Considero a internet uma das
maiores criações da história da humanidade. Até pouco tempo atrás não se
poderia imaginar que com um simples clique você estaria conectado com uma
pessoa em qualquer lugar do mundo. Era impossível prever que a informação
chegaria até você em tempo real e em quantidade e variedade abundantes, ao
contrário daquela infeliz espera pelo jornal do dia, que no interior só chegava
ao final da tarde.
Como se não bastasse toda essa
revolução, a internet propiciou a criação de outra inovação: a interação das
pessoas nas chamadas redes sociais. Este espaço passou a ser usado para
dialogar, debater e compartilhar sonhos, ideias, pensamentos, cultura,
entretenimento, enfim um espaço capaz de promover uma marcante e inédita
interação entre pessoas.
As redes sociais acabaram se
tornando também um espaço democrático de debate político e de manifestações as
mais variadas possíveis. Recentemente, foi o principal instrumento de
mobilização popular, gerando uma surpreendente onda de manifestações pelo país.
Pois bem, como um confesso
defensor das redes sociais, não poderia também deixar de reconhecer seus
efeitos colaterais. E um deles é a exibição orgulhosa da cretinice.
Neste sentido, assim como é uma
ferramenta importante para espalhar e democratizar a informação, se tornou
também um lugar ideal para espalhar a mentira, já que poucas pessoas se
preocupam em conferir se a fonte daquela informação é confiável. Essa prática
acabou criando um espaço de confronto e agressões, abrindo uma “avenida” para
grupos reacionários devidamente organizados e com grande capacidade de envolver
também aqueles que nunca assumiram qualquer compromisso com a sociedade, mas
que se sentem verdadeiros ativistas com um teclado na mão e uma confortável
cadeira no quarto.
Não é raro entrar em uma das
redes sociais e se deparar com postagens que revelam intolerância religiosa ou
política. Farto também é o arsenal dos cretinos para disseminar o preconceito
racial, homofóbico, religioso ou de classe. Alguns contribuem com esse circo de
maldades e ódio por incapacidade de fazer qualquer análise crítica e
compartilham o que vê pela frente. Outros porque são cretinos
mesmo. Fazem questão de alimentar e espalhar todo tipo de ódio, seja ideológico, repetindo táticas do fascismo e do nazismo, seja racial com insinuações
recheadas de um humor sinistro, seja homofóbico normalmente baseado em um
moralismo religioso hipócrita, ou de classe numa clara repulsa ao forte
movimento de inclusão vivenciado no Brasil nos últimos anos.
Recentemente, um conhecido
blogueiro progressista, militante incansável de causas sociais, que tem uma
filha deficiente foi alvo de ofensas e ameaças a ele e sua filha, através de
comentários em seu próprio blog e pelo twitter. Também são inúmeras as ameaças
fascistas contra nordestinos, gays, pobres, deficientes, militantes políticos,
blogueiros e jornalistas sérios. Muitas vezes o ódio revelado nas postagens
desse tipo de gente assusta, porque encontra nas redes sociais um ambiente
propício para sua proliferação.
Certo é que a internet sozinha
não é capaz de promover golpes ou revoluções, mas é decisiva para impulsionar
ou impedir processos sociais ou políticos de mudanças. Nesse novo ambiente, levará
vantagem quem se apropriar com mais competência desses espaços virtuais. Os
cretinos e os reacionários já apresentaram suas armas. Aqueles que lutam contra
o preconceito, as desigualdades e as injustiças precisam se mobilizar melhor e
de maneira cada vez mais eficiente. Quem levará vantagem nessas novas lutas
contemporâneas?
Zé Geraldo Caldas
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