparecer outro modismo) e o bom nunca passa. Os grandes
nomes da música brasileira sempre se mantêm atuais e suas composições continuam
inesquecíveis. Basta deixar que os jovens tenham acesso às preciosidades da nossa
música para eles optarem pelo filé.
Tenho o orgulho de testemunhar
essa verdade proclamada por Ariano Suassuna. Não há nada mais prazeroso que
passar uma tarde de domingo ao lado dos meus filhos, ouvindo uma boa música,
que vai de Chico Buarque até Renato Russo, passando por Paulinho Pedra Azul,
Milton Nascimento, Dércio Marques, Alceu Valença, Sá e Guarabyra, 14 Bis, Geraldo
Azevedo e outros. Melhor ainda é ver um adolescente de 15 anos e uma jovem de
19, cantarolando Roda Viva ou Cálice de Chico Buarque. Como diz certa
propaganda, “não tem preço”.
E ultimamente, nesses encontros, Ana Luiza e João Pedro também
têm me ensinado a gostar de excelentes revelações da música brasileira. Essa
nova safra traz nomes como Tulipa Ruiz, Tiê, Marcelo Jeneci, Marcelo Camelo, e
grupos como 5 a seco, Casuarina, O Teatro Mágico, Graveola e Doces Cariocas,
dentre outros.
Essa nova geração traz uma
roupagem nova pra música brasileira, facilitando o reconhecimento de uma
identidade com a juventude. Faz nascer a esperança de que a já visível e bem
vinda falência do sertanejo universitário não será sucedida por outro lixo
cultural.
Essa esperança é reforçada pela
influência cada vez maior da internet no compartilhamento de informações, na
formação de opinião das pessoas, em detrimento dos tradicionais veículos de comunicação,
que promovem o refrão fácil e a mensagem rasa em busca de um lucro fácil.
E como diz o cantor Leoni, “o
tempo vai dizer quão importante é essa nova história da música popular
brasileira, que está sendo escrita às margens da televisão, às margens das
rádios, dos jornais”.
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