Em seu depoimento à CPI do Cachoeira, na manhã de hoje (13), o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), abalou a euforia que contagiou os tucanos após o encenação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), um dia antes. O petista foi assertivo: “Ofereço à CPI a quebra de todos os meus sigilos” – bancário, fiscal e telefônico. No dia anterior, uma pergunta sobre a quebra dos sigilos do tucano de Goiás gerou bate-boca entre os parlamentares e Perillo fugiu da raia. O que ele e o PSDB temem?
A postura dos dois governadores também foi bastante diferente. Agnelo Queiroz partiu para o ataque. Garantiu que nunca teve qualquer relação com a máfia de Carlinhos Cachoeira. “Não fiz qualquer nomeação por indicação de Cachoeira”, afirmou, numa outra estocada indireta contra o governador tucano. Em Goiás, já está provado que a quadrilha “nomeou” vários integrantes do governo estadual – inclusive na área de segurança - e que assessores de Perillo mantinham relações bem intimas com o mafioso.
Agnelo também explicou, em detalhes, que “a organização criminosa aqui investigada tentou derrubar o meu governo”. Já em Goiás, a quadrilha de Cachoeira sempre deu apoio a Marconi Perillo. Há, inclusive, suspeitas de que tenha ajudado a financiar a sua campanha eleitoral em 2010. O petista também afirmou que “não houve nenhum favorecimento ao jogo no Distrito Federal”. No dia anterior, Perillo havia confessado que criará uma legislação favorável à operação de jogos caça-níqueis em Goiás.
Num outro trecho inflamável do seu depoimento, Agnelo Queiroz lembrou que o senador Demóstenes Torres entrou com pedido de impeachment contra o seu mandato em 2011. “Agora entendo porque ele pediu meu impeachment”, ironizou o petista, numa referência às ligações do senador com a quadrilha de Cachoeira. Já Marconi Perillo foi obrigado a confessar que o ex-demo fazia parte do seu grupo político. “Demóstenes era o nosso candidato a prefeito em Goiânia”, afirmou.
Ao final do depoimento de Marconi Perillo à CPI, ontem, os tucanos saíram alegres e faceiros. Elogiaram a postura do governador, dizendo que ele “arrasou” e que agora “está livre de qualquer suspeita”. Não foi bem assim. O tucano não explicou vários casos estranhos, como o da compra da sua mansão pelo mafioso Cachoeira ou do uso de caixa dois em sua campanha. Além disso, ele contou com certa apatia de alguns parlamentares – o que reforçou os indícios sobre a existência de um pacto de não agressão.
A postura de Agnelo Queiroz, porém, pode abalar a euforia dos tucanos. Ao disponibilizar seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, ele força o governador de Goiás a fazer o mesmo – o que ele tem relutado. Para piorar a sua situação, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) apresentou hoje (13) requerimento ao relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), pedindo que seja formalizada a quebra de sigilo de ambos. O pedido será analisado na reunião administrativa da CPI amanhã. Será que os tucanos ainda estão festejando?
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