domingo, 27 de outubro de 2013

Aécio Neves ainda será candidato?

Se fosse pra apostar, diria que não. A cada movimento no tabuleiro do xadrez eleitoral, a cambaleante candidatura do senador mineiro fica mais enfraquecida.

A pesquisa IBOPE divulgada na última semana retratou bem essa realidade. Além de não decolar nas pesquisas, o candidato assistiu, recentemente, uma surpreendente aliança entre seus outros dois adversários pela vaga no segundo turno, Marina e Campos. Essa aliança passou a ocupar todo o generoso espaço que a mídia tradicional costuma disponibilizar para a oposição ao governo Dilma. A força da união dos dois ex-ministros do presidente Lula isolou ainda mais o tucano e abriu novamente espaço para o ex-governador José Serra levantar da tumba em que foi jogado pelo voto popular.

Com um discurso fraco, incapacidade de alinhavar propostas e sem entusiasmar a elite paulista e midiática, Aécio parece não ter encontrado ninguém que topasse conversar com ele. Este cenário pode condenar o PSDB a ter que engolir mais uma candidatura serrista, levando o partido a uma derrota que pode transformá-lo em um mero coadjuvante na política nacional. Nos últimos dias, Serra retomou a postura de candidato e tenta arrebatar de Aécio a condição de líder da oposição. Com um discurso feroz contra o governo, voltou a marcar posição, se apresentando como a verdadeira opção para quem, como ele, odeia as políticas públicas implementadas desde 2003.

Por outro lado, se Aécio insistir na candidatura presidencial correrá um grande risco de perder também o seu principal trunfo que é o governo de Minas. O petista Fernando Pimentel lidera todas as pesquisas, vencendo com folga no primeiro turno. Os tucanos mineiros não possuem nenhum nome competitivo e, aparentemente, a única possibilidade de manter o controle do Palácio da Liberdade é a candidatura do próprio Aécio ao governo de Minas. Mesmo assim não encontrará nenhuma facilidade neste projeto. No entanto, assumiria um risco menor que a insistência numa candidatura que parece condenada a um retumbante fracasso.

Enquanto isso, a presidenta Dilma volta a surfar em boas ondas. Aprovou o Mais Médicos no congresso, com forte apoio popular, o desemprego se mantém em níveis baixíssimos, a inflação perdeu fôlego, continua reduzindo a pobreza e passou a adotar uma estratégia de comunicação mais ousada, ocupando com muita determinação espaços importantes nas redes sociais. Em poucas semanas, conquistou mais de dois milhões de seguidores no Twitter. Certamente não voltará a desfrutar dos altos índices de popularidade que tinha antes das manifestações de junho, mas poderá recuperar terreno suficiente pra garantir a reeleição.

Assim, se o processo de esvaziamento da candidatura de Aécio continuar, a oposição e a grande mídia terão que escolher entre dois caminhos: embarcar na canoa furada movida a ódio do ex-governador Serra ou escolher entre dois dissidentes lulistas que procuram conquistar os setores conservadores da sociedade misturando um discurso de uma “nova política” com práticas tão envelhecidas como seus novos aliados.


Que venham os próximos lances.

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