Autor: Luis Nassif
A Excitante Indústria e Comércio de Confecções Ltda, razão social da grife Babiole, é uma empresa goiana conceituada, de Leonardo Souza Ramos, primo de Carlinhos Cachoeira.
No extrato abaixo, os dados finais que comprovam a operação Cachoeira-Perillo na venda da sua casa. Ou seja, Perillo se valeu do dinheiro do crime organizado na venda da casa.
A revista Época desta semana contou parte da história.
Aqui vai a história com mais detalhes e informações sobre a operação.
A triangulação do dinheiro
Em fevereiro de 2011, Marconi decidiu vender a casa. Conversou com seu assessor Wladimir Garcez, que entrou em contato com Cachoeira. O bicheiro decidiu comprar porque era uma boa casa, mas não apenas isso: era a casa do governador.
A compra da casa foi concluída até 28 de fevereiro.
Do dia 28 ao dia 3 há um bom conjunto de áudios, 18 no total, mostrando o fechamento do negócio. A casa foi vendida por R$ 1,4 milhão.
Nas negociações, Cachoeira ligou para seu sobrinho Leonardo Souza Ramos. Como era a casa do governador, o dinheiro não dava para vir diretamente das empresas-laranjas do bicheiro.
Aí se monta a triangulação captada pelo extrato da Excitante.
1. No dia 1o de março de 2011, a Adécio & Rafael Construção e Incorporação (uma das empresas fantasmas de Cachoeira) deposita R$ 250 mil na conta da Excitante. No dia seguinte, mais R$ 250 mil. No mesmo dia, a Excitante emite um cheque de R$ 500 mil.
2. No dia 31 de março, a Alberto e Pantoja Construções (outra fantasma) emite mais um cheque de R$ 250 mil para a Excitante. No dia 4 de abril, mais um cheque de R$ 250 mil, enquanto a Excitante emite um cheque de R$ 500 mil.
3. No dia 2 de maio, a Alberto e Pantoja deposita mais R$ 400 mil na conta da Excitante. No mesmo dia, a Excitante emite outro cheque de R$ 400 mil.
A preocupação de Cachoeira
Ao longo de março e abril, os grampos captaram a preocupação de Cachoeira com o negócio. Formou-se um burburinho, muitos comentando a operação.
A escritura de compra estava em nome de André Teixeira Jorge, o Deca, homem da Cachoeira para as empresas de comunicação do grupo. Cachoeira decide, então, vender a casa.
Um dos diálogos gravados, mostra o desconforto de Cachoeira. Ligou para lá um corretor de nome Rodolfo, querendo intermediar a venda. Em seguida, Cachoeira ligou para Cláudio Abreu e lhe passou uma bronca, acusando-o de espalhar que ele havia decidido vender a casa.
Garcez sai à cata de comprador e encontra Walter Paulo, o dono da faculdade.
Walter adquire a casa por R$ 2,1 milhão – R$ 500 mil a mais do que Cachoeira havia pago, e entrega a caixa em espécie.
Aparentemente, Walter Paulo não sabia que a casa estava sendo vendida por Cachoeira. Ele achava, de fato, que estava comprando a casa do governador. Tanto assim, que exige que o próprio governador receba o dinheiro.
O papel de Lúcio Fiuza
Perillo envia para lá Lucio Fiuza (espécie de assessor faz-tudo de Perillo) , quetoma a frente das negociações e recebe os R$ 2,1 milhão de Walter Paulo.
Nos áudios, fica claro a divisão do botim. Lucio comparece, recebe a maleta de dinheiro, retém R$ 500 mil adicionais para Marconi, R$ 100 mil para Garcez, R$ 100 mil para Fiuza e entrega R$ 1,4 milhão para Cachoeira.
Na primeira etapa da operação, Garcez já havia repassado três cheques de R$ 500 mil para Fiuza, que deposita na conta de Marconi.
Lúcio Fiuza é figura chave no que se poderia denominar de esquema Marconi. Não é apenas um facilitador, mas também empresta (ou repassa) dinheiro para o governador. Em sua declaração de renda consta um empréstimo de R$ 150 mil para Marconi. É figura chave para explicar a relação de Marconi com Cachoeira.
Concretizada a venda, a noiva de Cachoeira, Andreza se descabela, chora dizendo que havia gostado da casa, gasto R$ 500 mil com decoração. Se não arrumasse outra casa para morarem, iria se separar do bicheiro.
É aí que Cachoeira pede para Garcez conversar com Walter Paulo para alugar a casa para eles. Walter cede e não cobra aluguel.
É nessa casa que Cachoeira será preso.
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