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Por Altamiro Borges
Em assembleias realizadas ontem à noite em todo o país, os bancários aprovaram por unanimidade a deflagração de uma greve nacional por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira. A categoria rejeitou a ridícula proposta de reajuste salarial apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que prevê a reposição da inflação e apenas 0,58% de aumento real. Os bancários exigem 10,25% de reajuste – as perdas inflacionárias do último ano, mais 5% de aumento real.
A categoria também reivindica aumento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a adoção do salário mínimo do Dieese, de R$ 2.416,38, e vale alimentação de R$ 622. “Os seis maiores bancos, que empregam mais de 90% da categoria, lucraram R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, mas fizeram uma proposta que não valoriza os salários dos trabalhadores”, explica Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Sistema Financeiro (Contraf-CUT).
Para Emanoel Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feeb-Base) e dirigente da CTB, a decretação da greve “é necessária para desmascarar os banqueiros, que adotaram o discurso de que não é possível conceder aumento real por conta da redução dos juros imposta pelo governo federal. Isto é um verdadeiro absurdo, pois a redução dos juros beneficia a população e não afeta o rendimento dos bancos, cada vez mais bilionário”. Ele também criticou o desrespeito dos banqueiros nas negociações.
A argumentação de Emanoel Souza é corroborada pela própria Associação dos Executivos Financeiros (Anefac). Segundo uma notinha publicada hoje na Folha – a mídia rentista evita dar manchete para este tipo de assunto –, a queda dos juros não afetou os lucros dos banqueiros. “O estudo da Anefac revela que entre junho de 2002 e junho de 2012 a média dos juros bancários desceu de 47% para 31,1% ao ano – queda de 15,9 pontos percentuais. No mesmo período, o chamado ‘spread’ bancário recuou apenas 3,7 pontos”.
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