Ainda deveria ser uma lua de mel,
mas o casamento mais comentado do ano começa a viver as primeiras crises. Aliás,
essas crises precoces são muito próprias dos casamentos por interesse.
Depois de sacudir a política no
último final de semana com a surpreendente adesão a candidatura de Eduardo
Campos, Marina Silva deixa claro nas entrevistas divulgadas nesta quarta-feira
(09/10), que não pretende ser uma mera coadjuvante. Ela coloca lenha na
fogueira e, sem papas na língua, embaralha as cartas de novo.
Primeiro, ela manda o Ronaldo Caiado,
amigo de Eduardo Campos, procurar o caminho de casa. Ela diz textualmente: “O Caiado e eu
somos tão coerentes que, se a aliança prosperar comigo, ele mesmo vai pedir
para sair, se é que não está pedindo”.
Marina também deixou claro que
sua candidatura não está completamente descartada e diz que “nós
dois somos possibilidades e sabemos disso”.
Ao contrário do pragmatismo do
PSB e do Eduardo Campos, Marina procura manter a coerência, detona as alianças
do pernambucano e reafirma que prefere “perder ganhando, que ganhar perdendo”,
repudiando as negociatas do governador pernambucano, que envolveram a família
Bornhausen, Heráclito Fortes, Caiado e outras raposas que Marina costuma chamar
de gente da “velha política”.
Outra surpresa foi a declaração
de apoio ao deputado Reguffe, do PDT, para o governo do Distrito Federal, em
detrimento da candidatura de Rodrigo Rollemberg do PSB de Eduardo Campos.
Rollemberg foi um dos padrinhos do casamento e esperava o apoio da ex-senadora.
Como se não bastasse tudo isso,
alguns "marineiros" lançaram uma campanha na internet, que está proliferando
rapidamente com o mote "Entre
nessa campanha você também. Não quero Eduardo Campos, quero Marina Silva. Curta
e Compartilhe!"
No sentido oposto, um dos
principais articuladores do Rede Sustentabilidade, o marineiro Luciano Zica,
abandonou o projeto alegando incoerência na decisão verticalizada de Marina
Silva, contrariando um aspecto considerado essencial no estatuto do partido que
é a horizontalidade das decisões. Ele disse que tomou sozinho a decisão de sair
do Rede. “Fiz igualzinho Marina: não discuti com ninguém”.
Resta saber como Eduardo Campos
vai conseguir administrar sua praticidade, própria dos políticos tradicionais, com o
ímpeto “sonhático” de Marina Silva e seus verdadeiros seguidores.
Na política, assim como no
xadrez, um lance aparentemente genial, pode revelar minutos depois,
fragilidades que podem ser fatais.
O jogo continua e promete muitas surpresas e emoções.
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