terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma nova MPB: o que estou aprendendo com meus filhos


O escritor Ariano Suassuna costuma dizer que está errado quem diz que o jovem de hoje só gosta de música ruim. Ele afirma que é a mesma coisa de dizer que cachorro gosta de comer osso. “Coloca o osso e um filé pra ele escolher e você vai ver o que ele vai comer...” compara Suassuna. Assim é com a juventude. Se só lhe é oferecida música de péssima qualidade, não lhes resta outra coisa a fazer senão consumir o que lhes é oferecido.

Desde o final dos anos 80, quando o rock nacional projetou excelentes nomes como Legião Urbana, Cazuza, Paralamas e tantos outros, o mercado vem enfiando goela abaixo dos jovens o que tem de pior, começando pelos grupos de pagode romântico chegando ao fundo do poço com o sofrível sertanejo universitário.

Minha mãe costuma repetir um ditado que diz que “se o bom passa o ruim passa também”.  O melhor é que na música, o ruim sempre passa (apesar de logo aparecer outro modismo) e o bom nunca passa. Os grandes nomes da música brasileira sempre se mantêm atuais e suas composições continuam inesquecíveis. Basta deixar que os jovens tenham acesso às preciosidades da nossa música para eles optarem pelo filé.

Tenho o orgulho de testemunhar essa verdade proclamada por Ariano Suassuna. Não há nada mais prazeroso que passar uma tarde de domingo ao lado dos meus filhos, ouvindo uma boa música, que vai de Chico Buarque até Renato Russo, passando por Paulinho Pedra Azul, Milton Nascimento, Dércio Marques, Alceu Valença, Sá e Guarabyra, 14 Bis, Geraldo Azevedo e outros. Melhor ainda é ver um adolescente de 15 anos e uma jovem de 19, cantarolando Roda Viva ou Cálice de Chico Buarque. Como diz certa propaganda, “não tem preço”.

E ultimamente, nesses encontros, Ana Luiza e João Pedro também têm me ensinado a gostar de excelentes revelações da música brasileira. Essa nova safra traz nomes como Tulipa Ruiz, Tiê, Marcelo Jeneci, Marcelo Camelo, e grupos como 5 a seco, Casuarina, O Teatro Mágico, Graveola e Doces Cariocas, dentre outros.

Essa nova geração traz uma roupagem nova pra música brasileira, facilitando o reconhecimento de uma identidade com a juventude. Faz nascer a esperança de que a já visível e bem vinda falência do sertanejo universitário não será sucedida por outro lixo cultural.

Essa esperança é reforçada pela influência cada vez maior da internet no compartilhamento de informações, na formação de opinião das pessoas, em detrimento dos tradicionais veículos de comunicação, que promovem o refrão fácil e a mensagem rasa em busca de um lucro fácil.

E como diz o cantor Leoni, “o tempo vai dizer quão importante é essa nova história da música popular brasileira, que está sendo escrita às margens da televisão, às margens das rádios, dos jornais”.

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