Se fosse pra apostar, diria que não. A cada movimento no
tabuleiro do xadrez eleitoral, a cambaleante candidatura do senador mineiro
fica mais enfraquecida.
A pesquisa IBOPE divulgada na
última semana retratou bem essa realidade. Além de não decolar nas pesquisas, o
candidato assistiu, recentemente, uma surpreendente aliança entre seus outros
dois adversários pela vaga no segundo turno, Marina e Campos. Essa aliança
passou a ocupar todo o generoso espaço que a mídia tradicional costuma
disponibilizar para a oposição ao governo Dilma. A força da união dos dois
ex-ministros do presidente Lula isolou ainda mais o tucano e abriu novamente
espaço para o ex-governador José Serra levantar da tumba em que foi jogado pelo
voto popular.
Com um discurso fraco,
incapacidade de alinhavar propostas e sem entusiasmar a elite paulista e
midiática, Aécio parece não ter encontrado ninguém que topasse conversar com
ele. Este cenário pode condenar o PSDB a ter que engolir mais uma candidatura
serrista, levando o partido a uma derrota que pode transformá-lo em um mero
coadjuvante na política nacional. Nos últimos dias, Serra retomou a postura de
candidato e tenta arrebatar de Aécio a condição de líder da oposição. Com um
discurso feroz contra o governo, voltou a marcar posição, se apresentando como
a verdadeira opção para quem, como ele, odeia as políticas públicas
implementadas desde 2003.
Por outro lado, se Aécio insistir
na candidatura presidencial correrá um grande risco de perder também o seu
principal trunfo que é o governo de Minas. O petista Fernando Pimentel lidera
todas as pesquisas, vencendo com folga no primeiro turno. Os tucanos mineiros
não possuem nenhum nome competitivo e, aparentemente, a única possibilidade de
manter o controle do Palácio da Liberdade é a candidatura do próprio Aécio ao
governo de Minas. Mesmo assim não encontrará nenhuma facilidade neste projeto.
No entanto, assumiria um risco menor que a insistência numa candidatura que
parece condenada a um retumbante fracasso.
Enquanto isso, a presidenta Dilma
volta a surfar em boas ondas. Aprovou o Mais Médicos no congresso, com forte
apoio popular, o desemprego se mantém em níveis baixíssimos, a inflação perdeu
fôlego, continua reduzindo a pobreza e passou a adotar uma estratégia de
comunicação mais ousada, ocupando com muita determinação espaços importantes
nas redes sociais. Em poucas semanas, conquistou mais de dois milhões de
seguidores no Twitter. Certamente não voltará a desfrutar dos altos índices de
popularidade que tinha antes das manifestações de junho, mas poderá recuperar
terreno suficiente pra garantir a reeleição.
Assim, se o processo de
esvaziamento da candidatura de Aécio continuar, a oposição e a grande mídia
terão que escolher entre dois caminhos: embarcar na canoa furada movida a ódio
do ex-governador Serra ou escolher entre dois dissidentes lulistas que procuram
conquistar os setores conservadores da sociedade misturando um discurso de uma “nova
política” com práticas tão envelhecidas como seus novos aliados.
Que venham os próximos lances.
Nenhum comentário:
Postar um comentário