sábado, 24 de março de 2012

Cassação, renúncia ou cadeia?

Senador goiano Demóstenes Torres recebia comissão de até 30% sobre negócios do esquema de Cachoeira.

A situação do Senador Demóstenes Torres (DEM-GO) está cada vez mais complicada. Cerca de um mês depois que a PF apontou ligações do senador com o bicheiro preso na operação Monte Carlo, até os grandes meios de comunicação não conseguem mais esconder a amizade criminosa entre os dois.

Acostumado a posar de ético e moralista, o senador, sempre protegido pela mídia, parece que ficou agora sem “eira nem beira”. Ontem (23/03) o jornal O Globo publicou que o político goiano pediu dinheiro para o criminoso.

Segundo o jornal, o relatório com as gravações e outros graves indícios foi enviado à Procuradoria Geral da República em 2009, mas o chefe da instituição, Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso. O jornal ainda afirma: "O relatório escancara os vínculos entre Demóstenes e Cachoeira".

Em um dos trechos do relatório, os investigadores informam que o senador fez "confidências" a Cachoeira sobre reuniões reservadas que teve no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. "Parlamentar influente, Demóstenes costuma participar de importantes discussões, sobretudo aquelas relacionadas a assuntos de segurança pública".

O relatório revela ainda que desde 2009 Demóstenes utilizava um rádio Nextel, "habilitado nos Estados Unidos", para manter conversas secretas com Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram "frequentes". Esta informação reapareceu nas investigações da operação Monte Carlo. "Para autoridades que acompanham o caso de perto, esse é mais um indicativo de que as relações do senador com Cachoeira foram mantidas mesmo depois da primeira investigação criminal".

Hoje, o jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital revelou que a Polícia Federal tem conhecimento, desde 2006, das ligações Carlinhos Cachoeira, com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.

Segundo a reportagem, “três relatórios assinados pelo delegado Deuselino Valadares dos Santos, então chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (DRCOR), da Superintendência da PF em Goiânia, revelam que Demóstenes tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino, calculada em, aproximadamente, 170 milhões de reais nos últimos seis anos”.


A informação, obtida por CartaCapital, consta de um Relatório Sigiloso de Análise da Operação Monte Carlo, sob os cuidados do Núcleo de Inteligência Policial da Superintendência da PF em Brasília. Dessa forma, sabe-se agora que Demóstenes Torres, ex-procurador, ex-delegado, ex-secretário de Segurança Pública de Goiás, mantinha uma relação direta com o bando de Cachoeira, ao mesmo tempo em que ocupava a tribuna do Senado Federal para vociferar contra a corrupção e o crime organizado no País.

Segundo Leandro Fortes, as investigações da PF demonstram que o senador só conseguiu manter tanta sujeira escondida porque comprou o delegado que conduzia as investigações anteriormente. O delegado Deuselino Valadares também foi preso no último dia 29 de fevereiro.

Como se vê, enquanto fazia, do alto da tribuna do senado, discursos ferozes contra a corrupção e o crime organizado no país, o senador Demóstenes Torres se beneficiava dos crimes cometidos pelo bicheiro, embolsando parte do lucro do esquema criminoso.

Com toda a sujeira revelada, falta saber o que resta ao “ex-ético” Demóstenes Torres: Cassação, renúncia ou cadeia?

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